Projeto Memória das Comunidades de Paracatu
Entrevista de Aparecida Campos Maciel
Entrevistada por Nataniel Torres
Paracatu, 10 de setembro de 2022
PCSH_HV1300
Revisado por Nataniel Torres
P - Qual o seu nome completo, qual sua data de nascimento e o local que a senhora nasceu?
R - Aparecida Campos Maciel, dia 20/07/1952. Nasci em Santa Rita.
P/1 - Aqui em Paracatu?
R - Santa Rita, Paracatu.
P/1 - Te contaram como foi no dia do seu nascimento?
R - Eu nasci aqui na roça. Foi na roça que eu nasci.
P/1 - Mas foi por parteira?
R - Foi!
P/1 - Mas falaram como foi esse dia?
R - Falou que eu nasci, a parteira que fez o meu parto, foi até que fez o parto da minha mãe, chamada Juliana.
P/1 - Ela fez o parto da sua mãe e fez o seu parto depois?
R - Não, não, eu que errei!
P/1 - O seu parto, nascimento?
R - É! Juliana.
P/1 - E aí foi lá no lugar que vocês moravam antes?
R - Foi!
P/1 - E vocês moravam onde antes? Nessa época que a sua mãe te teve?
R - Logo lá perto de Ildeu. Pertinho de Ildeu.
P/1 - Lá próximo de onde hoje é a igreja Santa Rita?
R - Não! Por baixo, é perto de Ildeu mesmo, ali pertinho dele.
P/1 - E chegaram a explicar para senhora porque te deram o nome de Aparecida?
R - Uai! É porque minha mãe tinha muita fé com Nossa Senhora da Aparecida, aí ela pois o meu nome de Aparecida.
P/1 - Qual o nome da sua mãe?
R - Florinda Alves Campos.
P/1 - A sua mãe era da Comunidade?
R - Da comunidade também
P/1 - Ela nasceu na Santa Rita?
R - Nasceu se criou na Santa Rita.
P/1 - E os seus avós por parte de mãe?
R - O nome?
P/1 - O nome e se eles nasceram também na comunidade?
R - Era João Alves Campos e Selrinha Vieira de Faria.
P/1 - E a senhora chegou a conhecer os dois?
R - Não! Não conheci.
P/1 - Mas eles já eram da comunidade também?
R - Eram da Comunidade, quando eu nasci eles já eram falecidos.
P/1 - E a sua mãe fazia o quê na comunidade? Com o que ela trabalhava?
R - Rural também, ela...
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Entrevista de Aparecida Campos Maciel
Entrevistada por Nataniel Torres
Paracatu, 10 de setembro de 2022
PCSH_HV1300
Revisado por Nataniel Torres
P - Qual o seu nome completo, qual sua data de nascimento e o local que a senhora nasceu?
R - Aparecida Campos Maciel, dia 20/07/1952. Nasci em Santa Rita.
P/1 - Aqui em Paracatu?
R - Santa Rita, Paracatu.
P/1 - Te contaram como foi no dia do seu nascimento?
R - Eu nasci aqui na roça. Foi na roça que eu nasci.
P/1 - Mas foi por parteira?
R - Foi!
P/1 - Mas falaram como foi esse dia?
R - Falou que eu nasci, a parteira que fez o meu parto, foi até que fez o parto da minha mãe, chamada Juliana.
P/1 - Ela fez o parto da sua mãe e fez o seu parto depois?
R - Não, não, eu que errei!
P/1 - O seu parto, nascimento?
R - É! Juliana.
P/1 - E aí foi lá no lugar que vocês moravam antes?
R - Foi!
P/1 - E vocês moravam onde antes? Nessa época que a sua mãe te teve?
R - Logo lá perto de Ildeu. Pertinho de Ildeu.
P/1 - Lá próximo de onde hoje é a igreja Santa Rita?
R - Não! Por baixo, é perto de Ildeu mesmo, ali pertinho dele.
P/1 - E chegaram a explicar para senhora porque te deram o nome de Aparecida?
R - Uai! É porque minha mãe tinha muita fé com Nossa Senhora da Aparecida, aí ela pois o meu nome de Aparecida.
P/1 - Qual o nome da sua mãe?
R - Florinda Alves Campos.
P/1 - A sua mãe era da Comunidade?
R - Da comunidade também
P/1 - Ela nasceu na Santa Rita?
R - Nasceu se criou na Santa Rita.
P/1 - E os seus avós por parte de mãe?
R - O nome?
P/1 - O nome e se eles nasceram também na comunidade?
R - Era João Alves Campos e Selrinha Vieira de Faria.
P/1 - E a senhora chegou a conhecer os dois?
R - Não! Não conheci.
P/1 - Mas eles já eram da comunidade também?
R - Eram da Comunidade, quando eu nasci eles já eram falecidos.
P/1 - E a sua mãe fazia o quê na comunidade? Com o que ela trabalhava?
R - Rural também, ela trabalhava para fora, eles plantavam roça, aí ela trabalhava, ela capinava, ela pegava mandioca para ralar no ralo, foi desse tipo.
