P - Marcelo, queria começar perguntando o seu nome completo, data e local de nascimento. R - É Marcelo Renato Batyras, na cidade de Apucarana, Norte do Paraná, 4 do 7 de 74. P - Em que ano você entra no Aché? R - Entrei, iniciei no Laboratório Aché no dia 4 de outubro de 99. P - ...Continuar leitura
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Marcelo, queria começar perguntando o seu nome completo, data e local de nascimento.
R - É Marcelo Renato Batyras, na cidade de Apucarana, Norte do Paraná, 4 do 7 de 74.
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Em que ano você entra no Aché?
R - Entrei, iniciei no Laboratório Aché no dia 4 de outubro de 99.
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E como é que foi a entrada na empresa?
R - Nossa, foi uma expectativa muito grande. Você fala a questão de como foi que aconteceu?
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É, como você foi parar no Aché?
R - Como eu fui parar no Aché? Você vê que coisa Eu trabalhava com vendas de automóveis, carros novos e semi-novos. E em um sábado de manhã apareceu um casal querendo ver alguns carros, que era um supervisor do Laboratório Aché. Eu o conhecia, mas nem lembrava que trabalhava no Laboratório Aché, nem sabia se estava na empresa também. Não sei se foi o atendimento, se foi o bate-papo, ficamos a manhã inteira conversando lá, e tal, e ele acabou comprando até um carro comigo, e ele falou: "Olha, você não gostaria de fazer uma entrevista no Laboratório Aché, para um Laboratório de Medicamentos, tal?" "Por que não? Meu pai..." E era a minha vontade de entrar, meu pai já... eu acompanhei meu pai nessa minha vida, 27 anos, sempre vi meu pai trabalhar, e a vontade era grande, só que ele não sabia disso. E ele falou que o supervisor, então, me procuraria, o supervisor da linha, que era para a vaga. E aí um dia o rapaz me ligou, o Alberto, na época, que era o supervisor, se eu poderia vir fazer uma entrevista, que eu havia combinado. Aí fiz entrevista com ele, ele falou que se eu fosse o escolhido, ele entraria em contato comigo, que eu teria que passar por uma outra seleção que era com o gerente na época. Quinze dias depois ele me ligou, falou: "Olha, você pode vir aqui agora, no Sesc, na minha cidade, em Apucarana?" Eu falei: "Posso, eu vou tomar um banho, fazer barba." Ele falou: "Olha, vem do jeito que você está." Aí eu fui barbudo, calça jeans, botina, que na época a gente vestia... era uma bota normal. E acabei indo fazer uma entrevista com o Walter, que era na época o meu gerente. E fiz entrevista, conversamos, fiz propaganda, toda a parte burocrática da entrevista. E ele me falou também que sim. Aí ele me deixou, falou: "Olha, se você for o escolhido, o supervisor no outro dia entra em contato contigo." Mas aí, graças ao bom Deus aí, não sei quantos foram selecionados, quantos foram entrevistados, ele acabou me ligando, que a vaga era minha, se eu queria a vaga do Aché.
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Isso já fazia parte da tua infância, adolescência? Conta um pouco isso, como é que isso faz parte da sua família?
R - Então, o pai sempre trabalhou... não trabalhou com outra coisa a não ser com a propaganda médica. Não fez outra coisa na vida dele. Então eu nasci, cresci, vi o meu pai trabalhando com a propaganda médica. Então, aquilo para mim, eu acostumei, todo dia... ele trabalhava, viajava as quatro semanas do mês, ele saía na segunda, voltava na sexta. Eu vivia mais com a minha mãe. Então, o final de semana era com o meu pai que eu ficava. Então, aos domingos à tarde ele já ia para o quartinho de casa separar as amostras da semana, então eu ficava com ele ajudando, vendo os medicamentos, carregava as amostras no carro. Então, eu fui gostando, foi acontecendo, fui pegando aquele carinho. E sempre tive essa vontade. E na primeira oportunidade que teve, graças a Deus, nós agarramos aí.
