Projeto Mulheres Empreendedoras Chevron
Depoimento de Maria das Graças Silva Fernandes
Entrevistada por Rosana Miziara
Bom Será, Itapemirim, 03 de maio de 2012
Realização Museu da Pessoa
Código: MEC_HV018
Revisado por Joice Yumi Matsunaga
P/1 – Dona Maria das Graças, tudo bom?
R – Tudo b...Continuar leitura
Projeto Mulheres Empreendedoras Chevron
Depoimento de Maria das Graças Silva Fernandes
Entrevistada por Rosana Miziara
Bom Será, Itapemirim, 03 de maio de 2012
Realização Museu da Pessoa
Código: MEC_HV018
Revisado por Joice Yumi Matsunaga
P/1 – Dona Maria das Graças, tudo bom?
R – Tudo bem.
P/1 – A senhora pode começar dizendo seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Maria das Graças Silva Fernandes de 20 de abril de 1950.
P/1 – Seus pais são de Bom Será?
R – Meus pais são de Bom Será.
P/1 – E seus avós?
R – Também, são de Bom Será.
P/1 – Nasceu todo mundo aqui?
R – Todo mundo aqui
P/1 – Você sabe qual era a atividade do seu pai, o que ele fazia?
R – Meu pai sempre trabalhava na usina pra sustentar nós.
P/1 – Trabalhava de quê?
R – Trabalhava na usina cortando cana, nos sustentava, a gente era tudo pequeno.
P/1 – Quantos irmãos?
R – Nós éramos em seis, sete, não… oito.
P/1 – Onde a senhora morava?
R – Eu morava em Barra Seca, lá em Beira Rio, o nome do lugar.
P/1 – E como era a casa da senhora?
R – A minha casa era uma casinha feinha, nossa casa feinha, casinha caindo, entendeu? Aí vinha enchente, nós ficávamos dentro da água quando vinha enchente. Pedíamos socorro, a casa toda cheia de água, nós acordávamos com a casa cheia de água. Sempre foi sofrido. Sofri muito na nossa vida. Meu pai trabalhava e uma vez, passava uma vida medonha, teve um dia em que ele foi trabalhar e ele caiu dentro do rio. Foi fazer compras pra gente, aí as compras caíram dentro do rio e nós esperando para nós jantar, para as crianças jantar. Quando nós chegamos, não tinha mais nada. A gente ficou esperando...
P/1 – E a sua mãe?
R – Minha mãe também esperando chegar com as coisas pra gente comer. Sempre tinha que atravessar o rio e ele tomava uma “caninha”, né? Aí ele foi, o barco tombou, ele perdeu as coisas e ele chegou em casa e nós começamos a chorar. Coisa ruim, aí nós começamos a chorar. E toda vida pra gente foi sofredora.
P/1 – Sua mãe trabalhava fora ou não?
R – Minha mãe não trabalhava, só ele que trabalhava pra sustentar a gente. E passamos aquela vida triste que Deus deu. A gente não podia reclamar da vida da gente porque a gente comprava meia barra de sabão, meio quilo de arroz, uma caixa de fósforo, porque não tinha pra poder viver porque o tempo era muito ruim.
P/1 – Como era a vida na sua casa, quem exercia a autoridade, quem era mais bravo, seu pai ou sua mãe?
R – Papai, papai era mais bravo, mamãe era mais calma, ele era mais estúpido com a gente.
P/1 – Quais eram as brincadeiras suas de infância?
R – Ah, nossa brincadeira era brincar de roda, forró, dançava, aquelas coisas, brincadeiras de criança mesmo.
P/1 – Com quantos anos você entrou na escola?
R – Na escola, com sete anos, com sete anos eu entrei na escola.
P/1 – Você gostava de ir pra escola?
R – Gostava de ir pra escola, ficava na fila assim, tinha a merenda, a gente tomava aquela merenda, entornava a merenda eu começava a chorar, passavam pra mim, eu gostava de ir pra escola. Eu não aprendi muito porque...
P/1 – Chorava por quê, com a merenda? Eu não entendi.
R – É, porque as crianças passavam perto de mim e entornava a merenda, era leite com Toddy e entornava e eu começava a chorar.
P/1 – Entornava como?
R – Entornava, passavam assim perto de mim e jogavam no chão, correndo, entornava, começava a chorar na escola.
P/1 – O que você gostava de aprender na escola, o que você mais gostava?
R – O que, de...
P/1 – Na escola...
R – Brincar, brincadeira?
P/1 – Não, do que você gostava, por que você gostava de ir pra escola?
R – Não, eu gostava da escola porque eu queria aprender, queria aprender mesmo, aí eu ia lá, fazia o que eu sabia e ficava toda boba. Chegava em casa, falava para o meu pai que tinha feito isso, aquilo, eu ficava toda boba. E foi passando a vida, meu pai não gostava de...meu pai era meio ruim pra mim, aí eu casei, arranjei um cara, casei, meu pai não queria...
P/1 – Na adolescência, até quanto tempo você estudou na escola?
R – Até a segunda só.
P/1 – Por que você saiu?
R – Eu saí porque, é assim, a gente não... meus pais não… igual hoje, não ligava muito que a gente fosse. Às vezes, quando não ia, ele nem tava aí e por isso que eu quase não aprendi nada, eu não aprendi nada. Só sei meu nome muito mal, por causa dele mesmo que não se interessava pra gente ir pra escola. A gente ficou assim sem saber nada, eu não sei nada.