P/1 - Vocês trabalhavam com roça de quê?
R - Uai! Trabalhava…. Eu cresci, com a idade de 5 anos eu já trabalhava na roça também. Plantava de tudo, de tudo, milho, arroz, mandioca, essas coisas tudo. Amendoim, tudo plantava.
P/1 - Qual o nome do seu pai?
R - Eu sou filha natural.
P/1 - A senhora não chegou a conhecer nada que era da família do seu pai, nada?
R - Não, conheço, conheço, mas não tenho assim, foi criado longe, né! Aí eu só tinha um irmão que praticamente ele que me criou, eu fui criada com ele, minha mãe e o meu tio.
P/1 - Nessa época da infância que a senhora falou que já começou a trabalhar?
R - Com 5 anos. Eu fui para escola, eu tinha 8 anos, quando eu entrei na escola.
P/1 - Mas aí era escola de onde?
R - Aqui de Santa Rita também.
P/1 - Era o grupo do Santa Rita?
R - Do Santa Rita, pertinho da igreja.
P/1 - E como é que era a escola nessa época?
R - Uai! Era muito boa, a escola chamava Angélica Fonseca Pinto, eu estudei até a terceira série aí, fui para Lagoa e estudei a quarta série.
P/1 - Nessa época que a senhora estudava na escola da Dona Angélica, como é que era a escola?
R - Uai! Era boa, era uma escola simples, da roça, simples, mas era boa.
P/1 - Mas tinha sala de aula?
R - Tinha a sala, tinha sala, tinha muitos alunos. Esses alunos aqui, esse pessoal, Ildeu, tudo estudou lá, tudo foi meu colega de escola.
P/1 - E vocês tinham vários professores?
R - Não, era só a Angélica. Depois ela ficou velhinha, aí passou para filha dela, Maria Luiza.
P/1 - E ela dava aula do que, de que matéria?
R - Todas as matérias, português, matemática, ciências, história, geografia, dava todas. Era uma professora só.
P/1 - E você gostava?
R - Gostava!
P/1 - O que você mais gostava nessa época?
R - Matemática.
P/1 - Você era boa em matemática?
R - Boa! O meu sonho era estudar para professora de matemática, mas o meu tio não deixou, eu ir para a cidade estudar.
P/1 - Mas a tabuada, essas coisas, você ia bem?
R - Vixe, ia! Eu gostava de matemática, até hoje!
P/1 - E como é que era a educação nessa época? Ela dava aula de tudo, né?
R - Dava! Dava de religião, igual, ela mesmo deu a aula para gente fazer a primeira comunhão, ela que deu, as aulas de religião.
P/1 - Então além das matérias ela dava aula de religião?
R - Dava de religião.
P/1 - Em matemática você ia bem. E quando errava, o que acontecia?
R - Era muito difícil eu errar matemática.
P/1 - E quando alguém errava, o que acontecia?
R - Ela era brava. Nessa época professora era muito brava, tinha palmatória, tinha tudo.
P/1 - Mas você nunca levou ?
R - Não, não, não! Nunca levei! Agora português eu não gostava muito não.
P/1 - E aí, como é que era as aulas de português?
R - As aulas de português eu não ia bem não.
P/1 - Mas aconteceu de tomar palmatória, por causa das aulas de português?
R - Não, não. A palmatória era só quando pintava, quando os meninos pintava, que era muito pinta antigamente.
P/1 - Mas você não era?
R - Não, não, não!
P/1 - E depois você foi estudar na Lagoa.
R - Fui estudar na Lagoa.
P/1 - E como é que foi na Lagoa?
R - Vixe, na Lagoa que foi…. Eu morava ali perto da casa de Ideu, nós saía 5 horas da manhã, ia para escola da Lagoa, saia 11 horas, chegava aqui era uma hora da tarde. Aí era só o tempo de almoçar, pegar a vasilha de merenda e ir para a roça, ficava lá até de tardinha, trabalhando, quebrando milho, arrancando feijão, essas coisas e voltava. Ia socar arroz, torrar café, socar no pilão, para ficar para outro dia, para minha mãe fazer o almoço.
P/1 - E você ia para a escola de novo?
R - De novo!
P/1 - Seguia essa rotina?
R - Essa rotina.
P/1 - Como vocês iam para a escola?
R - De a pé!
P/1 - Daqui de Santa Rita a pé até a Lagoa?
R - De a pé! Duro era para voltar, com sol quente.
P/1 - Porque vocês saiam de manhã e na hora de volar era….
R - Saía de lá às 11 horas, nós chegava aqui era 1 hora da tarde.
P/1 - E era todo dia a pé?
R - Todo dia, todo dia de a pé.
P/1 - E trabalhando também?
R - E trabalhando, trabalhando. Chegava ia trabalhar, tanto faz eu como as meninas, que foi a irmã de Ildeu, que ia também, chegava tinha que trabalhar também.
P/1 - E aí acabava ajudando em casa nesse trabalho toda da roça?
