P - Marcos, queria começar perguntando o teu nome completo, data e local de nascimento. R - Immaculada, a gente tem o nome Marcos Gabriel Feliciano Silva, nasci em Caruaru, interior de Pernambuco, em 22 de maio de 1964. Eu estou fazendo esse ano, 38 anos para ser mais preciso. P - E veio para R...Continuar leitura
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Marcos, queria começar perguntando o teu nome completo, data e local de nascimento.
R - Immaculada, a gente tem o nome Marcos Gabriel Feliciano Silva, nasci em Caruaru, interior de Pernambuco, em 22 de maio de 1964. Eu estou fazendo esse ano, 38 anos para ser mais preciso.
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E veio para Recife quando?
R - Eu vim para Recife há uns 10 anos atrás, em 1990, na verdade eu vim em 1990.
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E entrou no Aché quando?
R - Eu entrei no dia 10 de janeiro de 1995.
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Como foi essa entrada? Como e por que você decidiu?
R - Foi, a gente já veio oriundo de outro laboratório. A gente trabalhando no interior, a gente... Comecei no Laboratório Hebron, empresa conterrânea nossa, inclusive, um laboratório de Caruaru. Trabalhávamos em Vitória, cidades próximas a Caruaru e recebemos o convite de colegas do Aché para entrar no Aché, né? A gente veio, fez entrevista, fez aqueles exames peculiares, estamos aqui até hoje, desde de 10 de janeiro de 1995.
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Quantos anos foi a experiência anterior?
R - Dois anos, passamos dois anos no Laboratório Hebron.
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E antes do Hebron?
R - Nós trabalhamos no Exército, fui militar.
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Em que área você atuou?
R - Eu atuei na região Amazônica, trabalhei no Acre, para ser mais preciso. Fiz o curso aqui em Recife e fui trabalhar na Amazônia, no Acre, Comando Militar do Amazônia. Fui oficial do Exército, cheguei até o posto de Segundo Tenente.
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E no Aché, você começou atuando em que parte do Estado?
R - Nós começamos no Aché em Olinda, cidade onde eu moro até hoje e tive esse privilégio de começar na terra onde a gente está residindo até hoje. Passei dois anos em Olinda, depois fui transferido aqui, para o centro do Recife, no Derby, e depois fomos convidados a trabalhar no interior, uma nova experiência, novos rumos, estamos lá até agora.
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No interior exatamente aonde?
R - É Mata Sul, região compreende assim, para ser mais objetivo, Pomares, Ribeirão, Barreiros, todo o litoral vai até próximo de Maceió, cidades de médio e pequeno porte.
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Voltando um pouquinho para os primeiros dias do Aché, qual o dia importante... É diferente da experiência do laboratório anterior?
R - Não, não. Não foi alguma coisa assim tão diferente, até porque o estilo de trabalho na indústria farmacêutica é muito peculiar. O que um laboratório tem, às vezes é questão de um estilo de trabalho. Mas foi fácil adaptar do Hebron para o Aché sem muitas novidades, não teve tanta dificuldade.
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Como é que você descreveria o estilo de trabalho do Aché em especial, se for comparar com outros laboratórios?
R - Olha, o Aché tem uma peculiaridade própria, nata do Aché. Ele tem assim, uma maneira de preparar o homem, o homem que está na rua, podemos dizer assim, nós propagandistas, de uma forma com muita eficácia, muita eficiência, entendeu? Que nem, a gente comparando com outras casas, nenhum laboratório tem esse direcionamento com o propagandista, essa atenção com a questão do preparo, do estudo, do melhor conhecimento, isso é uma particularidade que eu vejo no Aché e não vejo em outras casas. Isso é dele mesmo. Por isso que a gente está aqui, até hoje.
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Está certo. E nessa área que você atua atualmente, como é a realidade desse sul do Estado?
R - Olha, a gente passa por diferentes regiões na verdade. Eu trabalho Mata Sul, começando aqui já na periferia de Recife, Cidade do Cabo, uma cidade... A particularidade dela é tem muitas fábricas, um pólo industrial, tem o pólo de Suab, que é um dos maiores portos hoje do Brasil, né? Que é o porto de Suab, muitas indústrias. E quando vamos adentrando mais ao interior, a gente vai vendo uma realidade diferente, cidades mais pobres, mais paupérrimas, um pessoal mais carente, mais necessitado, vai mudando. A gente tem essa... Vê esses dois lados, um lado de um povo mais esclarecido, mais informado, próximo à capital e o lado do interior, um pessoal mais carente, mais necessitado em tudo.
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E são cidades pequenas, de atividade rural, como é?
R - Isso, tem, tem atividade rural. A gente trabalha na maior parte da Zona da Mata Sul. É uma região de cana, onde o cultivo, o maior predomínio nessa região é o cultivo da cana de açúcar. Então, a gente se vê muito com, se depara muito com esse pessoal, o cultivador lá, aquele pessoal... Como é que se chama? O camarada que está na marmita lá, cortando a cana? A gente vê o sofrimento daquele povo atrás de um pequeno salário, ver essa realidade. Não tem dinheiro às vezes para comprar uma dipirona na vida. Mas é a nossa função, a gente tem que ir.
