Projeto Memórias do Comércio de São José do Rio Preto 2020-2021
Entrevista de Isaías Bernardi – Chiquinho Sorvetes
Entrevistado por Cláudia Leonor Oliveira e Luís Paulo Domingues
São José do Rio Preto, 07 de junho de 2021
Entrevista MC_HV084
Transcrita por Selma Paiva
(00:39) P1 – Bom, ‘seu’ Isaías, pra começar, eu gostaria que o senhor falasse seu nome completo, a data e o local onde o senhor nasceu.
R1 – Isaías Bernardi de Oliveira, sou natural de Frutal, Minas, eu nasci em 5 de fevereiro de 1961 e eu fiquei por 25 anos na cidade de Guaíra e já estou aqui há oito anos, na cidade de São José do Rio Preto.
(01:09) P1 - Legal. E qual é o nome do seu pai e da sua mãe?
R1 – Meu pai é Francisco Olímpio de Oliveira, senhor Chiquinho.
(01:19) P1 – Sim. E sua mãe?
R1 – Minha mãe é Olímpia Bernardes de Oliveira.
(01:29) P1 – Legal. E o senhor conheceu os seus avós?
R1 – Só minha avó. Não, meus avós paternos, sim. Meus avós paternos eu conheci meu avô e minha avó. Agora, materno, eu só conheci minha avó.
(01:46) P1 – Certo. E o senhor quer falar o nome deles, para deixar gravado na entrevista?
R1 – Meu avô paterno era Palmério, a minha avó Norberta. O meu avô materno era Joaquim, Joaquim Bernardes e a minha avó Maria. Agora, o sobrenome eu não me recordo tudo não, viu? Eu preciso pegar.
(02:21) P1 – Não tem importância. “Seu” Isaías, e o senhor sabe a origem da sua família? Eles vieram da Itália? Já eram aí do interior?
R1 – Olha, pelo nome “Bernardes” e “Oliveira” nós somos portugueses. De todos os lados que eu vejo a família, tanto a Bernardes, quanto a Oliveira, são famílias tradicionais de Portugal. Então, eu creio que sim, que a nossa descendência veio de Portugal. Agora a época, eu não puxei ainda a árvore genealógica, não.
(03:02) P1 – Sim, sim. E o senhor nasceu em Frutal, né?
R1 – Frutal, Minas.
(03:090 P1 – O senhor sabe o que seu pai e sua mãe estavam fazendo lá? Qual que era a profissão deles, na época?
R1 – Meu avô era fazendeiro, criador de gado, gado Zebu, o meu pai deu sequência também. Então, sempre foi um sitiante, criador de gado. Plantava lavoura de abacaxi, criava gado, leite, lavouras, essa foi a atividade do meu pai.
(03:39) P1 – Tá certo. E o senhor se recorda da época da sua infância, lá em Frutal? Onde o senhor morava? Como que era? O senhor morava na cidade, no campo? Onde era?
R1 – A minha infância foi na fazenda, até os quatorze anos. Na Fazenda Cerradão, em Mato Preto. E até os quatorze anos eu estudei ali na escola rural, mesmo. Estudei até a quarta série, parei um período, aí eu mudei para a cidade de Frutal, onde eu fiz o primeiro grau e não completei o segundo. Aí já fui, com dezoito anos, empreender e aí foi o início da minha carreira empresarial.
(04:23) P1 – Ah, que legal. “Seu” Isaías, o que o senhor se recorda da sua infância, lá na fazenda? Como que era o seu dia a dia? Devia ser muito diferente da vida de hoje na cidade.
R1 – Muito. Muito. Meu pai teve doze filhos. Eu sou o décimo primeiro, de uma família de doze. Então a casa, a sede da nossa fazenda era muito grande, então à noite toda a família reunido, tanto no... mais à noite, durante o dia o pessoal saía pra roça, pra trabalhar, esparramava todos. E uma família muito grande. E na nossa fazenda tinha uma igreja, nós somos da Congregação Cristã e à noite, toda sexta-feira, tinha o dia de culto, então os vizinhos, parentes, enchiam a nossa fazenda. Era muito bom. Eu era criança e ia muita criança pra gente brincar, correr e se divertia muito. Eu me recordo também de levantar quatro horas da manhã, para ir ajudar meu pai no curral, tirar leite. Isso aí com oito, nove anos, já estava no curral abrindo a porteira, passando os bezerros, ajudando a amarrar as vacas. Então, essa... logo após tinha que tratar dos porcos, das criações. Então, a minha vida era essa. Comecei a trabalhar muito novo, muito cedo, mas era muito feliz. A família muito grande, reunida e, assim, uma família muito maravilhosa que eu tinha e tenho muitas boas recordações da minha infância, desse período.
(06:15) P1 – Muito legal, “seu” Isaías. E como é que era o seu dia a dia? O senhor falou que acordava quatro horas da manhã, ajudava nos afazeres do curral, aí ia para a escola de manhã ou de tarde, ali perto?
R1 – Tratava dos porcos, cuidava tudo e ia pra escola. Aí andava dois, três quilômetros a pé. Às vezes, algum dia, tinha bicicleta, às vezes ia no cavalo. Ia pra escola dessa forma. Mas a maioria era a pé. A maioria das vezes ia a pé, com um embornalzinho nas costas e ia pra escola dessa forma. Então, uma vida muito humilde, muito simples. Na fazenda não tinha televisão, não tinha energia elétrica, não tinha nada. Era só lamparina e lampião a... depois veio a gás, mas antes era querosene. Então, a nossa origem é essa: humilde, simples, a vida de um homem do campo mesmo. Essa era a do meu pai e a nossa também.
(07:26) P1 – Muito bom, “seu” Isaías. E, por acaso, na escola, não teve nenhum momento que o senhor pensou, através das disciplinas que o senhor estudou, que o senhor poderia ser outra coisa, além de um... pelo que o senhor contou, o senhor foi preparado já para ser um homem do campo, né? O senhor teve algum indício que o senhor seria comerciante? Como que foi a sua vida na escola?
R1 – Tinha, eu tinha a minha infância e eu me preocupava, sim, com o meu futuro. Então, eu imaginava a vida no campo, mas naquela época também era muito difícil: o que produzir? O que vender? Como fazer renda? E, como o meu pai tinha muitos filhos também, o sítio não dava, assim, pra toda a família, né? Então, meus irmãos foram casando, cada um foi mudando e no fim ficou eu e minha irmã, os últimos. E o meu pai, preocupado com o meu futuro, aí sim ele propôs eu mudar para Frutal, para dar sequência no estudo, porque não via nenhuma perspectiva de vida ali no sítio. Então, foi onde nós mudamos para a cidade de Frutal, inclusive ele, que foi criado sempre na fazenda e eu comecei a estudar e, nessa preocupação com o meu futuro, quando eu já tinha feito o primeiro grau e estava cursando o segundo grau, que ele propôs - eu estava com dezoito anos - empreender, abrir um negócio próprio. E fomos discorrendo sobre algumas atividades, o que montar e ele que investia, porque eu não tinha capital, eu era um garoto e também era muito limitado e chegamos a conclusão de abrir uma sorveteria, junto com casa de suco. Vendia sorvete, suco, salgado. No começo tinha que vender de tudo, para performar o negócio, senão não dava. Esse foi o início, mas, assim, jamais eu imaginei que eu seria empresário do comércio e ainda mais, assim, de chegar onde chegamos. Isso aí jamais, porque as coisas foram acontecendo tudo natural, tudo...