R - É! Porque antigamente a gente socava arroz, torrava café, socava no pilão, era coisa desse tipo.
P/1 - Mas vocês produziam café aqui também, ou não?
R - Não, comprava o café em grão, para torrar.
P/1 - Mas aí, compra de onde?
R - Comprava na cidade.
P/1 - O que vocês produziram, vocês produziram para vocês comerem, para vocês viverem ou vocês vendiam também?
R - Vendia também! O que sobrasse vendia. Tirava da despesa e vendia.
P/1 - Mas aí como é que fazia para vender na época?
R - Era difícil! Levava era em garupa de cavalo para a cidade. Aí depois, passado muito tempo, surgiu a carroça. Aqui não tinha carro, era carroça, muito tempo que surgiu o carro.
P/1 - E quando o pessoal ia levar para Paracatu, ia levar de cavalo?
R - De cavalo, de garupa, cargueiro.
P/1 - E tinha alguém que fazia esse trabalho de levar para lá para vocês?
R - Tinha, tinha.
P/1 - Da família de vocês tinha?
R - Tinha, igual eu tinha meu tio, meu irmão que morava junto.
P/1 - Eles levavam para vender?
R - Eles levavam para vender.
P/1 - E aí quando vendia, como é que fazia?
R - Comprava as coisas. Comprava coisas. A gente comprava roupa, comprava essas coisas..
P/1 - Que eram as coisas que não eram produzidas aqui na comunidade?
R - É!
P/1 - E era assim que vocês viviam?
R - Viveu assim.
P/1 - E a comunidade como é que era nessa época? Tinha pouca família, tinha muita, como é que era?
R - Tinha muita família.
P/1 - E como é que era o relacionamento dessas famílias?
R - Tinha muita família, era tudo amigo, eu lembro, quando as pessoas montavam roça, que ficava muito apertado, os outros davam treição, fazia mutirão, dava treição nas pessoas. Trabalhava durante o dia, quando era a noite ia farrear, ia dançar, era desse tipo.
P/1 - Como é que era o mutirão?
R - O mutirão era assim, aí convidada o pessoal, muita gente, aí chegava de manhãzinha, lá na casa das pessoas, e ia trabalhar, durante o dia, trabalhava. Aí o dono do serviço dava o almoço, dava tudo, dava lanche da tarde, e eles trabalhavam o dia todo.
P/1 - Mas como vocês sabiam quem precisava do mutirão?
R - Uai, sabia, o pessoal sabia quem tava apertado, às vezes a roça tava no mato, aí juntava os amigos tudo e ia fazer o mutirão.
P/1 - E a noite?
R - A noite ia dançar, ia fazer a farra, o forrozão, à noite.
P/1 - Quem oferecia era o dono da casa que era o que estava recebendo o mutirão.
R - É, que fazia, era o dono da casa.
P/1 - Ele que montava a festa?
R - Ele fazia a festa.
P/1 - E aí tinha comes e bebes?
R - Tinha comes e bebes.
P/1 - E como é que montava isso?
R - Era rapidinho! Comprava as coisas.
P/1 - Que tipo de coisas?
R - A treição era assim, o dono do serviço não ficava sabendo, era escondido, era silêncio. Aí quando dava meia noite, chegava a turma na casa da pessoa, a pessoa já estava dormindo, aí chegava soltando foguete, tocando sanfona, cantando. Aí o dono levantava, aí no outro dia cedo, matava porco, ia comprar as coisas para fazer o almoço, aí era aquela farra, era bom demais esse tempo passado. Hoje em dia, esses meninos, ninguém conhece. Nem esse menino meu aqui, que é o caçula, ele não sabia, ele nunca viu.
P/1 - Hoje o povo não faz mais mutirão?
R - Não faz mais.
P/1 - Treição, nada?
R - Não faz mais, hoje em dia acabou. E o pessoal daqui também, acabou muita gente, muitos morreram, muitos mudaram.
P/1 - A senhora tem irmãos?
R - Não! Eu tinha um irmão que ele morreu, com 32 anos, é esse que eu falo que eu morava com ele.
P/1 - Só tinha esse irmão?
R - É, agora tem os outros aí, que eu sou filha natural, tem esses outros aí, mas eles não tem assim aquele relacionamento comigo, aquela coisa, igual irmão não.
P/1 - E os amigos nessa época de infância, como é que era?
R - Vixe, era bom demais! Era bom! Eu lembro que nos domingos a gente juntava, ia brincar de casinha, de batizado de boneca, batizava boneca, era aquela farra toda, era bom demais aqui em Santa Rita.
P/1 - Porque além do trabalho e da escola, ainda tinha um tempinho para brincar?
R - Tinha, tinha no domingo, era domingo, era feriado, dia santo, todo mundo guardava o santo todinho.
P/1 - E como é que reunia essas crianças todas.
R - Reunia, marcava um lugar, reunia, juntava tudo, ia batizar boneca. Eu mesmo tenho comadre de boneca até hoje.
