Eu nasci perto do deserto de Uyuni. Eu saí de lá com 8 anos porque havia uma mina e a mina acabou. Então nós saímos. Quando eu fui para La Paz, fiquei até os dezesseis anos, e lá eu passei toda a minha adolescência. Eu só saí para trabalhar nas minas, porque eu sou mineiro. Trabalhei tam...Continuar leitura
Eu nasci perto do deserto de Uyuni. Eu saí de lá com 8 anos porque havia uma mina e a mina acabou. Então nós saímos. Quando eu fui para La Paz, fiquei até os dezesseis anos, e lá eu passei toda a minha adolescência. Eu só saí para trabalhar nas minas, porque eu sou mineiro.
Trabalhei também em outras coisas. Em La Paz mesmo, eu trabalhei como recepcionista de uma rádio. A gente tinha aqueles programas. E comecei a me apaixonar pela música, aprender os instrumentos. Ali fiquei até os 22, 23, e como meu pai é peruano, resolvi sair. Mas coisas do destino me levaram a São Paulo.
Foi meio por acaso, porque eu tinha uma prima que morava aqui e me convidou para vir trabalhar como músico aqui. Mas cheguei na época da ditadura, e eu estava como turista. E aqui, na ditadura, era difícil trabalhar como músico. Precisava de carteira de músico, atestado de antecedente. Trabalhei em obras, passei aqueles probleminhas de quem chega.
Mas não havia quase músicos bolivianos, então descobri um lugar em que haviam argentinos, paraguaios e bolivianos. Levei minhas coisas, meus instrumentos, fui vestido com minha roupa boliviana e eles me acolheram, gostaram do meu trabalho. Eles me ajudaram a trabalhar lá. Foi lá que eu trabalhei um tempo e conheci um monte de artistas que iam lá e com quem nós tínhamos contato. Como não havia músicos bolivianos, eu acabei fazendo vários trabalhos de música folclórica. Hoje, eu sou conhecido como José Bolívia, que é como as pessoas acabaram ficando me conhecendo.Recolher