Entrevista de Isabella Dantas
Entrevistada por Torigoe e Daniela
03 de setembro de 2021
Projeto Memórias de Furnas
FURNAS_HV030
0:00
P/1 - Qual o teu nome completo? Onde você nasceu? E que dia que foi, por favor?
R - Isabela Dantas Leite, nasci no dia 2 de agosto de 74, em Paris na França.
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Entrevista de Isabella Dantas
Entrevistada por Torigoe e Daniela
03 de setembro de 2021
Projeto Memórias de Furnas
FURNAS_HV030
0:00
P/1 - Qual o teu nome completo? Onde você nasceu? E que dia que foi, por favor?
R -
Isabela Dantas Leite, nasci no dia 2 de agosto de 74, em Paris na França.
0:23
P/1 - Como é que foi o contexto de você ter nascido em Paris? Como é que estava a sua mãe, o seu pai? Conta essa história para mim, por favor?
R -
Foi uma situação bem pontual mesmo, meu pai foi para Inglaterra trabalhar, minha mãe foi com ele, ele teve um problema muito sério de saúde e teve que ficar internado lá, um tempo, poucos meses. E aí quando eles iam voltar, que ele ficou bom, meu pai não conhecia Paris, minha mãe já conhecia. Ele quis passar um final de semana em Paris com ela para ele conhecer. Só que quando eles chegaram lá, minha mãe teve um negócio que chama de deslocamento da placenta. E aí ela não podia pegar o avião para voltar, com o risco de perder a gravidez. E aí ela teve que ficar lá até eu nascer. Aí eu nasci e voltei. Eu sou brasileiríssima, minha família é super brasileira, mas foi uma eventualidade que ficou bonitinha na história.
1:30
P/1 -
Quem são a sua mãe e o seu pai? O que eles fazem ou faziam?
R -
Faziam! O meu pai era engenheiro civil e a minha mãe era compositora de música contemporânea e professora da UNIRIO, aqui no Rio. Mas ele já viraram estrelinha já, estão por aí.
1:56
P/1 -
Isabela você cresceu em que cidade no Rio de Janeiro?
R -
Aqui no Rio sempre, sempre moramos no Rio, há muitos e muitos anos na casa onde eu moro, aqui do lado de Furnas, do lado mesmo.
2:14
P/1 - Você tem irmãos?
R -
Tenho um irmão mais velho, que mora aqui no Rio também. Tenho três sobrinhos, tem um filho, meu irmão é economista, eu também sou. Somos dois economistas, eu e meu irmão.
2:34
P/1 -
O que você lembra mais da sua infância no Rio? Como é que foi para você crescer em Botafogo?
R -
Então, assim, eu tenho uma relação muito bacana com a cidade, eu gosto muito, gosto muito de praia, não consigo conceber a ideia de não morar aqui. Botafogo, a gente mora aqui desde os meus 11, 12 anos. Eu gosto muito, acho uma cidade incrível, têm as questões dela, infelizmente. Eu tinha um professor uma vez, em uma pós-graduação, que disse que se o Rio de Janeiro não tivesse as questões que tem, a gente não conseguiria morar aqui. Então de certa maneira, enfim, não chega ser bom, mas pelo menos deu uma compensada. Falou que a cidade é tão linda, que se ela não tivesse esses problemas todos, só ia morar aqui gringo, e o custo de vida ia ser tão alto que não ia ser para o nosso bico. Enfim, não sei se justifica, mas eu adoro, tenho uma relação super importante com a cidade, não me imagino em outro lugar. Eu vou à praia, faço exercício na praia, eu vou à praia quatro vezes por semana, de manhã cedo, adoro o lugar que eu moro, cresci desde os 14 anos aqui nessa casa. Sai quando eu casei, depois acabei voltando. Enfim, e minha cidade, minha casa, onde eu crio o meu filho. Meu filho também adora. A gente é muito daqui mesmo, muito carioca, esperto.
4:23
P/1 - No Rio de Janeiro, quais escolas você frequentou?
R -
Eu estudei no colégio aqui de Botafogo mesmo, chama Colégio Santo Inácio, um colégio bem tradicional, aqui na cidade, estudei a vida toda lá, desde pequenininha até me formar. Era um colégio bem tradicional, eu acho que eu não sou tão tradicional quanto colégio, mas foi uma boa formação, então só posso agradecer, o meu filho também estudou lá. Enfim, tem as questões, de colégio católico, que tudo bem também, mas é um ensino de primeira, então me possibilitou estudar numa universidade pública, que foi num lugar que eu realmente fui muito feliz.
Vou dizer assim, a minha experiência mesmo de encontro, foi na faculdade, onde eu realmente encontrei os meus grandes amigos, são os meus amigos da faculdade. Mas o colégio serviu para me proporcionar isso tudo, acho que me proporcionar também ter feito concurso, como o de Furnas, ter passado. Eu acho que é isso, foi importante nesse sentido.
5:49
P/1 - Você se lembra em que fase da sua vida você falou assim, vou fazer faculdade de Economia? Você tinha outros sonhos antes, ou não?
R -
Foi com a ficha de inscrição na mão, eu tinha que escolher alguma coisa. Não sabia, eu não sabia não. Eu fiz vestibular com 17, na época, não tinha a menor ideia do que eu queria, menor ideia. Tinha que escolher alguma coisa, meu irmão já tinha feito economia, minha família é muito tradicional, então não poderia na época nem imaginar uma coisa assim muito diferentona. E aí assim, eu sabia que eu não queria, direito, medicina, engenharia, essas coisas, eu sabia que não era muito para mim. Eu acho que a economia tem essa questão de fronteira, apesar de ser ciências humanas, você tem um pé na exatas também, então para quem está meio indeciso, acaba funcionando. E aí escolhi dessa maneira, com a ficha na mão, pensava em economia, pensava em comunicação. Depois eu vou confessar que eu me arrependi um pouquinho, talvez se eu tivesse feito comunicação teria mais a ver comigo, mas foi assim, com papel na mão e tendo que marcar alguma coisa, e assim foi.
7:15
P/1 - Você entrou em 91, 92?
R - 92
7:22
P/1 -
E qual universidade você cursou?
R - Fiz URFJ. Ali na praia vermelha.
7:30 -
E como é que era a UFRJ nessa época?
Como que eram os professores, os alunos?
R -
Era maravilhoso, foram 4 anos incríveis, fiz meus grandes amigos, tinha grandes professores. A gente lamenta um pouco, porque a gente entra bobo, eu era meio boba quando eu entrei na faculdade. A gente queria assistir aula, mas também queria matar, queria aprender, mas também queria ficar lá, tem um lugar que chama de Sujinho, que aprender, mas queria ficar no Sujinho jogando sueca. Eu acho que se eu tivesse entrada mais velha, eu teria aproveitado mais a parte acadêmica, teria sido melhor aluna. Mas fui boa aluna, passei sempre direitinho, mas acho que eu teria aproveitado mais. Menos Sujinho e sueca e mais estudo. Mas foi incrível, foram os melhores quatro anos da minha vida, foi a época da faculdade, era muito bom. È um ambiente de excelência, URFJ é um ambiente de excelência acadêmica, é um ambiente aberto, de ideias livres, é um lugar muito especial. Meu filho faz engenharia hoje em dia no fundão, infelizmente nesse modelo online ainda, que ele entrou agora pouco. E sempre foi uma coisa que eu e o pai dele falamos para ele, vai por aí, porque... Ele também estudou no mesmo colégio, que é uma escola da Zona Sul, católica, mas fechada. Então assim, se esforça para ir por aí, para abrir a cabeça, para ver o mundo. O mundo, não é o mundo, mas pelo menos para ver a cidade, porque a gente não vê a cidade, a gente fica aqui, mora em Botafogo, estuda em Botafogo, faz em inglês... Pera ai, a vida é bem mais do que isso. Eu acho que a universidade tem esse papel, teve para mim. Eu fiz os meus primeiros amigos que não moravam na Zona Sul, uma coisa bem ridícula. Não sei se você é do rio, não sei se isso que eu estou falando faz sentido. É um pouco por aí, a gente tem aqui esse mundinho da zona sul carioca, aí de repente você abre a cabeça, pera ai, a vida não é isso, então é bem importante.
9:58
P/1 -
E para você isso veio como? Você fez amigos, saiu da bola, é isso?
R - Isso! Exatamente! Porque aí eu tinha amigos de vários lugares, vários lugares da cidade, com experiências de vida muito diferentes. Porque a questão da bolha, isso mesmo, algumas escolas... Em São Paulo a mesma coisa, todo mundo é meio igual, a coisa pasteurizada, os modelos de família. E ai de repente você vai conhecer pessoas de outras realidades, pessoas enfim, com outros tipos de família, talvez com uma situação mais vulnerável, ou não, ou simplesmente com famílias diferentes, com histórias diferentes, isso é muito enriquecedor. Acho que isso desperta muita coisa boa, para quem quer ser despertado.
11:15
P/1 - E teve algum colega, algum amigo seu, que você fez ali e te marcou? Algum professor, professora?
R – Tem, sempre tem. Os meus melhores amigos são da faculdade, as minhas duas grandes amigas da vida, são da faculdade. Infelizmente hoje em dia nenhuma das duas mora mais aqui no Rio, uma está em Campinas e uma está em São Paulo, mas são minhas grandes amigas, minhas irmãs. Professores, eu tive um professor que me marcou muito, que foi um professor, que no primeiro mês de aula, ele virou para um pessoal que era mais bagunceiro, “olha só, vocês podem ir embora, não precisam mais frequentar a minha matéria não, vocês estão todos reprovados.” Esse professor me marcou, porque eu estudei tanto, tanto, tanto, para matéria dele, para conseguir passar. E aí eu conto essa história para o meu filho hoje em dia, que ele está pegando os professores meio casca-grossa lá no fundão, que estão vindo com essa historinha. Aí eu falo para ele, olha só, é nesse mesmo, é nessa matéria que você vai passar. Esse professor foi bem marcante.