(09:46) P1 – Certo.
(09:48) P2 – “Seu” Isaías, e nesse momento que o senhor está conversando com o senhor seu pai pra pensar, né, o senhor falou assim que ele que trouxe essa ideia, como que vocês começaram a pensar o negócio? Vocês localizaram uma rua, uma loja? Como é que vocês começaram a dar forma pra esse negócio?
R1 – Ah, a primeira conversa foi assim: “Meu filho, eu vejo que...”... eu trabalhava num supermercado, eu fui pra cidade pra estudar e trabalhava num supermercado e eu fazia entrega na rua, de bicicleta, naquelas bicicletas cargueiras, ganhava um salário-mínimo e ele falou assim: “Olha, eu não vejo perspectiva de futuro nisso. Vamos ver se a gente faz alguma coisa, pra você conseguir fazer o teu futuro. Vamos abrir alguma coisa”. E aí começamos, como já disse, vamos o quê? Eu, um garoto, não tinha experiência de vida, nem de comércio, nem de negócio. E aí a primeira ideia dele: “Vamos abrir uma casa de suco, vitamina. Uma coisa bem simples, que você consiga”. Aí, quando conseguimos o ponto, ele falou assim: “Estou pensando em por uma sorveteria junto com essa casa de suco”. E, assim, era no Centro, na principal rua da cidade de Frutal, no melhor quarteirão praticamente, era muito bem localizada, só que era uma portinha pequenininha de, eu diria, dezesseis metros quadrados, quatro por quatro, o máximo. Então, era bem pequenininha a primeira portinha. E assim foi. Não tinha conhecimento, não tinha “know how”, não tinha gestão, mas muita boa vontade, muita vontade de vencer na vida. Então, eu abria a sorveteria às sete horas da manhã e fechava às onze, meia-noite. Isso era todos os dias, ao longo dos anos...
(11:48) P2 – E fazia o sorvete lá? Fazia o sorvete lá?
R1 – Fazia o sorvete, colocava no freezer e ia vendendo, ao longo do dia. E vendendo sucos, salgados, vitaminas de frutas. E esse foi o nosso início.
(12:06) P2 – E como que chamava o negócio nessa época, “seu” Isaías?
R1 – Já começou com o nome “Chiquinho”. Em 1980, a primeira loja, em Frutal, já nasceu com o nome “Chiquinho”. Porque o meu pai, como eu disse antes, é Francisco Olímpio o nome dele, era. E ele era conhecido na cidade por Chiquinho. Então, ele, na hora de dar o nome, falou assim: “Eu vou colocar o nome Chiquinho”. E eu até discordei dele, eu me recordo que eu falava: “Pai, Chiquinho não tem nada a ver com sorvete”. Assim, não casava o nome, né? E ele falou: “Não. Eu vou por Chiquinho, mesmo. Eu vou por Chiquinho”. E ele fez uma auto-homenagem a ele mesmo e colocou o nome “Chiquinho”. Então, eu estava num mercado pequeno, numa cidade pequena, numa pequena portinha, com um nome pra sorvete que, na época, eu entendia que não colaborava em nada. Então, o meu foco foi trabalhar produto, qualidade, aprendendo a fazer, como fazer, porque eu também não sabia como fazer um sorvete e eu tive que correr atrás, atrás de curso, me aperfeiçoar na área. Então, foi um início bastante difícil. Na época dos anos oitenta a oitenta e seis, aquela hiperinflação, com diversos planos econômicos, plano Sarney, Bresser. E foi um monte de... Cruzado I, Cruzado II, foi assim uma época muito difícil, mas conseguimos superar com bastante trabalho, criatividade e superação.
(13:50) P2 – E, “seu” Isaías, nessa época, o “seu” Francisco continuava com a parte rural? Ou vocês mudaram de vez?
R1 – Não, continuava sim. O meu pai continuou muitos anos ainda com a parte rural, com o gadinho dele, plantava as lavouras de abacaxi, que ali em Frutal é bastante tradição de abacaxi, né? Então, meu pai foi um grande... plantou muito abacaxi ali. Foi um grande produtor de abacaxi.
(14:20) P1 – Tá certo. E, “seu” Isaías, nesse início lá em Frutal, com a primeira loja, como que o senhor conseguiu atrair o público? Eu sei que era numa rua principal da cidade e isso já atrai bastante público, né? Mas como o senhor foi atrás do conhecimento necessário, para conseguir comandar o seu comércio? Porque a gente sabe que comércio é uma coisa complexa, né? Tem que atender o cliente, tem que saber fazer conta, tem que saber colocar preço e tem que ter um produto bom, né? Como que o senhor chegou a conseguir _________ (15:02) ...
R1 – Eu não tinha uma experiência e também não tinha nenhuma agência. Hoje eu tenho agência de publicidade, que faz toda a comunicação da marca, mas antes não tinha nada disso. O meu pai cometia umas loucuras e, no fim, dava tudo certo. Na inauguração ele falou: “Isaías, nós vamos fazer o seguinte: nós vamos fazer uma propaganda durante três dias, quatro dias, o cliente vai comprar um produto e ganhar outro de graça. Então, vai ser assim: compra um e ganha um”. E assim foi. Foi uma loucura, loucura, loucura, porque a cidade inteira queria comprar um sorvete e ganhar outro de graça. Então, ficamos conhecidos em quatro dias. Eu morri de trabalhar, que no fim eu não aguentava mais, eu não conseguia atender a demanda, que a sorveteria era uma loucura de gente. Então, assim, desde a primeira loja, já foi um sucesso. A qualidade não é a qualidade que eu tenho hoje, no início tudo é difícil, a gente tem que correr atrás do conhecimento. Só que o mercado também, na época, era muito limitado. A exigência do cliente era menor também. Os meios de comunicação, de informação, também eram menores. Então, eu fui uma novidade na cidade, de comprar sorvete, de comprar um e ganhar um. Então foi, assim, uma loucura que eu trabalhei pra morrer, mas valeu a pena, que foi um sucesso, viu? Já desde a primeira loja.
(16:37) P1 – Legal. E para estudar sobre sorvete? O senhor está falando de uma época que não existia nem internet ainda, né?
R1 – Não.
(16:47) P1 – Então, onde que o senhor foi aprender a fazer sorvete bom?
R1 – Alguns fornecedores me davam a dica de como usar o produto dele e ele passava algumas dicas. Eu fui pra São Paulo também uma época, fiz alguns cursos com os fornecedores da Itália, que me ajudou bastante. Eu fiz um curso no Senai de São Paulo, que me ajudou bastante também, perto da Barra Funda. Então, assim, eu corri muito atrás de conhecimento, eu não perdia nenhum seminário, simpósio, uma feira de sorvete. Eu estava em todas, porque eu queria aprender. E, para mim, tinha que... eu não admitia que o nosso sorvete não fosse o melhor da cidade, tinha que ser o melhor. Então, eu trabalhava muito nisso, na qualidade. E a própria qualidade começou a distinguir a Chiquinho. Então, como eu não tinha comunicação da marca, eu me comunicava no boca a boca, com os clientes mesmo, que ali era o melhor sorvete da cidade. E assim foi o nosso início.
