P1: Boa tarde, Mécia.R: Boa tarde.P1: Obrigado por ter participado, aceitado o convite para a entrevista. Inicialmente, eu pediria para você falar o seu nome completo, data e local de nascimento.R: Data completa? (risos)P1: ______________________R: Mécia, meu nome é Mécia Eliene Trindade do Bon...Continuar leitura
P1: Boa tarde, Mécia.R: Boa tarde.P1: Obrigado por ter participado, aceitado o convite para a entrevista. Inicialmente, eu pediria para você falar o seu nome completo, data e local de nascimento.R: Data completa? (risos)P1: ______________________R: Mécia, meu nome é Mécia Eliene Trindade do Bonfim Santos, quase um palavrão, né, meu nome. Eu nasci na Bahia, cidade de Cocos, em 27 de dezembro de 1971. P1: Como é que você ingressou no Banco do Brasil?R: Através do concurso, de um concurso em 93. É, eu estava morando lá na época, tinha morado em Brasília antes, fazia faculdade, larguei a faculdade e fui casar. Casei, engravidei logo, fui batalhar um trabalho, porque eu não queria ficar sem ocupação. Aí eu passei no concurso do Fórum, era um trabalho que eu teria que ficar muito fixo, é, muito fixada naquele município, não teria essa mobilidade que o Banco do Brasil dá. E a partir da oportunidade do concurso do banco, eu entrei para o Banco do Brasil e fiquei lá até 1996. P1: O que que significou trabalhar no Banco do Brasil, se tornar funcionário do Banco do Brasil pra você?R: Olha, além da independência financeira, né, que era uma coisa que era mais importante para mim, o Banco do Brasil como eu já falei, é a empresa que dá essa possibilidade de você circular no país, conhecer outros lugares e morar tanto em capitais como interiores, de todos os estados. Então, acho que o Banco do Brasil tem essa grande, dá essa oportunidade pra gente, né?P1: Você chegou em Brasília em 1995?R: Em 1996.P1: Em 1996. Como é que foi essa chegada em Brasília? Da Bahia vem pra cá...R: É, eu...P1: Sentiu um pouquinho?R: Ah, é, na época o Banco estava com um projeto de demissão voluntária e nesse programa tinha redução de quadro de pessoal, principalmente nas agências do interior. Houve redução de, redução de quadro, né? E aí Brasília era o lugar que mais tinha vagas. Pra quem quisesse ir para Brasília tava...P1: Aberto.R: A disposição. E aí, como para mim, eu já tinha a minha família, já tenho alguns dos meus familiares que moram aqui, meus irmãos, tios. Eu escolhi Brasília porque lá na minha agência surgiu alguns excessos - assim que se chamava, né? -, funcionários que teriam que sair de lá e aí fizeram um sorteio e eu fui sorteada para ir para Brasília. Então não foi uma decisão minha, né? Foi uma decisão meio traumática na época porque eu tinha filho de dois anos e outro de quatro, então eu estava assim. Na época, o meu marido trabalhava lá na Bahia, e aí eu vim para Brasília apesar dele trabalhar lá, e aí a gente ficou um tempo assim, ele morando lá e eu aqui, meio...P1: E Brasília assim, como é sair de um município do interior da Bahia para vir para...R: É, Brasília eu já tinha tido a oportunidade de vir morar quando eu tinha, quando eu completei 15, 16 anos, eu vim morar aqui, e antes, e depois vim fazer faculdade, e aí depois que eu fui para Bahia de volta e voltei pra Brasília. Então Brasília para mim sempre foi uma cidade que eu tinha uma intimidade, né, não era algo estranho, e também porque eu tinha os meus familiares aqui.P1: Qual o seu trabalho atual na Fundação?R: Atualmente, a menos de um mês, eu estou na diretoria de renda, na diretoria de trabalho, que tem projetos de geração de trabalho e renda, e antes eu trabalhava na CITEC [Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia], na área de reaplicação de tecnologias sociais. E antes da CITEC eu entrei na Fundação para trabalhar aqui na CESEC [Centro de Processamento de Dados do Banco do Brasil], na Diretoria, na Presidência aliás, e fui secretária do presidente.P1: É, existe algum projeto que você acompanhou mais de perto aqui na Fundação? Algum programa ou coisa