12:25
P/1 -
E como é que você fazia para ir para UFRJ, como que era o caminho?
R - Pertinho, o campus da praia vermelha aqui, é muito perto, é Urca, mas é do lado aqui de Botafogo. Então eu ia de ônibus, na época, depois eu tinha um namorado que tinha carro, ele me levava. Assim, de ônibus é 10 minutos da minha casa, bem pertinho. Muito diferente do Fundão, Fundão é bem mais complicado, mas economia era aqui do lado de casa, era bem tranquilo mesmo. Ia, voltava, bem tranquilo.
13:08
P/1 - Dentro da economia você acha que você achou alguma matéria, alguma parte da economia que te interessou mais?
R - Você sabe que não. Bom, eu trabalho com responsabilidade social, por aí você já vê que a faculdade teve um outro papel para mim, foi de despertar uma paixão pela matéria. Então assim, não. Eu gostava de Economia internacional, era uma coisa que eu me interessava, mas mais como interesse, do que como uma ideia de profissão. A parte de matemática eu sofria, como todo mundo, mas gostava, umas coisas bem objetivas, fala bem comigo, tem a resposta certa, tem a resposta errada, adoro, pronto, então percebi aqui a resposta certa e a vida fica mais fácil, eu gostava também. Eu gostava um pouco de tudo, nada especialmente me despertou não, tudo era bacana, nada era, nossa me achei aqui, mas tudo era interessante.
14:30
P/1 - Nesse período você teve que fazer algum estágio? Começou algum trabalho?
R - Eu comecei a estagiar, numa empresa pequena, que ficava até perto da minha casa. mas já do meio para o final da faculdade. E depois eu até fiquei trabalhando nessa empresa mesmo, depois que eu me formei, fiquei um tempo lá. Era uma empresa de locação de equipamentos para hospitais, hotéis. Eu digo que é pequena, mas acho que é a maior do Brasil, mas eu digo que é pequena, porque é um tipo de serviço que não faz uma empresa grande. Foi uma oportunidade bem bacana, que eu acabei indo estagiar e depois trabalhar com o diretor, a pessoa que tomava todas as decisões. Então apesar de ser uma empresa pequena, me deu bastante visão, olhar o negócio como um todo, eu dava umas peruadas ainda na parte de publicidade, que eu gostava, aquela coisa, você está ali pendurada na pessoa que toma decisão e você novinho, meio destemido, acha que tudo que você fizer vai dar certo, e aí vai indo. E aí foi uma experiência boa, nesse sentido. Foi o meu primeiro estágio, meu primeiro
emprego, mas aí eu cansei logo, não durou muito não, eu cansei logo.
15:59
P/1 – E essa coisa de falar, comunicação eu teria gostado também. Porque você acha isso?
R - Não sei te falar, eu acho que tem mais a ver mais comigo. Eu gosto de escrever, tenho facilidade para escrever, então eu acho que eu poderia ter feito alguma coisa nessa linha aí de jornalismo. Eu gosto de publicidade, mas acho que seria tanto a minha praia não, RP acho que é uma coisa que eu gostaria de fazer. Eu gosto muito de gente, adoro gente, gosto de resolver pepino. Quando eu sai dessa empresa que eu te falei que eu cansei, eu fui trabalhar com produção de cinema, foi o trabalho que me deu mais felicidade, não me dava dinheiro nenhum, mas felicidade me dava que era uma beleza, eu adorava. Então assim, era essa coisa assim, quanto maior pepino que tivesse para descascar, mais feliz eu estava, adorava aquilo. E era um ambiente, culturalmente, super rico, pessoas interessantíssimas, era delicioso. Então eu acho que pegando isso, e trazendo aí para o corporativo, me parece que essa linha de RP, eu poderia ter feito direitinho, imagino. Mas agora vai ficar para a próxima.
17:24
P/1 -
Você trabalhou então em uma produtora de audiovisual, é isso?
R -
Eu trabalhei, trabalhei numa produtora de audiovisual. Fazia produção de artes.
17:36
P/1 - Explica para mim o que é isso?
R -
O diretor de arte inventa o que ele quer, diretor né, inventa o que ele quer, diretor de arte de toda cuida de toda a parte de cenografia, do que é a imagem. E a produção de arte vai atrás de executar o que ele quer. Eu quero, sei lá, um quadro assim, um sofá assado, um computador assado, um não sei lá o que. Não a roupa, porque a roupa é o figureiro que faz, mas enfim, o que é visual, a parte estética.
E aí a produção de arte vai atrás de fazer aquilo acontecer. Seja objetos, seja parte de cenografia, bem assim, não tem criação, tem execução mesmo. Mas tem pepinos, me lembro uma vez que ele queria na época, não vou lembrar, vocês são todos muito novinhos, mas na época tinha um computador da apple, que era um monitor, que acho que o computador ficava atrás, ele era meio verde, era a crista da onda. Eu estou falando de 98, por aí, faz tempo. Aí o diretor tinha pedido, era um quarto de um adolescente que tinha muita grana. Aí o diretor tinha pedido que ele queria um computador muito bacana para botar na mesa do adolescente, e aí deu umas ideias. E aí eu entrei em contato com uma pessoa, com um fornecedor e tal, na maior lábia. Ele nem tinha pedido esse, que era o bacanão da epple, e aí eu consegui que o cara cedesse para locação, sem custo, esse que era o
mais bonito. Me senti, eu era estagiária na época.
E assim, na conversa, então era esse tipo de coisa, que dava uma alegria danada, era bom para caramba. E tinha essa coisa também da estética, que eu curtia também.
19:34
P/1 -
E você sempre se interessou por cinema, por áudio visual? Como é que você conseguiu entrar nesse mundo?
R -
Então, a minha mãe, como eu te falei, minha mãe era compositora e professora de música contemporânea num Universidade aqui do Rio. E o meio dela sempre foi esse, a minha vida sempre teve esses dois lados, a família do meu pai muito tradicional, todo mundo engenheiro e tal, e o lado da minha mãe mais 100% voltado para arte. Então eu fiquei um pouco com os dois lados, e aí o mundo dela sempre foi muito aberto. Então assim, essa pessoa, por exemplo, com quem eu fui estagiar, era uma pessoa do círculo de amizades dela, sempre foi muito acessível para mim, música, cinema, sempre foram coisas próximas, conheci pessoas que fazem música, não passo um dia sem ouvir música, não tem como. Não tenho muito jeito para tocar nada não, tentei tocar tudo que você pode imaginar, mas não levo muito jeito não, mas para ouvir. Esse mundo de arte, música, foi bem próximo e é um mundo que eu gosto muito, me interessa muito.
21:06
P/1 - Como é que era esse circuito cultural? Aonde você ia? Quem estava muito presente nessa época no Rio de Janeiro?
R - A minha mãe se apresentava. O meio micro, o meio de música contemporânea, quando a plateia tem 20 pessoas, lotou. Mas a gente ia com ela, eu mais novinha ainda, ia mais que o meu irmão até. Ia com ela. Às vezes ela também fazia trilha de teatro, então eu ia também, às vezes tinha que ir, não tinha com quem ficar, muito ensaio. Então desde criança você vai, às vezes até meio de saco cheio, mas é bom, às vezes a criança não quer ir, mas precisa ir, precisa saber se habituar, se habituar a ouvir, assistir uma orquestra, um balé. Eram coisas que ela também frequentava muito, e aí acabava às vezes me levando, muitas vezes até na marra mesmo. Hoje em dia eu agradeço, então eu frequentava com ela, e aí depois que eu fui ficando maior e tomando as minhas próprias decisões, fui indo pelos meus caminhos, não necessariamente os mesmos. Mas você aprendeu a gostar, que eu acho que é super importante, quando você ouve uma orquestra, não é uma coisa que choca no ouvido, você está acostumado a ouvir aquilo, a gente vai ficando mais velho vai gostando, vai passando a gostar.
22:55
P/1 -
E quanto tempo você ficou nessa produtora?
R -
Fiquei pouco tempo, acho que um ano e alguma coisa, ou dois. Eu já estava casada, eu me casei nessa época, me casei não, já estava casada há bastante tempo. Quando eu casei eu ainda trabalhava naquela primeira empresa que eu te falei. Eu casei muito novinha, casei com 22 anos. E aí quando eu estava trabalhando com cinema eu engravidei do meu filho. E a vida era uma loucura, às vezes eu saia de casa 5 horas da manhã, e voltava para casa uma hora da manhã, eu mal tinha comido e tal. E aí o meu ex-marido falou, assim não dá. E aí eu parei nessa época, terminei a última produção e parei, e aí a ideia era ter ficado um tempo fora e depois ter voltado. Mas aí eu resolvi ficar também com meu filho, até ele ficar maiorzinho um pouco, já que eu tinha parado de trabalhar, ficar os dois primeiros anos de vida dele com ele. Aí depois eu me separei, aí guinada, aí eu não podia mais brincar de cinema, tinha que arrumar um trabalho de verdade. Foi quando entrou Furnas.
24:15
P/1 -
Como é que é o nome do seu filho? E como é que foi o dia em que ele nasceu?
R -
Ele chama Daniel. O dia que ele nasceu foi um susto, eu não estava esperando, porque ele nasceu uma semana antes da hora. Eu estava em casa, aqui, e aí minha bolsa rompeu, não sabia muito bem o que estava acontecendo, tem alguma coisa estranha, eu era o bem bobinha. Eu sou neta mais nova e filha mais nova, e casei cedo e tive filho cedo, então eu não tinha nenhuma experiência, de gravidez de ninguém, de criança, de nada. Mas enfim, eu falei, alguma coisa está estranha, e aí corri para o hospital e ele nasceu, assim desse jeito, no susto.