(18:00) P1 – Muito bom. E como é que começou a expandir? O senhor já tinha em mente abrir uma rede, abrir uma coisa grande, ou foi aos poucos? Como foi?
R1 – Foi aos poucos. No ano de 1986... nós abrimos em 1980, em 1984 nós abrimos uma loja nova, ao lado da pequenininha e já foi um sucesso muito grande. De 1984 a 1986 já operei uma loja nova. Mas como o mercado era muito pequeno, Frutal, na época e eu já queria crescer, eu queria abrir já uma filial. Aí eu mudei pra Guaíra, abri uma filial na cidade de Guaíra e depois eu acabei vendendo Frutal para o meu pai de volta, passei para ele. E em Guaíra eu comecei a fazer a expansão da marca. Aí começamos a abrir, a primeira filial foi em Orlândia, depois eu abri em Barretos, aí foi Sertãozinho, Araraquara e começou a fazer muito sucesso a marca. Comecei a me dar bem. A minha família enxergou como potencial, uma família muito grande, tanto da minha esposa, quanto a minha família, aí começou a entrar no negócio também. Eu cedi a marca e ensinava a fazer sorvete. Então, aí a marca começou a crescer, uma rede familiar. Esse foi o início.
(19:28) P1 – Muito bom. Nessa época que começou a expandir o senhor já era casado, né?
R1 – Eu casei no ano de 1986 e mudei para Guaíra. Eu já fui casado. E a minha esposa me ajudou muito, a Roseli, Roseli Bernardes. Ela também ia para a sorveteria de manhã, comigo, até à noite, com a criança bebezinho no carrinho, colocava o carrinho ao lado do caixa e assim foi o nosso futuro, construindo o nosso futuro, com muito trabalho, com muita dedicação. E abrindo mão de férias, de finais de semana, de descansar à noite, porque sorveteria não para. É dia e noite, sábado e domingo, feriados. Domingo e feriado é o dia que mais trabalha. Sábado à noite também. Então, não tinha como parar. E assim foi o nosso início. No ano 2000 introduzimos o sorvete “soft” nas nossas lojas. Era de massa, sorvete de massa e palito. E aí introduzimos o “soft”, que é o sorvete italiano, aquele expresso e é o nosso modelo atual. E aí foi um sucesso muito grande, dentro da própria Chiquinho já tinha esse outro modelo de negócio e fomos dando mais foco no “soft”, mais foco e, com o tempo, descontinuamos o massa. E hoje a Chiquinho só trabalha nesse novo nicho de negócio, que é o sorvete “soft”. Do ano 2000 a 2010 eu, juntamente com a família, abrimos oitenta lojas. Então, quando decidimos formatar a franquia, eu e a família, meu cunhado, concunhados, sobrinhos, usando a marca Chiquinho, já éramos oitenta lojas, em 2010.
(21:31) P1 – Esse é um passo importante, né, quando vira franquia, porque aí sai um pouco da mão do senhor e da sua família. O senhor vai _______ (21:41) o modelo, né? Como é que o senhor implementou isso? Por que aí tem no Brasil inteiro, né? Oitenta lojas.
R1 – Então, no início de 2004, 2005, contratamos uma agência de publicidade, para fazer as primeiras comunicações da marca. E aí ela começou, aí formatamos o alvo, o logo, o slogan da marca. Contratamos um escritório de arquitetura, começou a dar uma fachada, um visual, um layout arquitetônico da marca. E nisso que começamos a organizar como rede, mas era uma rede familiar, o mercado começou a entender que já era uma franquia. E aí começou a ter muita procura. As pessoas falavam: “A Chiquinho é uma franquia? Eu queria ser franqueada”. E aí explicava que era uma rede familiar, não era franquia, mas aí começou essa demanda, foi crescendo, crescendo e aí, em 2010, eu juntei a família, meus cunhados, toda a família e falei: “Nós já estamos com uma rede grande, vamos para o modelo de franquia”. Foi uma negociação, assim, tivemos que negociar muito, porque até então eu cedi a marca, todos usavam, não tinha custo de franquia, não tinha royalties, não tinha nada. Mas todos acharam que era bom, que era bom pra o negócio. Aí criamos o grupo, Grupo CHQ, formatamos a franquia em 2010 e a partir daí foi, assim, um sucesso.
(23:25) P1 – “Seu” Isaías, quando o senhor começou a ver a sua marca de sorvetes espalhada pelo Brasil inteiro, aí o senhor já se entendeu como, assim, um lado meio industrial também? Por que onde que faz todos esses sorvetes? Ele é feito na própria sorveteria? Ou ele tem uma unidade industrial, para distribuir? Como que é?
R1 – Antes o nosso sorvete era artesanal. Era feito na própria unidade. Aí, com o crescimento, quando formatamos o modelo de franquia, já tivemos de sair da escala e partir para uma escala industrial. Foi um dos maiores desafios que nós enfrentamos, porque mudou todos os processos, muda tudo. E aí contratamos uma indústria de laticínios de Goiás, para produzir a bebida láctea. Essa bebida láctea vem um semielaborado. E aí o franqueado na loja pega um bag e só abre o bag, já coloca na máquina, ele é processado na hora e é extraído o sorvete na hora. Então, é um bag longa vida, não é refrigerado, então eu consigo fazer a logística para todo o Brasil. Ela tem um “shelf life” de quatro meses, então dá muito tempo de produzir, distribuir na rede e o franqueado vender o sorvete, com qualidade. E isso nos deu possibilidade de crescer para todo o Brasil.
(25:07) P1 – Tá certo. O senhor imagina, assim, sabe qual que é o diferencial do seu sorvete, dos outros? Uma coisa que seja diferente.
R1 – O sorvete hoje foi desenvolvendo mercado e foi criando nicho dentro do próprio mercado do sorvete. Hoje tem o sorvete industrial, que são os potes, que são entregues nos supermercados, em freezers, na padaria. Em todo mercado existe o sorvete que é produzido em escala industrial. Tem o “soft”, que é o nicho que nós estamos, tem o “gelato” italiano, que é um sorvete premium e nós estamos nesse mercado. Nós desenvolvemos um nicho de produto, que é um “soft premium”, que até então, no mercado, o sorvete “soft” era sinônimo de baixa qualidade, um sorvete pobre. E nós inovamos o mercado, entramos com um produto premium, mas “soft”. Com isso conseguimos atender todo o nosso público, da classe “a”, “b”, “c”, “d”, “e”. Então, todo público hoje é cliente da Chiquinho. E nós conseguimos com um preço, com um custo baixo, temos um produto de entrada que é a casquinha, que varia de três a quatro reais, ao preço máximo, quatorze reais. Então, é muito democrático. Atendemos todas as faixas etárias. Então, as sorveterias você vai desde a... eu costumo dizer que é do netinho ao vovô, frequentam a Chiquinho Sorvetes. E o diferencial, com o tempo eu fui desenvolvendo a minha própria base, fazia no meu balanceamento. Eu fiz curso pra isso, eu tenho sistema pra isso, até chegar no produto ideal. Hoje nós temos indústrias que produzem a nossa base, mas com contrato de confidencialidade, com contrato de produção para terceiros. Então, nós temos grandes indústrias multinacionais que produzem as nossas bases hoje, porque tem grande volume e grande escala. No início não era assim, não tínhamos volume e não tínhamos escala e também estava saindo de um modelo para outro. E nós conseguimos superar bem esse momento, trabalhando junto à indústria, para migrar esse modelo. Então, é isso.