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E ele te contava boas histórias das aventuras dele como propagandista?
R - Cada história, que... (risos)
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Alguma você lembra?
R - Sim, existia alguns colegas... mais era com relação aos colegas. Tinha um senhor lá, na época, que aprontava muito. E numa dessas, que ele estava num setor de viagens, em um hotel, e esse colega estava no mesmo hotel, era de um outro laboratório. E o colega aprontava muito. Chegou um dia até do cara chegar e derramar uma latinha de azul de metileno na caixa dágua do hotel. E o primeiro a tomar banho no outro dia foi o juiz da cidade, fazer o cara ficar inteiro azul. E nesse mesmo hotel também, num dia ele chegou, e tinha uns pintores pintando um outro estabelecimento do lado, ele chegou e falou assim:
"Quanto cobra para pintar o meu hotel?", como representante. "É tanto." "Pode começar amanhã cedo." No outro dia cedo, os caras chegaram, colocaram a escada e começaram a pintar a fachada do hotel. E chegou o dono: "O que está acontecendo?" " Não, o proprietário combinou da gente estar pintando o hotel." "Não, o proprietário sou eu" Quer dizer, tinha pintado metade do hotel já, eles tiveram que fazer o serviço. Então, existia muitas dessas brincadeiras. (risos)
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E nos teus anos de propagandista, alguma história, algum episódio marcante?
R - Então, praticamente é em relação a alguns colegas dentro da divisão que têm 14, 15, 16 anos de Aché, eu tenho dois anos e quatro meses. E aconteceu um fato até que ficou engraçado. Foi na cidade de Ubiratã, no Paraná, o ano passado. Eu ia visitar o dono do hospital, que era o doutor Rodrigues. Então, era geralmente às duas horas da tarde, que
chegava do almoço. Então, nós aguardávamos, eles nos recebiam primeiro, antes das consultas. Então, eu estava ali, e justo aquele dia ele atrasou. E começou a dar uma dor de barriga em mim, eu com uma dor de barriga, comecei a suar, comecei a me arrepiar. Eu cheguei à secretária, tinha uma amizade já com ela, falei: "Olha, Cristina, onde é que tem um banheirinho que você pode me arrumar, que eu preciso ir no banheiro?" Aí ela, como a sala de espera estava cheia, ela me levou para o banheiro do médico. Então, tinha o consultório do médico, ele tinha uma porta que ele entrava para uma sala de exame. O banheiro dele ficava dentro dessa sala de exame. E era um ginecologista. Então, enquanto o médico não chegou, eu fui ao banheiro, me aliviei. E como o médico não tinha chegado, eu fiquei lendo, geralmente era semana de reunião, essa semana que eu fazia o giro naquela cidade, então eu saía de lá e ia direto para Londrina, para a reunião. Então, eu fiquei estudando ali no banheiro. Eu escutei um barulho na sala de exames. Eu falei: "Algum enfermeiro que veio pegar algum produto, logo vai sair." Aí esse barulho continuou. Aí, na hora que eu saio do banheiro está o médico examinando a mulher já na cama ali, na cama ginecológica. Aí na hora que ele me viu, ele falou: "Ô, rapaz, o que você está fazendo aí?" A mulher já ali, queria saber quem que estava. A minha sorte é que a cama estava virada para a parede. Então, quer dizer, eu querendo sair do consultório, a porta trancada, ele foi lá, abriu para mim. Mas foi um susto muito grande, porque imagine que situação para a mulher estar ali sendo examinada, e o doutor: "Ô, rapaz" Ter outra pessoa na sala a não ser o médico. Então foi um susto, mas depois voltei a fazer propaganda para ele lá e expliquei para ele o que aconteceu, que a secretária tinha...
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E o seu dia-a-dia como propagandista é muito diferente do do seu pai?
