MINHA VIDA EM RIO PARDO RS
***YyY***
Pensando em Rio Pardo, sobre meus feitos, a saudade me faz voltar ao passado
e várias horas fico relembrando o que por lá já tinha conquistado.
Uma chácara de médio porte, plantações, casa de alvenaria, dois açudes
e peixes a criar, durante o ve...Continuar leitura
MINHA VIDA EM RIO PARDO RS
***YyY***
Pensando em Rio Pardo, sobre meus feitos, a saudade me faz voltar ao passado
e várias horas fico relembrando o que por lá já tinha conquistado.
Uma chácara de médio porte, plantações, casa de alvenaria, dois açudes
e peixes a criar, durante o verão a noitinha pinga da boa, com o copo cheinho
na mão eu ia me sentar em um banco na taipa de meu açude preferido, onde coloquei um poste e adaptei uma luz lusque-fusque que mesmo assim iluminava dentro d’água três mil e oitocentas (3.800) carpas a nadar.
Meio na penumbra eu ficava e como estava divorciado, mulheres solteiras
da vizinhança, todos as noites lá pelas onze (11) horas, parece que combinavam
a vez de cada uma, não raro vinham em pares para comigo ficar sendo que em desfrute do bem bom ficávamos até o raiar da aurora.
Como na redondeza todos pensavam que eu era rico,
nunca tive problemas em acarinhá-las.
O dinheiro que ganhava com plantações eu gastava sem dó nem piedade como me sentia feliz e fartamente saciado em minhas vontades, pois era nutrido pelas essências energéticas das parceiras, vivia rindo à toa, isto as encantava e abastecia desejos pois era certo que vinham com o pensar
de que por
uma delas eu me apaixonaria e a convidasse para juntos morarmos, na real não era isto o que eu queria e de fato não aconteceu, por nenhuma delas me enrabichei, mas elas eram belas, jovens e saudáveis e o principal, saborosas, em todos os sentidos, adoravam bolinar em deliciosas sugadas as minhas partes baixas, para só depois se entregarem e em excitantes trocas de caricias serem exemplarmente penetradas, ali mesmo na bem cuidada taipa do açude passávamos horas agradáveis, por vezes espichados no assento do banco, outras vezes deitados na grama macia sobre uma manta felpuda
que herdei dos bons tempos de exército, quando me dediquei
inteiramente
a gloriosa Pátria Amada.
A barra do horizonte clareava-se com o desponte dos primeiros raios de sol anunciando que logo iria amanhecer, estava na hora da despedida, em cada novo dia todas elas partiam alegres e satisfeitas com promessa de logo voltar.
Eu mergulhava nas águas limpinhas e infestadas de belas carpas que voavam
por cima d’água assustadas com o barulho que ao mergulhar eu fazia.
Depois pá e enxada na mão, eu plantava, eu mesmo colhia, a renda era bem razoável e eu vivia bastante tranquilo e sobre as “coisas” era soberano, pois como dizia uma minha vizinha de cerca, eu não tinha um gato para dar água e sendo assim o dinheiro que entrava diariamente, todinho eu podia gastar, pois na manhã seguinte entrava outro tanto ou mais ainda, todas as manhãs abastecia os vendeiros, que com suas Kombis saiam pelos bairros
de Rio Pardo a gritar: - Olhe lá freguesia, verduras fresquinhas da horta do Elio, é só chegar, comprovar e comprar. Vendiam que era coisa de admirar, pois todos me conheciam e sabiam que minhas plantações de hortifrutigranjeiros, adubos e demais pragas químicas, nem perto chegavam, simplesmente porque eu sabia da importância para a saúde, a pureza dos alimentos, comigo tudo era natural, mais demorado, mas quando eu começa a colher todos queriam comprar, pois tinham certeza que estava pondo em sua mesa, o melhor para a família, um produto cuidado e cem por cento saudável.
Confesso que gostava bastante, tinha prazer em plantar colher também tinha gosto pelos elogios que recebia. Era uma vida dura, mas eu gostava, trabalhava feito um jumento, pior ou igualado aqueles dos mascates de antigamente, às vezes um frio danado, geada que fazia tiritar, noutras sob um sol escaldante, onde parecia que de tanto suar se ia desaguar. Suor que escorria pela terra seca, sumindo imediatamente absorvido pela quentura do chão, de tanto perder os litros de água que tomava este vivente passava o verão mais magro que cusco sem dono. No inverno engordava que era uma beleza, pois o trabalho era menos e com o frio diminuía as visitas femininas, mesmo assim vinham no cair da noite
e eu bem alimentadinho com o frio dormia mais cedo.
Mas ao principiar o verão era um fuzuê, trabalho em demasia, à noite mulheres
e bebidas até altas horas foram aos poucos sugando minhas energias e eu parecia um risco, me desgastando nos dias calorentos e emagrecia a olhos visto pelas corajosas peleias carnais que travava em orgia noturnas.
Eu fazia o que queria e o que gostava. E como gostava. Mas seguidamente ouvia chamados, parecia que alguém me cochichava aos ouvidos dizendo para me sossegar, que lembrasse
de minha principal missão nesta terra, por vezes me encucava, em seguida já não prestava atenção e continuava absoluto, trabalhando, bebendo, fumando, pegando e carimbando
todas as mulheres que me apareciam.
Durante o dia, concentrado na labuta eu ficava a cismar, olhava as minhas perninhas fininhas como galo de rinha que foi despicado e depois abandonado a própria sorte, me examinava de cima a baixo e ficava a me perguntar: não é possível,
o que estou fazendo comigo?
Um belo dia me desfiz de tudo e vim para Torres RS morar, tornei-me escritor
e livros estou a publicar, mas das lindas mulheres jamais irei me afastar, posso até dizer
que vieram a se multiplicar, pois nesta cidade litorânea, que se tornou meu paraíso,
a paixão se encontra no ar e eu continuo feliz lindas histórias a narrar,
repassando aos leitores os momentos de ternura que aqui continuo a desfrutar.
***yYy***
Elio Bittencourt Moreira
Recolher