25:12
P/1 -
Então teve o nascimento do seu filho, você se separou...
R -
Dois anos depois, aí eu tive que trabalhar. Separada, aí eu até voltei para aquela primeira empresa que eu te falei que eu trabalhei, de equipamentos e tal. Liguei para o meu ex diretor, ele falou volta e tal. Fiquei um ano, mas aí nesse meio do caminho tinha acontecido o concurso de Furnas, que é um capítulo a parte, que é bem engraçado. E aí eu estava nessa empresa há um ano, aí me chamaram, aí eu deixei e fui para Furnas.
25:50
P/1 -
E por que foi engraçado o concurso, o que aconteceu? Como é que foi para você?
R -
Porque assim, eu não tinha a menor pretensão de fazer concurso, nunca tive na vida. E aí eu tenho uma amiga, que o pai dela era de Furnas, e aí ela trabalhava como contratada. E aí eu estava grávida do meu filho, ela me avisou, “vai ter, porque você não faz e tal”. E eu tinha uma referência da empresa, porque eu moro do lado, eu morava do lado desde criança, então para mim Furnas era esse monstrão aqui na Real Grandeza, que eu sabia o que fazia, mais ou menos. E aí ela falou: faz, não custa nada. E eu grávida. E aí eu fui fazer a inscrição grávida, isso deve ter sido, meu filho é de 2001, deve ter sido 2001 ou 2000, não me lembro mais. E aí nunca mais se falou nisso, porque entre a inscrição e acontecer o concurso, demorou um tempão. E aí no final de semana da prova, eu nem sabia, nem estava acompanhando nada, esqueci completamente esse assunto. Eu estava em Itaipava, na casa dos meus padrinhos, com meu filho bebê, meu ex-marido. E aí essa minha amiga me ligou no sábado, na véspera, deve ter sido, porque era final de semana. Ela me ligou no sábado, “a prova de Furnas é amanhã”. Falei: prova de Furnas, do que você está falando? Eu estou em Itaipava, que prova de Furnas amanhã, imagina. E aí ela falou que ia ter, “Ah, tá bom, tô aqui, que pena, não vou fazer”. Imagina, de grávida eu já estava com meu filho lá. E aí no dia seguinte amanheceu chovendo, era um domingo, amanheceu chovendo, e aí a gente falou: pô, vamos ficar aqui com chuva? Vamos descer eu faço essa prova. E aí foi assim. A gente desceu, enfim, porque é Serra. Viemos para o Rio, a prova acho que era depois do almoço, uma coisa assim, na hora do almoço. E aí eu fiz a prova, esqueci do assunto de novo. Porque isso deve ter sido por ai, acho que o concurso foi 2002. E aí 2004 e que me chamaram. Aí eu já estava separada, foi quando me chamaram para trabalhar aqui. Então é engraçado, assim, uma super coincidência. E essa minha amiga mesmo, que me chamou, não entrou.
28:18
P/1 -
E quando te chamaram você não estava nem esperando?
R - Não!
Tinha esquecido! Para você ter uma ideia, mandaram um telegramazinho que a gente recebe, mandaram um telegrama, para o Condomínio onde eu morava, na Barra, que eu morava com o meu ex-marido e o meu filho na Barra. E eu já estava morando aqui em Botafogo, trabalhando nessa empresa. Aí a caseira do condomínio que me avisou, “chegou um telegrama aqui para você”. Um telegrama? Que telegrama! Quem manda telegrama? Deve estar errado, nem me lembrava de nada. Aí ela abriu e falou o quê que era. Rapaz, olha aí. E aí foi assim que eu vim parar em Furnas, 17 anos atrás.
29:00
P/1 -
Ou seja, foi por um fio em todas as etapas da história.
R -
Foi! Porque era para ser, porque assim, realmente, acho que foi o último concurso grande que teve, depois do meu, grande acho que não teve mais nenhum.
29:19
P/1 -
Você conhecia a empresa, porque você mora na Rua Real Grandeza.
R -
Eu moro, a janela do meu quarto dá para o bloco C. Eu abro a janela do meu quarto, janela grande, a casa é antiga. O bloco C inteirinho, um dos nossos blocos aqui.
29:35
P/1 -
Era parte da paisagem do bairro, era isso?
R -
Isso, isso! Eu não tinha nenhuma relação com a empresa. Achava engraçado, passava ali, aquele monte de gente, na época, aquele monte de gente entrando e saindo, na hora do almoço, achava aquilo tudo engraçado, achava até meio caretão. Mas eu não imaginava nunca. Mas aí você se vê diante de uma situação, eu tinha 29 anos, separada, tinha que trabalhar, não tinha apartamento próprio, tinha que pagar aluguel. Aí você vê uma oportunidade, a empresa onde eu trabalhava era uma boa empresa, mas era uma empresa pequena, eu sabia que em qualquer situação, qualquer oscilação, sair. Aí você se vê diante de uma possibilidade mais estável, enfim vamos lá.
30:37
P/1 - Nesse concurso você passou para qual função? Qual cargo? Qual área?
R -
Uma área mais financeira, chama assessor técnico, que não quer dizer nada. Quando eu fiz, tinha assessor técnico A, B, C, D, E, eram várias letras e cada um com sua especificidade. O meu, se eu não me engano, era D, eu acho, que era mais voltado para finanças, que era minha formação, que era minha área de formação. Tanto que eu entrei para trabalhar numa área de faturamento, faturamento de energia.
31:14
P/1 - E você se lembra como que foi as entrevistas, como é que foi o seu primeiro dia lá?
R -
Não me lembro muito não. Me lembro de achar tudo diferente, mas não me lembro muito não. Eu tinha o estranhamento no começo, do ambiente, eu não me senti muito em casa não. Era muito diferente, da minha vida, do que eu já tinha feito, um ambiente tradicional de trabalho, eu era nova, em 2004 eu tinha 30 anos, eu estranhava um pouco. Sobretudo na área onde eu fui trabalhar, que era uma área bem dura, faturamento, contas a receber, as pessoas com aqueles relatórios financeiros, eu nunca tinha trabalhado assim. Então tinha um estranhamento. Mas eu dei muita sorte, a minha gerente, na época, ela era namorada do superintendente de uma área de gestão da empresa, de qualidade, enfim. E aí ela percebeu que eventualmente poderia ter mais a ver comigo, seria uma área mais interessante, para mim. E aí conversou com ele. Então eu fiquei menos de um ano nessa área de faturamento. E aí fui trabalhar nessa área de gestão, que na época chamava coordenação de qualidade. Ali eu acho que eu comecei a andar melhor, foi onde eu comecei a andar melhor.
33:02
P/1 -
Me conta uma coisa como é que era o dia a dia no escritório central?
Você gostava ou não desses prédios?
R -
Sabe o que acontece, eu sempre morei perto, desde que eu vim trabalhar aqui. Eu morava na Visconde de Caravelas antes, que é uma rua em frente a Furnas, morei sempre lá, e tem 3 anos que eu estou aqui. Eu nunca vivi muito essa coisa que as pessoas vivem, com a empresa, porque a minha casa estava do lado. Então eu simplesmente saía de casa, e ia trabalhar, na hora do almoço eu saía para almoçar em casa, eu tinha filho pequeno, então era uma coisa, eu tomava conta da casa. Eu sempre tive pessoas para me ajudar, mas aquela coisa do olho, você está de olho na sua casa. Então eu nunca vivi muito esse dia a dia da empresa, fora realmente a relação de trabalho. Então assim, era uma coisa bem impressionante, era muita gente, o complexo aqui é enorme, sei lá quantos blocos, blocos enormes. Eu nunca trabalhei no bloco C, que é o maior prédio, eu nunca trabalhei ali, eu acho que ali deve ser mais assustador, eu sempre trabalhei nos blocos menores. Mas é estranho, era muita gente, mas é isso que eu te falo, eu nunca tive esse vínculo muito extra, vou lá, vou fazer o meu trabalho da melhor forma possível e voltar para casa, sempre foi dessa forma.
34:49
P/1 -
Por que você acha que a gerente olhou e falou, vou remanejar a Isabella para outra divisão? Foi uma coisa que você pediu?
R – Não! Na verdade foi assim, a área de gestão e qualidade, fez um curso online, EAD, e ofereceu para todos os empregados. E aí eu fiz! Nessa época que eu trabalhava nessa área de finanças, eu fiz, e tive um bom desempenho. Eu acho que isso acendeu uma luz, imagino que tenha acendido. Nunca tinha parado para pensar, agora que você está perguntando. Mas eu acho que também tinha a ver com o perfil, o perfil daquela área financeira era um perfil muito operacional, vamos lá, cumprir tarefa, que também é bom, para um determinado perfil de pessoas, que não é muito o meu. Eu sou capaz de cumprir tarefa, super vou, mas eu não vou ficar muito feliz. Então eu acho que ela viu ali uma oportunidade, para mim e para empresa. Acho que teve esse plus, desse EAD, que era o curso bem interessante até, que eles ofereceram. Mas acho que foi uma questão dela perceber ali no perfil um pouco diferente, ela sempre falava que eu era muito questionadora, e que ela achava isso bom. Eu não era uma pessoa arrogante, nem descobridora de orientações, “mas porque se faz assim”. “Mas porque se faz assim”? Aquela coisa, “porque sempre foi assim”. Poxa, mas será que não dá para fazer de um jeito melhor. Então eu acho que nesse sentido que ela identificou que eu de repente poderia ser mais útil para empresa em outro lugar.