(28:01) P1 – Tá certo. E quando o senhor falou que era um sorvete diferenciado, o sorvete “soft”, já me veio à cabeça criança. As crianças não acharam estranho um sorvete diferente e aí tiveram que acostumar, ou foi imediato?
R1 – Ah, de imediato já era um sucesso. O início do “soft” nosso era casquinha, então as crianças identificavam muito, né? E quando começamos a fazer a nossa identificação visual, a comunicação visual, que criamos o slogan com o alvo, os pais sempre comentam: “Ah, eu não posso nem passar na rua em frente, que a minha criancinha de um ano, dois anos, vê o alvo e já começa a pular no banco do carro e começa a falar ‘sorvete’, ‘sorvete’”. Então, é muito boa essa comunicação, a comunicação visual da marca. Então as crianças, o público infantil, identifica muito o alvo com a Chiquinho. Isso passou a ser muito interessante.
(29:05) P1 – E hoje o senhor está com a sua marca espalhada por onde, assim? Pelo Brasil inteiro?
R1 – Hoje só tem um estado do Brasil que ainda não tem Chiquinho, que é o Amapá. Então, já estamos em todos os estados do Brasil, no restante. Estamos em Roraima, Manaus, ao Rio Grande do Sul. É norte, sul, leste e oeste. Estamos hoje em todos os estados. Começamos, como eu disse no início, com oitenta lojas, hoje já inauguradas quinhentas e setenta lojas. E temos cento e vinte lojas já de franquias vendidas, em processo de implantação. Então, vamos virar o ano de 2021 acima de seiscentas lojas, em todo o Brasil.
(29:58) P1 – Perfeito. E supermercado? Supermercado o senhor não entra? É específico para as lojas?
R1 – Então, aí eu sairia do meu nicho de negócio, do meu foco, que é a indústria. Aí eu tenho que sair do varejo, que eu trabalho hoje no varejo, aí eu teria que ir para a indústria, para a indústria explorar o atacado. Então, seria um outro segmento. Então, é interessante para nós mantermos o foco naquilo que nós demos início. Já surgiu muita oportunidade. Antes saiu as “Yoggi”, as pessoas diziam assim: “Vamos colocar ‘Yoggi’ nas lojas”. Eu falei: “Não. Nosso foco é o ‘soft’”. Aí veio paletas, aí veio gelato, aí tem a indústria. Então, sempre tem... dentro desse mercado existem diversos caminhos a seguir. Então, se não der foco em alguma coisa, que seja o gelato, dê foco em gelato. Se é paleta, dê foco nas paletas. Ou indústria, dá foco em indústria. Porque, se começar a querer ser tudo, no fim acaba sendo é nada, né? Então, não... nós temos sempre um foco, uma direção a seguir.
(31:25) P1 – Perfeito. E o senhor, dizem que o melhor sorvete do mundo é na Itália. O senhor já foi lá, conferir?
R1 – Muito, muito. Eu fui nas últimas feiras de... os últimos cinco anos, nas feiras de franquia de sorvete da Itália, eu fui. Então, eu participo todo ano dessa feira. O ano passado não teve, pela pandemia, foi suspensa. E, assim, hoje a nossa base de sabores são todos fornecedores italianos. Então, nós vamos na feira da Itália e nos sentimos em casa, porque toda a nossa base de fornecedores estão lá. Então, já somos conhecidos deles, muito bem recebidos, muito bem recepcionados e quando chega na feira eles querem apresentar todas as novidades que eles têm para nos... todos os lançamentos. Então, trabalhamos assim, com antecipação: o que está se lançando na Itália nós já estamos acompanhando daqui. Bem afinado.
(32:34) P2 – “Seu” Isaías, e com relação assim aos produtos, eu observo assim, até de frequentar, com a minha menina, que tem épocas que tem alguns, algumas promoções específicas, com a caneca da Chiquinho Sorvetes, ou o casado lá, do bolo com o sorvete. Assim, como que vocês foram chegando nesses produtos assim, mais elaborados, mais casados?
R1 – Então, começamos - assim que entramos no modelo de franquias - a lançar dois lançamentos principais ao ano. Nós temos a campanha que falamos de inverno, mas como a rede hoje é nacional, já deixou de ser inverno, porque era para explorar, a ideia inicial era explorar a baixa sazonalidade do negócio. E lançamos o bolo na caneca, é um sucesso. Então, todo ano, em março, já começa toda a distribuição das canecas e esse ano está sendo um sucesso, que já acabou, praticamente, as canecas. Já vendeu tudo antecipado. Então, já não tem mais pra... acabou antes do inverno. Mas começamos a lançar as “delícias da estação”, mudando um pouco o nome, porque lá pra cima não tem inverno, hoje o Brasil é muito grande e é um sucesso. Hoje temos o “Canecake”, que é o bolo na caneca. Chocolate quente, fondue de frutas. Todo ano tem uma novidade nesse lançamento de inverno. E também temos um grande lançamento todo ano, que é o lançamento de verão. E temos as micro campanhas, que são dias especiais: das crianças, Dia das Mães, dos Namorados. Então, tem as pequenas campanhas nos intervalos e trabalhamos com duas campanhas principais ao ano.
(34:29) P2 – Maravilha. E esse das canecas, no fim a pessoa leva a caneca pra casa. Compra a caneca, né?
R1 – Leva a caneca. Isso, isso. O bolo na caneca é uma delícia. Ele é servido, o bolo quente, com sorvete gelado em cima. Ele dá uma quebrada no gelo e aquele sorvete dá um pouquinho de derretida, fica uma delícia, fica muito bom pra tomar no inverno, na época que sempre dá aquele choque, o sorvete muito gelado dá aquele choque de temperatura e com esse lançamento não, porque o bolo é assado dentro da própria caneca, na hora. Então, ele já sai quente do forno. É um sucesso.
(35:11) P1 – Certo. “Seu” Isaías, ao longo desse tempo todo, desde 1980, o senhor mesmo disse agora há pouco que a gente teve no Brasil diversas crises econômicas, né? Que culminamos, o ano passado, com essa crise do vírus, né? O que foi mais difícil para o senhor passar: o Plano Cruzado, a época do Sarney, que teve o congelamento, depois teve o Plano Bresser, o Plano Collor e agora tivemos a pandemia. O que o senhor lembra que o senhor precisou enfrentar, para se adaptar e conseguir passar essas fases aí?
