O FUTURO é o PASSADO passado a limpo.
O PRESENTE serve de rascunho.
O resultado, FUTURO, depende como se faz esse PRESENTE rascunho.
* De início pensei em escrever um pouco mais sobre os ramos da minha família relatando desde os Bernardo e os Pádua lá de Sorocaba ou falando dos Camargo e dos F...Continuar leitura
O FUTURO é o PASSADO passado a limpo.
O PRESENTE serve de rascunho.
O resultado, FUTURO, depende como se faz esse PRESENTE rascunho.
* De início pensei em escrever um pouco mais sobre os ramos da minha família relatando desde os Bernardo e os Pádua lá de Sorocaba ou falando dos Camargo e dos Ferreira lá de Itú. Até como os negros se instalaram na Chácara do Itaí, (Itaim).
Ai veio-me as dúvidas e surgiram várias perguntas.
Qual dos ramos poderia relatar?
Aquele formado somente por negros ou os surgidos da miscigenação? Teriam esses resultantes de derivações? Tais sobrenomes indicavam os proprietários dos escravos? Assim, o escravo da fazenda dos...; ou do senhor ...?
E aonde se encaixaria a saga do "cuxi" (ou “cusi”) designando: - o(s) africano, o(s) negro, o(s) etíope, o(s) originário das terras de CUX?
Juro que não sei. Afinal os meus antepassados foram trazidos sem qualquer identificação ou documentação de origem. Numa proposital mistura formavam-se lotes de negros capturados ou obtidos de várias regiões ou tribos da então África.
Tempos atrás iniciei uma busca através de um memorista sorocabano, partindo-se do sobrenome Pádua e do Bernardo, os que o meu pai, Orestes, carregava e eu carrego.
Confesso que recebi respostas e inúmeros endereços, mas que na sua maioria não ligados com a minha origem, com o primeiro ramo familiar, o oriundo efetivamente da África. Ressalvo que conheço e tenho contato com meus parentes paternos, os sorocabanos, mas não era isso que queria. Procurava a origem, o início de tudo.
Depois disso veio-me a reflexão ao escrever esse texto. Postei-me diante da significativa data de 13 de maio dentro do binômio brasílico africano, tão importante que jamais poderia deixar de ser observado, estudado, refletido, memorizada, discutido, avaliado.
Lembrei-me do assunto escravidão nas aulas de História e da posição e situação dos negros no continente africano quando do estudo da Geografia Humana.
Temas sempre passados sob certo constrangimento, tanto por parte dos professores como de nós próprios, alunos, incluindo este que vos escreve, um afro-brasileiro, essa sim na denominação correta por se tratar de um descendente de africanos e nascido no Brasil. Com certeza tataraneto de escravos. Afinal somos todos afrodescendentes, somos Homo sapiens.
Pelo que se sabe, a raça humana atual veio da evolução da espécie humana, quando alguns permaneceram nos trópicos originando o Homo sapiens. Os que subiram, sucumbiram sob geleiras. Correto?
Voltando ao tema.
Nunca me foi ressaltada a importância dessa negritude, se assim permitir chamar de situação do afro-brasileiro, vinda daquele que tanto fez para o nosso país, e o que é pior, sob o julgo de chibatas, preso ao tronco e sem ter o "livre transito", forçadamente restrito, cercado na senzala, envolto entre punhos e calcanhares por grossos e pesados elos, as horrendas algemas, quando não por largos colares de ferro circundando o pescoço, confinando-o apenas ao seu forte corpo. Direitos nenhum. Simples propriedade, mais um número, a força geradora de trabalho. Esperava-se a cria que era o lucro.
Por outro lado, ouvi mitológicas histórias e respeitosos relatos referentes às outras descendências, desde os japoneses, turcos, alemães, italianos e portugueses. Os próprios arborígenas tupiniquins mereciam mais destaque que os de zumbi.
Não se fazia referência elogiosa, cultural ou mesmo memorial sobre esse enorme bando de cútis escura, de total melanina, e por muitos considerado de mau gosto relatarem-se os fatos ocorridos antes da chegada dos imigrantes europeus e japoneses ao Brasil.
Um século de proposital esquecimento, desdém, arquétipos de um ramo da raça humana.
*Nesse texto faço questão de lembrar, com muito orgulho,
que foi o negro africano, e depois o crioulo brasileiro, a força motriz para desenvolver
o arcabouço desse país.
Naqueles livros escolares éramos, (e ainda somos), simplesmente denominados como "os escravos" mantidos por mais de 300 anos sob a égide das chibatas, até que a generosa pena de uma caneta principesca, aproveitando-se da ausência do pai imperador, se fixa àquilo que chamamos de libertação dos escravos, na época os últimos a serem libertados. Conhecida Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Veio-me à mente e a vontade de relatar que em um recente trabalho como biólogo, sendo remunerado profissionalmente como especialista em qualidade das águas, exercido em uma fazenda do centro-oeste brasileiro. Tive que ouvir, sob tom de brincadeira, como sempre dizem, (), ressaltando ainda que não se estava desmerecendo a minha pessoa, aquela prosaica frase: a Princesa Isabel teria usado um lápis para assinar a Lei Áurea com lápis, jocosamente (entre aspas) se referindo que isso não seria definitivo.
