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História
Por: Museu da Pessoa, 31 de maio de 2014

Quando meus pais se conheceram

Esta história contém:

Quando meus pais se conheceram

Vídeo

Eu me chamo Expedito Paulino dos Santos. Nasci na região de Matões, de parto natural, em 13 de fevereiro de 1932. Aprendi a lidar com a lavoura pelas mãos e orientação do meu pai, Luiz Paulino do Nascimento, assim como a caça de animais silvestres com os meus tios. Eles trabalhavam em plantações, pesca e a caça. Eu alcancei a pescaria já meninote, pois nesse tempo não havia casa boa.

O meu pai tinha se casado com outra mulher. Ele conhecia a minha mãe, que era parente, mas não tinha muito... Com pouco tempo, um ou dois anos depois, a mulher dele morreu de parto. Ficou o filho, que ele criou e ficou um homem. Ele morava perto do Torrente. Era a casa dos pais dele. Sempre passava por ali. Certo dia ele resolveu: “Ela é minha prima, mas eu vou dizer uma prosa a ela”. Ele chegou conversando com a mãe dela e os irmãos. Ele era muito trabalhador e era tudo da família. Foi e soltou a prosa a ela. Perguntou se ela queria se casar com ele. Ela ficou em dúvida. Foi e falou ao povo dela - a mãe e os irmãos: “Se você quer? Tudo é da família”. E se casaram. Ele disse: “Vou fazer a minha casinha” e fez mesmo, bem ali, pertinho daqui. A casa dele era nessa estrada. Foram para frente. Morreram aí mesmo, já velhos.

Nossa casa de palha. Na cozinha era cheio de casca, cabeça de siri - ele era pescador e caçador. Tinha rabo de tatu, de peba. Os três iam matando e colocando tudo para amostrar à família quando crescesse. Sou o caçula e ainda vi isso. Era tudo cheio de cabeça de camarão, rabo de peba. Eu o via caçar, agarrava de peba, como daqui e acolá para arrancar. A vida dele era assim. Quando não era nos pebas, era caçando jacu. Todo dia era um, dois e até três que ele trazia.

Nesse tempo, quase não tínhamos o direito de brincar, pois o tempo era ocupado para ajudá-lo. A nossa brincadeira era caçar de baladeira. Os mais velhos já pescavam de anzol, iam para as lagoas. Tinha muitas lagoas e...

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Futebol amador

Time de futebol amador. Esporte favorito do S. Expedito.

local: Brasil / Ceará / Caucaia
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Em casa

Expedito em sua casa, em Caucaia.

local: Brasil / Ceará / Matões, Caucaia
tipo: Fotografia

Dados de acervo

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Projeto CSP

Depoimento de Expedito Paulino dos Santos

Entrevistado por Luiz Gustavo Lima

Caucaia, Matões, Ceará 31/05/2014

Entrevista CSP_HV_010

Realização Museu da Pessoa

P/1 – Seu Expedito, aqui comigo. O senhor pode deixar ele pra lá, conversa aqui, comigo.

R – Mas é pra eu contar do tempo do meu avô pra meus tios?

P/1 – Ah, sim, vai ser assim: eu vou perguntando e o senhor vai respondendo. É super tranquilo, se a gente acelerar um pouco a história, a gente volta pra trás um pouquinho, né? Mas agora, pra começar, eu queria que o senhor falasse seu nome completo.

R – Expedito Paulino dos Santos.

P/1 – E o senhor nasceu em que dia, mês e ano?

R – Foi em fevereiro, no dia 13 de fevereiro do 32.

P/1 – Trinta e dois. E onde é que o senhor nasceu?

R – Bem ali. Daqui a gente não vê os coqueiros, mas é bem ali.

P/1 – O quê que é aquilo ali que o senhor tá falando? Seria um hospital, ou não?

R – Era a casa do meu pai mesmo. Era mata, ele foi, situou e plantou plantas, frutas, coqueiros, essas coisas assim.

P/1 – Quem era seu pai, seu Expedito?

R – Luiz Paulino do Nascimento.

P/1 – Luiz Paulino do Nascimento. E a sua mãe?

R – Maria Conceição dos Santos.

P/1 – E o quê que eles faziam, seu Expedito? Qual que era o trabalho deles?

R – Era agricultura, ele trabalhava muito na agricultura, em plantar, pescar, caçar.

P/1 – A pesca e caça era pra...

R – Por exemplo, a caça... A pescaria ele ia, eu alcancei já meninotezinho, que nesse tempo não havia casa boa, era casa de palha. Na cozinha era cheio de casca, de cabeça de siri, que ele era pescador e caçador. Era cabeça de siri e rabo de tatu, de peba. Os três iam matando e botando tudinho pra amostrar à família quando crescesse. Eu sou o caçula e ainda alcancei, aí era tudo cheio de cabeça de camarão, rabo de peba. Via ele caçar, agarrava de peba como daqui acolá pra arrancar, a vida dele era assim. Outro, quando não era nos pebas,...

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Título: Quando meus pais se conheceram

Data: 31 de maio de 2014

Local de produção: Brasil / Ceará / Matões, Caucaia

Entrevistador: Luiz Gustavo Lima
Autor: Museu da Pessoa

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