assim?R: É, eu cheguei na CITEC e eu passei a acompanhar projeto lá na CITEC, né? Então projeto que eu tenho hoje, hoje o projeto que eu to trabalhando eu não conheço muito bem ainda, né, não tem nem um mês direito que eu estou lá, mas eu trabalhava com reaplicação de tecnologias sociais, então tem projetos como saneamento básico rural, é, com água doce, o programa água doce que é uma política pública do ministério do meio ambiente, é, abelha nativa, são projetos que, até o projeto criança e vida, um projeto que já encerrou, mas que passou por mim no finalzinho mesmo. Então tem projetos que, eu, tenho história, né? São bem interessantes mesmo.P1: Existe algum caso marcante que você viu aqui na FBB? Algum momento ou alguma viagem, não sei, alguma coisa que você passou e que te tocou aqui na Fundação? Que de alguma maneira te marcou?R: Ah, sim. É, eu acho que inevitavelmente você sempre está sendo tocado pelas coisas que você... pelas coisas que você encontra nos locais que você visita nos projetos. Eu tenho uma coisa que eu não esqueço. Foi assim,
um dos primeiros contatos com um projeto foi já em um de saneamento, projeto de saneamento básico, a gente visitava o local, uma comunidade em assentamento rural, de assentados. E eles não entendem bem a relação, a diferenciação, eles não diferenciam, para eles, Banco do Brasil e a Fundação Banco do Brasil é uma coisa só, né? Então, a gente esteve lá para levar uma proposta de reaplicação do saneamento básico. E aí chegando lá, o pessoal, naquela expectativa que fosse o banco do Brasil lá na reunião, e eles tinha lá na agência do banco, né, o sinal lá do município aqui de Planaltina, tinha uma pendência de Pronaf (?), de liberação de recursos pra agricultura, pro trabalho deles que é o trabalho que gera renda pra eles. E aí, com a nossa ida lá eles, é, não todos, né, mas os mais desinformados imaginavam que nós estaríamos ali para tratar e resolver esse tipo de problema. Então, é, foi uma das coisas que eu achei frustrante pra gente, assim, você não ter a ingerência no banco também, assim,
a gente tenta ir pra uma comunidade fazer, levar um trabalho que pode melhorar a qualidade de vida deles, e ele no entanto - o banco que também com o poder que tem de chegar também com programas como o Pronaf [Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar], que é programa do Governo, é, a gente não tem essa condição de viabilizar as coisas que eles precisam também junto a agência do banco e no caso lá, eles ficaram frustrados com a nossa
visita, assim, de saber que a gente no máximo poderia conversar com o gerente, mas nós não estaríamos ali para resolver uma coisa que pra eles era muito mais urgente do que implantar esse outro projeto que era o que nós levávamos. Então, é, essa ótica de que, a gente sabe o que eles querem, muitas vezes a gente se equivoca, né? E eles precisam às vezes de outras coisas que nós não temos condição de levar e que são muito mais urgentes, né, como o sustento deles mesmo.P1: Você poderia comentar um pouco o papel da Fundação no desenvolvimento social do Brasil?R: Da Fundação... Bom, a Fundação eu acho que é um, por ser um, eu acho que é a segunda Fundação do Brasil, né? De instituição financeira, né, fundação de banco, é, ela tem um investimento social muito grande e, é assim, eu tenho certeza que faz uma grande diferença no país, e porque tem 20 anos, né, que a Fundação já está trabalhando em vários locais com projetos como BB Educar e projetos antigos. Então, e cada vez mais a gente só tem ampliado o trabalho. Eu acho que é uma expectativa, até não foi perguntado não, mas, mas uma coisa que nós, funcionários do Banco, que temos o mínimo de interesse pela área social, olha pra Fundação e fala: “É o meu objetivo trabalhar ali” né? Porque um funcionário que está no Banco do Brasil ele olha pra Fundação como uma forma de você está trabalhando com essa melhoria das condições de vida do brasileiro e é verdade. Quando você chega aqui você fala assim: “Olha, eu