Nascida em Igarassu, Pernambuco, no dia nove de janeiro de mil novecentos e oitenta e três. Morava cada dia em um lugar diferente: casa de tios, tias e avós. Adorava a minha terra, de como eu e meus primos brincávamos intensamente por todos os lados, subíamos em árvores, brincávamos de polícia e ladrão. Eu era um verdadeiro moleque - como me chamavam, pelo fato de gostar de tudo que os moleques faziam. Pipa, pião, bola, futebol. Como eu queria voltar à minha infância, e muitas das vezes, não. Era feliz, porém, aos três anos de idade, se me lembro bem, minha mãe faleceu. Morávamos em Recife, na vila rural, e minha mãe de sangue faleceu de câncer. Era costume velar os falecidos em casa mesmo. E eu, criança, não sabia realmente o que era a morte. Via minha mãe ali, no caixão, e ficava beliscando o corpo dela para ver se ela reagia. Quanta inocência! Dali em diante a minha vida mudaria para sempre. Minha tia Gení, que hoje é minha mãe, me acolheu como uma de suas filhas. Já tinha seus quatro filhos, porém, não hesitou em ficar comigo. A vida lá era muito sofrida e resolveram viajar para São Paulo. Assim, corria o risco de perder a minha segunda mãe em pouquíssimo tempo, pois minha tia Gení já tinha os seus quatro filhos e não poderia levar mais uma, pois nem ao menos sabia se daria certo a vida em são Paulo. E começaram a arrumar as malas. Quando vi aquela cena, comecei a chorar e disse - “Eu quero ir com Mãiê”. Até hoje a chamo assim, Mãiê e Paiê. Porém, eles não podiam me deixar lá,sozinha. No dia seguinte, me contaram que eu iria junto. Quando soube, só sabia cantar de alegria. Corria, feliz, cantando “Adeus mundo de trevas, adeus para nunca mais”. De lá para cá, tive uma infância feliz aqui em São Paulo, mas bem sofrida. Apesar das dificuldades, eu e minha irmã, Elma, inventávamos de tudo para nos divertir : fazíamos balança no beliche, brincávamos muito de sacizinho. Adorávamos!...
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Nascida em Igarassu, Pernambuco, no dia nove de janeiro de mil novecentos e oitenta e três. Morava cada dia em um lugar diferente: casa de tios, tias e avós. Adorava a minha terra, de como eu e meus primos brincávamos intensamente por todos os lados, subíamos em árvores, brincávamos de polícia e ladrão. Eu era um verdadeiro moleque - como me chamavam, pelo fato de gostar de tudo que os moleques faziam. Pipa, pião, bola, futebol. Como eu queria voltar à minha infância, e muitas das vezes, não. Era feliz, porém, aos três anos de idade, se me lembro bem, minha mãe faleceu. Morávamos em Recife, na vila rural, e minha mãe de sangue faleceu de câncer. Era costume velar os falecidos em casa mesmo. E eu, criança, não sabia realmente o que era a morte. Via minha mãe ali, no caixão, e ficava beliscando o corpo dela para ver se ela reagia. Quanta inocência! Dali em diante a minha vida mudaria para sempre. Minha tia Gení, que hoje é minha mãe, me acolheu como uma de suas filhas. Já tinha seus quatro filhos, porém, não hesitou em ficar comigo. A vida lá era muito sofrida e resolveram viajar para São Paulo. Assim, corria o risco de perder a minha segunda mãe em pouquíssimo tempo, pois minha tia Gení já tinha os seus quatro filhos e não poderia levar mais uma, pois nem ao menos sabia se daria certo a vida em são Paulo. E começaram a arrumar as malas. Quando vi aquela cena, comecei a chorar e disse - “Eu quero ir com Mãiê”. Até hoje a chamo assim, Mãiê e Paiê. Porém, eles não podiam me deixar lá,sozinha. No dia seguinte, me contaram que eu iria junto. Quando soube, só sabia cantar de alegria. Corria, feliz, cantando “Adeus mundo de trevas, adeus para nunca mais”. De lá para cá, tive uma infância feliz