Entrevista de Ivanil de Paula
Entrevistado por Lila Schnaider e
Mauricéia A. Ferreira dos Santos
Projeto Barra Bonita
Realização Museu da Pessoa
Número: PCSH_HV 1148
23/11/21
00:00:11
P/1 - Você poderia por favor me falar o teu nome completo?
R - O meu nome completo é Ivanil de Paula, nasc...Continuar leitura
Entrevista de Ivanil de Paula
Entrevistado por Lila Schnaider e
Mauricéia A. Ferreira dos Santos
Projeto Barra Bonita
Realização Museu da Pessoa
Número: PCSH_HV 1148
23/11/21
00:00:11
P/1 - Você poderia por favor me falar o teu nome completo?
R - O meu nome completo é Ivanil de Paula, nasci seis do cinco de mil novecentos e cinquenta e nove, sou natural de Presidente Epitácio e hoje resido na cidade de Barra Bonita.
00:00:47
P/1 - Qual o nome dos seus pais?
R - O nome do meu pai era Luís de Paula e da minha mãe é Otília de Azevedo de Paula. Tenho um irmão que chama-se Valter de Paula, uma irmã Dani de Paula, Ludervan Iracema de Paula, e a outra irmã Irla de Paula e Irani de Paula.
00:01:26
P/1 - Quantos filhos ao todo?
R - Minha mãe casou duas vezes. Então eu considero doze, mais seis irmãos que ela teve do primeiro casamento e seis do meu pai, então mas desses seis primeiros infelizmente acho que só resta o que mora no Rio de Janeiro, e o que mora em Mato Grosso. Acho que só resta muito um que é da marinha. E o seis aqui na minha cidade que é Barra Bonita, seis que é do primeiro casamento do meu pai e seis é do casamento do pai com a minha mãe.
00:02:16
P/1 - E o que os seus pais faziam quando você era pequeno?
R - Meu pai era da marinha, da antiga Bacia do Prata, era uma empresa do Governo Federal ligado à marinha mecânica do Brasil, e minha mãe também. Minha mãe foi uma das primeiras mulheres a ingressar na marinha. Aquele tempo era restrito a participação de mulheres nas Forças Armadas do Brasil, mas minha mãe foi uma das primeiras pioneira a entrar na marinha do Brasil
00:03:00
P/1 - E o seu pai?
R - Meu pai também era da marinha, meu pai também era, os dois eram ligados à marinha mecânica do Brasil, depois eles vieram ser funcionário de empresas particulares, mas no ramo da pregação também, empresas fluviais que já é nossa empresa independente do governo, quando eles saíram da empresa da marinha.
00:03:29
P/1 - E o que vocês costumavam fazer quando eram pequenos?
R - Eu jogava futebol e ia para a escola. Minha vida sempre foi futebol. Sempre joguei futebol, sempre, fui criado dentro de um campo de futebol, e a música veio mais tarde, a música veio para mim quando eu desisti do futebol, aí veio o caminho da música, da percussão e hoje eu adoro o que eu tenho, adoro fazer e vou embora por aí fazendo a alegria do povo.
00:04:09
P/1 - Tinha algum costume que a família costumava fazer, quais eram os costumes da sua família?
R - Minha família sempre foi bem religiosa, tudo nosso era a igreja, somos católico, somos muito religiosos, aqueles tempo atrás tinha muita fé, muitas coisas nas igrejas, então a gente vivia mais dentro de uma igreja, depois do trabalho, depois de escola que é outra coisa. Tinha muita coisa a fazer, eram poucas famílias que tinham TV, eram poucas famílias que tinham um bem-estar maior. Então o que que era? Eu criança, meus pais trabalhavam, a gente vivia mais na comunidade mesmo, fazendo bem para a comunidade e a gente era feliz.
00:05:01
P/1 - E quais eram os costumes? Os teus pais costumavam contar histórias?
R - Meu pai gostava de contar muita história de navegação que ele vivia, que ele viveu, ele gostava muito disso e minha mãe também, eles foram criados dentro d'água, dentro de mar, de rio, trabalharam muito no rio Paraná, na fronteira lá em Guaíra, Paraná, eles contavam muita coisa de navegação.
00:05:49
P/1 - E você sabe qual é a origem da sua família?
R - A origem? Meu pai é piracicabano, nasceu em Piracicaba, foi muito cedo para o Rio de Janeiro, e minha mãe é nascida em Volta Redonda, mas foi criada no Rio de Janeiro na capital. Meus irmãos, no caso eles andavam o Brasil inteiro por causa do deslocamento da obra de fase da marinha, uns nascerem no Paraná, outros nasceram no estado de São Paulo, eu nasci no estado de São Paulo, não teve assim um foco que nasceu tudo em um lugar só, um é paranaense, o outro é paulista, o outro é carioca, são tudo misturado. Junto e misturado.
00:06:52
P/1 - Mas quando vocês chegaram em Barra Bonita a partir daí todos moraram juntos?
R - Não, minhas irmãs, meus pais conseguiram ver para as que são mais velhas uma faculdade, uma foi para trabalhar em Santos, no Porto de Santos na época, a outra ficou em Presidente Epitácio trabalhando na Prefeitura na parte administrativa, a Irla, e a Irani que morava em Santos, que é mãe do Rafael do Zacaria da Seleção Brasileira que estudou, que é meu sobrinho, os outros vieram para cá, e meu irmão foi para Presidente Prudente, que é perto de Presidente Epitácio, então separou.
00:07:48
P/1 - O que você se lembra? Você tinha quantos anos quando foi morar em Barra Bonita?
R - Quando eu vim para Barra Bonita eu vim com doze anos, eu fiquei dois anos aqui, voltei para Presidente Epitácio, eu queria jogar futebol e lá tinha o Beira-Rio Esporte Clube, era um time que disputava a antiga segunda divisão do Campeonato Paulista, outros são série A e série B do Campeonato Paulista, então eu voltei para lá para entrar no time de base deles, que meu sonho era jogar futebol. Completei dezesseis anos, fiquei até os dezesseis anos lá, joguei futebol estreei com dezesseis anos o time deles, profissional, vim embora para Barra Bonita, fui para o Quinze de Jaú, fiquei, fiz teste tudo, era outro nível que era o quinze da série A, hoje é campeonato da primeira divisão paulista, mas aquele tempo não dava renda e eu tinha que ajudar minha mãe, eu desisti de futebol e fui trabalhar, mas acabei no ramo de navegação desde a parte de construção de barco, ajudei construir aqui em Barra Bonita da família Palmeizão o barco San Rafael, um barco turístico muito bonito, a Arca de Noé, Recurso Romântico I, II, e o São Diego. Foi aí que eu encerrei minha carreira de barco, prestei um concurso da prefeitura, entrei na prefeitura de Barra Bonita e estou aí até hoje na parte de documentação, sou responsável pelo setor de arquivo e aposentadoria dos servidores da prefeitura e eu que faço a contagem para eles, seguir a vida deles aposentados.
00:09:54
P/1 - E o que que você lembra quando você chegou em Barra Bonita? Qual é a tua primeira imagem?
R - É o menino que veio lá para baixo do interior, divisa com Mato Grosso. Barra Bonita também era pequena, continua pequena, mas hoje a cidade é muito mais movimentada. Eu fiquei deslumbrado, porque aqui já tinha mais coisas, que Presidente Epitácio e era mais pacato naquela época, é uma cidade tranquila, continua sendo tranquila e não tinha muita coisa, era trabalhar, dormir, trabalhar, dormir, estudar.