P/1 - E quando vocês eram crianças, vocês ouviram histórias? Os adultos se reuniam para contar histórias?
R - Falava! Esse negócio de assombração falava.
P/1 - Eles contavam essas histórias?
R - Contava.
P/1 - E como era isso?
R - Uai, eles diziam que aqui era muito assombrado, antes era muito assombrado, aparecia assombração, para os caminho de Lagoa, diz que via noiva pela estrada, eles contavam.
P/1 - O que você achava dessas histórias? Não ficava com medo?
R - Eu não! Nunca vi nada, só eles que contavam que tinha.
P/1 - Mas esse pessoal mais velho às vezes se reunia para conversar?
R - Reunia.
P/1 - E como era quando os adultos se reuniam para conversar?
R - A gente, criança, não ficava perto, eles não aceitavam.
P/1 - Eles só conversavam entre eles?
R - Conversava entre eles.
P/1 - E vocês não podiam ficar ouvindo?
R - Não, não, conversa de adulto não ouvia, a gente que era criança não ficava perto. Se ficasse, ai, ai.
P/1 - Como é que foi a época da Juventude?
R - Eu tinha umas amigas aqui no Santa Rita, com essas amigas que eu saía, passeava. Eu não saía longe, eu não ia em festa sem o meu irmão, eu não ia, que ele não deixava.
P/1 - Mas passear, por exemplo, vocês passeavam para onde?
R - Passeava no domingo, a gente ia para o engenho do padre, para as casas das pessoas, a gente ia.
P/1 - Essa época a senhora ainda estava trabalhando na roça?
R - Trabalhava, trabalhava na roça.
P/1 - Fazia o quê nessa época que era mais mocinha?
R - Fazendo de tudo da roça, até capinar eu capinava.
P/1 - Continuava nessa vida?
R - Nessa vida! Aí com 17 anos eu casei.
P/1 - E como foi que a senhora conheceu o esposo?
R - Uai, ele era daqui também, era daqui.
P/1 - Da comunidade?
R - Da comunidade.
P/1 - Mas a senhora já conhecia ele antes?
R - Conhecia, mas eu não tinha assim, aquela amizade com ele não.
P/1 - Mas como é que aconteceu isso? Foi algum lugar, como é que foi?
R - Foi isso! Nós ia para a escola da Lagoa, né. Aí um dia ele veio da cidade de carroça e pegou nós, e trouxe, alcançou nós na estrada e trouxe. E aí eu fiquei conversando, ele ficou conversando comigo, e daí nós começamos a namorar. Eu comecei a namorar dia 4 de dezembro de 68, quando foi 7 de março de 69, fiquei noiva, 20 de setembro de 69 casei, 10 meses.
P/1 - E como era essa coisa do namoro?
R - Vixi, era muito diferente. Era só de vista, conversava assim de vista, de dia. Sempre ele ia lá em casa, a gente conversava, não tinha negócio nem de sentar junto não.
P/1 - Era para visitar, mas ficava de longe?
R - De longe, de longe.
P/1 - Mas aí quando você foi casar ele pediu para o seu irmão?
R - Pediu, pediu.
P/1 - Ele conversou com seu irmão?
R - Pediu! Conversou!
P/1 - Ele se dava bem com ele?
R - Conversou com meu irmão, meu tio e minha mãe.
P/1 - E como é que foi essa conversa?
R - Uai, conversou, falou que ele queria pedir minha mão em casamento e tal. Já fiquei noiva já.
P/1 - E como foi a organização do casamento?
R - Foi almoço, eu lembro que foi um almoço. Eu casei no civil 8:30, 9 horas no Padre, aí viemos para cá. Aí teve o almoço, depois do almoço foi uma chuva, mas foi chuva mesmo, aí todo mundo teve que ir embora, que choveu demais. Aí eu morava pertinho de Ildeu, aí ele tinha feito a casa lá perto da mãe dele, ali no Pinheiro, aí nós fomos para lá, mudei pra lá, e lá vivi 41 anos.
P/1 - Logo depois do casamento já mudou lá para o Pinheiro?
R - Mudou, mudou.
P/1 - E foi quando a senhora ficou até….
R - 41 anos! Nós moramos lá, depois veio para cá, em 2011 nós mudamos para cá.
P/1 - A senhora casou aqui na comunidade ou casou lá em Paracatu?
R - Paracatu.
P/1 - Casou na igreja lá em Paracatu?
R - Na igreja, é!
P/1 - Aí veio para cá para essa festa que a senhora tá contando?
R - Veio para cá.
P/1 - Quando mudou lá para o Pinheiro, como foi esse primeiro momento da mudança?
R - Eu nem lembro mais como foi.
P/1 - Mas tem uma diferença?
R - Eu sei que para mim sair lá da casa da minha mãe, eu sei que eu passei pelo fundo, porque eu não aguentava passar pela frente, passei pelo fundo. Foi muito triste sair de lá, da casa da minha mãe, porque eu vivi muito tempo lá, né. Não foi fácil não.
