Divagando em pensamentos nostálgicos, deparei-me com uma velha lembrança, embaçada, trêmula e tímida de uma mulher simples com feições bem marcadas e um olhar terno e único. Posso não ter ideia de quantos anos tinha, mas ainda posso ouvi-la cantar distraidamente enquanto passava as ro...Continuar leitura
Divagando em pensamentos nostálgicos, deparei-me com uma velha lembrança, embaçada, trêmula e tímida de uma mulher simples com feições bem marcadas e um olhar terno e único. Posso não ter ideia de quantos anos tinha, mas ainda posso ouvi-la cantar distraidamente enquanto passava as roupas do varal em cima da mesa da cozinha, ela está tão absorta em sua atividade laboral que nem percebe que capturo esse momento com avidez e minuciosidade, por minha vez, absorto no amor. Engraçado, meu cérebro tem a mania de colocar elementos que certamente não estavam ali como uma aquarela sobre seu rosto, o tornando-o mais incrível e familiar, ou uma orquestra bem ao fundo quase imperceptível, talvez seja só minha forma dramática de ver as coisas; mas nada, absolutamente nada me causa tanto efeito do que ouvi-la cantar, é algo sublime e estonteante. Ela sempre cantava ao me fazer dormir e para imitá-la, sempre cantava pra fazer minha irmã mais nova dormir. A verdade é que nos braços dela e ouvindo sua voz, é o lugar onde sempre vou querer estar independente de onde eu esteja. Hoje em dia, ela não canta mais pra eu dormir, também pudera! Um homem formado sendo ninhado por sua mãe, hilário.Recolher