00:10:34
P/1 - Mas eu pergunto qual é a primeira imagem que se lembra da cidade?
R - O rio Tietê é fantástico aqui em Barra Bonita, o rio Tietê é fantástico, é uma coisa que a NASA tem que estudar esse negócio, porque como em São Paulo é tão judiado do dia a dia, aqui que é o mesmo rio em Barra Bonita, desde o tempo que eu cheguei aqui, sempre foi, da gosto de estar perto dele, o rio, o rio me encanta muito, quer dizer, aqui em Barra Bonita.
00:11:12
P/1 - Como foi o rio te acompanhou durante a vida, você viveu muitas coisas no rio, me conta um pouco?
R - Quando eu casei eu ainda estava na navegação, então tem uma história muito bonita, eu conheci a minha esposa trabalhando, primeiros passos que eu dei de casamento estava ainda na navegação, casei com ela tem quatorze anos certo, muito nova e eu também não era, era mais novo do que ela, mas não era tão assim, casei aquele tempo que a gente pronuncia e a gente tem que assumir mesmo, não é que nem hoje que fica à vontade. Mas me encanta é a beleza do Tietê e essa história linda que eu fiz, e foi por causa do Tietê que eu conheci minha esposa, que ela ia visitar a barranca do rio que é linda, e eu ali no barco trabalhando, via, a gente batia papo e tal e ali tudo começou a minha história de trinta e oito anos, trinta e nove anos, quase quarenta anos de casamento, tendo uma família fantástica, uma mulher guerreira, uma mulher que enfrentou tudo e tudo por causa de mim, porque eu sou...vamos dizer, não gosto de falar muito essas coisas, mas ela é descendente de
italiano, e imagine só um pouco e a família dela, aqui é uma cidade que é colônia de italiano, não gosta muito de carbonato, então a família não aceitou muito eu no começo por causa da minha cor, mas tudo passa, o nosso amor, a gente venceu, ela foi guerreira e hoje eu dedico praticamente a minha vida vinte e quatro horas para ela, porque essa merece o que ela enfrentou, o que ela me fez crescer como ser humano, o que ela enfrentou a família dela, o pai dela que hoje infelizmente são quatro anos que faleceu, e a mãe dela que até hoje, tudo com esse tempo de casado a gente não tem um relacionamento perfeito, é um bom dia e boa tarde e olha lá, mas o que é mais importante para mim é que eu sou feliz com a minha rainha, com a minha piba e toca é vida que segue.
00:13:58
P/1 - Como vocês se conheceram?
R - Eu trabalhava no barco, ela ia passear com as amigas dela na barranca do rio, que é muito hoje está mais bonito ainda depois da superfície que vieram passando, mexendo, está lindo e eu ali no barco, desde aquele tempo paquera sempre teve, paquerar tal e eu sempre fui tímido apesar de ser mais velho que ela, mas mesmo assim conversar, não sei o que, a amiga dela trazia recado, mandava meu amigo dar recado, e foi virando, é uma coisa que acho que Deus plantou essa semente, falou é ali, é vocês e vocês vão ser felizes e foi isso aí que tudo aconteceu. Eu passei na hora do almoço na escola que é no centro onde ela estudava, tem um jardim na escola, antes dela entrar para a escola eu ia lá ficava conversando e a gente foi se entrosando, foi entrosando veio o primeiro beijo, veio o primeiro abraço, muitos anos, muitos anos e não seria feliz. Não tenho nada, tenho um bom trabalho, tenho uma boa casa, tenho um bom local, mas não seria feliz se essa mulher não mudasse a minha vida, eu cresci como ser humano, cresci muito. Hoje eu sei o que eu quero, hoje eu sei o que eu faço, e ela ali, uma guerreira, passou o aperto só Deus sabe o que ela passou por mim, por causa de familiares dela, de não aceitar por causa da minha cor, isso é não é por causa de outras coisas, mas de cor e eles falaram o dia, acho que eu posso até falar, eu não escondo nada falo para todas minhas amigas essas histórias, o dia que a minha mãe, minha finada mãe foi falar, “ó, aconteceu um acidente vocês ficaram proibindo, eles tinham que namorar escondido, a menina está com problema, temos que resolver”. O pai dela e a mãe dela virou na cara da minha mãe e falou assim, “a minha filha não nasceu para namorar um negro, e nem para casar, se ela está com esse problema que a senhora falou, que a gente já está sabendo o que é, ela vai embora para o Paraná, vamos mandar ela para o Paraná, ela vai e nós vamos arrancar esse filho dela”. Foi aí que a minha mãe, que era bem esperta falou assim, “simplesmente a partir de agora eu já estou indo para o fórum”, antigamente recebia quase tudo, “vou fazer uma ficha contra vocês que isso é um assassinato que vocês querem fazer”, e as coisas vão mudando, ela teve de emancipar a menina para menina casar comigo, e está aí até hoje, tenho uma grande mulher é para mim, a minha sogra, minha mulher, meu sogro é tudo, porque sogro mesmo e sogra eu tenho lá, mas eu tendo minha mulher perto de mim, mãe dos meus filho e está ótimo. Tenho um casal Ivone Souza de Paula, casada, casou a pouco tempo, e tem um moleque de quinze anos, Ivan Lucas de Paula, menino fantástico, garoto de ouro, que vem a fazer a felicidade mais ainda da gente. Sou uma pessoa humilde, simples, minha coisa é fazer o bem e como que Deus me deu um talento musical, a escola que eu estudei, Escola Estadual Cônego, eu fui instrutor de fanfarra
muitos anos, nunca cobrei um tostão, fiz muita apresentação, muito desfile com eles, foi uma das maiores felicidade minha, porque aqueles jovens tocando um instrumento, aprendendo um instrumento de percussão. Como eu sou filho de sambista, que minha mãe era sambista, gostava, carioca, migrei do samba, tenho facilidade de aprender qualquer instrumento de percussão. Hoje eu tenho uma bateria show, a gente faz apresentações para arrecadar as coisas, faz a apresentação no qual a construção da cidade para participar do carnaval, faz porque ama, faz porque gosta, faz para fazer o coração ficar alegre e o povo, por isso que a gente onde chega é bem recebido, a gente arrasta professores, a gente arrasta pai de família, a gente arrasta, mistura tudo, advogado, tem médicos que toca na bateria, porque vê que lá é uma família, é uma coisa que vale a pena estar ali aquelas duas ou três horas de ensaio, quando é época de ensaio apesar que agora essa pandemia me atrasou um bocado as minhas coisas, porque teve que parar, depois de dois anos a gente fez uma apresentação domingo passado, eu nem fui porque eu operei, eu tive que operar o problema que eu tenho na boca, eu precisei operar, estou com a boca cheia de pontos por isso também eu tive que arrancar, a máscara, estou fazendo implante, eu tive que arrancar e fazer uma cirurgia bem grande na boca, amanhã que eu vou arrancar os pontos e de vez em quando ela dá o aperto, e domingo passado que teve a apresentação para comemorar o dia da consciência negra, depois de muito tempo a gente escolheu quem já tinha tomado as vacinas, eu não fui porque eu não tomei a segunda ainda, teve apresentação aqui na praça muita gente, a bateria para comemorar o dia da consciência negra, é uma coisa que eu sou contra também, mas respeito porque depois lá pra frente se eu puder falar eu vou falar porque eu sou contra. Deus pos no mundo assim branco, negro, marrom, vermelho e tudo. Então tem que ter dia para todo mundo. Eu me sinto mais assim ainda desvalorizado quando vejo o Dia da Consciência Negra, não existe isso. E o branco? E o vermelho? E o índio? E o japonês? Tem que ter respeito, ser humano tem que ser respeitado. O grande sábio falou também, enquanto tiver esse negócio aí de lacração, dia da consciência negra e não sei o que do, o racismo nunca vai acabar, só vai acabar quando parar de fazer essas coisas, aí o povo esquece eu não curto, respeito, mas não curto muito, então ainda bem que eu estou com problema, não fui nem na apresentação, foi uma bela apresentação segundo, respeito o menino que o projeto que tem aqui, um projeto bonito, mas eu penso diferente, eu penso diferente. Então é um pouco da minha vida, tem mais coisa.