P/1 - E como era a sua casa lá no Pinheiro?
R - Uai, era uma casa simples, humilde. Mas o pessoal dele gostava muito de mim, minha sogra, os irmãos dele, tinha muita coisa comigo. Aí eu tornei…. aí fiquei feliz!
P/1 - Porque lá a família dele morava próximo, é isso?
R - Morava, morava pertinho.
P/1 - Mas a senhora se dava bem com a família do seu esposo?
R - Dava bem, dava bem, minha sogra gostava, tinha muita coisa comigo. Eu gostava muito dela também.
P/1 - Seu esposo trabalhava com o que?
R - Era lavrador mesmo, serviço de roça mesmo.
P/1 - Mas aí vocês tinham a sua roça, ou ele trabalhava na roça de alguém.
R - Não! Ele trabalhava… isso daqui mesmo foi roça dele, onde nós mora, ele plantou muito aqui.
P/1 - E lá no Pinheiro também?
R - Lá no Pinheiro era pouquinho, só mesmo o quintal, que era pouco, era quatro hectares para quatro irmãos, era pouquinho.
P/1 - E lá o que ele plantava era para vocês, ou vocês vendiam também?
R - Não! Lá era para nós, era quintal. Era banana, laranja também tinha vezes que ele vendia, muita laranja, tinha muita laranja, muita banana.
P/1 - Mas quando ele trabalhava com agricultura ele trabalhava para fazendeiro, é isso? Ele trabalhava para outras pessoas de fora?
R - Ele trabalhava de meia, plantava de meia.
P/1 - E aí a senhora teve filhos?
R - Aí passou dois anos eu ganhei a menina mais velha, eu ganhei a primeira filha. E aí eu tive 9 filhos.
P/1 - Mas eles têm todos mais ou menos a mesma idade, foi um em seguida do outro?
R - A mais velha para o segundo foram 4 anos, aí dos outros foi de ano em ano. Esse aqui, porque eu tive um, já tinha 8 anos, que veio esse aqui, caçula.
P/1 - Ele é o que tem bastante diferença dos outros?
R - É, oito anos.
P/1 - Mas aí teve uma época lá na casa que tinha um monte de crianças?
R - Um monte.
P/1 - E como que era para trabalhar?
R - Criou tudo lá.
P/1 - E como era para lidar com esse monte de crianças, era uma bagunça?
R - Vixi! Não, os meninos eram até educados, era só de tarde, de tarde que…. hora de tomar banho era aquela barulheira, mas eles eram tranquilos.
P/1 - E a casa lá tinha luz elétrica quando vocês mudaram?
R - Não, não, não!
P/1 - E como é que foi?
R - Era lamparina, era a Lamparina. Luz elétrica, vixe, eu já tinha esse aqui que era o caçula.
P/1 - Então os outros filhos tudo…
R - Tudo lamparina.
P/1 - Como é que era rotina nessa época?
R - Era bom demais, era muito bom!
P/1 - Vocês acordavam que hora, como que era?
R - Cedo, 5 horas já tava tudo…. meu marido já estava de pé, aí eu levantava também, aí os meninos tudo levantava. Cresceu já foi para escola, já levantava de manhã para ir para a escola.
P/1 - E os meninos chegaram a ajudar vocês na roça também?
R - Ajudou!
P/1 - E como que era essa época que eles ajudavam também?
R - Ajudava! Aí depois surgiu a carpideira, para capinar a roça. Aí os meninos, um ia puxar o animal, o outro montar, montava, e os outros iam ajudando a capinar.
P/1 - Eles revezavam?
R - Rezavam, toda a vida, eles todos ajudaram.
P/1 - Ajudava o pai
R - Ajudava! Eles iam pra escola, chegava, ia trabalhar na roça.
P/1 - Essa época a senhora ficou distante da sua mãe, como que era, a senhora ia visitar?
R - Ia, eu ia! Ela ia, mas ela que ia. Ela ia lá para casa, ficava lá de 2, 3 dias.
P/1 - Mas era perto o lugar onde vocês estavam?
R - Pertinho, é perto!
P/1 - Aí vocês iam a pé?
R - A pé.
P/1 - E ai, o que aconteceu com a sua mãe depois?
R - Depois, ela morou… logo o meu irmão…. Porque eu casei primeiro que ele, depois ele casou, ele viveu 11 meses, ele faleceu, ele tinha problema sério de coração, não chegou nem um ano de casado. Aí faleceu, aí ela ficou sozinha. Aí depois passou bem tempo, ela deu AVC e faleceu também. Ela faleceu em 98.
P/1 - E nessa época que ele teve o AVC ela faleceu logo, ou ela ficou um tempo ainda?
R - Viveu 13 dias.
P/1 - E como fazia para cuidar dela nessa época?
R - Ela foi para o hospital…. Não, antes dela ter o AVC, ela era boa, ela morreu com 76 anos, ela era tranquila
P/1 - Ela estava lúcida, ela tava saudável?