R - Os tempos mudaram, muita coisa mudou. Antigamente não existiam tantos Laboratórios, e o médico também não tinha tanto compromisso. Então, hoje em dia... antigamente o médico atendia melhor até o representante. Hoje ele atende também. Mas só que ele tem outras preocupações. Existem outros colegas às vezes dentro da sala contigo querendo fazer propaganda. Então você não tem uma liberdade mais com o médico. Isso é o que eu comento no dia-a-dia com o meu pai. E ele me passa também o que acontecia dentro do consultório na época dele. Então, existia também uma amizade muito grande em relação ao propagandista e o médico na época dele. Até numas cidades meu pai não dormia em hotel, dormia no hospital do médico, porque o médico fazia questão deles dormirem lá. Sabe, era o prazer do médico estar recebendo. Então, hoje em dia é um pouco mais diferente essa relação. Mas existe ainda os locais em que você tem uma amizade muito boa com o médico, uma afinidade muito grande. Às vezes a gente almoçava na casa do médico, no giro que a gente fazia ali no Vale do Ivaí, chegava às vezes na hora do almoço, ia almoçar com o médico na casa dele. E era um prazer para ele estar conversando contigo.
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E ele se aposentou como propagandista com quantos anos?
R - 42 anos. Ele trabalhou até 87, ele se aposentou acho que em 87, aí ele trabalhou até 92 se não me engano. Aí depois ele não quis mais, ele pegou uma Distribuidora de Medicamentos, que era uma coisa que fazia só venda em farmácias. Não viajava tanto daí, ficava mais ali na região de Apucarana.
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E ele se orgulha de ser propagandista? Você falou da história de um concurso...?
R - Concurso? Ah, sim, da questão da premiação do produto. Nossa, para ele aquilo lá tirou lágrimas.
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Como foi isso?
R - É, porque existe...nós fizemos o lançamento do produto a nível nacional, que é o Decongex Plus, só que uma apresentação à parte, que era o expectorante. Então, nós trabalhamos durante o ano com o produto, e nós ganhamos a premiação, a questão de colocação na farmácia. Que quando nós lançamos um produto, nós colocamos primeiro na farmácia, depois nós lançamos para o médico. Se caso tem uma receita e o paciente vai na farmácia, já tem o produto na prateleira. Porque às vezes você lança um produto, não faz colocação, o médico prescreve, o paciente vai na farmácia, não tem o produto, o farmacêutico não conhece o produto. Então, quer dizer, queima o produto em lançamento. Então, nós fizemos a colocação, nós fizemos a venda para farmácias no setor. E o nosso setor, que era o norte do Paraná, foi campeão em colocação desse produto. Então, veio uma placa, nós ganhamos um jantar em Londrina, os representantes, junto com os supervisores e o gerente. Então aquilo, para ele, tirou lágrimas dos olhos dele. Porque ele, quando trabalhava como representante, ele se esforçava. Ele tem troféus lá de primeiro lugar também, então ele está vendo que o filho está seguindo.
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Ele trabalhou em vários laboratórios?
R - É, ele trabalhou... começou na Organon, daí ele foi para a Jonhson & Jonhson, e depois para a Abbott. E na Abbott ele ficou acho que 13 a 14 anos.
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E no teu caso, qual o teu sonho como propagandista?
R - Olha, eu procuro e vou, eu tenho certeza que vou conseguir, sabe, eu quero seguir carreira em laboratório, quero me dedicar ao máximo no campo, para mim quem sabe pegar uma gerência distrital, uma gerência regional. Eu quero subir, eu quero trilhar aqui o caminho.
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A gente está finalizando, eu queria te perguntar o que você acha do Aché ter decidido contar a sua história?