00:22:38
P/1 - Ivanil, antes de começar o namoro e ter essa história com o pai da sua futura esposa, em outros momentos aconteceu ou você sofreu algum tipo de preconceito?
R - Eu vou falar uma coisa, eu hoje uma pessoa madura o preconceito sempre teve, a pessoa olhando para você, uma pessoa que não gosta da cor, ou ele nem sabe que ele não está gostando, você percebe, eu percebo de longe quando a pessoa não gosta da minha cor, não vai falar nada, eu saio de perto, deixa ele que quando precisar acertar com Deus ele vai acertar. Então eu não me amarro muito nisso não, mas eu já estive naquele local que a pessoa também queria me parar, o shopping aqui da região, fui passear, eu estava sozinho e os vigia de franquia negra igual eu, onde eu ia para comprar o presente de casamento de uma pessoa, a mulher não pode ir, as crianças não pode ir, eu fui sozinho, onde eu ia, entrar em uma loja o segurança um negro, o outro branco, onde eu ia eles iam atrás, eu como a gente vai ler, vai aprender, vai vendo, uma hora também eu vou ter que perguntar para eles o que que está acontecendo. Eu perguntei. O que está acontecendo, que vocês estão me seguindo? Eu estou sujo, estou com alguma coisa, nem se eu estivesse sujo de trabalho vocês não podiam falar nada. Quem é o gerente? Quem é o seu Chefe? Ah não pelo amor de Deus! E fui, eles foram atrás, e eu falei, ó, assim, assim, assim, vocês estão acostumados a dar ordens nas pessoas que vocês comandam, as pessoas diferente de vocês quando entram aqui, que vocês acham que são diferentes a seguir? E aquele tempo a gente levava a carteira profissional, não tinha CPF, não tinha nada, levava carteira profissional para comprar as coisas e para crediário, levava a carteira para mostrar que trabalhava, e eu estava com aquele juros, aquele dia eu estava com a carteira. Falei sou trabalhador, agora seus seguranças ficam me seguindo, eu não gostei nada disso. Tenho cara de tonto, miudinho, mas eu não sou bobo eu estou sacando meu coração está mostrando. O cara se tocou e falou,
“a gente viu o seu jeito separado dos outros, a gente pensou que…” - rapaz eu trouxe a coragem toda com Deus, eu não preciso estar no meio dos outros para ser do bem, pediram desculpa, aquela desculpa falsa, mas foi a única vez, e o resto eu fui crescendo espiritualmente, hoje eu não ligo, eu dou risada, a gente sabe onde que entra, no próprio serviço, não fala, mas você percebe aquela pessoa, aí a gente passa a ler a mente do ser humano, da pessoa que você percebe só olhando para ela. (Como que um neguinho desse tem um cargo de confiança, um cargo não sei do que, e eu aqui bonitinha não tenho). Bom, eu corri atrás honestamente, não tirei de ninguém, tenho a confiança dos comandantes, tenho humildade de ser uma pessoa decente, honesta, que é obrigação não é um dever, é obrigação o ser humano ser decente, mas você percebe, vê que a pessoa quer falar alguma para você, mas não tem coragem. Você vê ali, na cara dela está escrito, mas eu tiro de letra, não esquento muito a cabeça com isso não. Já passou, teve fase que eu ficava muito, queria de qualquer jeito, hoje não. Fui fazendo o que Deus pede, paciência e eu dou risada. Pessoas fracas de espírito tem adoidado.
00:27:32
P/1 - E quando você era pequeno você queria ser o que quando crescesse?
R - Jogador de futebol. Meu intuito nunca era para ser um cara da música, era para ser jogador de futebol, tive a oportunidade, disputei, mas eu falei para você no começo. Aquele tempo era muito coração. No caso tinha amor mesmo no coração, não era rendoso que nem hoje, um jogador mediano ganha milhões, e eu falei eu vou continuar jogando o meu futebol, mas vou trabalhar pelo menos eu vou ter meu dinheiro, e ganhava, aquele tempo quando eu joguei no Melhor Amigo Esporte, ganhava por vitória, ganhava por jogo, se ganhasse, ganhava o lixo, vamos dizer dez reais hoje, se perdesse ganhava pelo menos cinco reais, não tinha nada por mês, então vou trabalhar na quantidade que eu canto, futebol amador, essas coisas por aí, e vou trabalhar pelo menos eu tenho meu dinheiro, dá para eu levar, aquele tempo tinha cinema lá para levar a namorada no cinema, dá para ir na praça, sou do tempo das praças aqui, então peguei tudo isso, não acredito que eu cheguei até na internet da vida, mas eu prefiro muito mais aquele tempo nosso do que hoje, está bem avançado, está maravilhoso, se o ser humano usasse todos, a cabeça para fazer o bem o paraíso seria aqui, mas a tecnologia está aí e a gente vê os pique da vida tudo mesmo usando com malandragem, e aquele tempo a gente não tinha nada disso, e a gente era feliz, ia de domingo na praça, aquela caixinha de música tocando, música até dez horas tocava. Depois a gente ia para casa tranquilo e nada acontecia, no outro dia ia trabalhar e a vida seguia. Hoje pode ficar até dependendo do local você não pode ficar até muito tarde na rua. Você vai em um lugar em um ambiente, noventa por cento das pessoas estão com o celular na mão e duas três pessoas só conversando. Celular tomou a vida do ser humano, é essencial lógico que é, claro que é, mas está demais.
00:30:15
P/1 - E quando foi mudando assim essa tua vontade de ser jogador, e você acabou indo para que lado profissionalmente?