R1 – Logo no início que eu abri a minha primeira filial na cidade de Guaíra, saiu o Plano Sarney e veio o congelamento de preços. Então, a taxa de juros, que estava lá sessenta por cento ao mês, setenta, oitenta, caiu para quase zero, né? E aquilo deu um ânimo de investir, eu falei: “Nossa, que bom, vamos abrir a minha loja agora”. Eu fui no Banco e fiz um financiamento. Só que, na época, as taxas eram abertas. Então, pagava o IPC na época, PCR e não sei o que, mais os juros. Então, no começo dava tudo certo, eu comecei pagando as prestações com o próprio negócio. De repente a inflação explodiu, era para pagar três, quatro por cento ao mês, pulou pra cima: quarenta, cinquenta, sessenta, setenta, a minha dívida dobrava todo mês. Todo mês ela dobrava. E se tornou impossível pagar. E eu, um garoto novo ainda, solteiro, na época em Frutal, peguei o ônibus e fui lá no Banco, em BH, na matriz, negociar com a própria diretoria uma forma que eu conseguisse pagar. Fui uma vez e não consegui. Voltei, fiquei inadimplente trinta dias, começou a embolar essa dívida que, se era mil, virou cem mil. Assim, num curtíssimo prazo de tempo. Uma bola de neve que não tinha... e com muita negociação com a diretoria, eu fiz uma proposta, eu falei: “Olha, eu tô aqui, eu quero pagar. Eu tô disposto. Só que eu não consigo pagar os juros e nem a correção monetária. E eu faço uma proposta: eu quito a dívida pelo valor nominal dela”. E eu fiquei o dia todo na agência e não consegui, no final, quando eu já ia saindo, eu fui até a porta, me veio na mente de fazer a última aposta, eu voltei ao diretor do Banco e falei: “Pela última vez eu venho aqui trazer mais uma proposta, eu já não tenho mais pra fazer”, porque todas não davam. Eu falei: “Eu te pago sem juros e sem correção, à vista, pra você”. O diretor estendeu a mão pra mim e falou: “Negócio fechado”. E aí minha dívida, que era cem, voltou para um de novo, mais ou menos isso. (risos) E aí foi um alívio, eu consegui salvar a loja, consegui salvar a marca, porque ali eu coloquei tudo a perder. Aí eu consegui pagar a dívida e foi, assim, o primeiro tranco que eu levei. Aí eu fui conseguindo, nós fomos equilibrando, crescendo. Dificuldades sim, planos econômicos, só que agora em 2020 veio a pandemia, em outro momento, em outa situação. Só que hoje eu tenho o grupo, com duzentos e vinte funcionários, só aqui em São José do Rio Preto e região, com uma folha de pagamento enorme, com mais de quinhentas lojas em todo o Brasil. Aí, de repente, da noite para o dia, todas lojas fechadas, sem nenhum faturamento, com um grupo estruturado, aí muda totalmente a dimensão do negócio. Então, no começo os franqueados tudo entrando em desespero. Todos procurando uma solução junto à franqueadora. A franqueadora não tinha essa resposta, essa solução, porque o mesmo problema que o franqueado tinha com a loja, eu tinha com meu grupo aqui. Então, aí pegou todo mundo, pegou a franqueadora e os franqueados. Mas aí foi saindo os planos de apoio do governo, pôde fazer a redução salarial com jornada, fomos aderindo, o franqueado também foi descobrindo. Depois nós já tínhamos assinado um contrato com um grande player de mercado, de delivery. Não tínhamos iniciado o delivery. Com isso nos forçou a fazer o delivery e hoje é um sucesso muito grande na rede, o delivery. Então, nos forçou a buscar novas formas de vender. O franqueado também entendeu. Então, hoje estamos colhendo também o resultado disso, que foi trabalhar no delivery. E a marca, assim, foi um... conseguimos sobreviver a esse momento. A rede, no fim, com três meses, depois começou a trabalhar alguns períodos, começou a fazer delivery, foram negociando com shoppings a redução de aluguel, com proprietário de ponto e todos foram se adequando à realidade. No fim, a rede sobrou intacta. O nosso faturamento já voltou ao pré-pandemia, já estamos o antes pandemia, então, ao 2019. Então, sobrevivemos a esse tsunami, foi um tsunami. Então, o início gera muita insegurança: quanto tempo vai ser essa crise? Quanto tempo vai ficar fechado? Quantas lojas vão sobreviver a esse processo? Qual vai ser a crise pós-pandemia? Que tamanho que vai ser a recessão? Todos imaginavam a catástrofe, né? Vai fechar o comércio em cascata, não vai sobreviver ninguém. E, assim, todo mundo cria uma expectativa negativa muito grande. Mas, graças a Deus, hoje a rede está com uma expectativa muito alta, voltamos à expansão. A expansão hoje está maior do que antes da pandemia. Está o dobro. Hoje se vende mais franquias, o dobro do que eu vendia antes. A nossa média era oito lojas antes da pandemia, seis, hoje fechamos com quinze, até dezoito lojas ao mês. Então, a performance está muito acima do que era antes. Mas por quê? Porque criou expectativa de melhora. O mercado vive de expectativa. O empresário vive de expectativa. Então, no início, todos criaram a expectativa negativa. E aí, quando viu que não era tudo isso, que o governo começou a injetar dinheiro na economia, começou a injetar dinheiro no consumidor, o consumidor começou a ter poder de compra, foi reativando a economia e aí foi tudo... as coisas começam a acontecer. O mercado começou a responder.
(42:58) P2 – “Seu” Isaías, esse momento foi um momento crítico, né? Como que o senhor foi tomando consciência da situação, assim: fevereiro era carnaval, a gente não sabia direito ainda o que que ia acontecer. Como é que o senhor foi tomando conhecimento da situação, para poder esboçar uma reação junto às suas lojas e aos seus franqueados?
R1 – Então, logo que o governo decretou o fechamento do comércio no estado de São Paulo, que começou alguns a fechar, alguns municípios, algum país, foi vindo, foi vindo e aí, quando fechou o estado de São Paulo, fechou todas as lojas do estado de São Paulo. De repente, no outro dia, fechou o estado de Santa Catarina, fechou o Rio Grande do Sul, fechou do nordeste, foi fechando, fechando e em uma semana estavam todos fechados. Quando fechou tudo, tudo, aí sentamos eu, toda a equipe, entrou o jurídico, contabilidade, aí fomos, suspendemos todas as cobranças, todas as ordens, execuções de protestos, porque começamos a segurar o lado do franqueado também. Então, a franqueadora começou a dar o ombro ao franqueado, a não protestar ninguém, eu falei: “Não cobra mais ninguém”. Vamos esperar. Aí começou o governo a soltar algumas melhorias, que foi aliviando, aí com um período permitiu fazer delivery, aí a rede rapidinho começou a fazer entregas, começou a entrar um pouquinho de caixa, foi criando expectativas. Então... só que eu fiz um comunicado à rede, transmitindo tranquilidade e paz. Falei: “A Chiquinho, quarenta anos de mercado, já passamos por muitas crises, falei dessa crise de 1986, da hiperinflação, conseguimos superar todas com tranquilidade, com muito trabalho, nós vamos superar mais essa”. Então, fui transmitindo esperança, expectativa ao franqueado: “Nós superamos, vamos superar mais essa”. Alguns que começavam a desesperar: “Eu vou fechar. Eu vou quebrar” “Não vai. Calma, tranquilo”. Aí começou a abrir as linhas de crédito. Então, assim, eu me conscientizei que eu não ia conseguir resolver esse problema dos franqueados, nem o meu, né? Que essa crise não foi criada por nós. É uma crise que vem do exterior. Então, quando você cria uma crise interna, algo assim, você administra, mas quando é isso, assim, tinha que esperar. Não tinha alternativa. Eu digo uma frase do mineiro: “Que é o tempo que cura o queijo”, né? Então, tem que esperar o tempo, com o tempo as coisas vão clareando.