aqui em São Paulo, mas bem sofrida. Apesar das dificuldades, eu e minha irmã, Elma, inventávamos de tudo para nos divertir : fazíamos balança no beliche, brincávamos muito de sacizinho. Adorávamos! Brincávamos muito na rua e, também, tínhamos as nossas obrigações dentro de casa. Desde cedo meus pais eram bem rígidos. Quanto a isso, nós sempre tivemos uma doceria que era nosso ganha pão. Mas, nos momentos da nossa folga, brincávamos como se não houvesse amanhã e aprendíamos uma nova lição a cada dia com nossos amigos de rua. E como aprendíamos! Eram muitas risadas, contações de histórias, dança de rap (sem meu pai saber, é claro, pois éramos da igreja). Isso não nos impedia de brincar e ser crianças felizes, mesmo com tantas privações. A primeira boneca era feita com a nossa toalha, por nós mesmos. Certa feita, encontramos um terreno baldio que tinha um barranco enorme e arrumamos uma tábua para que pudéssemos escorregar. Nós não tínhamos medo de nada (só de levar uma surra de cinta do meu pai). Quando meu pai estava bravo, dizia “Pito, mais Gal, vou dar umas cintadas em vocês, viu? “ - e ríamos disso, por horas. Ah, isso quando não apanhávamos. Adorava cantar as musiquinhas que era de uma coleção do meu primo( Eu sou a girafa, Festa no céu, Carteiro, e vários louvores da igreja). Acordávamos cedo, ou para a escola ou para ficar na barraquinha, como chamávamos. Acordar cedo não era tão ruim, pois eu sabia que encontraria em breve os meus melhores amigos da escola e da vizinhança. As férias em família eram muito boas também, e eu tirava um tempo para me divertir, ver desenhos animados com a minha família, já que eles se preocupavam com o meu bem-estar e nos levavam para passear com frequência. Íamos muito no Riacho Grande, em São Bernardo do Campo. Aquilo que era vida para mim. Meu pai, Jeremias, tinha um carro da Volkswagen, o Gol, e levava além dos filhos, nossos amigos. Coitado, passava mais tempo dando 5 ou 6 viagens do que aproveitando o passeio. Mas esse era o prazer dele, ver a gente feliz e se divertindo. E olha que nos divertíamos, muito mesmo. O tempo passou voando e hoje, restam apenas as lembranças. Saudades da minha infância. Me lembro, também, que sempre sonhei com uma festa de aniversário, que nunca fizeram para mim. Lembro e fico um pouco triste, e também, ao lembrar da minha vozinha. Sinto tantas saudades dos momentos que não passamos juntas, mais sempre imaginei. Daquela época que tudo era bom, que não havia problemas e que a maior expectativa era para o dia amanhecer e encontrar com os colegas, brincar e me sujar na rua. Nada mais importava se eu tivesse ali, vivendo os meus momentos e sendo feliz, sendo criança. As minhas melhores lembranças foram feitas na infância, quando eu podia brincar muito e os aprendizados eram grandes. Parece que todo tempo vivido martelam em minha cabeça cada momento eu me vejo aquela criança dentro de mim, fazendo-me lembrar de que fui muito feliz na minha infância. As vezes sinto o cheiro do feijão da minha tia Nanam Infância boa é aquela que tem gosto e cheiro, que dá saudade e que só de lembrar sinto vontade de chorar ou seja estou chorando nesse exato momento A infância para mim passou tão depressa aos 13 anos fui mãe menina mulher que ainda gostava de brincar de bonecas, essa memória procuro esquecer, parte dela me machucam muito. Dali tudo para mim ficou escuro tudo mais difícil os tombos, não eram mais apenas uns ralados. Alguns momentos valem muito apena ser revividos novamente, E se fosse possível retornar ao tempo e refazer aqueles dias os melhores, voltaria. A minha infância tem cheio de lembranças e saudades.
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