R - Eu fui fazer o curso na marinha mecânica em Presidente Epitácio, porque aqui na Barra hoje tem essa capitania, mas naquela época é a capitania era na minha cidade onde que tem o rio Paraná que é o maior rio do estado de São Paulo, eu fui para lá, fiquei na casa do meu irmão, minha família já morava quase todo para cá, eu fiz seis meses de curso na capitania de marinheiro de fluvial e depois eu fiz marinheiro fluvial e fiz também de gaiteiro, tipo o garçom fora do barco é garçom, e lá dentro do barco é gaiteiro para servir alimentação para os passageiros, fiz esses dois cursos e depois quando eu comecei trabalhar, abriu um curso aqui em Jaú na Naval de construção de barco, fiz também. foi aí que eu fui para o ramo de ajudar a construir barco que foi os barcos que eu ajudei construir para a família Palmezão, que são os tradicionais aqui de navegação em Barra Bonita. Ajudei a construir o barco São Diego, São Rafael, Arca de Noé que custo um e dois, são barcos menores para levar bagagens e passageiros, e apareceu a oportunidade de música por causa de escola de samba, fui para escola de samba Camisa Amarela, para escola de samba que era da elite aqui da cidade, fui, aquele moreninho miudinho, fui lá, como falei que sempre a minha família foi musical, tinha facilidade de aprender a tocar todos os instrumentos de percussão, aprender, logo morreu o diretor de bateria deles e eu vou vinte e quatro anos eu entrei de diretor de bateria da Camisa Amarela escola de samba antiga de Barra Bonita profissional, eu fui envolvendo, fui fazendo meus projetos, fui desenvolvendo, fui aprendendo, fui estudando e ouvindo muito CD de música de samba e percussão, fiquei uma temporada na casa do parente meu no Rio de Janeiro, ia na escola de samba Mangueira para fazer curso de percussão também. Eu desenvolvo hoje um projeto que tem mais de quarenta anos já, esse projeto aqui em Barra Bonita que enquanto Deus me dar perna, me dar sabedoria, me dar cabeça, eu vou estar desenvolvendo aqui. Acho que culturalmente é a melhor coisa que tem que ser feita é você levar até o jovem músicas, a cultura brasileira que é o samba e eu vou pelo menos nas horas que eu estou lá dando ensaio, fazendo alguma coisa, aquele ser humano, aquele adolescente não está na rua da cidade aprontando, usando entorpecente, usando, bebendo, pelo menos umas duas horas. Parece que não, mas sou bem linha dura na hora do assim, com muita responsabilidade deles na hora dos ensaios. Então é que eu falo lá tem professoras, inclusive aqui onde estou tem professores que tocam lá, tem advogada, tem médico. É uma família que eu consegui unir todo mundo, misturar todo mundo junto. Então, é gostoso, é a minha vida hoje em dia, pacata, simples, sou um cara que não bebo, vou falar para você que não bebi, bebi, mas não foi minha praia, não bebo, não fumo, as vezes que eu tentei beber dois copos de cerveja me derrubavam, então era fraco para bebida, então não bebo, não fumo, vivo de música e gosto muito de viajar eu e minha esposa a gente viaja bastante assim, que ela trabalha com estádio, tem bastante econômico por aí a gente sempre está nas colônias do estado, até fora de São Paulo a gente viaja muito.
00:34:52
P/1 - Mas como começou esse projeto?
R - O projeto da percussão da escola de samba começou porque morreu um soldador da escola de samba aqui em Barra Bonita que era o mestre Rômulo, e eles caçaram muito um monte de gente para pôr no lugar desse e não conseguiram, e falaram, tem um menino lá do barco e ele manja muito em percussão vamos fazer um teste com ele, vamos chamar ele se ele tem interesse, mandaram um recado. Fui lá, toda uma bateria, uma quadra deles e falaram, “está aqui o você entende repercussão, vê o que você faz para nós”. Eu já tinha algumas coisas na cabeça, que era sonho meu de fazer alguma coisa diferente, e eu já tinha algumas coisas na cabeça de evoluções, de percussão, de coisa. Eu falei, vamos fazer assim, assim, assim. A turma que estava na quadra, tamborim e repinique, você me faz uma entrada assim, assim. Fui passando um por um, e nas forças sempre com setenta pessoas na bateria, e o primeiro ensaio foi um monte de gente, abarcou lá, e teve segundo, teve o terceiro, e fizeram mesmo o convite. Falou, você quer ficar no lugar? Já fazia uns dois meses que ele tinha falecido, o mestre Rômulo. A gente quer você porque não tem outro. Você, com esse talento seu aí, chegar até, ser bem requisitado. Que ele já era de idade. Falei assim, vamos embora. Foi que começou, acho que eu fiquei oito anos lá, eu fui fazendo, passei por escolas de samba da cidade, camisa Amarela, Deixa eu falar, a gente botou a escola de samba infantil, o Patinho Feio e escola de samba Cordão de Prata, e agora a gente está desligando de todo esse pessoal que a gente via que o intuito dos caras botaram escola de samba para arrecadar a grana da prefeitura, que naquele tempo a prefeitura dava verba, para eles usufruir depois do carnaval com dinheiro público, a gente sacou a jogada, saiu fora e montou o projeto da bateria.
00:37:38
P/2 - Eu não sei, acredito que você já tenha explanado isso Ivanil, mas assim ó, como surgiu essa ideia da Bateria Nota Dez? Como funciona esse projeto? Esse trabalho que você realiza com os jovens e as crianças?
R - Bom, é um projeto que quando foram fechando as escolas de samba da cidade, foi feito uma area de dar verba para os dirigentes das escolas de samba, e eles eram a escola de samba enquanto tinha verba, aí pararam, deixaram todo mundo na mão, e como eu já estava no Cônego com a Copasa, a escola Cônego, eu falei não pode acontecer uma coisa dessas, e a gente começou ensaiar nos bairros, primeiro na Copasa, depois a gente começou a se virar para conseguir os instrumentos, quando começamos levar os instrumentos de percussão para samba, foi assim que começou, na Bita, na Cohab, não tinha ainda, ensaiamos na Nova Barra no centro da cidade, cada sábado a prefeitura sedia o Jair Bolsonaro da prefeitura sedia ônibus para levar instrumento e alguns componentes no barco para ensaiar, isso foi durante uns seis anos direto, aí a gente começou ensaiar para participar do carnaval de Barra Bonita, participamos do primeiro ano, graças a Deus foi muito bem, chamou muita gente e demos sequência esses vários anos, essa tradição que tem a Bateria Nota Dez de Barra Bonita, aqui quando passa na avenida, levanta avenida, leva mais público, o dia que a bateria toca é o dia que leva mais público na avenida. Está aí o carnaval hoje em dia. Isso não sou eu que falo porque seria demagogia, não é demagogia, é as pessoas que falam que sem a Bateria Nota Dez o carnaval de Barra Bonita de rua não é a mesma coisa
00:40:03
P/2 - É verdade tu tem razão!
R - A gente vem com esse projeto que é limpo, o problema é sem um tostão da prefeitura, a gente só lógico pede a água, uma alimentação para as crianças, os adolescentes e material de reposição que a gente não tem ganho de lado nenhum, mas a gente cuida com carinho e a gente dá em troca grandes apresentações, grande, grande mesmo apresentação. A gente toca, no último carnaval que a gente fez, a gente tocou para mais de trinta mil pessoas na avenida e a gente fica feliz, a região inteira vem para ver a bateria e a gente fica feliz, esse é o projeto pra gente tirar os jovens que estão em caminho errado e levar para percussão.
00:40:58
P/2 - Então, já pegando um gancho né Ivanil, eu ia exatamente, a próxima pergunta, seria esse impacto do seu trabalho. Sobre a comunidade principalmente desses jovens, dessas crianças. Você tem alguma história marcante assim para nos contar que você lembra?