R - Olha, isso daí é uma coisa muito bonita, que vem resgatar a parte da relação com todos. Nós somos uma família Aché. Isso, quando eu entrei, você sente na pele, que todos têm um amor pelo Laboratório. E nada melhor do que você estar fazendo, como eu posso dizer, um apanhado, um pouquinho de cada um, uma experiência, um "causo", e estar aglomerando, juntando isso daí para poder montar uma história. E o Aché, poxa, a gente vê que o Aché tem se dedicado, e muito, não só na questão da indústria farmacêutica, como na área social também. É uma coisa muito bonita, que isso vem resgatar um pouco dentro do nosso dia-a-dia. Abrir um pouco a mente do ser humano para procurar essas coisas um pouco fora, não só do trabalho, e sim ajudar aquelas pessoas que têm necessidade da gente, não só na parte financeira, mas na questão de uma conversa, como eu diria para você, de uma atenção àquela pessoa.
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Você falou em um trabalho social. Vocês têm uma experiência na sua região?
R - É, até esse ano de 2001, final de 2000, 2001, o Aché veio conversar muito sobre o Voluntariado, você estar se dedicando um pouco àquelas pessoas que precisam um pouco de carinho. Então, nós já desenvolvíamos isso no nosso setor, na nossa Região Norte do Paraná. Nós íamos à uma instituição, eu vou dar uma exemplo: num albergue noturno que cuidava também, aos sábados e domingos, ele cuida de crianças também, alfabetiza e faz a parte de higiene dessas crianças, e também alimentação que fornece. Então nós chegávamos, no final do ano, nós comprávamos presentes, fazíamos a alimentação deles, o almoço, cachorro-quente, algodão doce. E um de nós se vestia de Papai Noel. Então, ficávamos distribuindo, conversando com eles, como foi o ano dele, dessas criancinhas, se eles estudaram, se obedecem o pai, a mãe. Essa foi um dos. E existem alguns caminhos também que nós procuramos, ficou até agendado para ir num Asilo lá conversar, que tem um médico que toma conta. Nós íamos no Asilo levar um bolo, às vezes existem velhinhos que são diabéticos, Deus me livre Então, existem médicos que cuidavam dessa área do Asilo, para a gente bater um papo e dançar com as velhinhas, que elas adoram dançar. Então, esse tipo de coisa, se cada um procurar fazer, nossa, isso daí nos engrandece, uma coisa muito boa, que a gente está prestando um serviço, é uma obrigação da gente.
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E qual o significado do Aché estar incentivando isso?
R - Olha, nem todas as pessoas são iguais nos pensamentos, existem pessoas que são um pouco mais duras. Foi criado assim, ou às vezes adquiriu isso ao longo do tempo. Então, isso o Aché vem colocando, principalmente na pessoa do seu Victor, que é uma pessoa que sempre encabeçou, que a gente havia... que sempre conversou, explorou isso no acheano, que é uma coisa que vem abrir o coração dessas pessoas. Enfim, mostrar um pouco para essas pessoas que todos nós somos irmãos, indiferente de raça, cor e crença. Então, nós temos que buscar um pouco nessas pessoas, levar um pouco dessas pessoas, tirar um pouco da experiência delas para nós também, sabe? Isso é uma coisa que vai crescer muito no ser humano.
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Por último eu queria perguntar o que te atrai no Aché?
R - Olha, o que me atrai no Aché é essa união, é a união, eu diria assim. Poxa, hoje eu tenho dois anos e pouco de Aché, existem pessoas que têm 16 anos. E está acontecendo a primeira mega-reunião, quer dizer, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. E você vê que não tem a diferença, “pô, o cara é do Paraná, o cara é um “pé vermelho”, o cara é um “jacu”, o cara da capital é um cara bom”, não existe isso. Todos são iguais, todos somos irmãos, é a união que vem. E nós vamos conseguir, não sou eu que vou. Então isso é uma coisa muito bonita, é uma união, uma participação, não tem divisão, é só soma. Então, isso que te dá vontade de você trilhar o caminho, o amor, a dedicação.
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Muito obrigada pela participação.
R - Eu que agradeço.Recolher