Projeto Memória Local na Escola
E.M. José Camilo dos Santos
Turma: 503- Professora: Samira Matiele
Entrevistada: Patrícia Anunciação da Silva
Patrícia Anunciação da Silva, nasceu no dia 21 de Junho de 1977, em Duque de Caxias, filha...Continuar leitura
Projeto Memória Local na Escola
E.M. José Camilo dos Santos
Turma: 503- Professora: Samira Matiele
Entrevistada: Patrícia Anunciação da Silva
Patrícia Anunciação da Silva, nasceu no dia 21 de
Junho de 1977, em Duque de Caxias,
filha de mãe
Baiana, e
pai
pernambucano, caçula, filha única do seu pai, sempre foi
muito paparicada. Seu nome foi escolhido por suas irmãs, que ganharam uma boneca de verdade.
Sua história começa com o namoro dos seus pais, seu Adeildo mais velho que dona Maria, foi bem insistente, e depois de
algumas caronas convenceu a moça bonita a sair. Como as famílias já se conheciam, o resto foi fácil e foram morar juntos. Dona Maria já tinha seus filhos de outro casamento e o nascimento da Patrícia selou a união do casal.
Desde seu nascimento, foi cercada de mimos e todas as atenções foram voltadas para ela. Na família era o centro das atenções.
Foi batizada com 11 meses em uma igreja em Imbariê.
Sua casa tinha um
quintal grande
com muitas
pés de jamelão e um balanço. Sua mãe gostava de contar muitas histórias de sua infância. Eles tinham que chegar em casa às 10 horas mas ela chegava
sempre depois de todos os irmãos. Quando seu pai ia bater nela, acabava batendo na saia achando que
batia em seu bumbum,
fingia chorando muito. Uma ocasião ela fazia muita pirraça por causa de uma jaca, então seu avô fez a mãe comer a jaca uma jaca inteira. Aprendeu a lição e nunca mais quis ver uma jaca pela frente.
Mudou-se para Vila Rosário, bairro onde mora até hoje, com 1 ano, perdeu seu pai com 15 anos e este foi o
pior momento de sua vida.
Patrícia começou a andar com 11 meses e não parou mais. Brincava muito de pique esconde, bicicleta, atirei o pau no gato, queimada, bandeira, pique tá.
Depois que os irmãos foram
casando teve que brincar muito sozinha. E sua imaginação foi sua grande companheira. Os armários eram seus amigos, sua cozinha virava um grande
baile funk, dançava de se acabar. A geladeira azul era seu namorado.
Foi então, que aos nove anos, arrumou uma amiguinha, amizade esta que permanece até hoje. Adoravam fazer
comidinha, mas sua batata frita não fazia barulho, o arroz era papado, o
feijão era aguado mas o que realmente importava era que
elas se divertiam muito. Acreditem,
essa grande
amizade começou por caminhos tortos. Ela tinha uma bicicleta rosa, grande, linda
de viver, o que deixava as meninas da rua com muito inveja. Toda vez que ia dar umas voltinhas na rua, uma menina jogava pedra nela, Patrícia não entendia nada, onde já se viu uma coisa dessas! Pois bem, pediu ajuda ao pai que logo procurou os pais da tal menina para esclarecer a situação. Todos acabaram se entendendo e as meninas se tornaram as melhores amigas: Patrícia e Deise Cristina.
Patrícia tem ótimas recordações da sua infância, época gostosa e simples de viver. As crianças se divertiam mais, mesmo sem toda a tecnologia que nos cerca nos dias de hoje. Brincava muito de pique esconde, bicicleta, atirei o pau no gato, queimada, bandeira, pique tá. Andava de calcinha na rua aos nove anos e isso era completamente normal. Muito magrinha, nada demais,
pequenininha!
A escolha da escola perfeita foi uma saga, muito mimada e paparicada, cada dia era uma diferente, se chorava o pai trazia de volta, e colocava em outra, até que finalmente chegou no
Pedro II, e se apaixonou, tinha piscina, parquinho, os professores eram ótimos e acabou ficando lá, por muito tempo, gostava de Biologia e Geografia.
Sempre participava das festas juninas da rua, seus vestidos ganhavam o prêmio por serem sempre lindos.
Tem
grande paixão por cachorro, principalmente por pit-bull, já teve três o último morreu já faz um ano e ela sofreu muito.
Seu primeiro beijo foi aos quatorze
anos, na
rua do Raul Fernandes, uma rua muito escura, namorou em casa com 18 anos, está com seu o seu marido a 17 anos, seu primeiro namorado.
Com a morte do seu pai, viveu uma tristeza
e uma fase muito difícil. Justamente em
um dia que ela riu sem parar, na escola, ao quando chegar em casa seu pai já estava passando mal, foi internado e não voltou mais.
Sua vida mudou muito depois disso. Seu pai
a levava para o parque, para pular carnaval, assistiam tv no sofá e todo o paparico acabou. Sua mãe precisou lutar muito para sustentar toda família. Mas mesmo com muitos obstáculos, nada lhes faltou.
Gosta de festas, frequenta a igreja evangélica as vezes, sempre participa dos eventos do trabalho, gosta muito de cozinhar, sua especialidade é uma boa costela, uma rabada, um carré, um mocotó, comida pesada é com ela.
Adora
se arrumar e se cuidar, não vai pra uma festa sem roupa nova.
Foi mãe aos 19 anos, o momento mais feliz da sua vida. No hospital desfilava com sua bonequinha se sentindo realizada, mesmo tendo passado por uma gravidez de risco.
Escolheu o nome da filha por causa de uma personagem da novela malhação. Mas durante toda gravidez achou que estivesse grávida de um menino, que se chamaria Matheus. Ganhou uma boneca de
porcelana de sua tia, e deu o nome de Thainá, quando sua filha nasceu recebeu o mesmo nome.
Sua filha é tudo para ela. Foi uma grande alegria quando ela fez 15 anos, são amigas e irmãs.
Foi trabalhar na José Camilo como inspetora, foi muito bom, fez grandes amizades.
Mas
seu primeiro emprego
foi numa fábrica de lingerie. Cada dia era colocada num setor
diferente, mas estragava tudo. Cortava as calcinhas errado, fazia costura toda torta,
acabou sendo
mandada embora.
Seu grande sonho é ter uma casa só para ela e sua família, com um grande quintal. Cresceu colecionando aventuras.
Ainda hoje, aos 35 anos, protagoniza muitas histórias, e faz piada de tudo. Uma ida ao médico, rende
a todos boas risadas, afinal a vida de quem é feliz sem ter a pretensão de ser, torna-se simples, assim, como transformar a cozinha
de casa em um grande baile. E o que dizer de transformar em melhor amiga a valentona da rua que lhe atirava pedras?
Assim é a Patrícia, mãe coruja, esposa amorosa, amiga fiel. Com uma gargalhada que nos faz acordar para o dia, essa mulher, ora menina, ora gigante, vai ladrilhando sua vida e nos ensinado muitas lições, entre elas a de transformar pedras em amizade.Recolher