Foi um sonho comprido. A partir de uma cena em que estava incessantemente em busca de um travesseiro para uma criança na minha casa, convidei meus familiares para ir à calçada de casa homenagear os coletores de lixo que passariam naquele momento, dizendo que estão coletando nossos lixos, alguns ...Continuar leitura
Foi um sonho comprido. A partir de uma cena em que estava incessantemente em busca de um travesseiro para uma criança na minha casa, convidei meus familiares para ir à calçada de casa homenagear os coletores de lixo que passariam naquele momento, dizendo que estão coletando nossos lixos, alguns mau armazenados, pois em existem casas não seguindo o protocólo recomendado. Vi um homem na casa da frente armazenando seu lixo com muito cuidado em um saco azul e o colocando dentro de um grande balde azul, virando-o de cabeça para baixo. Olhei para a minha rua e me chamou atenção sua organização e limpeza, além do frio, do dia escurecendo e vazia de pessoas. O caminhão da coleta, azul também, muito velho, lembrando um trio elétrico, com os coletores em cima, todos vestidos de palhaço, passou em frente à minha casa em grande velocidade. Pensei na hora sobre a falta de cuidado do motorista com os coletores que pareciam apreensivos em cair do caminhão, em uma posição insegura, me atento aos seus semblantes tristes e novamente ao escurecer e o frio. Conseguimos aplaudir rapidamente, fizemos um pequeno festejo para eles e ficamos na calçada comentando sobre o trabalho longo que teriam, nas ruas cheias de ladeiras. Em seguida voltei à cena da minha preocupação com o travesseiro da criança.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Associei os coletores/palhaços aos profissionais da saúde, em um trio elétrico para dar um show, mas estando no caminhão velho em uma posição insegura, com suas vidas em risco diante do motorista que governava com descuido, irresponsável. Isso me remeteu ao governo, o posicionamento do presidente (desgovernando o caminhão, a direção, sem cuidado com a vida de quem está fazendo o trabalho, com equipamentos inadequados - e de quem está na rua, como expectador, numa posição de dependência. O lixo a ser coletado, algumas casas seguindo o protocolo, algumas não - penso no posicionamento da população. Minha rua vazia, limpa, frio, escuro e sem gente. Mas minha família estava lá, comigo, não era triste. Minha casa não tinha lixo, como se eu e meus familiares estivéssemos ali somente para ver a situação, homenagear e pensar a respeito do que vem pela frente - muitos lixos a serem coletados em ruas com grandes ladeiras - trabalho longo e árduo aos profissionais da saúde e a população que precisa seguir melhor os protocolos de cuidado. Essa cena não me parece conectar com o restante do sonho, como se realmente eu tivesse parado com minhas preocupações rotineiras para olhar, atentar a um contexto a mais, como um fato a mais a ser cuidado na vida. E o que há de se fazer agora, além de falar a respeito com a família, se afetar diante dos descuidos de quem é esperado o contrário e da despreocupação da população e aplaudir os que estão na frente da batalha, sem sair muito de casa, só na calçada!Recolher