R - Tava, tava. Aí ela deu o AVC, foi para o hospital, eu fui, fiquei com ela lá, 13 dias ela faleceu.
P/1 - E a casa lá, como é que ficou? A casa que era de vocês.
R - Aí a casa… Que eu tinha uma parte lá, também era pequeno, que era minha e do meu irmão. Aí tirou a parte da minha cunhada, e a outra eu vendi.
P/1 - E continuou aqui no Pinheiro que é essa história toda que a senhora tá contando?
R - É!
P/1 - Onde os filhos estudaram?
R - Estudou aqui, na escola Angélica Fonseca também, depois foi para Lagoa.
P/1 - Mas a escola da dona Angélica existe ainda?
R - Não, não existe não. Não existe não.
P/1 - E nessa época que eles iam para a Lagoa, como é que foi essa época?
R - Uai, eles iam de bicicleta. Ia de bicicleta, ia de a pé. Depois já, bem depois, acho que quando o Manoel Borges foi prefeito, é que ele colocou o ônibus.
P/1 - Aí eles pegavam o ônibus?
R - Aí já era no final, aí já foi esse que era o caçula. Os outros mais velhos tudo foi de a pé. De a pé, de bicicleta.
P/1 - Bem mais recente colocaram ônibus para poder levar o pessoal daqui?
R - Aí continuou toda a vida, agora ele vai de ônibus, volta. Agora é fácil.
P/1 - Quando a senhora estudou lá na escola, a senhora chegou a conhecer a Dona Maria Trindade?
R - Eu conheci ela. Eu conheci Dona Maria Trindade. Mas quando eu fui para escola lá, ela já não era mais diretora mais não.
P/1 - A escola já chamava Maria Trindade naquela época?
R - Não, não era Maria Trindade. Graciano Calcado.
P/1 - Depois que foi….
R - Depois que foi Dona Maria Trindade
P/1 - Mas a senhora chegou a conhecer ela?
R - Conheci, conheci! Meu esposo mesmo levava coisa para vender para ela, eu conheci ela.
P/1 - E como que ela era?
R - Ela era gordona, forte, morenona.
P/1 - E como pessoa, como que ela era?
R - Gente boa! Aí depois foi, acho que é a nora dela, não sei se é Sônia, sei lá! Que foi a diretora daí, era nora dela, gente boa também
P/1 - A escola hoje é igual ela era no passado? Como é que ela era antes e como ela é agora?
R - Agora tudo está mais desenvolvido. A escola está mais desenvolvida.
P/1 - Na época que a senhora estudou lá como é que era?
R - Como era a escola?
P/1 - É!
R - Era simples! Vixi, modificou demais.
P/1 - Tinha quadra?
R - Não, não, não, a quadra foi agora.
P/1 - E na época que a senhora estudou lá eram vários professores ou também era um professor igual aqui na Dona Angélica?
R - Era um professor.
P/1 - Que também dava todas as matérias, igual a dona Angélica?
R - Era!
P/1 - E a senhora ia bem quando ia lá?
R - Ia! Quer ver, a minha professora era…. agora esqueci o nome dela, dos povos Roquetti, ela deve estar dormindo, esqueci o nome dela. Depois foi Nilda, a menina de Pedro Moreira, foi minha professora lá também. Depois que essa menina não deu mais, aí foi ela, no final do ano foi ela.
P/1 - Chegaram a te contar como se formou a comunidade da Santa Rita? Como é que as coisas começaram aqui na Santa Rita? O que te contaram?
R - Não! Eu sei que quando eu nasci aqui já era Santa Rita. Eu ouvia falar que, diz que os homens daqui estava tudo morrendo, diz que morria os homens tudo, aí eles fizeram uma promessa com Santa Rita, aí parou de morrer, os homens.
P/1 - O nome da comunidade é por causa disso?
R - É o nome da comunidade, Santa Rita.
P/1 - Por causa dessa promessa que fizeram?
R - É! Eu lembro assim.
P/1 - Quais eram os costumes que a comunidade tinha no passado, antes da formação da igreja?
R - Antes de ter a igreja, aqui antes não tinha a missa. Não tinha missa, aqui tinha era reza, era ladainha que rezava. Depois passou rezar o terço, bem depois que fez a igreja, é que passou a vim um padre uma vez no mês, porque antes não tinha não, não tinha missa não.
P/1 - E aí quando não tinha vocês se reuniam para rezar?
R - Rezava, reunia.
P/1 - Vocês rezavam para algum santo, como é que era?
R - Era para o santo, era para Santa Rita, era para esse Santos.
P/1 - Santos da devoção de vocês?
R - É!
P/1 - E as festas entre vocês, como é que acontecia? Como é que eram as festas da comunidade?
R - Uai, as festas da comunidade era só assim, era só mutirão, esses trem.
P/1 - Vocês ouviam música nesse tempo passado?
R - Foi muito depois que existe o rádio, não tinha nem rádio. Aí veio o rádio a pilha, né! Vixe, era novidade quando um tinha um rádio, nossa, foi uma novidade mesmo.
