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História
Por: Museu da Pessoa, 29 de julho de 2009

No quilombo com Dona Ducha

Esta história contém:

No quilombo com Dona Ducha

Vídeo

A minha mãe, a minha avó, as minhas tias contavam assim: quando um velho veio corrido da escravidão, que ele chegou, eles fizeram uma barraca na mata, na descida que desce para entrar nessa comunidade. Eles ficaram escondidos um bocado de tempo, ele tinha um bocado de filho, 12 filhos, três filhas mulheres e nove filhos homens, já tudo criado. Ela disse que eles pegavam, saíam para os matos caçando o que comer, porque eles não tinham o que comer.

Eu faço essa festa dos “batucos”, festa para os santos e essas batucadas. Aí, o povo batuca, o negócio dos batuques e de cantar folia também. Eu gosto de cantar folia, gosto também de cantar roda, jogar verso, a gente gosta disso, de umas rodas que fala: “Eh, mulher rendeira, eh, mulher rendá, me ensina a fazer roda que eu te ensino a namorar. A mulher do lampião tinha dois lampiãozinhos, um é grande e o outro pequeno, todos os dois engraçadinhos!”

Eu vou cantar outros que cantava, que é um negócio que eu cantava mais os meninos: “Ei, terra boa de pobre morar. Oi, terra boa de pobre viver. Eu não vou para o seu jardim, para o meu canto não ver descer. Falou morena: eu vou embora mais você!” Aí, eu falo: “Bate palma!” Para os meninos, os meninos batem palma e sapateiam. Isso, sabe como que é, mas eu gosto de fazer isso lá em casa, porque lá em casa eu já fico preparada mesmo, né?

Essas letras dessas músicas minhas são dos antigos de lá, que cantavam. Ajuntavam os mais velhos, cantavam esses tempos e outros, são tipo de um coco, chama isso, que eles falavam cantar. Cantavam esses trens e ajuntavam esse bando, aquela reunião, aquele grupo, dançavam e cantavam e tocavam na viola. Mas tinha um velho, esses tempos, que morava lá, ele cantava na viola, cantava mais ele esse trem. Ele cantava na viola, sapateava, e eu batia palma.

A pessoa está tudo precisando, eu benzo dor de cólica, dor de cabeça, dor de dente, quebranto, olho grande. Tudo eu...

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Projeto Memória dos Brasileiros

Depoimento de Maria de Lourdes Pereira dos Santos (Dona Ducha)

Entrevistada por Thiago Majolo e Antônia Domingues

Joaíma, 29/07/2007

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista número MB_HV_025

Transcrito por Luísa Fioravanti

Revisado por Viviane Aguiar

Publicado em 18/03/2008

P1 – Para a gente começar, eu queria que a senhora dissesse seu nome completo.

R – Meu nome completo?

P1 – Sim.

R – Maria de Lourdes Pereira dos Santos.

P1 – E o apelido?

R – Ducha.

P1 – Nasceu onde?

R – Nasci na comunidade do Barreirinho.

P1 – Em que ano?

R – Ah, o ano eu não tenho certeza, mas eu sei que sou do dia 15 de julho, de junho.

P1 – E por que esse apelido Dona Ducha?

R – Porque a minha mãe tinha uma amiga, e ela gostava muito da amiga. Quando ela me ganhou, ela disse assim: “Vou colocar esse apelido na minha filha!” Então, ela colocou o meu nome de Maria de Lourdes e voltou e colocou o apelido de Ducha. Todo mundo me conhece por Ducha!

P1 – Se falar Maria de Lourdes, ninguém sabe quem é?

R – É, ninguém entende. Só conhece mesmo quando eu vou tirar algum negócio, algum documento que tinha de tirar. Se não, ninguém não sabe, não. Mas aqui mesmo em Joaíma todo mundo me conhece por Dona Ducha.

P1 – E qual o nome dos seus pais?

R – Meu pai, José Pereira de Souza, minha mãe é Maria Ferreira dos Santos.

P1 – E avós? A senhora se lembra?

R – Lembro, a minha avó é Maceunira, que é o nome de minha avó. Meu avô era Luiz.

P1 – Isso por parte de mãe ou por parte de pai?

R – Luiz, por parte de mãe. A minha avó por parte do meu pai chamava Maria, Maria Pereira de Souza, e o pai do meu pai chamava Tredomiro. Só que a assinatura do Tredomiro eu não sei, do pai do meu pai. Porque o meu pai falava que ele nasceu lá na Bahia, não sei onde. A minha mãe nasceu na mesma comunidade em que eu sou nascida.

P1 –O que os seus pais faziam?

R – Trabalhavam de enxada, faziam...

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Título: No quilombo com Dona Ducha

Data: 29 de julho de 2009

Local de produção: Brasil / Minas Gerais / Joaíma

Entrevistador: Thiago Majolo
Transcritor: Luisa Fioravanti
Revisor: Viviane Aguiar
Autor: Museu da Pessoa

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