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E na verdade, você está em busca, vai visitar quais médicos? São médicos que têm consultórios...
R - Isso. Veja vem, cada cidade dessa pequenininha geralmente tem um posto de saúde, tem um pequeno hospital, uma maternidade, então a gente se direciona nesses lugares, onde o médico está. Nas usinas, cada usina dessa de grande porte aqui na Mata Sul, geralmente tem um ambulatório. A gente também visita o médico da usina e por aí vai o nosso trabalho. Trabalhamos também na parte do litoral, que vai ali da cidade de Ipojuca, aí compreende o litoral sul de Pernambuco. É uma região belíssima, né? Costa que é chamada Costa Dourada, um projeto novo aqui em Pernambuco, onde está incentivando o turismo, essa coisa toda. Um projeto muito arrojado do Estado de Pernambuco. Nessa área está se desenvolvendo bastante. Então, a gente visita também essas cidades do litoral todinha, até próximo de Maceió.
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E são o que, vilarejos de pescadores?
R - São vilarejos. Tem... São cidades mesmo. Tem a cidade de Tamandaré, a cidade de São José da Coroa Grande, a cidade de Maragoji já é em Alagoas, tudo é região de praia, né? Japaratinga, são regiões litorâneas.
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Você passa a tua semana viajando?
R - Passo a semana viajando. A gente sai de casa na segunda, voltamos na sexta-feira.
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E nessas estradas, nessas viagens, acaba encontrando pessoas interessantes?
R - A gente sempre vê, sempre a gente vê conversas, histórias interessantes. A vida de um propagandista sempre tem histórias realmente que marcam. É difícil a gente conversar com um propagandista para não ter um relato interessante de uma passagem que marcou na vida dele. Eu lembro uma vez, eu quando comecei no Grupo Aché, trabalhando aqui próximo ao Recife, na cidade de Jaboatão, que é região também já... É subúrbio de Recife, Jaboatão. Aí, eu me deparei com uma cena interessante. Uns colegas não avisaram a mim, fui visitar um médico sozinho e quando eu cheguei na maternidade, chamada Maternidade Rita Barraras, em Jaboatão, eu fui visitar um médico. O nome do médico era Luís Carlos de Oliveira e falei com a atendente, tal, e a atendente: “Aguarda um pouquinho. Quando a paciente sair, você pode entrar.” Aí, tudo bem, eu fiquei aguardando ali, a paciente saiu, eu peguei a minha pasta e fui entrar no consultório. Só que quando eu cheguei na porta, eu me assustei porque era uma mulher, era uma mulher. Aí eu disse: “Olha...” Eu voltei para a recepcionista e disse: “Eu queria falar com o doutor Luís Carlos de Oliveira.” Aí disse: “É esse aí mesmo.” Eu disse: “Não, quem está lá dentro é uma pediatra, uma senhora.” Aí, disse: “Não, é porque ele é tal, aquele jeito, você sabe.” Aí, eu me liguei, o médico era um médico travesti. Eu nunca me deparei com uma cena dessa. Eu fiquei naquela: “Pô, e agora? Como é que eu vou proceder diante de uma situação dessa?” Aí, foi interessante. Eu cheguei na... Voltei à porta... Não sabia se dizia “doutor” ou “doutora”, né? Fiquei em dúvida, mas eu voltei, peguei a pasta, coloquei a cabeça dentro do consultório e disse: “Doutora, eu posso tomar um minuto da sua atenção?” E a médica abriu o sorriso, né? Disse: “Ôpa, pois não? Pode entrar, tudo bem?” Quebrou o gelo e fiquei na dúvida de chamar “doutor”, “doutora” e ficar, ser mal compreendido, interpretado pela médica. Mas, a propaganda fluiu de uma maneira legal. Aí, é interessante, é um fato que realmente marcou e acontece... Alguns colegas anteriores foram visitá-lo, visitá-la, no caso de travesti, e chamaram de “doutor” e se deram mal. E eu tive essa iniciativa de chamar de “doutora” e me dei bem, né? Graças a Deus, eu acertei o tiro na mosca, né? E outra cena também interessante que aconteceu comigo no Aché foi que eu trabalhava no Derby, uma região aqui próxima, aqui no centro de Recife. Eu estava visitando um dermatologista, doutor Jarbas Cerqueira, um consultório velho, um médico já antigo, bem tradicional e eu estava conversando com o doutor Jarbas, com a pasta na cadeira, tal, a gente batendo um papo. Aí, de repente, caiu alguma coisa do teto. Eu observei que caiu do teto, né? Então, continuei trabalhando. Vi um vulto escuro passar assim, do meu lado, rapidamente, e eu vi... Continuei a conversa com o doutor Jarbas, doutor Jarbas voltou a atenção ao que tinha caído do teto. Aí, eu: “Que danado do doutor Jarbas que não está mais dando atenção a mim...” Só olhava para o que tinha caído. Aí, eu olhei de lado para ver o que era, que tão interessante que caiu que ele tirou a atenção da propaganda. Quando eu vi, era um morcego. Caiu um morcego da lamparina dele, um consultório muito velho. Então, fiquei sem saber se fazia a propaganda, tal. Ele ficou rindo e eu naquela situação, aí ele: “Aguarda um pouco, só um pouquinho.” Aí, ele se levantou, abriu a porta do consultório e deu um chute no morcego. (risos) Deu um chute no morcego e o morcego bateu vôo, morcego pequeno, né? Aí, chamou a secretária, ele: “Veja, veja aí” Porque o consultório dele fica bem separado de onde fica os pacientes dele. Nenhum paciente chegou a ver essa cena, mas seria constrangedor um morcego saindo do consultório, doutor Jarbas chutando. Aí, chutou, chamou a atendente para pegar uma pá lá, tal e levou o morcego lá para dentro. São histórias interessantes que acontecem na nossa vida de propagandista, como tantas outras, né?