R - Tem várias, tem um menino que não vou dar nome, para não prometer do jeito que ele está hoje em dia, ele veio com doze anos, tocou muitos anos com a gente e se perdeu na droga, foi preso, quase três anos preso e voltou, saiu, a gente estava um dia ensaiando, dois anos atrás eu acho. O último carnaval pô, estava lá ensaiando e ele pediu para ir lá e falou, estou limpo, estou trabalhando, estou morando no Igarassu agora, casei, queria voltar a tocar na bateria, que isso aqui é para me fortalecer. Eu falei, não tem problema cara, não tenho nada a ver com sua vida, você concluiu, não deve nada para justiça, bora trabalhar. Hoje é um dos caras que mais me ajuda no projeto. Se eu falar assim ó, a gente precisa fazer isso, isso e isso é o primeiro que chega e é o último que sai, quando ele está de folga que ele trabalha na usina, deu o filho dele para eu batizar, e eu sempre estou cobrando dele, já que você me deu a liberdade de falar alguma coisa, você pensa bem, dez vezes antes de você fazer qualquer coisa errada. Não. Então você pensa dez vezes, você começa de novo a contar dez vezes, você não vai fazer coisa errada. Batizei o filho dele, agora no começo da pandemia batizei o filho dele, e a gente está feliz com ele na vida da gente no projeto, está limpo, até brinquei com ele esses tempos. Domingo agora eu falei com ele no zap, a gente vai estar pedindo para você fazer um exame de sangue para ver se você está limpo mesmo, e ele fez, não entregou para mim, ele fez e chegou lá, eles tocaram no domingo lá embaixo, e eu falei brincando, e ele apresentou para dona Cláudia que é uma coordenadora da bateria, ele apresentou para ela, ela bateu foto e mandou para mim, olha o que você fez com o rapaz. Mas, foi bom que ele está limpo. Ele fez e levou lá para ela e isso me emocionou. Hoje ele foi na Prefeitura, ele estava de folga, eu pedi e ele foi lá, e logo eu falei que era brincadeira e agradecer. Ele falou não, você falando isso você entrou no lugar do meu pai que eu perdi, falando isso para mim só me fortalece, e eu fico super emocionado, então segue a vida, é vida que segue. Mais uma alma que a gente está por enquanto mantendo sóbrio. E tem as pessoas que também que está falando do projeto, e vamos dizer, é discriminada em outros lugares porque é duro, não sabe dançar, sei lá, não tem movimento, e chega com nós lá, começa a ter movimento, articular, usar, fazer as coisas e se sente bem recebido em casa, e a gente vai, a gente tem um projeto que a gente faz todo ano que é um projeto para fazer apresentações nas escolas infantis, creches, andorinhas, a coleta de Limeira, de Dois Córregos e a gente vai de Igarassu, e a gente não cobra nada, a gente vai por amor a arte e por amor para mostrar para as criança que aquele é o caminho, música é o caminho, porque a gente faz o que gosta, faz por amor e graças a Deus eu posso levantar a cabeça e falar, eu não ganho nada disso em espécie, em dinheiro, mas ganho um monte de felicidade no meu coração de ver pessoas sorrindo e feliz com o trabalho da gente. Isso para mim não tem pagamento.
00:45:57
P/2 - Legal Ivanil, inspira, são histórias assim que de certa forma inspiram, nos inspiram. Então para você realizar esse trabalho, você já falou que não é um ganho em dinheiro, mas uma realização como pessoa, e você foi inspirado, essa ideia que você teve que você nos contou, você foi inspirado, tem alguém especial? Que te inspirou?
R - Minha mãe. Minha mãe como eu estava falando com a música, minha mãe é carioca, sempre foi do samba e eu fui criado ouvindo músicas de sambistas, Cartola, o Martinho da Vila, Alcione, na minha casa só tocava isso, e passei bastante MPB, Tim Maia, eu fui criado nesse negócio, e minha mãe cantava o dia inteiro o samba, ela quando ia para o Rio de Janeiro ela trazia sempre algum instrumento para mim, porque em São Paulo quase não tinha, no interior não vendia, o tamborim, o chacoalho, tudo em miniatura, eu era pequeno e quando fui crescendo que é a parte profissional. Quando ela faleceu, eu falei não, esse legado eu vou ter de ficar para mim, porque como diz a música da Alcione, (não deixe o samba morrer), e na minha família o samba enquanto estiver estou passando a bola, não agora, tem minha filha, tem o meu menino, vão ter que me aguentar muito ainda na cabeça deles, enquanto eu tiver perna, tiver sabedoria, talvez se tiver legal eu vou estar fazendo esse projeto, e quando deixar um legado bem legal para a próxima geração ver que eles podem fazer. E eu tenho certeza que eu ganhei na loteria porque um monte de garotos que usava porcaiada, droga, era craqueiro hoje não usam, trabalham como esse menino porque sabe que se estiver na porcaiada não vai estar tocando, e eles aprenderam, a gente põe na cabeça deles, e eles aprenderam amar a tocar, então a gente fica feliz por isso, e não tem coisa melhor que samba.
00:48:48
P/2 - Ivanil deixa eu te fazer outra pergunta, quando você está na avenida no momento que a bateria está lá em ação, não está avançando. Já aconteceu algum fato assim inusitado no momento da bateria? Você estava em plena ação?
R - Olha, eu vou falar uma coisa para você, uma coisa bem desagradável de mandar prender porque ele é da Camisa Amarela, de mandar prender, a polícia tirar, o tocador ele era de Igaraçu do Tietê, ele começou ali perto do mercado que era mercado shopping, e ele começou a ir para lá e para cá, tocava um instrumento grande, completamente embriagado, e olha que eu é difícil eu me enganar. Eu tive que mandar tirar o instrumento e a polícia começar a retirar ele da avenida porque ele ia se matar. Ele já tinha rachado tocando o instrumento, errava a batucada e ele dava com a mão, a mão dele era puro sangue, a polícia teve que retirar ele levar ele para o hospital e depois levar ele para dar uma descansada porque ele estava completamente louco. Para mim foi um baque que aconteceu, foi um fato até chato quando eu tive que parar a bateria e era carnaval com escola de samba, a turma na frente com as fantasias, acho que era Camisa Amarela também e eu tive que parar a bateria e a turma cantando, parar a bateria para retirar ele que estava passando do limite, ele ia cair para cima da pessoa na lateral, ele tocava na lateral, cair em cima do povo que estava assistindo, bateria teve que parar para retirar ele, e ele deu trabalho que ele não queria sair, e ele era forte, teve que ser polícia para tirar se não não tirava. Esse foi o fato pitoresco, mas também lamentável. Uma coisa que me chateou muito, passei muitos anos depois daquilo lá sem conversar com ele porque ele vinha atrás e eu não sou de fazer isso, mas eu fiquei bem chateado com a situação, que eu dizia, quem é de beber, bebe duas horas antes, quem é de bebida bebe, mas falaram para mim que ele trouxe o negócio e ficava perto da antiga rodoviária usando as coisas e enganou, pos a fantasia e teve que tirar a fantasia da avenida porque tiraram a camisa dele a polícia para levar ele detido. É uma coisa bem bizarra, mas aconteceu comigo isso.
00:51:47
P/1 - Ivanil você foi, já participou de algum grande desfile de escola de samba no Rio, em São Paulo, foi no sambódromo?
R - Em São Paulo eu participei da Peruche e Leandro de Itaquera. Inclusive a Peruche, o atual presidente é meu amigo, um amigão, vem para Barra Bonita, o pai fica na minha casa, meu amigo, e no Rio de Janeiro eu desfilei duas vezes na Escola de Samba Mangueira e a minha família inteira do Rio de Janeiro, parte da minha mãe é tudo envolvido lá na comunidade da Estação Primeira de Mangueira, mas eu não tenho, sinceramente fui, participei, mas eu não troco, Barra Bonita, Jaú, Bauru, Bauru, Leonor para cuidar da bateria da Vila Falcão lá, mas eu não troco o carnaval, lógico, vou falar do carnaval de São Paulo, do Rio de Janeiro é outra coisa, espetáculo, eles vivem disso, é uma fábrica do carnaval, eles vivem disso, mas eu não troco nada disso pela cidade, pela região nossa. Eu acho que a gente tem muito conteúdo não é só o carnaval, a gente tem muita coisa boa a mostrar da nossa região, eu não trocaria, não troco mesmo, tive oportunidade, mas já tive oportunidade de receber convite para ir fazer parte de escola de samba de São Paulo de segundo escalão, para ser o diretor de bateria, mas eu nem dei a resposta. Foi uma proposta que é legal, vinham me buscar na cidade, me levava, me dava um local para ficar com a minha família, eu só ia final de semana para os ensaios, mas eu não, nunca mexeu comigo isso aí não, eu gosto assim.
