Primeiro sonho: a imagem de um grande monstro, com a boca aberta, muito grande. Estava com um capuz, era de estatura grande. Estava vindo em minha direção, pelas minhas costas, enquanto eu caminhava para frente. Olhei para ele e tive muito medo. Acordei. Segundo sonho: tinha mais enredo, mas não lembro de muitos detalhes. Eu estava conversando com um homem, ele estendeu a mão para me cumprimentar. Eu sabia que não podia, mas queria muito apertar a mão de alguém. Então acabei estendendo a minha também, pensando que deveria passar álcool gel em seguida.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Primeiro sonho: foi logo após o primeiro dia em que as ações de afastamento começaram a ser tomadas no meu local de trabalho. As ações foram na 6a feira, dia 20 e o sonho, na noite de domingo para segunda. Passei o final de semana tentando comprar máscaras pela internet, mas estavam esgotadas. Ninguém sabia como seriam os dias seguintes, como seria o manejo com os pacientes (CAPS), qual seria a organização do trabalho. Nem eu mesma sabia como seria minha rotina a partir daquela segunda-feira. Mas estava com bastante receio de tudo, tanto em relação ao trabalho, quanto em relação à manutenção das necessidades cotidianas (fazer a compra de comidas, por exemplo). Sabia que era necessário seguir a vida, mas sem ter qualquer ideia de como seria a vida a partir da entrada do vírus. (Como é a vida olhando para a morte?) Segundo sonho: moro sozinha e, mesmo mantendo contato virtual com amigos e vendo os meus pais quando passo rapidamente na casa deles (mas nao passo do portão), chegou um momento que comecei a sentir falta do contato físico. Esta vontade se acentuou no meu aniversario, poucos dias antes deste sonho... fiquei tranquila no dia, estava agradável, comemorei sozinha em casa e virtualmente com amigos e familiares. Mas faltou o abraço... Acho que sinto falta de uma aproximação, um sorriso que não esteja...
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Primeiro sonho: a imagem de um grande monstro, com a boca aberta, muito grande. Estava com um capuz, era de estatura grande. Estava vindo em minha direção, pelas minhas costas, enquanto eu caminhava para frente. Olhei para ele e tive muito medo. Acordei. Segundo sonho: tinha mais enredo, mas não lembro de muitos detalhes. Eu estava conversando com um homem, ele estendeu a mão para me cumprimentar. Eu sabia que não podia, mas queria muito apertar a mão de alguém. Então acabei estendendo a minha também, pensando que deveria passar álcool gel em seguida.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Primeiro sonho: foi logo após o primeiro dia em que as ações de afastamento começaram a ser tomadas no meu local de trabalho. As ações foram na 6a feira, dia 20 e o sonho, na noite de domingo para segunda. Passei o final de semana tentando comprar máscaras pela internet, mas estavam esgotadas. Ninguém sabia como seriam os dias seguintes, como seria o manejo com os pacientes (CAPS), qual seria a organização do trabalho. Nem eu mesma sabia como seria minha rotina a partir daquela segunda-feira. Mas estava com bastante receio de tudo, tanto em relação ao trabalho, quanto em relação à manutenção das necessidades cotidianas (fazer a compra de comidas, por exemplo). Sabia que era necessário seguir a vida, mas sem ter qualquer ideia de como seria a vida a partir da entrada do vírus. (Como é a vida olhando para a morte?) Segundo sonho: moro sozinha e, mesmo mantendo contato virtual com amigos e vendo os meus pais quando passo rapidamente na casa deles (mas nao passo do portão), chegou um momento que comecei a sentir falta do contato físico. Esta vontade se acentuou no meu aniversario, poucos dias antes deste sonho... fiquei tranquila no dia, estava agradável, comemorei sozinha em casa e virtualmente com amigos e familiares. Mas faltou o abraço... Acho que sinto falta de uma aproximação, um sorriso que não esteja tenso, um aperto de mão que traga junto o conforto da presença. As presenças hoje me incomodam... compartilhar um espaço é um tanto temeroso. Olhar para qualquer outro achando que ele é uma ameaça é ruim. Sentir-se uma ameaça para os pais idosos também é ruim. Ao mesmo tempo, dá vontade de afrouxar os cuidados, como se não existisse mais risco. Mas aí a lembrança de que há riscos, sim.
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