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Teve algum remédio que te marcou mais, que você gostou mais de trabalhar?
R - Olhe, um produto que eu gostei muito de ter trabalhado no Grupo do Aché foi o Candoral. Inclusive, é um produto que esse ano está sendo colocado em stand by, não vai ter aquele direcionamento com mais atenção, tal. Eu digo Candoral porque foi o produto que eu treinei para entrar no Grupo Aché, tal, fiz aquela primeira propaganda e até hoje a gente defendeu com unhas e dentes o Candoral, né? Mas, outro produto interessante que a gente teve oportunidade de lançar e que até hoje é um sucesso no Grupo Aché foi o Decongex, que é um descongestionante de uso sistêmico. Produto maravilhoso, um produto que teve um lançamento feliz, na época certa, um período sazonal, período de chuvas e marcou realmente o lançamento do Decongex. Tem tantos outros, a gente teve, participou de “n’s” lançamentos nesses anos aí no Grupo Aché. Uns deram certo, outros, infelizmente, não foi um sucesso almejado. Mas o Decongex e o Candoral foram realmente produtos que até hoje marcam a nossa vida aí no Grupo Aché, Immaculada. Está bom?
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Eu queria te perguntar se nesses anos de trabalho mudou muito a atividade do propagandista?
R - Olha, Imaculada, o que vem mudando na indústria farmacêutica é a maneira que... A atenção que os laboratórios têm dado com mais ênfase ao profissional de propaganda, que assim, o melhor treinamento está acontecendo no profissional. Hoje ele tem que estar realmente mais preparado. A gente tem observado isso. Os amadores da vida por aí estão acabando. O camarada hoje, ele é profissional realmente, estudando, se dedicando a causa da profissão dele ou ele está descartado dessa nossa realidade. Isso tem mudado bastante e principalmente por essa conjuntura que nós estamos vivendo, a questão do tempo. Hoje, a globalização, o ser humano tem o tempo como uma coisa imprescindível na vida da gente, né? Então, o tempo é cada vez mais resumido. Então, a gente para chegar hoje no consultório com muita chacota, muita lorota, não vai ter resultado nenhum. Você tem que ser o máximo, ter o máximo de objetividade, entendeu? Para atingir o que a empresa está querendo. Se não for dessa forma, não vai chegar a lugar nenhum, né? A questão do genérico, que é uma realidade, tem mudado bastante o direcionamento de alguns laboratórios, mas são fases. São fases e a gente tenta ultrapassá-las.
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Pensando no Aché, qual é a característica da empresa que mais te chama atenção, que mais te agrada?
R - Olha, o que me agrada no Aché, desde quando a gente entrou no Aché, faz sete anos já, é o estilo da empresa, a maneira como o Aché é respeitado diante do cenário da indústria farmacêutica nacional. Um laboratório de presença, um laboratório que tem uma força muito grande diante da classe médica. Então, um nome respeitadíssimo. Isso, graças às pessoas que fizeram e que fazem parte da história do Aché, porque esse nome não se conquistou à toa. Isso é de 35 anos de história para aí você estar aí, querendo colher depoimentos, tal. Porque a história do Aché é isso aí. A história do Aché foi feito por situações como essa que a gente está apontando aqui no dia-a-dia, né? Isso é que marca realmente a presença da gente, durante esses sete anos de vida no Aché.
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Para finalizar, eu queria te perguntar justamente isso, o que você acha dessa iniciativa do Aché contar a sua história?
R - Olha, uma coisa louvável, né? Isso é marcante, vai ser muito bom. O Aché tem 35 anos aí de caminhos percorridos e você vai, acredito que conversando com o colega, conversando com outro, vai colher “n” situações que a gente tem no dia-a-dia, no campo, que é interessante. Interessante é esse trabalho que vocês vão fazer, vai ser marcante. É mais uma história que vai ficar marcada na nossa empresa. Parabéns aí para quem teve essa iniciativa. Está bom, Immaculada?
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Obrigada pela participação.
R - De nada.Recolher