00:54:16
P/2 - Como é o carnaval de Barra Bonita?
R - O carnaval de Barra Bonita é povo, é uma coisa que é tudo família, você vê aquela família inteira descendo para avenida que é da sua família, é uma coisa gostosa. Você vê a família com criança, vózinhas, tio, vovô, tudo e não tem problema nenhum, eles podem ficar à vontade porque não tem problema, uma cidade super tranquila, super calma. Então eu não troco. Adoro São Paulo, sou sambista, eu vou sempre a São Paulo no Pacaembu, vou assistir o jogo do Santos, vou sempre para a Vila Belmiro, mas eu não troco essa tranquilidade do interior, não vale a pena por essa loucura de São Paulo, ainda mais o carnaval. É muita coisa porque é tanto dinheiro que rola que tem muita sujeira, e eu não sou preparado, ter cabeça para se envolver com essa sujeirada não, eu sei muita coisa que acontece, e olha que eu estou longe, então eu prefiro o arroz com feijão aqui do interior que é noturno, você põe a cabeça lá no travesseiro pode dormir tranquilo, você pode parar o carro na na esquina que não vai ter problema de te roubar, pode parar no seu ônibus não vai ter, você pode ir para o parque que nego não vai te assaltar, então tudo isso e hoje mais ainda depois dessa pandemia a coisa está brava mais ainda, então não troco porque uma, meu meio de vida já me aposentei e continua trabalhando, meu meio de vida é ser um servidor público foi aí que eu consegui, metade eu estive fazendo em navegação e metade do óleo curto, me aposentei, continuo trabalhando, tenho cargo de confiança, vi vários prefeitos que passou não é eu que vou pedir, não peço nada assim para mim pessoalmente eles que oferecem, eles que vê a capacidade que a gente tem, e principalmente uma coisa a honestidade, então eu não vou pedir nada, os cara que põe, se chegar falar você mudou de cargo, você não vai ficar com seu cargo, se não vai ter mais essa...para mim não tem problema, mas todos prefeitos que entram na cidade são meus amigos, é que a gente joga limpo, a gente tem bom caráter, e agora que nem você falou no carnaval de São Paulo é muita coisa debaixo do tapete, no Rio é pior ainda, é uma lavagem de dinheiro, aquele morro quando desce escola de samba é só lavagem de dinheiro, lavam um dinheiro danado nas escolas de samba. Isso não é para mim.
00:57:33
P/1 - Ivanil, qual foi a história mais legal de um carnaval de Barra Bonita?
R - A mais legal foi em oitenta e nove, oitenta e oito, o último carnaval do antigo prefeito Doutor Vânio Carlos, foi um ótimo carnaval, tinham duas escolas de samba da cidade, ele trouxe uma escola de samba de São Paulo, acho que a Vai Vai de São Paulo, todo mundo, “a Vai e Vai de São Paulo vai trazer muita gente”, trouxe muita gente. Acabou, as duas escolas de samba passaram, lotado, muita gente na avenida, tinha arquibancada, tinha tudo e passou a Vai Vai tudo bem. Enquanto a Vai Vai estava desfilando na cidade é uma história. Eles trouxeram lá naquele tempo. Eles trouxeram um monte de gente que vem acompanhando ele, ficaram pela cidade aprontando, a ideia começou a chegar em casa, em Igaraçu, e o córtex, as portas, as janelas, tudo estourada e chamaram a polícia, a polícia foi, sou macaco velho só pode ser, foram pra tudo que é lado, foi no ônibus da Vai e Vai, o que tinha de televisão, bicicleta de tudo tinha nos porta-malas que são grande, e os cara que a escola desfilou lá a bateria, uma coisinha, e o resto que veio com eles ficaram aprontando na cidade. Nossa foi todo mundo parar na delegacia porque foi o ano que marcou, foi o ano grande, carnaval lotado, muita gente, mas foi um ano que marcou mais ainda para os meninos que
aprontou aí, acho que oito ônibus cheio de material embaixo no porta-malas que os cara tinha pegado na cidade aqui. É uma coisa marcante, o lado bom que foi uma festa fantástica que o prefeito ia sair, ia passar para outro, e pitoresca por causa dessas coisas aí que os caras aprontaram. O presidente da equipe da Vai-Vai veio de São Paulo com advogado para soltar um monte de gente, o que não deu para soltar ficou preso.
01:00:42
P/1 - E no carnaval o que você mais gosta de fazer? Qual a parte assim que mais te emociona?
R - Como eu estou ligado diretamente com a bateria é a bateria. Fico em uma coisa lá em cima fica bem agitado. Sou um cara que me dedico vinte e quatro horas a isso, então tem uma ansiedade muito grande. Eu sou perfeccionista. Enquanto não estiver certo, enquanto não estiver eu não desisto, mas a bateria é a alma do carnaval, e é gostoso depois que você vê o povo, “nossa, quando vocês passaram a minha perna tremia com aquele negócio gostoso”, então isso é um grande prêmio. Para o carnaval da Barra já está convidada você, o melhor dos melhores do estado de São Paulo que você pode ter certeza
01:01:55
P/1 - E qual foi a coisa mais triste que aconteceu no carnaval para você?
R - No carnaval a coisa mais triste foi que eu estava na avenida e eu perdi minha irmã. Ela faleceu, estava internada, eu estava na avenida e chegou o cara no meu ouvido e falou, sua irmã acabou de falecer e agora. Eu não sabia se eu saía, parava, colocava outro no meu lugar aí ele falou, “você vai ficar aí”, ele era fortão, “se não vou rachar você no meio, ela sabe que você está aqui, ela está feliz, depois você vai para lá, porque se você largar
a bateria vai morrer”. Eu ia por outro, mas ele falou, “não, você vai ficar aí, eu te espero lá no fim, você pega, eu te levo”. Muito triste que ela todo ano ela sambava na escola de samba, de baiana, isso me marcou muito. Iraci Marques de Paula, minha irmã, querida que com certeza está lá com papai do céu, faleceu no dia do carnaval, dia mais triste para mim. Porque minha mãe faleceu em um dia de Natal, mas minha mãe já esperava que estava doentinha coitada, mas nunca a gente espera quando, nunca a gente aceita, quando morre um ente querido da gente. Agora a minha irmã estava normal, deu um AVC nela e foi rapidinho, Deus quis levar ela também.
01:03:30
P/1 - Que idade ela tinha?
R - Eu fiz setenta e dois anos, então ela morreu com cinquenta e cinco anos, nova, que ela era mais nova que eu, nova, acho que não era nem cinquenta e cinco, cinquenta e três, cinquenta e quatro anos, era mais ou menos isso.
01:04:02
P/1 - Muita gente da sua família pegou covid?