tive a oportunidade, eu tenho a oportunidade de trabalhar e ganhar ainda por isso.” É, é quase um trabalho voluntário, né? Parece um pouco, tem um pouco desses trabalhos de terceiro setor voluntário. E a gente ganha por fazer isso. Então é um grande prazer mesmo trabalhar na Fundação e, porque realmente os projetos são efetivos e tem transformado muito as coisas no país, né?P1: Deixe eu retomar um pouquinho, como é que você veio para aqui na Fundação?R: Ah, eu vim, eu estava no jurídico do banco, eu me formei em direito e pensava em trabalhar no jurídico como advogada do banco, mas, como eu te falei agora, eu era apaixonada pela Fundação. Então eu fiz o BB Educar.. eu, quando eu entrei no banco em 1993 eu fiz, acho que uma das primeiras turmas do BB Educar eu participei lá na Bahia, em Salvador. Aí eu fui formada pelo BB Educar. Eu sei que logo depois, quando eu estava formando a turma de alunos eu não consegui. Eu... meu filho, eu engravidei e tive uma gravidez ruim, eu não consegui fazer a turma, do BB Educar, mas assim, era um grande desejo de trabalhar com esse tipo de situação, voluntário, de trabalho social. E aqui na Fundação eu vim porque, é, quando o Jax veio pra cá, né? Eu encontrei com ele lá no banco outro dia, eu trabalhava no jurídico, aí falei: “Nossa, é o meu sonho de consumo trabalhar na Fundação” e ele falou: ‘Então vamos pra lá!”. Foi assim, eu não fiz seleção, eu vim pra trabalhar com ele e a gente já se conhecia e fiquei com ele um ano e depois fui trabalhar com os projetos que era realmente o que eu queria, né? Não trabalhar pro Jax aqui como secretária, eu queria trabalhar lá nos projetos. E hoje eu estou realizada.P1: Você poderia traduzir a Fundação Banco do Brasil pra gente em algumas poucas palavras ou em uma palavra?R: Estou falando de mais, não estou não?P1: Não, não está não...R: Nossa, hoje eu acho que eu falei pra caramba, eu converso demais... Em poucas palavras a Fundação... Bom [pausa]. Olha eu acho, eu considero o Banco um pai, sabe? O Banco, é, um paizão, aquele que você, todo mundo reclama “Ah, está pagando mal e tá não sei o quê” mas está todo mundo satisfeito de ser funcionário, defende só de ouvir alguém falar mal, né? E, acho que a gente, os funcionários do banco tem isso assim, de defender o banco porque parece que você está numa família, você faz parte da família, né? E eu acho que a Fundação é a mãe, porque a mãe é aquela que tem essa coisa de acolher, de fazer a diferença, esse instinto de proteção, ou de melhorar as coisas pro seu filho, e eu acho que
Fundação encara o Brasil dessa forma, é assim a mãezona que está aqui tentando mudar a realidade desse monte de filho que está aí desgarrado, excluído, né? Então, eu acho que é mais ou menos isso.P1: Para você, qual seria a importância de um trabalho como esse de registrar a memória da Fundação?R: Eu comecei a participar disso aí, né? [risos] Eu acho que a gente perde a memória, a gente perde, a gente tem uma memória muito curta, né? Nós, brasileiros – acho que não é defeito só do brasileiro não – mas eu acho que é muito importante preservar ou recuperar esse trabalho de preservar, mesmo? É isso que a gente está fazendo?P1: Isso, isso.R: De preservação da memória é muito importante porque a gente passa a valorizar mais a nossa, o nosso trabalho vendo, a valorizar, a aperfeiçoar e tudo mais. Eu acho que você, é... conseguir olhar pra trás, porque a Fundação, ela teve uma reciclagem, um entra e sai, muita gente, muito funcionário. Então, eu acho que essa coisa de você conseguir enxergar o que que foi feito, e o que que está sendo feito e como foi feito pra que você possa melhorar os processos internos e possa aperfeiçoar o trabalho, eu acho que é o... essa recuperação da memória, essa preservação da memória pode contribuir muito pra isso. Então, é, eu acho muito importante o projeto.P1: Mécia, muito obrigado pela sua entrevista e em nome do Instituto e do Museu da Pessoa a gente agradece a sua participação.R: De nada.Recolher