Dona Maria Augusta da Conceição da Silva mora na região de M’Boi Mirim há mais de 20 anos. Em uma das chuvas que ocorreram na região, a água entrou em sua casa e a única saída encontrada por ela, com o auxílio de outros moradores da região que presenciaram o fato, foi criar um buraco...Continuar leitura
Dona Maria Augusta da Conceição da Silva mora na região de M’Boi Mirim há mais de 20 anos. Em uma das chuvas que ocorreram na região, a água entrou em sua casa e a única saída encontrada por ela, com o auxílio de outros moradores da região que presenciaram o fato, foi criar um buraco na parede. Além de muita água, esse temporal era carregado de muito gelo e a forte enchente assolou muitas famílias na comunidade. O buraco na parede foi a solução encontrada para escoar a água para fora, evitando maiores problemas. Quando a chuva terminou, o resultado foi muita lama, destruição e o buraco improvisado na parede, alternativa encontrada para o escoamento da água.
As enchentes frequentes da região de M’Boi Mirim deixaram essa — entre muitas outras — memórias na vida de Dona Maria. O buraco na parede de sua casa também é um constante lembrete de que a chuva pode voltar a qualquer momento trazendo consigo as aflições causadas pelas enchentes, entre elas o medo de perder móveis ou de se infectar com doenças transmitidas pela mistura entre água da chuva e esgoto. O relato de Dona Maria ilustra como as enchentes, apesar de passageiras, produzem memórias permanentes nas vidas dos indivíduos que as enfrentam em tempos de chuva. É um problema que afeta subjetividades, dignidade e autoestima, marca vidas e deixa lembranças de angústia para quem lida com a materialidade desse impasse social.
“Eu me sinto mais segura com o buraco aberto porque se tampar tudo, aí de repente a chuva vem de vez, a água vem e aí? Eu prefiro ele abertinho, continua abertinho!” - Dona Maria Augusta da Conceição da SilvaRecolher