R - Da minha família só eu e minha irmã Irani, mas eu peguei bem, porque eu já tinha tomado a primeira dose, peguei bem, eu só fui perceber depois que eu fui fazer o teste, de bobeira eu fiz um teste, aí o cara falou, “você está sintomático”, falei, mas eu tomei vacina. Ele, “não, você faz”. Fui no postinho aqui da cidade fiz, fiquei uns dez dias em casa tomando coisa, mas eu fiquei bem preocupado que eu sou pré-diabético, então fiquei bem preocupado, mas graças a Deus não fiquei com sequela nenhuma, estou de boa, mas eu tenho que tomar a segunda dose ainda e eu vou tomar por esses dias.
01:05:11
P/1 - E qual foi a história mais engraçada que aconteceu durante um carnaval?
R - Foi o dia em que eu fui obrigado pela minha mãe, minha mãe era viva ainda. Tinha um bloco aqui que chamava O Circo, e tinha outro bloco, Casados e Solteiros, e tinha o de futebol também Casados e Solteiros. Quando o bloco Casados e Solteiros está arrecadando dinheiro, entregando alimento para pagar entidade, as mulheres vão sair de homem e os homens vão ter que sair de mulher, e eu tive que sair. Ela fez eu sair, eu tive que sair. Eu ia até fazer as fotos, mas a minha mulher falou assim, “não, você não vai levar isso aqui”, olha eu fiquei uns quatro meses aguentando a garotada na minha cabeça, e aqui no interior tem muito disso, todo mundo é amigo de todo mundo, então a zoação é, e eu tive de ficar, aguentar a garotada zoar, e eu de vestido de mulher, biruta, fato mais assim. Bateria é muito séria, uma coisa muito séria, eu sou muito focado, então não dá tempo, mas quando está lá nos ensaios eu sou muito focado, brinco no intervalo, dou uma tirada de sarro, volto, mas apliquei para começar os ensaios, tentar passar alguma coisa para eles, eu me transformo, tenho certeza que eles devem falar, (como esse cara é chato), mas não é, tem que ser, você não vai tocar lá depois, a cidade nossa tem quarenta e cinco mil habitantes, e a gente toca com mais da metade da cidade porque não é só a cidade que vem aqui, vem nego da religião inteira, chega a dar sessenta a setenta mil pessoas lá no carnaval de Barra Bonita. Então é muita gente e eu sou nossa, coisa que eu tenho é dar alguma coisa, a bateria parar de tocar, o povo começar a zoar, tirar sarro. Então eu sou muito perfeccionista. Tem que ser perfeito. Perfeito é quase impossível ser, só Deus é, mas eu corro atrás. Sou bem chato nessa parte de cobrar. Não falo palavrão, não falo nada, para cobrar responsabilidade, você tem que ser responsável, você tem que fazer, você errou, vamos fazer de novo. Tem TOC, a gente chama toques, toque de tamborim, toque de repinique eu faço dar entrada dez, quinze, vinte vezes. Eu, faz de novo, faz de novo até eu falar não, agora você não está errando, agora isso está perfeito é isso que eu quero, por isso que a bateria, falando Bateria Nota Dez, Bateria Show, sendo em uma cidade pequena tinha uma responsabilidade, olha que a gente toca em réveillon,toca em um monte de lugar,
é bem querida pela região inteira do centro-oeste, Bauru tem escola de samba grande que é maior que Barra Bonita, mas eles preferem, bastante bauruense vir para Barra Bonita para assistir porque a gente procura fazer uma batida no carnaval de Barra Bonita, a batida de escola de samba. A gente não usa nem a batida de São Paulo, não usa, a gente não toca porque o andamento, o aprendizado aqui foi de coisa do Rio de Janeiro. A gente usa batida, a gente procurar fazer, passar para eles a batida do carnaval do Rio de Janeiro. Então, é uma coisa que dá suingue, dá samba, e tremer assim mesmo. Quem gosta de samba, quem gosta de carnaval, quando vê a bateria passar com aquele barulhão, aquela coisa gostosa, principalmente no ouvido, não fica quieto, tem que se mexer. São coisas humilde, mas você pode ter certeza que são coisas valiosas para o ser humano, valiosa para o povo, e a gente já tocou aí para mais de um milhão de pessoas, isso para nós é o maior prêmio que eu já tive na vida, saber disso que a gente já trocou com mais de um milhão de pessoas, e bem poucas críticas, lógico que perfeito como pode ser só Deus, se não tiver os contra nunca a gente vai melhorar, se estiver todo mundo a favor a gente vai começar a vim aquele relaxo, começa a relaxar, então tem que ter os pontos, mas são graças a Deus é o mínimo possível, quase eu nem vejo, eu só vejo coisas boas nas redes sociais, na rua que você passa, das lágrimas, YouTube da vida está tudo certo, está tudo ótimo. São histórias simples, humilde, uma história verdadeira, uma história que a gente criou, fez e continua fazendo com muito amor.
01:11:33
P/1 - O que seria do Ivanil sem o carnaval?
R - O que seria do Ivanil sem o carnaval! Estaria igual estava na pandemia, em casa, comendo um monte de pão, de tudo, de coisa, de televisão no quarto, na sala dia e noite, indo para trabalhar, eu fiquei afastado seis meses por causa da pandemia, tive que ficar afastado seis meses por causa da pandemia. Agora se não tem a pandemia estaria com a família, meu filho, minha filha, meu genro, ia para os shoppings da região aqui, passeando muito com a minha mulher, não seria triste não, seria a felicidade ia virar para o outro lado, como eu já estou, como Deus me deu essa chance de ser querido dos dois lados, o carnaval ia me fazer falta, eu conhecer o carnaval e de repente para tudo, eu acho que ia mexer, ia balançar muito, ia dar uma, mas Deus não faz isso para mim não, Deus sabe que eu sou um menino do bem.
01:12:49
P/1 - E se não houvesse música o que seria do Ivanil?
R - Se não existisse música eu não vou falar só do Ivanil não, eu acho que o mundo seria mais triste do que já é, que tem tanta coisa linda, tem tanta música linda, MPB, aquelas músicas dos anos oitenta, se não existisse música de jeito nenhum, olha, eu vou falar uma coisa para você, não ia valer a pena ficar nesse mundo aqui mais não, no dia a dia é carregado, você sem ouvir uma música, uma bela música, tem bastante porcariada, os tanque da vida, mas as coisas boa, anos oitenta, noventa, sessenta, os MPB da vida.
01:13:48
P/1 - Ivanil, tem alguma história que você não contou que você gostaria de contar?
R - Eu fiz uma pegada de tudo que eu passei na vida, tem coisa que eu falo, eu aprendi de falar, esse aí do racismo eu falei porque nego me cobra muito, “você nunca fala, você é um cara líder”, e eu não gosto nem de contar muito essa história minha, pessoal, com a família da minha esposa, mas eu acho que era o momento de falar alguma coisa, porque os caras me cobraram,
eu não fui nem o evento que eu podia ir, que eles tocaram, eu não fui, fiquei em casa, estou com a boca cheia de ponto. Esse lado aqui corta e dá umas coisas, eu não fui nem lá porque eu penso diferente, mas eu quis falar porque eu sempre senti na pele. É uma coisa que eu sinto na pele, mas o resto está tudo certo pra mim. Felicidade é ver os outros bem.
01:15:08
P/1 - Quais são as coisas mais importantes para você hoje?
