Durante o período de 9 anos que morei em Londres, na Inglaterra, trabalhei como Interprete para o governo britânico nas àreas de Saúde e Imigração. Era um trabalho muito desafiador e do qual gostava muito. Trabalhava com imigrantes de lingua portuguesa que não sabiam se comunicar em inglês. ...Continuar leitura
Durante o período de 9 anos que morei em Londres, na Inglaterra, trabalhei como Interprete para o governo britânico nas àreas de Saúde e Imigração. Era um trabalho muito desafiador e do qual gostava muito. Trabalhava com imigrantes de lingua portuguesa que não sabiam se comunicar em inglês. Na época havia um volume muito grande de refugiados chegando da Angola, pedindo asilo politico.
Meu papel era ajudá-los nas consultas médicas mas também deveria ajudar o governo inglês a avaliar se suas histórias eram genuínas e se mereciam o status de asilados políticos e os benefícios que vem atrelados à esse status. O que foi surpreendente para mim foi me dar conta do pouco que eu sabia sobre Angola e seu povo, e do tanto que eles sabiam sobre nós.
Para os angolanos, o Brasil é a colônia que deu certo, eles tem uma admiração que beira a idolatria por tudo que é brasileiro. Amam nossa cultura, amam nossos artistas, nossos escritores, sabem tudo sobre nossas novelas...
Me perguntavam coisas do tipo "E a Suzana Vieira, já casou de novo?"
coisas que eu não sabia responder e nem dava importância! As mulheres angolanas me pediam calcinhas e bikinis do Brasil. De repente essa experiência me fez rever minha identidade como brasileira e repensar minha relação com meu país. Me ocorreu que nós brasileiros nascemos e crescemos com esse complexo de "quintal do mundo" tão tipico dos colonizados, e nem nos ocorre que paises ainda menos desenvolvidos olhem para nós como exemplo a seguir.Recolher