(45:58) P2 – Que ótimo!
(46:00) P1 – Logo no comecinho, quando resolveram fechar o comércio todo, a única saída que foi enxergada pelo governo, quanto pelos comerciantes, foi o delivery. Mas o senhor trabalha com sorvete, né? Delivery de sorvete não é uma coisa perigosa, de derreter no meio. Como que o senhor se adaptou?
R1 – Nós tínhamos essa barreira: sorvete e delivery não dá certo. Isso não dá certo. Até chegar na casa... mas foi assim: começamos a fazer alguns pilotos e não, chegava intacto. E, às vezes, fazíamos um pedido e ficávamos lá na ponta, esperando chegar o produto, para analisar. E como eles entregam naquela mochila térmica, é rapidinho. Já entrega na loja, coloca na mochila e os motoqueiros são muito rápidos. Cinco minutos, dez minutos e já está na casa do consumidor, na maioria dos casos. Então, foi quebrando essa barreira nossa também. E a pandemia, assim, fez nós abrirmos a cabeça, fazer esses testes e ver que dá pra fazer, dá pra conciliar. Assim como muitos restaurantes também tinham essa dúvida: “Aqui eu sirvo a comida quentinha, na hora. Vai chegar na mesa do meu cliente como? E o transporte? Vai misturar os pratos? Vão esfriar? Vai cair a qualidade? Eu vou perder?” Mas aí foi tirando esse receio, até o cliente começou a compreender, ser mais compreensivo porque, se ele pode sentar na mesa do restaurante e comer na hora, uma comida quentinha, servida, é uma coisa, mas se ele não tem essa possibilidade e o restaurante se propõe a entregar na casa dele, ele também vai abaixando o nível de exigência também. Então, foi conciliando o interesse do comerciante, o cliente também passou a ser mais compreensivo, mais tolerante. E, no fim, dá certo.
(48:09) P1 – Tá certo. “Seu” Isaías, o senhor foi para São José do Rio Preto recente, né? Faz oito anos que o senhor disse que está aí?
R1 – Não, não. É, oito anos, oito anos sim. Quer dizer, eu vim antes, em 2010 nós abrimos essa loja da Andaló, a loja piloto. E logo depois, em 2013, eu mudei, mas eu passei a frequentar, de Guaíra à Rio Preto eu vinha toda semana, ficava aqui, acompanhava a loja, a operação, o início da franqueadora. E depois eu vim de mudança pra cá com a família e hoje eu sou um cidadão rio-pretense.
(48:54) P1 – Certo. Mas o senhor enxergou, por ser uma cidade grande, que seria mais fácil conseguir muitos funcionários? A ideia foi expandir para uma cidade maior? Era isso?
R1 – Isso. Como eu estava em uma cidade pequena, Guaíra e eu sei que a expansão é o Brasil todo, então muitos candidatos à franquia se deslocam do nordeste, do norte, do sul e vêm todos à São José do Rio Preto conhecer nossa franquia, nossa estrutura, o nosso centro de treinamento é aqui. E uma cidade que não oferece aeroporto, uma estrutura hoteleira, uma mão de obra qualificada de muitas faculdades, cursos. Então, nós chegamos à conclusão que nós precisávamos estar numa cidade que oferecesse tudo isso: uma estrutura de mão de obra, de conhecimento, de “know-how”, de... e aqui em Rio Preto hoje é a capital da franquia do interior, né? É a cidade que mais tem franqueadores, no interior do Brasil, hoje, é São José do Rio Preto. Então, assim, na época nem eu tinha essa noção, mas eu sabia que eu precisava de um mercado desenvolvido, que me entregasse tudo isso que... e hoje eu vejo o quanto é importante. Recebemos em média de quinze, vinte franqueados, de toda parte do Brasil, para ficar dezessete dias em Rio Preto, em treinamento. Então, hoje Rio Preto nos proporciona tudo isso.
(50:37) P1 – Certo. Perfeito, “seu” Isaías. E esse treinamento é obrigatório para todo mundo que vai adquirir uma franquia, né?
R1 – Isso.
(50:48) P1 – E vocês também oferecem para os funcionários?
R1 – Sim. Temos o treinamento interno, mas esse na loja piloto, é um específico para o franqueado que vem de fora. Ali temos um centro de treinamento, laboratório, onde o franqueado aprende, ele recebe todo o conhecimento, desde o produto, o conhecimento administrativo, financeiro, todo o “know-how” necessário para operar uma unidade, ele recebe aqui em São José do Rio Preto, na nossa loja piloto. Então, ele fica dezessete dias aqui, tem um conhecimento básico e na inauguração vai o nosso consultor, acompanhar a inauguração da loja. Tirar alguma dúvida ainda que o franqueado tenha e ajudar toda a inauguração, toda barreira que tem. Então, todo o nosso centro de treinamento hoje é São José do Rio Preto. Centralizamos todos aqui.
(51:55) P1 – Perfeito. “Seu” Isaías, do início até hoje o senhor já passou por todas as áreas da produção do sorvete: atendimento ao cliente, contabilidade, o senhor já fez tudo, né? O senhor se dedica mais à qual área dentro da empresa, que agora é muito grande?
R1 – Isso. Eu sou o CEO. O presidente do Grupo CHQ. O Grupo CHQ hoje são sete empresas dentro do grupo, tem a nossa holding e, por baixo, eu tenho um CD de logística em São José do Rio Preto. Então, toda a nossa mercadoria é entregue em todo o Brasil, a cada quinze dias. Um CD próprio, com caminhões próprios, temos uma frota própria, entregamos em todo o Brasil. Temos também uma agência de publicidade, que faz toda a comunicação da marca, até filmes, campanhas, toda a comunicação visual. A comunicação on line, tudo hoje, Instagram, Facebook, tudo é pela nossa agência. Temos uma empresa de desenvolvimento de software, então todos os sistemas hoje, das quinhentas e sessenta lojas, são integrados a um datacenter próprio. Então, nosso sistema é próprio. Então, hoje temos essa área. Temos um escritório de arquitetura. Todos os projetos arquitetônicos, hoje, de todas as lojas, são feitos no nosso escritório. Então, eu sou o gestor de tudo isso. Então, eu não faço gestão de uma área específica. Eu faço a gestão de um todo. A minha gestão é muito horizontal, todos os gerentes reportam direto à minha pessoa e ao meu filho, que é o vice-presidente hoje, então estamos juntos hoje, aqui. E é isso: aprendendo junto com a equipe, eles transferem “know-how” pra mim, conhecimento, porque eu não tive muito tempo. Eu sou um empreendedor, então eu não tive muito tempo de estudar, só trabalhei. Então, o executivo do mercado forma, ele corre atrás, ele faz tantas formaturas para poder trabalhar e o empreendedor, na maioria das vezes, não terminou o segundo grau, como eu não terminei, porque eu não tive tempo de estudar, eu tinha que trabalhar e a proposta, quando eu tinha dezoito anos, meu pai falou assim: “Isaías, você ganha um salário para trabalhar durante o dia, se você quiser ganhar mais outro salário, você para de estudar e vai trabalhar à noite, que eu consigo te pagar dois salários-mínimos”. E assim eu fiz a conta e falei: “Bom, se eu for ganhar o dobro do que eu ganho, então eu vou parar de estudar”. Parei de estudar e fui trabalhar dia e noite, para ganhar dois salários-mínimos. Trabalhei cinco anos com o meu pai dessa forma, aí chegou o ponto que ele falou: “Eu vou te vender a metade da loja, vou parcelar pra você. A outra metade eu vou vender para o seu irmão, para ajudar teu irmão também”. Meu irmão, na época, não se adequou, saiu, ficou só eu no negócio. E assim foi.