36:41
P/1 - E do que se tratava essa área de gestão e qualidade? Era de pessoas ou de processos?
R -
Processos, na época tinha, eu acho que ainda existe a Fundação Nacional da Qualidade, que é uma entidade de seminação de boas práticas de gestão, digamos assim, então dentro dessa coordenação de qualidade, a área onde eu fui trabalhar a primeira vez, era voltado para os prêmios de qualidade, enfim, a empresa se inscrevia, vinha avaliadores, aí você tinha que responder um monte de perguntas, depois eles rankiavam a empresa dentro desse ranking d de gestão, e aí traziam depois um conjunto de orientações, sugestões, para melhorar a gestão da empresa. Essa coordenação de qualidade tinha duas áreas, uma voltada para certificação ISO 9000, 14000, 18000 e a outra para essa parte de critérios, chamava critérios de excelência, na época. E aí eu fiquei nessa área voltada para gestão de qualidade de ciência.
37:54
P/1 -
Isso foi de que ano até que ano? Quanto tempo você ficou nessa área?
R -
Eu entrei em Furnas em 2004, devo ter ido para lá em 2005, fiquei até 2011. Só que dentro da superintendência eu mudei de área, depois. Eu saí desse departamento e fui para o outro departamento, que na época cuidava das certificações, de qualidade, ambiental, questão de segurança, enfim. Foi rápido, eu fiquei bem mais tempo nessa área de certificação, do que na primeira. Na primeira eu devo ter ficado um ano mais ou menos, aí foi uma das que eu pedi mesmo. Eu pedi para mudar para outra área, que eu enfim, tinha mais afinidade. E aí fiquei lá mais, acho que uns cinco anos.
38:50
P/1 - Qual a função dessas certificações, é colocar parâmetros de ação? Do que fazer e não fazer?
R - É como se fosse uma garantia externa. Assim, você tem uma certificadora, que vai garantir externamente, que você está cumprindo bons padrões, em relação a determinados assuntos. Então a certificação ISO 9001, é de qualidade, qualidade de processos, a certificação ISO 14001 é voltada para certificação ambiental. Sinceramente, eu acho que isso hoje em dia, esses critérios de qualidade de gestão, eles vem em ondas, não sei se você tem alguma familiaridade com isso, mas é tudo meio moda. Então agora é o ESG, agora tudo é ESG, mas antes do ESG já tiveram infinita ondas, nessa época a onda era as certificações ISSO. Mas enfim, para responder a sua pergunta, você submete a tua gestão a uma avaliação externa. E aí essa avaliação externa vai dizer, ok, você está atendendo. Isso é bom para o mercado, isso é bom para tua gestão, não é você que tá dizendo que você faz as coisas direitinho, é uma certificadora externa que está dizendo que você faz as coisas direitinho. E não só isso, como você usa aquilo como um guia, você usa os critérios como um guia. Então você vê ali o que você está fazendo, e o que você não está fazendo. E o que você não está fazendo, que você precisa melhorar.
40:37
P/1 -
E quando vocês detectavam que não estava acontecendo alguma coisa da forma para encaminhar para o ISO, era o papel de vocês dá um puxão de orelha, ou não?
R -
Não era bem puxão de orelha. Porque assim, a área tinha uma linha de consultoria e uma linha de auditoria interna, então quando era a linha de auditoria interna, aí tem um puxãozinho de orelha. Mas aquele puxãozinho de orelha interno, que não puxa tanto assim, quem puxa a orelha mesmo é a certificadora. Mas a gente fazia porque era até uma preparação. A certificação não é da empresa, é importante que isso fique claro, não é Furnas que é certificado ISO 9001, era um determinado departamentos ou superintendências, que se propunham a buscar essas certificação. Como eu disse, hoje em dia eu acho que a gente nem tem mais nenhum, mas na época a gente tinha vários. E aí você então, trabalhava junto com essas áreas, ou superintendências, ou departamentos, nos processos internos, para que eles melhorassem. E aí quando a gente entendia que estava maduro, aí você chamava a certificadora externa, e ela vinha para segurar que ok, que estava tudo certo mesmo.
41:58
P/1 -
E durante esse tempo nessa área, você acha que você teve algum processo que foi mais dificultoso? Ou que te deu mais dor de cabeça, que te marcou de alguma forma, ou não?
R - Eu não gostava da parte de auditoria, porque a gente nunca é muito bem recebido. O auditor mesmo interno, ele nunca é muito bem recebido. Existia toda uma questão, geralmente é a gestão que quer a certificação, mas a equipe tem medo do auditor, a equipe nunca ver o auditor, como um cara que vai lá para te ajudar. Super parceiro, ainda mais auditor interno, super parceiro, a gente está aqui para melhorar a gestão da empresa onde a gente trabalha. Mas não é assim que o auditor interno é visto. Ele é visto como um cara que vai vir aqui me dedurar tudo que eu não estou fazendo certo. Então eu não gostava muito não, meu lado relacional sofria um pouco, eu preferia quando eu era mais bem recebida, não gosto de gente com medo de mim não.
43:06
P/1 -
E até 2011, nesse período, você fazia isso, circulava só no escritório central? Ou você chegou a ir em alguma outra área da empresa?
R – Não, a gente viajava bastante. Em Campinas a gente foi algumas vezes, Campinas era uma área que liderava, essa parte de certificação, a gente teve alguns projetos legais lá. Dava uma rodada, minas também. Eu acho que o que eu conheço da empresa hoje em dia, que não é muito pelo tempo que eu tenho de casa, foi dessa época aí, de circular com essa questão de certificação mesmo.
43:45
P/1 -
E como é que foi para você conhecer essas outras partes da empresa?
R -
Incrível! É outro planeta, é diferente do ambiente do escritório, é diferente do ambiente de cidade grande. Você conhecer uma usina, você conhecer... subestação, subestação grande é uma coisa bem impressionante, mais uma usina, é um assunto de maluco. Eu me lembro da sensação, a primeira vez que eu fui a funil, fui parar embaixo da barragem, no pé da barragem e olhar para cima e ver aquele muro gigantesco e de pensar que do outro lado até o topo daquele muro é água, não é exatamente confortável, dá um friozinho na barriga, é uma coisa de maluco. Talvez para quem faz engenharia, seja mais confortável, mas para gente que é de cidade grande e estudou economia, é uma coisa engraçada, é bem doido. A usina de Furnas é um lugar incrível, muitos anos depois eu fui fazer turismo lá na região, de tão lindo que é. Então você saber que de alguma maneira, você tem relação com isso, que você faz parte, é muito bacana.
45:10
P/1 - E você teve, por conta desse período, alguma relação, algum contato com os funcionários de Campo?
R -
Sim! A gente tem, sempre tem, eu não mantive. Eventualmente quando a gente precisa de alguma coisa, recentemente
eu precisei falar com um técnico de segurança, que eu conheci dessa época, então a gente se conhece, sabe quem é, mas não mantém no dia a dia, até porque eu mudei completamente de área. Mas assim, era super interessante, era super rico, porque era uma outra... são pessoas muito diferentes da gente, mas assim, manter contato, não muito.
46:13
P/1 -
Por quê você mudou então de área? Porque você falou que em 2011 você pediu, por quê?
R - Na verdade, todas as vezes que eu mudei de área, foram vezes que eu pedi. Tirando essa primeira, que foi uma indicação obviamente, mas me perguntaram se eu queria, foram vezes que eu pedi. Então internamente, dentro da superintendência, quando eu mudei de um departamento para o outro, deve ter sido, sei lá, em 2007 talvez, 2006, foi um pedido meu. E quando eu sai da superintendência e fui trabalhar pela primeira vez, onde eu trabalho hoje em dia, que é a superintendência de comunicações e relações institucionais. Aí já foi uma coisa de buscar mais propósito mesmo, que na época eu fui trabalhar com Patrocínio cultural. Eu sabia que a empresa fazia, e aí eu já estava um pouco cansada, daquela coisa fria da gestão e tal, já estava o suficiente para mim. E aí eu fui atrás de conhecer, na época a gerente da área, pedi uma pessoa que conhecia, em comum, me apresentar e fui conversar com ela. E foi ótima, a primeira conversa já fluiu super bem, porque eu acho que eu tenho perfil que não é muito comum dentro da empresa. Imagina, gerente da área que fazia patrocínio cultural, foi uma conversa que fluiu super bem. E aí eu fui para lá em 2011, na época a gente estava inaugurando o espaço cultural, aqui do escritório central, então eu já fui para trabalhar com isso. Foi um pouquinho antes da inauguração, e aí fiquei lá, dois anos e meio, eu acho, nessa área trabalhando exclusivamente com patrocínio cultural. A área, ela cuida de cultura e cuida de projetos sociais, de relacionamentos com as comunidades e tal. Mas é interessante, porque assim, na época eu fui, meu alvo era cultura, que é até um processo menor dentro de tudo que a área faz. Mas eu fui para trabalhar com patrocínio cultural, era o que eu queria. E toda a parte de responsabilidade social mesmo, eu sabia que existia, mas eu não tinha contato nenhum, é engraçado isso, porque hoje em dia é o que eu faço, mas eu não tinha contato nenhum. Então eu fiquei esse tempo nessa área de patrocínio cultural. E aí, enfim, por questões lá, de alguma incompatibilidade, algumas dificuldades. Em 2013 eu voltei para área de gestão, também porque eu quis, eu pedi para voltar. Mas aí a área já estava com outro direcionamento. Aí tinha se tornado realmente uma área de gestão, de melhoria de processo, que era um negócio que eu gostava também, que eu achava interessante, desafiador, e ai foi quando eu voltei. Não é nem voltei, porque aí já era outra área, outra diretoria, eu voltei porque era algumas pessoas da mesma equipe e era o mesmo gerente. Que é um gerente de Furnas até hoje, com quem eu me dou muito bem, foi meu mentor de carreira, devo muito profissionalmente a ele. E aí voltei para lá e fiquei lá até 2018. Trabalhando com gestão, melhoria de processo, uma parte de normativos também, que era mais chato, mas fazia parte do trabalho. E fiquei lá até 2018, ai em 2018 eu voltei para onde eu estou hoje em dia, que a área de responsabilidade social. Aí não mais para trabalhar com patrocínio, aí já para trabalhar com responsabilidade social mesmo, que eu me apaixonei, sou apaixonada e não consigo me imaginar mais indo para lugar nenhum não. Agora até cansar, eu vou ficar onde eu estou.
