P - Primeiramente eu gostaria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento. R - José Leidimar Faria Rezende, nascido em Ituiutaba em 21 do 04 de 65. P - Você trabalha em que região hoje? R - Uberaba e adjacências, são 13 cidades. P - E como você entrou no Aché, como é...Continuar leitura
P - Primeiramente eu gostaria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R - José Leidimar Faria Rezende, nascido em Ituiutaba em 21 do 04 de 65.
P - Você trabalha em que região hoje?
R - Uberaba e adjacências, são 13 cidades.
P - E como você entrou no Aché, como é sua história?
R - Eu entrei no Aché em 4 do 10 de 94. Eu trabalhava em uma empresa de varejo em Uberaba, houve duas vagas e o supervisor foi até essa loja onde eu trabalhava, era uma loja reconhecida por formar bons profissionais, para ver se ele conseguia contratar alguém. Fui com um grupo de pessoas dessa loja para participar de um processo seletivo, na época éramos ao todo 34 concorrentes e eu tive a graça e o privilégio de ter sido escolhido.
P - Você lembra como foi esse processo de seleção?
R - Lembro, até em detalhes. (risos) Eu na verdade, na loja não tive nenhum contato com essa pessoa que me contratou, que hoje não está mais entre nós. Mas eu fiquei sabendo que esteve um gerente de um laboratório farmacêutico ali na empresa onde eu trabalhava e queria contratar um representante. Eu fiquei sabendo do salário e aquilo me interessou. (risos) E na verdade eu não sabia o que eu ia fazer, pensei que eu seria um vendedor de medicamentos, alguém que iria visitar o comércio varejista fazendo vendas. Não sabia exatamente como seria meu trabalho. E confesso para você que eu fui para desencargo de consciência. Eu não queria depois pensar que eu não fui escolhido porque eu não tentei. Quando eu cheguei no hotel onde estavam sendo realizadas as entrevistas, eu não esperava encontrar tanta gente querendo a mesma vaga. E encontrei ali várias pessoas que eu conhecia, pessoas de nível superior, que na época eu não tinha, como não tenho ainda, estou estudando. Eu olhei para todas aquelas pessoas e não conseguia me imaginar contratado, mas o processo foi ocorrendo e cá estou há sete anos e alguns meses.
P - E você lembra do dia-a-dia de propagandista, quando você entrou?
R - Do curso eu me lembro de alguma coisa. Do meu primeiro dia de trabalho, no campo, já exercendo a função de forma prática, não me lembro de nada, não me lembro para quem eu fiz a primeira propaganda, estava completamente atordoado.
P - E você já começou nessa mesma região que você trabalha hoje?
R - Na região de Uberaba, parte dela, Patos de Minas, depois deixei de trabalhar durante cinco anos e agora voltei novamente a visitar Patos de Minas também. Mas em Uberaba eu sempre trabalhei.
P - E como é essa região?
R - Uberaba é tida como a capital nacional do Zebu, porque ali está sediada a Associação Brasileira de Gado Zebu. É uma cidade tipicamente mineira, hospitaleira, embora tenha já um certo tamanho. Então a gente tem o conforto de uma cidade grande, temos uma medicina de excelente qualidade, temos um bom comércio, temos algumas indústrias, mas a cidade ainda é pacata e tipicamente mineira. Os médicos que me atendem ali são tremendamente receptivos. É muito fácil trabalhar em Uberaba com relação ao contato com os profissionais que atuam ali. É um lugar que eu gosto muito de morar.
P - E essas cidades ao redor de Uberaba, é um pouco também essa realidade?
R - Com certeza, a região é muito parecida, homogênea.
P - E tem algum médico mais marcante na sua trajetória?
R - Tem alguns. Mas marcantes, talvez ficaram marcados na minha história, por termos desenvolvido uma amizade, e hoje eu até tenho amizades pessoais, e não tenho dúvida de que se eu precisar deles, posso contar, tanto no aspecto pessoal quanto profissional.
P - E com relação às campanhas, você se lembra de algumas mais marcantes, que você tenha desenvolvido uma estratégia própria para tentar convencer o médico?