P/1 - Vocês não tinham rádio em casa?
R - Não tinha não, tinha não.
P/1 - E como foi quando vocês tiveram o primeiro rádio?
R - Vixe, foi a coisa melhor que teve.
P/1 - E quem conseguiu, como é que foi?
R - Uai, eu nem sei como conseguiu o rádio.
P/1 - Mas chegou um rádio lá na casa quando você morava ainda com a sua mãe e seu tio?
R - Hanran, tinha um rádio
P/1 - Vocês escutavam o que naquela época?
R - Uai, escutava só música sertaneja, aí tinha o programa do Zé Béttio, a gente assistia o programa do Zé Béttio.
P/1 - Era as músicas que vocês escutavam no rádio?
R - Era.
P/1 - E a TV depois, quanto tempo demorou para chegar na TV?
R - Depois que pôs a energia, aí algumas pessoas compraram TV. Aí quando um….a casa enchia, o povo do lugar ia assistir lá na casa da pessoa. Lá em casa mesmo eu lembro, foi muito tempo depois que comprou TV.
P/1 - E antes vocês assistiam na casa das pessoas?
R - Não, não ia não, lá em casa não ia não. Os meninos não saiam não.
P/1 - E ai, como é que vocês faziam nessa época?
R - Uai, ficava… Deitava tudo cedo, porque não tinha energia, era Lamparina, aí deitava todo mundo cedo, levantava cedo.
P/1 - E quando comprou TV na sua casa, como é que foi?
R - Vixe, foi a maior alegria.
P/1 - Mas os seus filhos já eram mais velhos um pouco?
R - Já, já tinha filho velho, mais velhos. Eu já tinha as meninas, as mais velhas já estavam trabalhando na cidade já.
P/1 - E vocês gostavam de assistir o que nessa época?
R - Assistia só as músicas sertanejas.
P/1 - Mas na TV também?
R - Não, na TV não, novela. Era novela.
P/1 - Aí vocês assistiam bastante novela?
R - Assistia.
P/1 - Tem alguma que você lembra que vocês assistiam?
R - Não lembro, não.
P/1 - Vocês gostavam de novela?
R - Gostava.
P/1 - A senhora chegou a ver o garimpo, chegou a trabalhar com garimpo?
R - Não!
P/1 - Não conheceu ninguém que fazia garimpo?
R - Não!
P/1 - Não viu nada de garimpo?
R - Não, não, não! Isso aí eu nunca vi não.
P/1 - E associação da Santa Rita? Por que ela se reuniu primeiro, o que ela estava pedindo quando ela começou?
R - Eu não lembro.
P/1 - Mas a senhora chegou a ir em alguma reunião?
R - Fui! Desde quando começou.
P/1 - E o que eles falavam na reunião?
R - Eu não lembro! Quem fundou essa reunião foi Juarez Cardoso, eu nem lembro
mais o que Juarez falava.
P/1 - Mas faz bastante tempo que eles se reuniam..
R - Faz bastante tempo.
P/1 - E a associação está lá até hoje?
R - Tá!
P/1 - A senhora chegou a ir lá, viu como estão as coisas?
R - Essa menina aqui, essa menina aí mesmo, é presidente de lá.
P/1 - E o que o pessoal está pedindo agora, o que eles estão tentando resolver agora?
R - Uai, que arrumar o barracão, que o barracão tá muito estragado, muito precário.
P/1 - Esse barracão está lá há bastante tempo?
R - Tá! Esse barracão, vixe, já tem muito tempo.
P/1 - E a Priscila tá tentando…. A Priscila, sua filha.
R - Minha nora.
P/1 - A sua nora, perdão! E ela tá tentando..
R - Tá tentando arrumar lá o barracão. Agora mesmo as telhas quebraram, tá lá no tempo.
P/1 - Ainda tem reunião lá
R - Tem as reuniões, faz no primeiro sábado de todo mês. Faz a reunião
P/1 - A senhora vai?
R - Vou, vou! Eu sou sócia lá, associada.
P/1 - E na igreja?....Ela era pequenininha depois ela cresceu? Como foi essa época?
R - Ela era pequenininha, era pequenininha. Porque tem a festa de Santa Cruz, já deve ter quase uns 100 anos essa festa. Aí um festeiro começou a fazer essa igreja, ele levantou um pouquinho, aí quando foi passou para o outro festeiro, foi suspendendo, foi suspendendo, até que fez a igreja, pequenininha. Aí eles aumentaram outro tanto da igreja, agora ela está grande.
P/1 - E a comunidade, o pessoal que vai na igreja, como é que está agora?
R - Agora está muito pouco, porque o povo saiu quase todo mundo, agora está muito pouco.
P/1 - Mas teve uma época que tinha bastante?
R - Tinha bastante gente.
P/1 - E o que aconteceu?
R - O povo saiu, por causa da kinross. Igual que eu falei com você, 14 famílias lá, vizinho meu, saiu.
P/1 - A senhora morava lá no Pinheiro, e o que aconteceu para sair de lá, me conta?