(55:25) P1 – Muito bom, “seu” Isaías. Perfeito. E o senhor não tem hoje - depois de toda essa movimentação, agora uma empresa muito grande, uma holding - saudade da fazenda? O senhor vai passear no campo ainda, quando o senhor não está trabalhando?
R1 – Sim. Eu tenho minha irmã que mora em Frutal, meus sobrinhos têm sítio, fazenda. Eu vou muito para o sítio deles. E chega final de semana lá, a vida do campo é muito boa, né? Então, tomar leite no curral ainda eu gosto até hoje, não perdi essa tradição. Então, eu tenho ainda... só que eu não tenho tempo de dedicar a essa atividade, então... e como também hoje nós adquirimos uma área aqui em São José do Rio Preto, que é o Automóvel Clube, o clube de campo, então são duzentos e cinquenta mil metros, é uma área considerada ainda agrícola, área rural. Então, nós vamos levar toda a nossa estrutura, o nosso centro administrativo lá, pra essa área. Então, vamos levar o nosso CD logístico, todas essas empresas do grupo. Vamos construir um prédio grande lá dentro, com toda uma infraestrutura de suporte ao nosso franqueado. Hoje as nossas empresas estão cada uma em um lugar, porque não consegue centralizar na nossa matriz, mas então, a partir do ano que vem, vamos já iniciar um processo de implantação na nova área.
(57:07) P1 – Muito bom. “Seu” Isaías, isso já é um projeto que está acontecendo, é algo que o senhor já ______ (57:15). E o que mais? O que o senhor imagina do futuro, para a sua franquia, para a sua vida? O que o senhor sonha para o futuro?
R1 – O projeto agora é consolidar a marca em todo o Brasil. Eu já me considero que ela está consolidada. Existe uma demanda em outros países, que nós tomamos também internacionalizar a marca, já como franqueado. Então, nós abrimos uma operação nos Estados Unidos, só que veio a pandemia e tivemos que parar, porque foi fechada toda a imigração, fechou tudo, parou. Então, descontinuamos, mas nós temos planos de expandir em forma de franquia. Então, é isso e consolidar a nossa estrutura na nossa área. E aposentar, eu creio que dentro de trinta anos eu consiga aposentar. Hoje estou com sessenta, quem sabe com noventa anos eu consiga aposentar. (risos)
(58:19) P2 – Mas o senhor já começou um caminho, né, que é lidar com a sucessão. Então, eu queria que o senhor falasse um pouco dos seus filhos e da presença do seu filho como vice-presidente, como braço direito do senhor.
(58:34) P1 – E se foi de comum acordo, natural...
R1 – Já está se espalhando nessa sucessão familiar. Já criamos a holding familiar. Já saímos da pessoa física do negócio hoje. Eu não sou o dono mais, hoje quem é o sócio majoritário do grupo é a Isaías Participações & Filhos. Então, hoje já temos essa estrutura. O meu filho já está comigo, está acompanhando tudo isso. E eu quero fazer essa... transferir o bastão para ele da melhor forma possível, com a maior tranquilidade, sem gerar nenhum... se assim Deus permitir e dar vida e saúde, né? Que estamos na mão de Deus. E hoje, ainda mais com essa pandemia. Então, estamos na mão de Deus, estamos cumprindo aqui com a nossa parte, com o nosso dever. Então, dentro do possível, de uma normalidade, eu quero transferir para ele, num ambiente bem tranquilo, para que não sofra nenhum percalço nessa sucessão.
(59:39) P1 – Certo.
(59:40) P2 – Fala o nome dele e como que ele começou a trabalhar, a se inserir no negócio da família, “seu” Isaías?
R1 – Olha, o meu filho, quando tinha sete dias de idade, sete dias, a minha esposa o pôs no carrinho e falou assim: “Eu tô indo para a sorveteria, vou ficar no caixa”. Eu falei: “Como? Você fez cesárea agora, você não tem condições”. Ela falou: “Não, não tem ninguém pra ficar no caixa, eu vou ficar no caixa”. Então, com sete dias ela já o colocou, desse tamanhozinho, que era um bebezinho pequenininho e ela ia atendendo o cliente e pondo chupeta na boca dele. Então, ele foi criado dentro da sorveteria, comigo. Mas dentro mesmo. Eu fazendo sorvete, a minha esposa no caixa e ele correndo para lá e para cá e tomando sorvete. E quando eu mudei para São José do Rio Preto, ele veio pra cá comigo, aí mudamos. E antes era operacional, eu tinha que fazer sorvete, tirar... aquela máquina antiga, que extraía da pá mesmo, colocava no freezer. Aí eu tive que sair do negócio, sair do operacional, passar para um gestor de negócio e meu filho sempre comigo, sempre comigo. Então, ele viveu todos esses processos, desde o início, da criação da Chiquinho, a formatação da franquia, ele está sempre comigo. Já está com trinta anos, vai para trinta e um anos agora. Então já casou, já tem um bebezinho, já está na hora de assumir responsabilidades, né? Então, aos poucos, ele... hoje ele está cuidando mais da área de processos, de organização. E eu sou mais atirado, eu vou mais nas decisões de negócio. Eu vou bagunçando na frente e ele vai consertando atrás. O empreendedor é ele.
(01:01:32) P2 – (risos). Como ele chama?
R1 – Pablo. Pablo Bernardes de Oliveira.
(01:01:39) P2 – Maravilha. E o senhor só tem ele ou tem mais filhos?
R1 – Eu tenho uma menina também. A minha filha fez Design de Interiores e ela está hoje no escritório de arquitetura, ajudando lá. Inclusive ela participou ativamente da nova modelagem da loja agora. Repaginamos a loja da Andaló, que é a nossa loja piloto e ela acompanhou desde o início, cuidando dos detalhes. Detalhes dos detalhes, né? A arquitetura faz o projeto e ela entra com as pinceladas. Mas a família está toda comigo. A minha esposa foi o meu braço direito o tempo todo, hoje ela está mais em casa. Ela fala que ela já fez a parte dela e que franquia não é com ela, que agora é comigo. Então, está me dando suporte, mas suporte à minha pessoa.
(01:02:43) P1 – Tá certo. “Seu” Isaías, o senhor tem algum hobby no dia a dia, assim? O senhor falou que ir para o sítio é só de vez em quando que dá, né? E no dia a dia? O senhor gosta de ouvir música? O que o senhor faz, pra distrair? Pra não ter que trabalhar vinte e quatro horas.