R - Hoje, meu serviço logicamente, primeiramente é Deus, depois é minha esposa, depois o meu serviço e junto com a minha esposa eu ponho meus dois filhos que é um casal, uma menina casada e o menino de quinze anos. Então isso é a coisa mais importante para mim. Fora o meu projeto que eu amo de paixão, e gozado, não é meu projeto, é o projeto que eu tenho as pessoas que são meus parceiros, eu não posso esquecer de falar isso, tem a dona Carmen Regina, tem o marido dela o Marçal, tem o cunhado dela o Marcos, tem o Branco ele é branco mesmo, tem o Dodô, a Natália, tem Vaniela que é minha filha, e tenho mais ou menos, a bateria tem cento e poucos componentes, cento e dez. Eu tenho vinte que estão dentro do projeto vinte e quatro horas. Esses são vinte e quatro horas dentro do projeto, que eu ligo, o que eu peço, eles vão e faz sem reclamar, tem vezes que não dá para eu fazer, então faz sem reclamar, ninguém ganha nada, nós não ganhamos nada, a gente põe do bolso alguma coisa, mas a gente é feliz. Tem a dona Cláudia que é meu braço direito, a minha filha eu pus de presidente para cuidar da documentação, presidente da bateria, dona Cláudia secretária, e ela faz, tudo que ela faz eu nem falo nada, perfeito, uma mulher mãe, decente, honesta, trabalha pra caramba e chega final de semana e durante a semana também ela vai pelo telefone e vai fazendo as coisas para fazer. Então isso não tem preço, não tem coisa que pague. Isso a gente é grato pelo resto da vida. Consegui fazer um grupo, uma turma de pessoas amigas, e que procura o bem estar das pessoas porque a gente toca em asilo, toca em andorinhas, toca em escola as coisas para arrecadar alimento para essa turma, isso não tem preço não tem nada, a gente é fica feliz pra caramba.
01:18:02
P/1 - Você falou o nome do projeto?
R - O projeto é Bateria Nota Dez. Nesse projeto, Bateria Nota Dez não é só a bateria. A gente tem um monte de coisa, a gente tem muitos afazeres, gente faz tudo para dar condições da bateria. Então a gente faz muita caridade dentro do projeto da bateria, não é só a bateria, tem muita coisa, e eles correm atrás, está precisando então a gente sabe que precisando de uma cesta básica lá não sei onde, eles correm atrás pedindo para o mérito, faz vaquinha, faz as coisas para dar a cesta para pessoa que a gente talvez nem conheça, a gente só ficou sabendo que ela está precisando de uma cesta básica, um leite para criança, essa é a felicidade da gente e agora a gente está se transformando em escola de samba, vai chamar Escola de Samba Vale do Tietê - Grêmio Recreativo Escola de Samba Vale do Tietê, porque aqui na nossa região no caso do Rio Tietê é um vale, Vale Tietê, então a gente pôs para pegar tudo, para pegar a região inteira, então Escola de Samba Vale do Tietê, que era para vir esse ano, o ano que vem, mas por causa da pandemia a gente vai deixar para dois mil e vinte e três, a documentação estar toda em ordem, e a gente vem, que esse ano ainda a gente vem se for ter o carnaval também, mas a gente também não reclama se não tiver não, a gente quer ver o povo com saúde, se for ter o carnaval a gente vai como Bateria Nota Dez. Tem uma reunião agendada com o diretor de turismo e cultura, mas a gente está segurando, marcou, desmarcou, que a gente está esperando o prefeito tomar uma posição que pode ser cautelar ou não vai depender dele. Como é uma cidade turística e ficou muito tempo fechado, os comerciantes, os cara que vivem de turismo estão todos apreensivos, então não sei o que vai rolar, mas a gente já está se preparando para começar os ensaios em janeiro.
01:20:33
P/1 - E quais são os seus sonhos hoje?
R - Acho que o principal eu já consegui, dois filhos, uma mulher que me ama, minha parceira, minha amiga, tenho amigos, tenho um monte graças a Deus, que eu respeito e que me respeita. Eu queria o mundo mais humano, muito mais humano, e ver as pessoas olhar para outras sem interesse, olhar por olhar, ajudar por ajudar, mas sem interesse, sem terceiras intenções. Então, isso seria perfeito para mim, seria muito mais feliz com o ser humano se respeitasse, mas hoje é difícil acontecer. Hoje é tudo interesse, tudo igual.
01:21:38
P/1 - E como foi para você contar a sua história aqui hoje?
R - Contar a história aqui para vocês, primeiramente é surpresa para mim que eu participei. Eu tenho uma rádio na web, rádio Total Mix que eu faço um programa de samba sábado agora, também estou envolvido na Bateria Nota Dez que é para divulgar as coisas da bateria, então eu tenho um programa, falar para a turma baixar no Play Store o aplicativo da rádio Total Mix, super legal. Foi legal, eu nunca esperava isso, não sou muito de falar das minhas coisas pra ninguém não. Agradeço a todos os envolvidos. Você é uma pessoa, é uma mulher que dá pra ver, simpática, sorridente, o menino aí é um cara do bem, dá para ver, o cara dá para ser amigo, você dá para ser amiga, e eu fico muito agradecido, gratidão a gente leva no coração internamente quem está envolvido nisso aí, parabéns para vocês pelo projeto, pela oportunidade e conte comigo sempre, venha para Barra Bonita visitar a gente você vai ver que aqui é muito bom, e valeu te conhecer, pode ter certeza, abrangeu mais um amigo de coração, que aqui no interior é assim interior a gente é amigo mesmo e conte sempre comigo para qualquer coisa. Na minha ficha tem o número de telefone as coisas, se precisar de qualquer coisa a gente corre atrás para vocês e estou feliz. Não gosto de falar muito dessas coisas minhas não viu, vocês conseguiram, sou muito de falar não essas coisas, eu gosto de dar risada, falar de samba, de Martinho da Vila, mas assim, ir lá para trás, lembrar, falar essa coisa aqui, veio a curva que falou um dia, mas eu fiquei feliz, fiquei feliz mesmo, agradeço as meninas aqui são todas as amigas, eu não conhecia a Nair você viu, não conhecia ela, conheço a diretora daqui que toca na Bateria, mas eu conhecia a Nair, a Mariceia eu conheço de vista, não tenho contato, pessoas do bem, eu sei que são pessoas do bem, mas eu não conhecia não, eu fiquei até surpreso quando a Nair ligou, tentou várias vezes falar comigo, eu estou difícil responder, depois que a diretora, falei com a minha amiga italianinha, falou, vai lá não custa nada.
01:25:03
P/1 - Está bom Ivanil, queria te agradecer muito pela participação, muito obrigada por ter vindo em uma noite dar o seu depoimento. Obrigada
R - Conta comigo sempre, eu sou uma pessoa simples, humilde, mas eu sou pode ter certeza quando o meu coração pega e admira essas pessoas, eu sou assim, você pode ter certeza que vocês passaram a partir de hoje ter mais um amigo na vida de vocês, conte sempre comigo, sempre. É uma história que eu não sei se vai valer muito para vocês, mas é isso aí, eu sou isso. Quando eu gosto eu gosto mesmo quando, se eu não gosto também não sou daqueles que vai ficar obrigado no meio não, eu sou daqueles que se eu não gosto tem a esquina do lado lá eu vou para o lado de cá, não vou ficar mexendo com ninguém não, e vocês dá para ver que são pessoas muito do bem. Essa hora estava quase me preparando para assistir o jogo de futebol, mas vir aqui trocar umas ideias legais com vocês, se valeu de alguma coisa eu fico agradecido. Vamos embora para frente que a vida continua, o jogo da vida é complicado.Recolher