Sou carioca, tenho 23 anos e, desde pequena, quis ser professora. Adorava brincar de escolinha com minha irmã. Acho que é por isso que nós duas seguimos esse rumo. A vontade de ser professora de história só veio quando comecei a ter aulas com o professor Júlio do colégio que estudei, Santa M...Continuar leitura
Sou carioca, tenho 23 anos e, desde pequena, quis ser professora. Adorava brincar de escolinha com minha irmã. Acho que é por isso que nós duas seguimos esse rumo. A vontade de ser professora de história só veio quando comecei a ter aulas com o professor Júlio do colégio que estudei, Santa Mônica. A segurança da aula dele, o carinho e dedicação aos alunos e o prazer que ele tinha em fazer isso sempre me chamou atenção. Queria isso para a minha vida.
Em 2008 prestei vestibular para História e em 2009, iniciei o curso na UFRJ. Confesso que não gostei do ambiente.
Nessa época trabalhava como secretária em um escritório de representação e só ia para a faculdade mesmo para fazer as disciplinas. Não dava tempo para socializar. Lembro que falar que queria ser professora no início do curso era atestado de mediocridade. Alguns professores adoravam dizer isso. Fui desanimando da graduação até que em 2011, saí do emprego que tinha para estagiar no IBGE. Acho que é a melhor lembrança que levarei da minha graduação. Em meu primeiro dia, um de meus chefes disse: “ Meninos, nós queremos que esse estágio proporcione não só crescimento profissional para vocês, mas prazer. Vocês precisam ter orgulho e prazer naquilo que fazem. Se esse trabalho não der isso, não tenham vergonha de nos avisar e pedir para sair. Nós daremos todo apoio e ajuda para vocês encontrarem outro caminho”. Lá trabalhei no início do projeto memória da empresa, tendo contato com a história pública, com a web e voltei a ter esperanças em meu curso. Me redescobri e voltei para meu foco de ser professora. O que é o professor do que um grande especialista em história pública?
Esse estágio me proporcionou um maior contado com a web. Além de participarmos ativamente da produção do site
e colocar as entrevistas de história oral no youtube para garantir acesso de todos os públicos. Achei essas ideias um máximo. A tecnologia já está enraizada em nossas vidas.
Estou na rede todos os dias. Fico no período em que meu filho ou está na escola ou dormindo mas confesso que as vezes acabo extrapolando e ficando mais. Uso para resolver problemas da bolsa, da faculdade, ler e-mails, procurar e ler textos acadêmicos e facebook
para falar com meus amigos.
Após o término do estágio do IBGE fui estagiar no município. Estagiava numa escola próxima ao Morro do Salgueiro, no terceiro ano do fundamental. Fiquei apaixonada. As crianças eram maravilhosas e a professora me dava carta branca para fazer o que quisesse. Era isso que eu queria para minha vida. Desde pequenos os alunos tem interesse por tecnologia. Se gabavam uns para os outros porque tinham smartphones, tablets e achavam um absurdo meu celular ser simples. Mostrávamos para eles vídeos de youtube para mostrar algumas épocas do Rio. No carnaval, mostramos as marchinhas e os blocos dos anos 50. Como aquilo chamou a atenção deles. Baseado nessa experiência e na de outras professoras, a
diretora pediu para a SME para desbloquear o Youtube e o Facebook dos computadores da escola.
Entendo a proibição e sou contra permitir o uso irrestrito dos estudantes. Mas achei interessante a diretora perceber que se mostrarmos para os pequenos que, além de lazer, dá para estudar com esses materiais da internet, é uma forma de garantir um aprendizado mais bacana. Ajudou a mudar a minha visão também.
O desbloqueio foi feito com restrições apenas a conteúdo pedagógicos.
Atrelado a esse estágio, iniciei minhas disciplinas de licenciatura. A faculdade se tornou algo mais prazeroso.
Me identificava mais com os assuntos e os professores. Acho que o grande pecado do nosso curso é esse mundo paralelo entre bacharel e licenciatura. Querem que sejamos professores que dialoguem mais com seus alunos, mas isso não está presente no ambiente que estudamos. Nas disciplinas que fiz, nenhuma abordou a questão da como usar a tecnologia para melhorar a compreensão do aluno no ensino de história. Para não dizer que em todas, em duas aulas de prática, discutimos um texto onde a autora narrava a história de um menino do ensino fundamental que, a partir do momento que a professora levou os jogos de RPG para a sala de aula, conseguiu melhorar seu rendimento na disciplina e se interessar por história medieval. Concordei com algumas pontuações da professora. Por mais que já se saiba que os alunos amam tecnologia, nem sempre todos tem acesso, todos sabem mexer direito, nem todos gostam desse jogo e, o mais importante a meu ver, nem todos os professores dominam essas técnicas.
Eu mesma confesso que teria uma grande dificuldade de levar para minha sala de aula uma atividade dessa com jogos on line e videogames. Primeiro porque não me interesso e segundo porque, como não conheço, não saberia fazer uma ponte com as atividades de sala de aula que fossem produtivas ao aluno. Admiro muito quem faz.
Acredito que as tecnologias devem ser obrigatoriamente inseridas no cotidiano da escola.
Não temos como fugir disso. Está inserido na vida social do aluno.
Penso até que eles esperam por isso. Em relação a disciplina de história, há várias páginas no facebook, sites, blogs super interessantes para trabalhar e com material sério e profissional porém seus grandes textos e design não são tão atrativos para os alunos, que preferem algo mais voltado para o entretenimento. Aí é que mora o perigo.
Nessas páginas há todo o tipo de conteúdo que os alunos acabam incorporando por serem atrativos. Acho que podemos
tentar levar essas plataformas a sala de aula para dois movimentos:
ensinar a questionarem as coisas que acham , tentando procurar o assunto a ser investigado por mais de uma vez e mostrar que se apropriar dessas informações para entregar trabalhos é crime e dá prisão. Vi isso em meu estágio de prática: os alunos entregando trabalhos sobre Revolução Francesa exatamente da forma que encontrou da internet, sem se preocupar em dar a autoria.
É uma situação lamentável. Se eu tiver uma situação dessas, vou desconsiderar o trabalho. É o certo a se fazer. É uma situação lamentável. Eles tem que criar o hábito de escrever, mesmo que seja fazendo um resumo das páginas da internet que leram.
Em meu estágio de prática o professor gosta de levar filmes para criar esse senso crítico nos alunos. Eles adoram porque acabam conhecendo filmes que nunca ouviram falar. As aulas são todas em power point e ele manda para os alunos por email. Apenas isso. Nada mais.
Bom, minhas expectativas como professora é poder proporcionar a curiosidade e o prazer que eu tinha ao assistir as aulas de meu professor no Santa Mônica.
Esse é meu objetivo. Para isso tenho que aprimorar minha metodologia. Claro que pretendo recorrer as tecnologias, mas confesso que será um exercício de pegá-los, estudá-los
e usar de acordo com minha necessidade. Como farei isso? Não saberia responder agora.Recolher