R1 – Olha, hoje eu vou três vezes por semana na academia. Então, segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira eu vou na academia fazer exercícios, eu gosto muito. E durante a semana eu estou aqui na empresa. Meu hobby maior é vir para a empresa, então... eu viajo, assim, muito ao exterior. Todo ano eu faço uma viagem internacional. À São Paulo eu vou muito, a negócio. E duas, três vezes por semana eu vou à igreja. Então, sempre à noite. Sábado à noite e domingo à noite é assim, impreterível, eu estou na igreja. Sábado à noite e domingo à noite não... e, às vezes, pós-culto, assim, a gente vai numa pizzaria com a família, reúne, né? Mas eu sou muito caseiro. Já sou um sessentão, que já vai acomodando. O hobby vai se resumindo em família, casa, serviço, igreja, academia e uma viagem de lazer de vez em quando. E, de vez em quando, eu vou às origens: vou no sítio da minha irmã, dos meus sobrinhos, para comer um porco caipira, com linguiça, com frango caipira, tomar um leite no curral, que é a minha origem, é a raiz nossa e é muito bom.
(01:04:26) P1 – Excelente. Cláudia, você tem mais alguma pergunta?
(01:04:31) P2 – Tenho duas: “seu” Isaías, por que o senhor escolheu, para sair de Guaíra, no momento da expansão, São José do Rio Preto, especificamente?
R1 – Então, analisando as cidades do interior, a gente já tinha informação que a qualidade de vida em Rio Preto era uma das melhores de toda a região e que ela oferecia toda uma estrutura que eu precisava, que era educação, bastante cursos superiores, faculdade, uma juventude muito dinâmica, buscando oportunidade de negócio. Uma rede hoteleira que eu ia precisar também, para atender toda essa estrutura de franqueador. E aeroporto, que pra mim também era imprescindível, porque hoje o meu franqueado vem de todo o Brasil, vem até São Paulo, Campinas e pega o voo até São José do Rio Preto. Então, eu precisava dessa estrutura de aeroportos, hotéis e conhecimento, porque precisamos disso. E a cidade, qualidade de vida, estrutura e infraestrutura que ela nos oferece, muito boa, né? É uma cidade maravilhosa, que não fica devendo nada a nenhuma metrópole, a nenhuma capital do Brasil.
(01:05:56) P2 – Maravilha. E aí a minha segunda e última pergunta é assim: a gente está conversando com o senhor, é uma entrevista um pouco diferente, o senhor falou da sua trajetória desde a infância, na área rural, depois o crescimento do negócio. O que o senhor achou, assim, de ter dado essa entrevista e ter deixado registrado para um projeto de memória, para o Sesc e para o Museu da Pessoa?
R1 – Ah, bacana. Eu achei maravilhoso. Eu não esperava isso. Até o contato foi com o meu filho, ele falou: “Pai, tem uma entrevista aí”. Mas eu não sabia, assim, o que viria, eu não tinha essa informação. Então, foi tudo aqui ao vivo, o que eu falei foi espontâneo, foi com sinceridade e tudo o que eu vivi é real, mas foi espontâneo, de coração. O que eu disse fé o que eu vivi, a minha história é essa. Tem muitos detalhes, mas nem precisa de muitos detalhes também, que eu falei tudo. Vocês quiseram saber a minha vida inteira, eu falei. Então, não tem segredo aqui mais, ______ (1:07:00). Sou casado com a Roseli há trinta e cinco anos, de casado, casado com a mesma esposa, tá? Então, meus filhos, nós somos uma família bem unida, cristã. E uma vida regada de paz e com a benção de Deus sobre nós. Eu enxergo a Chiquinho como uma empresa abençoada por Deus. E eu me considero também um abençoado por Deus, um privilegiado, porque sempre Deus faz mais do que eu peço, do que eu imaginei. Então, por mais que eu tente deslumbrar um futuro, uma criação, sempre Deus me surpreende mais, sempre mais. Então, eu jamais imaginei um dia ser dono de uma franqueadora pequena e muito menos, hoje nós somos a maior rede de franquia de sorvetes do Brasil. Então, eu entrego muito pouco pra Deus e sempre Ele fez muito, muito mais pra nós. Então, eu vejo a Chiquinho como uma grande árvore e que muitos se abrigam embaixo dela, uma grande multidão, que hoje temos duzentos e vinte funcionários entre Rio Preto e região. Temos cinco mil funcionários atendentes nas lojas, com os franqueados, fornecedores. Se for para pegar tudo, eu diria aí quinze mil pessoas debaixo dessa grande árvore. Então, eu acho que, acima de tudo isso eu, uma pessoa do interior de Minas, do Triangulo Mineiro, Frutal, sem faculdade, sem curso, ser presidente de uma grande rede, de uma grande marca e eu, assim, considero acima de tudo, Deus. Acima de tudo, por quê? De mim mesmo eu não me vejo em condição e nem capacitado. Mas tem aquela parte que Deus capacita o simples, né? Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita. E eu vejo isso todo dia aqui. Todo dia eu tenho uma decisão difícil a tomar, mas sempre eu vejo a luz de Deus clarear tudo as coisas. E todo dia é um dia, todo dia eu vivo um dia diferente aqui, eu não tenho rotina. Então, sempre são diferentes, mas todo dia eu vejo uma vitória. Todo dia é um dia de vitória, todo mês é um mês de vitória que a gente fecha. Os resultados sempre positivos. Então, eu vejo os franqueados que compraram uma franquia, tem um franqueado que vendeu a casa, o carro e abriu a primeira loja. Hoje ele tem vinte lojas e quer chegar a trinta. Então, eu vejo os franqueados felizes, contentes, ganhando dinheiro, a marca prosperando e Deus abençoando. É tudo isso. Acho que eu resumi, assim.
(01:10:02) P2 – Amém. Super. Nossa, “seu” Isaías, super obrigada, viu? Foi uma bênção ouvir o senhor.
(01:10:12) P1 – A gente gostaria de agradecer em nome do Sesc São Paulo, do Sesc de Rio Preto e em nome do Museu da Pessoa.
R1 – Nós que agradecemos.
(01:10:27) P2 – “Seu” Isaías, e a gente vai, semana que vem, mandar um fotógrafo, para fazer algumas fotos. Pode ser com o senhor e o Pablo também, juntos. Eu agendo com a Nádia? Eu faço esse agendamento com a Nádia? Como é que eu faço?
R1 – Pode ser, você agendou com eles, pode ser. Pode dar sequência.
(01:10:48) P2 – Tá. Ou o senhor quer que eu agende com a secretária do senhor? É mais fácil?
R1 – Pode ser o Pablo, mesmo. O contato foi com a Nádia e ela foi ao Pablo, né?
(01:10:59) P2 – Foi com a Nádia, é.
R1 – Então, pode ser com a Nádia.
(01:11:03) P2 – Tá. Eu falo com ela. Eu vou falar com ela agora, agradecer, falar que deu tudo certo e eu já deixo pré-combinado com ela, tá?
R1 – Tá. A nossa história é simples e eu... tudo muito simples.
(01:11:16) P2 – É linda. (risos).
R1 – Pensa nos portugueses, no mineiro, no mineirês, mas tudo bem.
(01:11:25) P1 – Muito obrigado, “seu” Isaías.
R1 – Eu que agradeço.
(01:11:27) P2 – Tchau, “seu” Isaías. Bom dia. Obrigado.
R1 – Tchau, bom dia!
(01:11:35) P1 – Um abraço!
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