R - Foi o pessoal da kinross que foi lá e falou para nós sair de lá, que nós estávamos em áreas de risco.
P/1 - Mas aí era risco do quê?
R - Uai, falou área de risco, mas não disse porque.
P/1 - Mas aí comprou de vocês.
R - É! Aí fez a permuta, comprou aqui e deu nós lá.
P/1 - Lá era grande, era pequeno, como que era?
R - Pequeno. Era quatro hectares, para quatro herdeiros. Aí comprou de todo mundo.
P/1 - E aí a senhora veio para cá em que época.
R - Em 2011. 23 de maio de 2011.
P/1 - E lá eles falavam que é a área de risco por causa da barragem?
R - Da barragem, da barragem de Santo Antônio, nós estava no fundo dela.
P/1 - Mas vocês estavam perto da barragem?
R - Pertinho, pertinho.
P/1 - Mas a senhora chegou a ver a barragem ser construída?
R - Via, lá de casa via, o barulho direto, via tudo
P/1 - Mas vocês sabiam que era a barragem?
R - Sabia.
P/1 - E depois quando ela estava pronta. Vocês chegaram a ver ela pronta?
R - Vi! Só que eu não fui lá, só que lá de casa a gente avistava.
P/1 - E era de lá que eles falavam que era uma área de risco, porque estava muito perto, é isso?
R - Eu acredito que sim.
P/1 - E como foi quando chegou aqui?
R - Uai, quando chegou aqui eles reformaram a casa para nós, fez essa cozinha, que não tinha. Logo no início foi difícil, para nós sair de lá para vim para cá, mas depois a gente foi acostumando.
P/1 - E como é que vocês foram cuidando daqui da terra?
R - Foi cuidando.
P/1 - O que vocês começaram a colocar aqui na terra para ela começar ser sua?
R - Uai, já estava formada de pasto. Aí a gente tinha um gadinho, trouxe, e arrumou aqui o quintal, plantava.
P/1 - Aí seus filhos casaram, sei que a senhora tem neto.
R - Tenho!
P/1 - Como foi esse período que eles estavam adultos?
R - Eles casaram, eu tenho neto, tenho duas bisnetas, eu tenho 14 netos e 2 bisnetas.
P/1 - E os seus filhos ficam aqui com a senhora, como é que faz agora?
R - Fica esse filho aqui.
P/1 - Que mora aqui com a senhora?
R - Mora!
P/1 - E os outros filhos?
R - Os outros, tudo moram em Paracatu.
P/1 - Mas todo mundo já está casado, já está com a sua vida em caminhada?
R - Já, já.
P/1 - Mas eles vêm te visitar?
R - Vem, eles vêm.
P/1 - E como é quando reúne todo mundo?
R - Uai! A gente fica aí farreando, é aquele barulhão, junta tudo.
P/1 - Se a gente olhar a comunidade para o passado como ela era e olhar hoje, o que ela tem de diferente?
R - Diferença porque no passado tinha muita gente, era muita gente, hoje tá vazia a comunidade
P/1 - Mesmo na igreja?
R - Mesmo na igreja, na igreja dá pouquinho a gente
P/1 - E na associação, a senhora vê que as pessoas querem participar, querem fazer parte?
R - Na associação vai mais gente que na igreja.
P/1 - E as pessoas conseguem discutir, pedir alguma coisa?
R - Discute! Pede!
P/1 - Conseguem ter um diálogo?
R - Pede sobre negócio….. trator mesmo, ração, essas coisas. Aí conversa, fala.
P/1 - O que a senhora gostaria de deixar como legado?
R - Para deixar para as pessoas?
P/1 - É! Para o mundo, para a humanidade.
R - União e paz, né! É o que precisa no mundo, na família, união, muita união e paz
P/1 - O que a senhora acha que tem acontecido com o mundo hoje?
R - Tem acontecido muita coisa ruim.
P/1 - A senhora tinha me contado que gostaria de ter sido professora de matemática.
R - É! O meu sonho era esse.
P/1 - Esse era o seu sonho?
R - Era!
P/1 - Você falou que saiu da escola.
R - É! O meu tio não deixou.
P/1 - E o que aconteceu depois?
R - Disse que não era para mim ir para a cidade estudar não, era para eu ficar trabalhando na roça.
P/1 - Mas isso ainda ficou com um sonho, era uma coisa que você gostaria de ter feito?
R - Era uma coisa que eu gostava, eu queria. Meu sonho era esse. Mas não quis, né. Deus não quis! Meu tio não quis! Conformei.
P/1 - O que a senhora achou de contar sua história de vida?
R - Uai, bom!
P/1 - Não ficou pensando nas perguntas que eu ia fazer, nada?
R - Não!
P/1 - Tranquilo?
R - Tranquilo!
P/1 - Muito bem! Então a gente do Museu da Pessoa, os meninos aqui da Click, a gente agradece a senhora por ter dado essa entrevista, muito obrigado dona Aparecida.
R - De nada!
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