50:41
P/1 - Me conta um pouquinho sobre a questão dos patrocínios culturais, era encontrar Entradas pelas leis de incentivos?
R - Isso! Na verdade a gente as duas linhas. O nosso edital de ocupação do espaço, aqui de Botafogo, ele não era através de lei de incentivo, a gente fazia um edital, chamada publica, selecionava projetos, e montava uma programação para o ano, isso era com recurso próprio, não era recurso incentivado. Esse espaço cultural, ele funcionou até poucos anos atrás, era super interessante, coisas incríveis aqui, incríveis. Conheci Mônica Salmaso aqui, eu agradeço, sou fã dela, tudo que ela faz eu vou ver, conheci ela aqui. E outras coisas incríveis, que a gente teve aqui, a programação era muito legal, a gente montava com muito carinho. E além disso, a gente tem também, esse sim, tem até hoje, que a parte de patrocínio cultural incentivado, através de lei rouanet, a gente faz só lei rouanet, que é federal, porque ICMS e ISS a gente não recolhe, a empresa não recolhe. Hoje em dia, o edital de Patrocínio cultural, ele é conjunto, já tem alguns anos, ele é conjunto com a Eletrobras. Então a Eletrobras lidera o processo, as produtoras escrevem seus projeto, mas depois cada empresa, separadamente seleciona, existe uma banca que pontua todos os projetos, mas cada empresa seleciona aqueles que tem interesse em patrocinar. E aí a contratação é feita, cada empresa contrata os seus.
52:45
P/1 -
Durante esse tempo no Patrocínio, você falou que viu coisas muito interessantes, incríveis dentro do espaço, tem algumas que você se lembra com mais carinho? Estou perguntando, porque a gente entrevistou o Sérgio Coelho, você deve ter trabalhado com ele.
R - Sérgio Coelho. Sim! Conheci trabalhei com ele
53:15
P/1 - Ele contou umas histórias também. É disso que você está falando?
R -
Talvez! Pode ser que sim. Eu acho que assim, para mim o marco foi a Mônica, que eu realmente não conhecia o trabalho dela e virei muito fã, o primeiro show dela que eu vi aqui no espaço cultural, eu acho que eu vi umas três vezes depois, o mesmo show, para você ter uma ideia. Eu fiquei muito fã, mas vi coisas incríveis, 14-bis, Boca Livre, o show do Boca Livre você chorava. Teve muita coisa bacana, o show de abertura foi o show da Mart'nália, foi uma confusão, nossa, uma dor de cabeça, o presidente demorou a descer. O dia da inauguração do espaço, em 2011. E aí a Mart'nália tinha que viajar, porque ela ia ter um show em São Paulo, não sei onde, ou em outro lugar, e a produtora dela era grossa para caramba. E aí arrumou uma confusão, porque a gente tinha que esperar, era uma empresa, tinha que esperar o presidente descer. A gerente na época era bravíssima, a Dani deve lembrar dela, a Rosane, super brava. E aí foi, nossa, uma tenção danada. Eu gosto muito dela, eu gosto muito de samba, foi um momento marcante.
54:45
P/1 -
E você gostava de ver esse espaço lotado?
R -
Sim, gostava! A gente trabalhava, então a gente trabalhava como se fosse na produção, na época. Então, esse shows grandes, assim, tipo boca livre e tal, era uma loucura, porque era tudo de graça. Então a gente fazia distribuição de senha, uma hora antes, aí ficava aquele tumulto, coisa de brasileiro, o povo querendo furar fila, reclamando. E a gente tinha que ficar lá fora, e era na porta da empresa, você não está na porta de um teatro, você está na porta da empresa, então tinha que manter ali a coisa organizada para daqui a pouco os engenheiros não virem reclamar, que afinal de contas isso daqui não é espaço cultural, é uma empresa de engenharia e vocês estão fazendo confusão aqui na porta. Então a gente tinha sempre essa tenção,
sobretudo quando era show sexta-feira, porque ainda tinha circulação de empregado e tal. Mas é aquilo, eu adorava, tinha gente que ficava meio nervosa, mas para mim estava meio no sangue, eu adorava. Então quando dava pepino, que tinha que contornar, você vai conversar com o produtor, você conversa com público, você ter essa capacidade de diálogo com essas partes diferentes. Enfim, pra mim era maravilhoso.
56:10
P/1 - Engraçado você falar, porque são situações que se alguém pegasse só esse trecho, ia falar assim: trabalhando numa empresa de energia, em Furnas?
R - É! Mas eu nunca trabalhei com nada técnico, a parte de melhoria de processos um pouco, mas assim, diretamente ligado ao negócio, não!
56:34
P/1 - Mas eu digo essa parte cultural, porque não é muito de esperar que a empresa vá se furtar a ter essa área.
R – Assim, a nossa responsabilidade social em Furnas é muito grande. Eu não sei se vocês já tiveram oportunidade de entrevistar outras pessoas da área, mas a área é muito significativa, a gente faz muita coisa. Então assim, a parte de Patrocínio cultural, é relevante, com certeza, a gente já patrocinou coisas grandes, a gente já patrocinou Iotim, a gente já patrocinou o grupo Corpo, a gente já patrocinou o balé da China. A gente já patrocinou alguns espetáculos brasileiros, com muito orgulho, produções bem relevantes de teatro, a empresa bem presente, nessa parte de teatro, sobretudo bem presente, teatro infantil, já fizemos muito. Mas a atuação social é muito grande. Dentro do meio, dentro do nicho técnico, as pessoas conhecem muito, quando você sai daí, não é tão conhecido, porque obviamente o negócio de Furnas é gerar e transmitir, então é disso que se fala. Mas para quem está no meio de responsabilidade social corporativa, é bem relevante a atuação da empresa.
58:22
P/1 -
Conta um pouquinho da área que você está atualmente? Pelo que eu entendi as superintendências mudam toda hora também né?
R -
Mudam, muda toda hora. Assim, a grosso modo, eu fui voltei, eu trabalhava com gestão, vim para responsabilidade social, voltei para trabalhar com gestão, e voltei para trabalhar com responsabilidade social de novo. Só que as duas vezes que eu estive na responsabilidade social, a primeira vez eu trabalhava só com patrocínio cultural, e hoje em dia, como eu sou substituta da área, eu acabo trabalhando com tudo. Mas quando eu vim, eu falei para o meu chefe na época, “eu estou bem de patrocínio cultural, patrocínio cultural está redondo, eu agora quero atuar com responsabilidade social mesmo”. E aí até que eu viesse a ajudar ele na gestão da área mais objetiva, eu ficava bem voltada para atuação social mesmo. Até hoje é assim, eu fico mais, porque em termos de recurso e processos, enfim, energia que a gente precisa colocar, para acontecer, é muito maior. Porque o patrocínio cultural incentivado, que a gente faz hoje me dia, o espaço cultural, ele não está atuando. A gente tinha um menor em Minas, que por causa da pandemia também não está acontecendo, que é presencial. Então assim, o patrocínio cultural incentivado, ele é mais uma questão de você selecionar os projetos, e você patrocinar e acompanhar, e depois acompanhar as contrapartidas, não é uma coisa que exige ali no dia a dia.
Então roda mais redondinho, demanda menos atenção. Atuação social ela é todo dia, eu nunca decoro os números, mas assim, são sei lá, 12 estados. A nossa lista de municípios de influencia tem 532 municípios, então assim, isso envolve subestações, usinas, linhas de transmissão. A lista que a gente usa em edital, tem 532 municípios, então você imagina a quantidade de questões sociais presentes em 532 municípios.
Você imagina uma linha de transmissão, ela vai passando, vai passando, vai passando, às vezes ela pega a pontinha de um município, mas a gente está ali presente. Ai você vai me perguntar, a gente atua da mesma forma nos 532 municípios? Claro que não, quando você fala, por exemplo, quando você fala dos municípios no em torno, do lado da usina de Furnas, onde a gente está vivendo toda essa questão agora, enfim, da seca do nível do reservatório, que está todo mundo acompanhando, essa loucura que está. Enfim, é uma região que a gente tem que estar muito mais presente, do que no município que passa uma linha de transmissão na pontinha, mas ali no papel, são 532 municípios, onde a empresa está presente. Então eventualmente você tem uma atuação social que não para. São demandas infinitas, sobretudo nesses municípios, onde a gente tem a sede das usinas, às vezes são municípios muito pequenininhos, então a importância do empreendimento num município como esse, é enorme, a gente não está falando do Rio de Janeiro, a gente está falando, Iraci, sei lá, nomes que a gente nunca ouviu falar, e que tem um empreendimentos enormes, que não tem tanta gente, porque não tem tantas pessoas assim, para operar esses empreendimentos, mas que tem uma importância para região, e que a população muitas vezes ver ali, como uma fonte de oportunidade, seja de projeto, seja de auxílio. Durante a pandemia, por exemplo, a gente atuou muito, a gente fez muita distribuição, de kit de higiene, a gente fez distribuição de cestas básicas, porque as pessoas estavam precisando e a gente de alguma maneira... é aquela história, não tem empresa saudável, num território que não está saudável. Então para que a coisa aconteça de forma harmônica, para que as pessoas que trabalham ali tenha tranquilidade para trabalhar, precisa garantir que o entorno está de certa maneira atendido. A gente não é poder público, muitas vezes as comunidades esperam da empresa um papel de poder público, que a gente não tem. A gente não tem nem orçamento, nem expertise para isso. “Ah, não tem saneamento básico, não tem água”. Isso é uma questão que o poder público tem que resolver, a gente não consegue. Mas outras coisas a gente consegue, estar presente fazendo captação, dar um apoio ao projeto social da região, a gente tem edital de projetos sociais, são sempre voltados para o entorno do empreendimento. Então a gente consegue atuar, dentro do que uma empresa consegue fazer.