Vejam só. Isso no Brasil do século XXI. Protestei Retruquei Citei a constituição
Uma outra data que deve ser estudada mais detalhadamente é 20 de novembro, a morte de Zumbi dos Palmares e nomeada de Consciência Negra.
Sem querer desmerecer outras culturas, a sociedade brasileira deve estar consciente que o negro também atravessou o Atlântico, mesmo forçado, sendo dolorosamente conduzido por um navio negreiro. Que banzo.
Apesar de tão triste início e por entre longos e sofridos mais de três séculos, o negro foi o determinante construtor do que se tem nesse país, desde a comida até a cultura, da música alegre ao lamento. Sem contar ter sido a semente à liberdade, ao procurar a sua própria.
*Amigos, visitem o Museu Afro-Brasil, no Parque Ibirapuera.
O ano passado (2006), eu fui e surpreso constatei que estava fechado em pleno 13 de maio.
Mas onde estão tais memórias? Como são contadas e apresentadas as sagas dos negros?
Já que o Barbosa, o “Águia de Haia”, mandou atear fogo nos escritos, vamos aproveitar e falar um pouco das citações bíblicas, em especial do Velho Testamento, o primas, o livro supremo.
Sabiam que era negra a esposa de Moisés? Sim a esposa de Moisés, de nome Zípora, era etíope.
Situação inteligentemente lembrada pelo pastor metodista Edílson Marques no seu livro - Negritude e Fé – O resgate da auto-estima, publicado no ano de 1998, tema sob um compromisso que ele assumi há quase 20 anos. Suas pesquisas começaram em 1987 ainda quando cursava teologia na Universidade Metodista. Formado também em Comunicação Social, hoje o pastor Edílson dá aulas em nível de pós-graduação em marketing na Universidade Estadual de São Paulo, Unesp, campus de Bauru, enquanto desenvolve a pesquisa “A imagem da África na mídia brasileira”.
O mesmo professor Edílson Marques relata que: “Moisés foi salvo do rio por uma mulher negra, filha de um faraó do Egito; que Jeremias foi salvo de um poço, jogado por ordem do rei Zedequias, pelo etíope Ebede-Meleque (Jeremias 38.7-9; que a família de Jesus também buscou abrigo na África, ao fugir de Herodes”. Ainda mais, “... esquece-se que o Egito é um país do norte da África.”. Lembra que “os próprios egípcios se denominavam como sendo do país de Kemet, (o país negro)”.
Em todos os livros do Antigo Testamento, a palavra...CUXITAS, – significando pele queimada – correspondia aos habitantes das regiões ao sul do Egito, a partir da Núbia, (Sudão), os quais os gregos denominaram de etíopes.
Assim, na certa, o profeta Sofonias, filho de Cuxi (conforme Sf. 1.1) era, também, um homem negro.
Incrível, com e depois de tudo isso se vê pessoas, e das mais letradas ou cultas, se mostrando surpresas, abismadas e até indignadas com esses relevantes fatos bíblicos.
Graças aos deuses, outros demonstram reações de emoção, gratidão e respeito. Que bom
Continuando. Sabiam que o Evangelho chegou na África antes da Europa: - em Atos dos Apóstolos 8.26-39, um etíope, tesoureiro da rainha da Etiópia, é o marco inaugural da expansão do Reino de Deus para fora dos limites judaicos e esta ação não foi por iniciativa de Paulo ou Filipe, mas sim movida e impulsionada pelo próprio Espírito Santo, sendo, portanto o primeiro não judeu a ser batizado, passando a fazer parte do povo de Deus. Como se verifica, um negro como o Helcias, o Edílson, entre outros.
Os próprios hebreus nutriam um sentimento de grande admiração pela Etiópia, descrita como uma nação poderosa, de homens altos (Isaías 18.2). E no decorrer da história narrada pela Bíblia, percebemos um cuidado bastante especial da parte de Deus para com o povo etíope: -
“Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes?” (Amós 9.7).
Com isso e mais aquilo, deixe de lado as 136 variações, segundo o IBGE, ou os interessantes escapes que as pessoas encontraram para não serem identificadas como negro, autodenominando: acastanhada, agaleada, alvaescura, azul marinho, baiano, moreninho, moreno bem chegado, morenabronzeada, morena canelada, parda, parda clara, tostada...
A inclusão passa pela auto-estima, antes das cotas e da equidade de valores.
Sim sou negro, meu irmãoRecolher