R - Me lembro de uma. Quando passou para minha linha um produto que hoje não está mais no Aché, o Ciflox. Quando eu vi os resultados que a empresa obtinha com o Ciflox, eu fiquei inconformado, porque eu não entendia por que um produto tão bom, vendia tão pouco. E isso no Brasil inteiro. Procurei conversar com os colegas e a justificativa foi de que a empresa não estava muito interessada e não fazia campanhas, não vinha amostra, mas eu não aceitava ter um produto como aquele na minha linha, que poderia ter um peso muito bom no faturamento e vendendo tão pouco. E comecei a conversar com os médicos, qual a razão deles não prescreverem aquele produto. A resposta foi a mesma de todos os médicos, é que eles não conseguiam lembrar. É que o meu concorrente tinha uma atuação muito forte e nós não estávamos propagando o produto com o carinho que ele naquele momento merecia. Eu fui em uma empresa que trabalha com folders, posters e preparei um... aquilo era um out door, né? (risos) Eu peguei um original do medicamento na farmácia, escaneei e ele fez num tamanho de meio metro por um e dez, proporcional às dimensões da caixa. E eu entrava com ele enrolado no consultório. Comecei a fazer as mesmas entrevistas, alguns se lembravam: “Você já não me perguntou isso?” Outros nem se lembravam. E depois da conversa eu perguntava: “Doutor, a única dificuldade para você prescrever esse produto é a lembrança?” “É, Leidimar.” “Ajuda agora, doutor, os enhor lembrar do produto?” E eu abria aquela enorme caixa de medicamento, e aquilo foi uma coisa que marcou muito, marcou a concorrência. Teve concorrentes que tentaram me desanimar daquela proposta: “Pô, você não se sente humilhado de carregar um negócio desse?” “Por quê? Meu trabalho é promover um produto e estou fazendo com muito gosto.” E os resultados começaram a aparecer rapidamente, eu vendia ali 10 caixinhas por mês, e passou-se a vender 50 caixas no espaço de dois meses. Mas, infelizmente, depois desse período, eu pude entender por que a empresa não investia no produto. É um produto que hoje pertence a um concorrente e já havia uma negociação nesse sentido e eu não sabia. Digamos que escolhi o produto errado para fazer a promoção, né? (risos) Mas foi uma coisa que me marcou. Hoje eu entendo que qualquer produto é vendável, desde que você ache a motivação necessária, para que o consumidor ou o médico venha a fazer uso desse produto.
P - Você acha que tem algum diferencial do propagandista do Aché em relação aos concorrentes?
R - Com certeza. O propagandista do Aché, em geral, não vou dizer que isso é 100%, mas em geral ele é mais motivado, é mais inconformado e não se satisfaz com resultados miúdos. Ele normalmente busca um pouco mais. Até em função de que o Aché realmente sabe contratar pessoas. O diferencial do Aché é justamente saber identificar o profissional que ele traz para empresa, que virão para contribuir realmente de forma significativa. Dizem por aí que para entrar na indústria farmacêutica, você precisa ter um bom QI, né, “quem indica”. No Aché isso não tem tanto peso, eu entrei na indústria farmacêutica sem conhecer ninguém. Acho que talvez esse seja o diferencial do Aché, saber contratar pessoas.
P - E tem alguma relação próxima entre você e os outros propagandistas do Aché, ponto de encontro, conversas?
R - Hoje, menos, porque a empresa fez reestruturações quanto aos setores, e no geral nós estamos em pontos diferentes, então nos encontramos pouco no período de trabalho. Mas fora do período de trabalho, nós temos a relação muito próxima, somos muito amigos. Eu diria que quase somos uma família. Como toda família, às vezes temos problemas, mas no geral são muito bem resolvidos.
P - Mas dá para almoçar junto durante a semana, tem algum restaurante ou lugar onde vocês se encontram?
R - Esse ano nós temos almoçado juntos sempre no último dia do ciclo de trabalho. Porque todo mundo fecha o ciclo de Uberaba. Então Sexta-feira passada almoçamos todos juntos, somos nove no setor, almoçamos em sete pessoas, porque os outros dois precisavam estar com as famílias e não teve como. Mas foi muito agradável.
P - E tem histórias pitorescas nessas viagens pelo interior, que você queira contar?