1:03:28
P/1 -
Como é que você enxerga essa área de responsabilidade social, para além da definição da empresa? Como é que você entende ela?
R -
Eu acho assim, de forma simplificada, quando você põe um empreendimento novo num lugar, você gera impacto. Você põe uma usina num lugar, você alaga, você desloca pessoas. Você põe uma subestação num lugar, é um empreendimento grande, que gera impacto. Você passa uma linha, você gera impacto. Você gera impacto positivo e você gera impacto negativo também. Você pode gerar emprego, você pode gerar melhores condições ali para a população da região, se for bem conduzido. Então eu acho que é assim, área de responsabilidade social, ela vem para lidar com isso, ela vem para lidar com esses impactos, tantos negativos, que ai você vai mitigar, quantos os positivos, que você vai tentar potencializar. Eu acho que de forma bem resumida, meu entendimento é para isso que funciona, é para isso que serve, uma área de responsabilidade social. E aí a partir dessa mitigação desses impactos negativos e a potencialização dos impactos positivos, você cria uma relação saudável, com o entorno do teu empreendimento, que precisa existir. Um exemplo, a gente tem uma subestação aqui no Rio, que é a subestação de São José, fica aqui na Baixada Fluminense, que é uma região complexa. Quando essa subestação foi colocada lá, não tinha nada, era o fim do mundo, só tinha mato. É a subestação que abastece o metrô e o aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Com a urbanização super desgovernada, que é muito forte aqui na Baixada Fluminense, essa subestação hoje em dia ela fica no meio de uma área de conflito, seríssima, é uma das nossas áreas mais delicadas, a gente tem que estar sempre atento ali, sempre atento. A gente tem um centro comunitário é o único Centro Comunitário que a gente tem, que fica ali funcionando permanentemente, atendendo a comunidade. Agora por causa da pandemia a gente não pode fazer, porque é tudo presencial, mas tirando essa situação de exceção, a gente tem que manter ali. Por quê? Porque as pessoas tem que conseguir chegar no trabalho, as pessoas tem que conseguir entrar, tem que conseguir sair. E aí às vezes você precisa manter essa relação próxima, porque você está dentro de uma área de conflito. É claro, eu estou colocando aqui uma exceção extrema, mas para você entender, a gente tem que estar sempre ali funcionando. E outros lugares que não têm essa situação tão extremada, você tem que garantir, não pode ter uma comunidade na porta de uma usina, onde as pessoas não têm acesso a nada, isso é um contrassenso, isso é um disparate. Então é um pouco isso, é você garantir ali que o seu entorno, dentro de uma maneira do que é o seu limite ali, que a empresa pode fazer. A gente não é poder publico, mas a gente tem um acesso, um diálogo, com o poder público, que às vezes a própria comunidade não tem. Então você pode não fazer, mas você pode dialogar, você pode tentar trazer, você pode proporcionar, que é uma outra linha de atuação nossa também, que é das mais bonitas que eu acho. Você capacitar essa população venerável, para que ela perceba que ela pode dialogar com o poder público, que ela pode buscar os direitos, aquilo que a empresa não tem como dar. Então você fortalece essas pessoas, você cria, você identifica a potencialidade, você fortalece essas comunidades no sentido de que elas mesmas se tornam conscientes dos direitos delas, e tenham capacidade de buscá-los. É uma outra linha de atuação, é muito rico, riquíssimo encantador
1:08:16
P/1 - Hoje em dia você diria que você está mais presente em relação a quais comunidades, quais projetos, dentro da sua área?
R -
Então, o que a gente tem tentado fazer hoje em dia, é o seguinte: a gente tem tentado direcionar, toda a nossa atuação para editais, chamadas públicas, a gente ainda não consegue fazer 100%, porque a gente ainda tem algumas regiões, que são sensíveis e a gente precisa estar presente, mesmo que a instituição, que nos apoia na região, não consiga ser selecionada através de um processo de chamada publica, mas de uma forma geral a gente tem que tentar. Por uma questão de transparência, por uma questão isonomia. Então assim, a gente minimiza um pouco essa questão de escolher o território, e se volta para buscar processos de seleção mais isonômicos e transparentes possíveis. Então assim, a gente te esse ano, pela última conta que eu fiz, 7 editais abertos, não abertos todos ao mesmo tempo, mas de agora até o final do ano. Desde patrocínio cultural, até projetos esportivos, com características de projeto social, aí também via a lei de incentivo, até projetos sociais puros, unicamente sociais, socioambientais, é um edital que a gente está fechando hoje, inclusive as inscrições do nosso primeiro
edital de projeto socioambientais. A gente faz edital de fundo da criança e adolescência, fundo do idoso. Então assim, a gente vem tentando direcionar o recurso, o investimento social da empresa, através de editais. E aí isso faz com que a gente esteja mais pulverizado, nesses territórios, porque assim, os critérios de seleções passam a ser critérios técnicos, critérios de qualidade do projeto, qualidade da instituição, capacidade de legado, enfim um conjunto de critérios que a gente usa, independente do local, onde o projeto está, obviamente, dentro desses 532 municípios, os editais são fechados para isso. Então assim, dessa forma a gente fica bem espalhado. Mas assim, que eu posso te falar, de uma forma geral, a gente é bastante presente em Minas, é um estado que conhece muito a empresa, então não é que a gente seleciona, mas simplesmente quando a gente lança um edital, a gente recebe muito projeto de lá. E aí naturalmente, nesse bolo, vem coisa boa, então a gente é bastante presente em Minas, bastante presente aqui no Rio também, temos alguma coisa no Espírito Santo, mas é menos, Mato Grosso, Goiás, aquela região ali onde as grandes empreendimentos estão, as grandes usinas estão. No entorno do lado de Furnas, hoje em dia é uma região que demanda bastante da gente, hoje em dia que eu digo é hoje em dia mesmo, por conta dessa questão da crise hídrica. Mas como a gente segue na linha dessas chamadas públicas, a gente acaba não podendo tanto escolher onde a gente quer atuar, a gente está preferindo esse caminho aí de mais, digamos, de igualdade de condições, de ocorrência. Eventualmente você tem que atender uma demanda pontual ou outra, mas aí são questões menores.
1:12:08
P/1 - E nesse período atual da sua trajetória atual em Furnas, você voltou também a viajar muito, ou não? Por causa da pandemia também…
R -
Pois é, a gente não vai a lugar nenhum, eu viajo da minha casa para academia, da academia para minha casa. A gente não tem ido a nada, que é uma coisa que eu sinto, porque a atuação social, você está presente no território faz diferença, claro que a gente como gestor não consegue estar no varejo, em todos os projetos, todos os dias, não faria nenhum sentido. Mas você sair um pouco de trás da mesa, você chegar lá no teu parceiro, você sentar com ele, entender, ouvir, olho no olho, faz muita diferença. A equipe toda está bastante ressentida disso. Muitas coisas não estão nem acontecendo, na verdade. Muitos projetos culturais, por exemplo, do edital de 2019, a gente teve bastante dificuldade, porque projeto cultural, teoria, pressupõe-se que tenha publico, e a gente não pode ter nada. Então alguns tiveram que ser adiados, tiverem seu prazo de execução prorrogado, outros migraram para online. A gente teve que adaptar bastante nesse sentido, mas projeto social... tudo bem, você pode fazer uma capacitação, você pode fazer uma captação virtual, mas às vezes as pessoas tem dificuldade até de acesso internet, não tem não tem wi-fi funcione, então a coisa funciona bem mesmo é ali no dia a dia, na presença. Então a gente está cortando um dobrado aí, para conseguir atuar nesse período, que acabe logo.
1:13:58
P/1 -
Você acha que tem alguma parceria ou algum projeto, que seja mais ou menos assim, não sei se essa é a melhor palavra, mais modelar para o que Furnas busca juntos das comunidades? Que esteja em curso ou tenha sido feito antes de você pisar nessa área, você acha que existe algum que você gostaria de pontuar, até para divulgar aqui?
