Nasci no dia 21 de dezembro de 1971, numa casa simples da periferia da cidade de Feira de Santana, Bahia, pelas mãos de uma parteira. Filha da jovem de dezessete anos, Elza Santana de Jesus e de Alfredo de Jesus. Em minhas veias sempre carreguei o desejo de fazer a diferença em minha casa e na...Continuar leitura
Nasci no
dia 21 de dezembro de 1971, numa casa simples da periferia da
cidade
de Feira de Santana, Bahia,
pelas mãos de uma parteira. Filha da jovem de dezessete anos, Elza Santana de Jesus e de Alfredo de Jesus. Em minhas veias sempre carreguei o desejo de fazer a diferença em minha casa e na vida das outras pessoas pois cresci em meio às limitações causadas pela pobreza e preconceito.
Desde muito pequena sempre vi a escola como ferramenta de construção da minha vida, pois o meu pai, apesar de não ter muito estudo, entendia que apenas a educação poderia mudar nossa vida. Cresci fazendo parte de tudo que a escola
oferecia. Participei das festas, dos concursos, das atividades, dos esportes, das datas comemorativas, das aulas de canto e de tudo mais que fazia parte do currículo da escola. Na verdade, eu vivia na escola e amava ler. Eu sentia nos olhos dos meus pais o quanto eles tinham orgulho de mim e de tudo que eu fazia, assim como dos meus irmãos.
A minha infância de pé no chão em meio ao cimento, bloco e livros foi regada com muito amor e respeito pela minha família. Muito cedo tive a infeliz experiência de estar em um acidente de carro e perder um irmão muito amado, ver o meu pai ficar com problemas em uma perna e deprimir. Toda família adoeceu junto com ele. Talvez eu e os meus irmãos não imaginássemos o quanto estava difícil para os adultos naquele momento.
O tempo passou mas as lembranças permanecem. No entanto, todas as dores e de
alegrias pelos quais passei
fizeram de mim quem sou hoje, uma mulher resiliente, capaz de lidar com a vida de forma transformadora e consciente mas sem abrir mão da sutileza das emoções e leveza nas ações.
O engraçado é,
que por escolha da minha mãe, fiz Magistério e concurso para professor do Estado da Bahia e aprendi a amar. E assim que terminei o Magistério, escolhi fazer Licenciatura em Letras na Universidade Estadual de Feira de Santana. No entanto, como todo brasileiro, não foi fácil estudar sem me alimentar direito, sem ter dinheiro para livros e, ainda,
agradecendo
quando conseguia comprar ou copiar uma ou outra
apostila.
desejo de aprender,
crescer e dar orgulho à minha família sempre foram meus grandes incentivos para nunca desistir. Em 1992 me tornei educadora de uma
instituição pública, passei a desenvolver atividades de inclusão social e empoderamento negro, além de trabalhar os conteúdos exigidos pelo cronograma escolar.
Busquei, em cada tema trabalhado, uma intersecção entre a teoria e a vida dos alunos, orientando-os à participação social como sujeito transformador da sociedade em que vive.
Iniciei o meu mundo pedagógico na Escola Reverendo Severino Soares com o ensino fundamental. Logo depois fui ensinar no Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand onde fiquei por vinte e cinco anos sem abrir mão de outras experiências em instituições de ensino superior com UNEB( bolsista EAD - Estágio Supervisionado de Língua Inglesa), UEFS (professora supervisora - bolsista PIBID), Faculdade Area1 (Metodologia do Trabalho Científico
e Língua Portuguesa), ensino de Língua Portuguesa como segunda língua. Após trinta anos de trabalho, vejo que poderia ter feito mais, mas sei que sempre fiz o que podia e ajudei a transformar muitas vidas, inclusive a minha, com cada gesto, olhar, abraço e conselho.
Cada projeto desenvolvido como “A um passo da Faculdade”, “I e II Momento Flash Mob em Feira”, “I Congresso Interdisciplinar de Feira”, os seminários sobre meio ambiente e sustentabilidade, oficinas, festivais de dança, festivais de talentos, entre outros
que preencheram minha vida de amor e certeza do caminho escolhido.
Durante a pandemia, quase fui a óbito devido a uma grave anemia e precisei retirar o útero mas também entrevistei o cineasta Tiago Rocha, o arte-educador Roberval Barreto, o dramaturgo e artista plástico José Arcanjo, A musicista Elisama, o cantor Gilsam e tantas outras personalidades da Literatura, da Astronomia, do mundo empresarial e do Direito. Me tornei atleta de Corrida de Orientação e escritora. Percebi que
posso ser o que eu quiser e que o tempo será o cavalo cavalgando comigo por trilhas inimagináveis.
Hoje, mãe e mulher apaixonada, faço das palavras companheiras diárias e da família, o meu lar. Eu sou Dagmar Santana de Jesus.Recolher