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Por: Museu da Pessoa,

Hoje eu tenho endereço

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Hoje eu tenho endereço

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Meu nome é Maria dos Anjos Soares de Souza, nasci oito de julho de 1954, em Itambacuri, Minas Gerais.

Minha infância foi dura, né, que uma que a minha mãe tinha 15 filhos e lá tinha, hoje aqui eles falam FEBEM. Fala FEBEM não sei, lá era deixado as crianças numa casa assim, que as pessoas tomava conta dos pequenininho, né? Aí, era muito difícil mesmo, mil e trezentas crianças. Era fogo. Fui pra lá com seis meses e morei até os 18 anos, e os meus irmãos também.

Era assim, tomava banho, água fria, gelada, e fazia xixi, né? E depois comia mingau de aveia e era o que tinha, ou então fubá cozido. Era essas coisas. Doação das pessoas que davam, né? Tinha as donas que cuidavam dos pequenos, as mulheres caridosas, assim que falava. E aula pra conforme ia crescendo, tinha um morro enorme pra subir, pra ir pra escola. Morava lá e pra estudar ia pra outro lugar. Não era bem FEBEM que falava, era abrigo de menores. Então, aqui que fala em FEBEM.

A cidade era pequenininha, era uma saída só. Era pequeno. Todo mundo conhecia a vida de todo mundo, aquela coisa. Era isso.

Trabalhei também, em casa de família. Aí, até 18 tive que ficar, porque lá não tinha como ficar de maior. Aí, saí, aí fui trabalhar em casa de família. Limpava lá o chão, fazia faxina. E de lá, uma colega da minha mãe arrumou um colégio em Brasília. Maria Auxiliadora chamava o colégio. Aí, eu fiquei lá também por quase dois anos. Também já não aguentava mais ficar presa. Eu fui pra Brasília de ônibus, eu achei bonito, porque eu nunca tinha saído assim. Foi interessante, gostei demais! Nossa, muito bom. Coisa que nunca tinha visto assim na vida eu vi. Bonito mesmo. Foi, por aí, por dois anos. Que aí eu comecei a chorar muito, só presa ali também lá dentro. Era de freira, né? Aí, ela [minha mãe] foi e me tirou. Aí, fui de novo trabalhar em casa de família, aí fiquei. Mas era bom lá no colégio, que ensinava muitas coisas, a bordar, alguém queria ser...

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Minha Casa, Minha Cara, Minha Vida - Cabine São Bernardo do Campo

Depoimento de Maria dos Anjos Soares de Souza

Entrevistada por Gisele Rocha e Nilza Rocha

São Bernardo do Campo, 08/03/2014.

Realização Museu da Pessoa.

ASP_CB004_Maria dos Anjos Soares de Souza

Transcrito por Iara Gobbo.

P/1 – Dona Maria, vou pedir pra senhora falar pra gente começar, o seu nome completo, sua data de nascimento e o local onde você nasceu.

R – Pra eu falar?

P/1 – Pode falar, tudo de novo.

R – Meu nome Maria dos Anjos Soares de Souza, nasci oito de julho de 1954.

P/1 – Em que cidade e que estado?

R – É Itambacuri, Minas Gerais.

P/1 – Então vamos começar por aí. Até quando você viveu em Minas Gerais?

R – Até os 18 anos.

P/1 – E pensando, voltando lá atrás, como que foi a infância lá na sua cidade?

R – Dura, né, que uma que a minha mãe tinha 15 filhos e lá tinha, hoje aqui eles falam FEBEM. Fala FEBEM não sei, lá era deixado as crianças numa casa assim, que as pessoas tomava conta dos pequenininho, né? Aí, era muito difícil mesmo, mil e trezentas crianças. Era fogo.

P/1 – Você chegou a morar um tempo na FEBEM?

R – Ô, e muito, até os 18!

P/1 – E seus irmãos também?

R – Os irmãos também.

P/1 – Como que era o dia a dia? Quando você acordava, o que que você fazia lá? Depois até a hora do almoço, depois à tarde?

R – Era assim, tomava banho, água fria, gelada, e fazia xixi, né? E depois comia mingau de aveia e era o que tinha, ou então fubá cozido. Era essas coisas. Doação das pessoas que davam, né?

P/1 – Tinha algum professor lá? Vocês tinham aulas?

R – Não. Aula... Tinha as donas que cuidavam dos pequenos, as mulheres caridosas, assim que falava. E aula pra conforme ia crescendo, tinha um morro enorme pra subir, pra ir pra escola.

P/1 – Ah, então saía. Na FEBEM dormia e comia?

R – Isso, morava lá.

P/1 – E morava e pra estudar ia pra outro lugar.

R – É. Não era bem...

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Título: Hoje eu tenho endereço

Local de produção: São Bernardo Do Campo

Autor: Museu da Pessoa

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