R – Olha, a gente tem uma parceria de muitos anos com banco da Previdência, o que é uma parceria super feliz para gente, é uma instituição muito séria aqui do Rio, que trabalha com captação profissional, esse é um projeto que a gente tem bastante orgulho. A gente tem um projeto em Foz do Iguaçu, que chama projeto caminhos, que é uma instituição que fica... a região de Foz do Iguaçu, eu não conheço pessoalmente, mas no que todo mundo fala, e a gente trabalha junto, é uma região bastante carente ali em Foz do Iguaçu. Então a gente tem um projeto, que chama projeto Caminhos, que é um projeto de contraturno, que atende muita criança, muito adolescente, que encaminha para primeiro emprego, que encaminha para jovem aprendiz, é um projeto também de muitos anos. É desses que eu estava te falando, que a gente não pode abrir mão, porque ele fica colado na subestação, ele atende ali, toda aquela região. Então assim, é uma região muito carente, é uma região complicada, que é uma região de fronteira, infelizmente tem muito caso de abuso, muito caso de violação de direitos de crianças e adolescentes. Esses projetos são projetos já de muitos anos e que a gente tem bastante orgulho deles. A questão dos projetos dos editais, são projetos mais curtos. Então assim, são projetos de excelência técnica, que entram por esse processo de seleção e é bastante rigoroso tecnicamente, mas que a gente acaba não desenvolvendo tanto vínculo, porque são projetos que entram, ficam dois anos, e saem. Do último edital, por exemplo, o meu querido, era um projeto até de São Paulo, que era um projeto de laboratório de internet das escolas estaduais de São Paulo. Então a gente fez uma parceria com uma instituição, que era formada por professores da USP, e essa instituição montava esses laboratórios, eles chamavam de espaço Make, eram laboratórios de internet dentro das escolas públicas voltados para alunos do ensino, não lembro agora se era ensino médio, ou final do ensino fundamental. Então assim, um negócio super bacana, porque na verdade você montava os laboratórios, capacitava os professores e deixava o legado lá. Então assim, a gente saiu depois de 2 anos, o projeto não acaba, porque os laboratórios estão lá, os professores estão capacitados, a gente financiou tudo isso, e a primeira turma aconteceu, e a gente encerra a parceria com eles e as próximas turmas que virão, continuarão tendo oportunidade de ter essa capacitação. Esse é um projeto que para mim é bem modelo, acho que dentro do que a gente vem tentando fazer, acho que o grande pulo do gato... Aí eu falo, não só de Furnas, de todas as empresas, a grande dificuldade, é que muitas vezes o projeto social, se torna dependente do financiador, se você não cria uma capacidade ali, de gestão, se você não cria uma capacidade de que eles busquem outros financiadores, se você não se alia de alguma maneira ao poder público, no sentido de que o poder público faz gerar, e você só leva o a mais, que é o caso desse projeto, Internet das Coisas, quem paga o salário dos professores não somos nós, quem paga o salário dos professores é poder público. A gente levou o a mais, mas quando a gente sai, a roda continua girando. Então acho que esse é o grande desafio nosso e de todas as grandes empresas, que atuam, que faz, enfim, investimento social, que é você conseguir saber que você não criou uma dependência ali, que você criou foi uma capacidade instalada, e você vai sair dali e aquilo vai continuar funcionando.
1:18:50
P/1 -
Me parece que vocês tem que ter uma delicadeza muito grande, com relação ao equilíbrio da presença de vocês, nesses projetos. Tem que ter a mediação com poder público, com a sociedade civil e Furnas está um pouco no meio aí né?
R -
Exatamente! É isso, porque a gente tem acesso, naturalmente acaba tendo acesso, poder público demanda muito da gente. Então assim, a gente tem que conseguir entender os limites da nossa atuação, a gente tem a relação com as comunidades, as comunidades esperam muito da empresa. Então, você saber fazer essa mediação, saber se colocar da melhor maneira possível, buscando atender. No final das contas o que a gente quer é atender a sociedade, não só na geração e transmissão de energia, como também na melhoria das condições de vida das populações do entorno. A gente não pode resolver o Brasil, a gente é grande, mas não é tanto, mas pelo menos assim, tentar reduzir um pouco desigualdade ali no entorno dos nossos empreendimentos, é uma missão para gente. Então saber se colocar bem, saber os limites, conseguir extrair o máximo da nossa capacidade, buscando os melhores resultados possíveis, para as populações vulneráveis, é o desafio, sempre, é o desafio de todo dia.
1:20:23
P/1 - E além dessas parcerias aqui, nacionais, vocês por acaso tem parcerias também internacionais?
R - Com relação ao investimento social, a gente não tem parcerias internacionais, o que a gente tem, por exemplo, a gente é parceiro do Pillud, a gente já foi parceiro da ONU mulheres, mas essas instituições, elas vêm trazendo suporte metodológico, oportunidade de parceria, oportunidades de capacitação, vem nesse sentido, menos em realização de fato, menos em realização de projeto, e mais numa direção de qualificar, qualificar equipe, qualificar gestão, trazer oportunidades.
1:21:23
P/1 -
Me explica só um pouco isso, o que é o Pillud? E ONU mulher é um destacamento da ONU, é isso?
R -
O Pillud é o programa das Nações Unidas para o desenvolvimento, então é um braço da ONU voltado para o desenvolvimento dos países em desenvolvimento. E a ONU mulheres, é uma das agências da ONU, voltada para questões de gênero, que
também a gente atua, alias, ele não é mais formal, mas foi durante muitos anos, o grupo gênero de Furnas, que era um colegiado, voltado para questões de gêneros, dentro da empresa. Hoje, por exemplo, a gente está com um grande projeto, que está para sair, um projeto alias, que eu tenho bastante carinho por ele, que é um projeto de aceleração de carreira de lideranças de mulheres, para que a gente atinja percentuais mais equilibrados nos cargos de liderança. Então esse projeto a gente está fazendo em parceria com uma consultoria grande, uma consultoria internacional grande, estamos aí, se Deus quiser, no finalzinho da reta aí, para contratar eles, isso foi um acordo que a gente assinou com o pacto global, e a gente tem aí um objetivo de chegar a 30% de líderes mulheres, no gerencial da empresa, hoje a gente tem 21. Então é um trabalhlinho bom, que a gente tem pela frente aí.
1:23:08
P/1 - De onde surgiu essa ideia de formar essas conexões com os órgãos como as Nações Unidas? Eles sempre foram parâmetros para formar a respeito disso?
R - Sim!
Não é só com a gente, tem muita empresa que tem parceria com eles. É uma das linhas de atuação, eles atuam com governos, e atuam com empresas também. Então é isso, assim, trazendo, às vezes trazendo oportunidade, ou viabilizando contatos com outras empresas. Mas na sua maioria, trazendo metodologia, qualificando, eles conhecem o mercado, conhecem o mercado fora, trazem para a gente. Um exemplo bem objetivo, essa parceria que a gente trouxe para fazer esse projeto de gênero, foi uma parceria que quem apresentou para a gente foi uma pessoa da ONU Mulheres. Eles conhecem as empresas, eles sabem quem está liderando, ai eles põe a gente em contato. Isso é uma das coisas, mas enfim, outras linhas de atuação também.
1:24:24
P/1 -
Essas duas parcerias, por exemplo, se eu entendi bem, elas estão ajudando vocês a trabalhar tanto com os parceiros de fora, os projetos, mas também digamos assim, a tentar mudar um pouco a cultura da empresa, é isso?
R -
É! Esse ponto é um ponto bem delicado, a questão do gênero, é uma questão bem de fronteira. Então assim, se você pensar, a gente está falando de público interno, publico interno é assunto de recursos humanos, a gente não tem relação com questões voltadas para recursos humanos. Mas as questões de gênero, acabam que passam, consensualmente, também por uma questão de redução de desigualdade, promoção da equidade, que são temáticas que a gente trata. Então assim, dessa parceria com a ONU, a gente é signatário de ADS, então a gente pauta a nossa atuação muito em cima ADS, e o ADS 5 é voltados para a questão de gênero. Então assim, acaba que passa também por nós. Você perguntou de onde surge? Surge de uma necessidade, primeiro assim, as empresas estão sendo chamadas a isso, você tem lize, você tem um monte de relatório aí de gestão, coisas que a gente precisa responder, que te pergunta, e aí o que você está fazendo? Essas questões de gênero são presentes o tempo inteiro. Tem financiadores que não emprestam dinheiro mais, se você não mostrar, que se você não chegou lá, você está buscando chegar, você não tem ainda um equilíbrio aí, em termos de percentuais de mulheres, seja em conselho de administração, seja em diretoria executiva, seja em cargos de alta liderança, se você não chegou lá, me diz o que você está fazendo, se não, não tem dinheiro para você, não tem nada. Então nesse sentido assim, é ótimo, porque o cenário hoje em dia é muito favorável, a gente tem isso muito no sangue, mas quando a pressão vem de fora ajuda. Você não fica mais precisando depender da motivação, ou do que cada um acredita, se torna uma temática completamente estratégica, relacionada com o desempenho do negócio. Isso ajuda a gente para caramba, eu quero mais e todo mundo falando de ESG, porque para gente, o S somos nós. São três letrinhas, uma é minha, então.
1:27:17
P/1 -
Explica para gente o que é esse ESG, como é que ele veio substituir os outros parâmetros de uma hora para outra, digamos assim?
R -
Então, substituir, é isso que eu estou te falando, essas ondas de gestão, cada hora é uma coisa. Então antes era sustentabilidade que era o tripé, econômico, social e ambiental, então você tinha ali, as três dimensões tinham que funcionar bem. Agora de repente não é mais a sustentabilidade, agora é o ESG, que é a mesma coisa. Agora estão falando do EESG, porque perceberam que o econômico não podia ficar de fora, porque o ESG, na verdade era, meio ambiente, responsabilidade social e governança corporativa. Só que assim, deixaram o econômico, que era o lado da sustentabilidade de fora, e agora trouxeram o E do econômico, que virou EESG.
Então se for olhar, é tudo mais ou menos a mesma coisa, a grosso modo, eu não sou especialista, não sou acadêmica, os acadêmicos aqui vão me tacar pedra, mas enfim, se você olhar pela perspectiva da gestão, é mais ou menos a mesma coisa. A empresa saudável, ela não pode ter só resultado financeiro, se não quebra ela tem que ter um olhar como a gente estava falando aqui o tempo todo, para o entorno, para suas comunidades, você está plantada, num lugar que está morando pessoas, que vivem pessoas, essas pessoas não podem estar completamente desassistidas, senão o negócio não vai funcionar. Da mesma forma a questão ambiental, você não pode plantar ali uma usina, ou fazer uma subestação, ou fazer uma linha e destruir tudo, não funciona e você vai ser responsabilizado por isso. As questões de governança corporativas hoje em dia, é também fundamentais, você tem que responder por isso, você tem que evidenciar as suas práticas de governança. Então o ESG é isso, na verdade é a moda do momento, que é você evidenciar de que maneira você atende esses aspectos da gestão, relacionadas à comunidade, relacionadas a sociedade. Comunidade, meio ambiente, governança corporativa, e agora com o segundo E, Eles resolveram lembrar que a empresa tem que dar lucro também.