R - Tem. Minha ou dos outros? (risos) Vou contar duas minhas. Há quase sete anos atrás, no meu primeiro ano de Aché, aquela motivação, aquela vontade de visitar os médicos, eu estava lá em Coromandel. É um lugar onde eu não trabalho hoje, havia chovido muito no final da tarde. E nessa época nós andávamos em dois no mesmo carro. E os dois apressados, era a última clínica do dia, dali iríamos para Patrocínio, onde fomos dormir. E o colega parou o carro não tão próximo da calçada, estava correndo a enxurrada, e eu com a pasta no colo querendo descer para acabar o trabalho rapidamente e podermos ir embora. Ao descer, tentando fugir da água, tropecei na guia e estava de costas, caí sentado na calçada, e justo onde eu caí havia um buraco de uns 10 cm. Eu caí de bunda, me desculpe a expressão, (risos) me sujei todo, fiquei um barro só. E tudo aconteceu tão rapidamente, eu caí, levantei, o colega entrou na clínica e não viu. A hora que ele voltou, eu estava sentado e disse: “Ué, mas por que você não foi visitar os médicos?” “Ah, toca o carro e vamos embora, eu não vou visitar esse pessoal.” (risos) Não dava, era um barro só. No dia fiquei até deprimido (risos), mas no dia seguinte demos muita risada, principalmente porque todo mundo da região ficou sabendo, porque ele não ia perder a oportunidade de contar tudo. Esse ano eu comecei a trabalhar numa região diferente, em João Pinheiro. E os colegas que conheciam a cidade me recomendaram almoçar num restaurante que fica na rodovia e tem uma comida bem típica mineira: frango caipira, angu de milho verde, quiabo... O que a
cozinha mineira tem de melhor e mais simples. Você almoça debaixo de um mangueiral, passarinho cantando, cachorro latindo, o vento batendo em você. O lugar não é bonito, mas é muito gostoso, relaxante. E nós estávamos ali almoçando, e quando estávamos quase de saída, tinha uma família do lado com as crianças, a senhora, seu esposo e três crianças, e de repente os meninos saíram correndo, o marido se afastou da mesa e uma senhora gorda começou a gritar e sapatear. Nós já ficamos assustados, aí veio uma cobra. (risos) O parceiro que estava comigo já foi para longe, (risos) eu também me afastei, o garçom veio e pau na cobra. O colega me disse: “Eu é que não volto mais aqui.” “Eu também não, vamos embora.” (risos) E há um fato que ocorreu com um colega, mas eu não vou mencionar o nome. Ele tem problema de vista e fez uma cirurgia para miopia e disse que tinha sido uma beleza, (risos) estava enxergando tudo até então. Três graus de miopia. Nós estávamos juntos no consultório, ele fez a propaganda e disse: “Doutor, eu vou procurar aqui para você o Biofenac.” E tirou o Biofenac da pasta. “Mas fulano, isso não é o Biofenac, isso é o Flagass.” “Ah, mas então eu vou procurar o Biofenac para o senhor.” Foi engraçado, mas agora ele está enxergando bem. (risos) É a intensidade do momento, viver o momento é muito engraçado.
P - E passa por consultórios dos mais diferentes médicos?
R - Ah, com certeza. E nos mais diferentes estados de espírito também. Interessante como você vai desenvolvendo o feeling e percebe quando o médico não está legal no dia, a secretária também dá uns toques. Você tem que adequar-se no mesmo dia a talvez 20 situações, humores, perfis diferentes. Isso dá ao propagandista uma certa flexibilidade, inclusive para enfrentar a vida nas suas diversas áreas, no social, com os filhos, com a esposa. Hoje eu me sinto um homem diferente de quando eu entrei na empresa, há sete anos atrás.
P - Voltando um pouquinho para quando você entrou, havia hotéis que vocês sempre freqüentavam, algum propagandista dava dicas? Como era a hospedagem?
R - Olha, existe um adágio, que eu acho meio pejorativo, não gosto não, que diz que propagandista é igual pardal, anda sempre em bando. (risos) Normalmente os propagandistas costumam freqüentar os mesmos hotéis, porque desenvolve amizade, vai junto jantar, porque negociando em grupo, você consegue um preço melhor e então freqüentávamos os mesmos hotéis. Não tão bons quanto hoje, não sei se já comentaram isso com você. (risos)
P - E alguma história dessas hospedagens?
R - Não.
P - E o que mais te agrada no Aché?
R - No Aché de hoje? A liberdade que você tem para contribuir com idéias, para poder colocar o que eu penso, ser ouvido e respeitado. Não ter o receio de que se eu falar algo que não seja de acordo com a idéia reinante, eu venha a sofrer alguma retaliação. O Aché hoje é muito mais aberto que antes. Isso eu acho bastante positivo e em qualquer sociedade, seja ela empresarial ou humanitária é necessário haver liberdade para que tudo cresça. Ninguém é dono da verdade.
P - E para finalizar, o que você achou de contar um pouco da sua história aqui?
R - É diferente. Porque a gente sempre conta histórias, para o colega do lado, para quem é íntimo seu, nem sempre para o seu chefe. (risos) Mas foi agradável.
P - Então, muito obrigada.
R - Obrigado a você, pela oportunidade.Recolher