1:29:47
P/1 - Hoje, qual é a maior preocupação que a responsabilidade social de Furnas, que vocês estão tendo? Que projeto, em que parte, tem a ver com a pandemia ou não? O que você acha?
R -
Eu diria que a pandemia é muito crítica sim, para gente, para atuação social. A gente está longe das pessoas, a nossa matéria é essa, sociedade somos nós, então assim, a gente está longe da nossa matéria, a gente está longe das nossas pessoas, isso para gente também difícil. A gente trabalha com projetos sociais, que pressupõe na sua esmagadora maioria, uma atuação presencial. Então a gente não está conseguindo fazer isso rodar, os que estão rodando, estão rodando cheio de limitações, com redução de público, as pessoas estão com dificuldade às vezes de se deslocar, estão com dificuldades de acesso a renda, então às vezes não consegue nem chegar nos projetos. Então assim, essa questão da pandemia foi bastante crítica para gente, bastante crítica mesmo, muitas coisas que a gente estava executando, a gente teve que suspender. E assim, a gente não vê a hora disso acabar, para que... as pessoas estão precisando. Mas grava que tudo, as pessoas estão precisando mais da gente do que nunca, as pessoas tiveram a sua renda super limitada. Então assim, as pessoas estão precisando mais, e a gente está com mais dificuldade de atender. Então é um momento bem crítico, bem delicado, realmente não vê a hora de que isso abrande um pouco, a gente está com esses editais todos, agora já alguns na rua e outros para lançar até o final do ano. E a gente quer muito acreditar, que a gente vai conseguir rodar esses projetos no ano que vem, porque esse ano a gente contrata, para que eles rodem 22 e 23. Então a gente quer muito acreditar que a gente vai conseguir rodar, para enfim, ajudar as pessoas, a sair um pouco dessa situação que estão.
1:32:45
P/1 - Para você, para sua família, como é que foi a pandemia? Como é que tem sido, mudou muito seu cotidiano?
R -
Primeiro tenho que agradecer muito, porque a gente manteve o emprego, a gente manteve renda, eu hoje em dia trabalho da minha casa, não tem como ser melhor do que isso, felicidade absoluta, poder trabalhar da minha casa, eu tenho a sorte de ter uma casa onde eu consegui instalar um escritório, onde eu tenho oportunidade para trabalhar. Então assim, em termos pessoais, claro, a angústia, os meus pais não são vivos mais, então assim, eu sofro um pouco menos nesse sentido, eu não tenho aquela preocupação de quem tem pais idosos, tenho um menino de 20 anos que é um touro, não me preocupo tanto assim com ele. Claro, tanto a gente se preocupa, que ninguém aqui em casa pegou, a gente é bastante consciente, passei um ano trancada em casa, depois teve uma hora que eu não aguentei mais, comecei a sair um pouco, óbvio, com bastante responsabilidade. Então assim, em termos de rotina, e até horrível falar isso, mas a minha rotina mudou para melhor. Eu moro no que era ao lado de Furnas, só que Furnas saiu daqui e foi para o centro. Então imagina, são 17 anos morando ao lado da empresa, e aí eu tenho que me acostumar a sair daqui, pegar um carro, ou metrô e ir para o centro. Eu não estava gostando nada, nada, dessa ideia não. Vou te falar francamente, eu faço exercício todos os dias de manhã, então a minha rotina é toda ajustadinha, os meus horários são todos super ali, minuto a minuto, contadinhos e tal. E essa ideia de ir estar lá, não estava boa não. Então assim, nesse sentido, e agora a gente com essa opção de teletrabalho permanente, que a gente tem, em termos de rotina, realmente foi bom, é horrível falar isso, porque nada do que a gente está vivendo foi bom, mas especificamente pensando nisso. Eu estou perto do meu filho, meu filho também está estudando em casa, então a gente consegue tomar café junto, almoçar junto, jantar juntos, pra mim é uma alegria. Sempre fizemos, porque como eu falei, eu trabalhava perto de casa. Mas hoje a gente fica o tempo todo aqui, então ele quer falar alguma coisa, ele vem aqui falar comigo, interrompe, faz parte.
1:35:30
P/1 -
Você acha, você sente, você pensa, que agora, dentro da empresa você está no lugar que você quer estar, você se sente confortável ali?
R - Sim! Sim!
Rodei bastante, mas eu acho que o que eu rodeio foi importante, tudo que eu rodei eu acho que foi importante, para eu me sentir hoje em dia, a profissional que eu me sinto, tranquila, com capacidades... claro, sempre aprimorando, mas com capacidade de fazer o que eu faço. Então eu acho que foi uma trajetória longa, agora dia 14, eu acho, faço 17 anos na empresa. Quando eu entrei, eu não poderia nunca imaginar uma coisa dessa, as pessoas falavam que tinham 20 anos de Furnas, eu ficava chocada, “vocês são loucos, que isso, 20 anos, vocês são malucos, Deus me livre”. Bom, se vão 17, a gente não percebe, a gente não vê o tempo passar, a gente não vê. Mas eu estou muito feliz, hoje em dia, bastante encontrada.
1:36:52
P/1 - Você conseguiria contar um pouquinho de algum funcionário que foi bem importante para você, por qualquer motivo que seja?
R - Eu seria injusta, tem vários, tem vários, mas eu seria muito injusta.
1:37:24
P/1 - A gente tem falado com 30 pessoas, nessa primeira rodada, você é a trigésima, inclusive. E essas 30 carregam consigo mais. Mas é uma pergunta ingrata mesmo, mas tudo bem.
R - Eu sou cercada de gente ciumenta não faz isso comigo não.
1:37:48
P/1 - Vai que elas vão ver depois, eu entendo! O que você pensa para o seu futuro, em qualquer dimensão que seja, que você pensa e o que você espera?
R - Eu assim, em curto, médio prazo, eu estou feliz onde eu estou. Apesar de eu já ter 47 anos e não querer trabalhar até 70, eu hoje em dia estou muito feliz onde eu estou. A gente está num momento delicado da empresa, a gente não sabe o dia de amanhã, a gente sabe o dia de amanhã, o próximo ano a gente não sabe, não sabe se vai estar aqui. Eu vou te falar que eu não sofro demais não, em relação a isso, eu acho que eu trabalho bastante, eu estudo bastante, tenho a minha formação, considero bastante sólida, de graduação, de pós-graduação. E sou uma pessoa muito comprometida com que eu faço, então eu não tenho muito medo do dia de amanhã. Claro, a gente fica com receio, sou eu que sustento a minha casa, a minha família, eu não gostaria de perder o emprego. Mas se acontecer, vamos lá, vamos ver, apareceu um, vai aparecer o utro. Mas assim, não gostaria de trabalhar com outra coisa, então eu acho que no meu futuro, médio prazo, eu gostaria de continuar trabalhando com o que eu trabalho, seja onde eu estou hoje em dia, que eu sou muito feliz, seja em outro lugar. Até cansar, mas eu não vou cansar muito tarde não, porque depois eu quero viver um pouquinho também outras coisas. Meu filho que fala, “pô mãe, você só trabalha”. Mais um pouquinho, ai depois a gente vai... Eu gosto muito de viajar, eu quero viajar mais, eu gosto muito, enfim, de estar junto com a natureza. Então eventualmente pensar em sair um pouco, dividir mais o tempo com um lugar mais escondidinho. Bom, agora com esse negócio de teletrabalho, até dá, é só a gente arrumar um mato com wi-fi, e dividir o tempo. Isso pode ser um projeto, talvez a médio prazo, curto não.
1:40:23
P/1 -
E como é que foi contar um pouquinho da sua história, um pouquinho de Furnas para a gente hoje?
R – Tranquilo! Foi tranquilo, foi bom. A minha memória, eu acho que eu tinha comentado com a Dani, a minha memória é um lixo, eu não lembro de nada, eu levo bronca dos meus amigos, do meu filho, o tempo inteiro, da minha família. As pessoas ficam assim, “você lembra aquele dia”? “Não”! “Como assim, você não lembra”? “Não, não lembro”. “E aquela história que aconteceu, você lembra”? “Não, não lembro”. Ai eu fico assim, as pessoas estão inventando, mas hoje em dia eu já não acho mais, porque acontece o tempo inteiro. Então a minha memória é muito ruim mesmo, de fato, eu não sei o que é. Mas até que foi vindo, algumas coisas foram vindo, eu não tenho muita riqueza de detalhe, porque eu de fato não lembro, a não ser um fato ou outro. Mas foi bom, se você quisesse ficar aqui mais uma hora, não teria problema nenhum.
1:41:26
P/1 -
Tem alguma coisa que você lembrou que geralmente você não lembrava, conversando do dia a dia enquanto a gente estava aqui?
R -
Olha, teve, mas eu já não me lembro. Eu me lembro da sensação ao longo da conversa, “caramba, teve isso”. Mas agora eu já não lembro mais o que foi.
1:41:49
P/1 -
Eu também gostaria de ficar mais tempo com você, mas foi um prazer, foi ótimo. Muito obrigada pelo seu tempo Isabela, foi bem legal e que bom que foi uma boa experiência para você também.
R - Foi, foi sim! Olha a cara da Dani rindo lá.Recolher