P/1 – E você ajudava sua mãe, ajudava seu pai na roça, o que você fazia quando você era pequena?
R – Ajudava na roça, ele trabalhava e eu levava o almoço, todo dia de manhã cedo pra ele, todo dia de manhã cedo.
P/1 – Como você levava?
R – Eu levava, eu enchia de manhã cedo e atravessava o rio pra levar o almoço, ida e volta, ia pra lá, vinha pra cá. De manhã cedo ia, levava o almoço às onze horas, aí dez horas já tava pronta...
P/1 – Como é que você atravessava o rio?
R – Atravessava de barco.
P/1 – Quem ia?
R – Às vezes, os amigos atravessavam e eu mesma, eu mesma atravessava...
P/1 – Ia remando?
R – Ia remando, eu sei remar.
P/1 – Com quantos anos?
R – Ah, eu tinha uns onze anos, já remava já.
P/1 – E na adolescência, você falou que ia para o forró...
R – Ãhã.
P/1 – Seu pai deixava?
R – Deixava não, mas eu começava chorando pra eu ir e meu irmão pedia e eu aproveitava, tocava pro forró. Mas ele não gostava, ele tinha ciúme de mim, meu pai era… a filha primeira. Aí ele ficava com ciúmes de mim. Ele não gostava, mas eu ia, meu irmão pedia e eu ia, ficava até tarde, me divertindo, entendeu? Não é hoje que tem esses negócios que tem hoje. Era muito bom, foi muito bom, só que meu pai não deixava sair de casa não.
P/1 – Quando você teve seu primeiro namorado?
R – Eu tinha quinze anos.
P/1 – Quinze? Como você o conheceu?
R – Eu o conheci… assim, a gente passeava, morava lá e a gente vinha pra cá e conheci ele aqui, o conheci e meu pai soube e não queria que eu namorasse com ele porque ele não tinha, não tomava nem conta dele, aí meu pai não queria que eu casasse com ele, aí eu teimei, meu pai não deixava eu sair pra lugar nenhum, fugi com ele. Fugi com ele ai meu pai queria que...
P/1 – Com seu primeiro namorado, você fugiu?
R – Ãhã. Aí meu pai...
P/1 – … Você tinha quinze anos?
R – ...meu pai queria me bater, meu pai queria matar ele, aí casei, né? E foi, ficou reclamando, veio atrás de nós. Nós fugimos, ele veio atrás da gente com um pau pra matar a gente. Ele, eu não.
P/1 – E vocês fugiram pra onde?
R – Nós viemos pra cá, pra Bom Será. Aí ele falou comigo que pra eu obedecer ele senão eu iria sofrer e, de fato, eu sofri. Casei com ele, tive meus filhos, passei muita necessidade. Aí ele pegou, baixava outras mulheres e eu ficava em casa passando fome com eles. As crianças todas doentes, tudo doente. Aí passei uma vida… cheia de necessidade, ele ia pra rua eu ficava… aí, depois, eu falei assim: “Ai meu Deus!! Com uma porção de filho”. Eu tinha onze filhos.
P/1 – Você teve onze filhos?
R – Tem dois mortos, agora tem nove e eu tive os filhos todinhos. Depois, ele começou me deixando passando fome, ainda as mulheres fora, passei fome. Aí o menino tinha três meses e ele separou de mim, me largou. Passei fome, até leite nos meus peitos faltou pra ele mamar… Não obedeci meu pai, né?.. Aí saí, vim pra cá e as crianças começaram chorando, queria as coisas, né? Aí não tinha como, e vim. Fiquei aqui na casa dos meus parentes, eles me aceitaram, fiquei. Meu menino tinha três meses, agora tá com vinte e um. Ele é até meio revoltado com o pai dele.
P/1 – Como é que você sustentou as crianças? Você foi trabalhar fora?
R – Eu fui trabalhar fora. Trabalhei muito, minha mão era cheia de calo...
P/1 – ...você trabalhava onde?
R – ...eu trabalhava ele tinha dois aninhos, esse menino que ele deixou. Fora os outros. Ah, trabalhei muito lá capinando abacaxi, trabalhei muito.
P/1 – Capinando abacaxi?
R – Ãhã. Passei fome, muita necessidade e eles também. Não tinham quase nada, nada pra comer, os vizinhos que davam. Eu não tinha casa, tinha temporal, a casa caía tudo. Tudo caía em cima da gente porque era casa de estuque, caía em cima da gente. Passei muita necessidade, mas, graças a Deus, eu... Aí, o pessoal aqui de Bom Será fez uma casa pra gente porque eu não tinha casa pra guardar eles. Aí, graças a Deus, aí, depois que eles cresceram, foi melhorando pra mim. Eles fizeram um barraco pra mim. Eles agora… Graças a Deus, os meninos foram crescendo, eles foram me ajudando comprando umas coisinhas pra mim, comunidade aqui dando cesta básica e eu trabalhando e, uma vez, eu fui trabalhar e não tinha nada pra gente comer, e fui trabalhar. Não tinha um ano que eu tinha operado e fui trabalhar, o carro foi e tombou comigo, o primeiro dia que eu fui. Na vinda, o carro tombou comigo e eu fui rolando, aí eu caí lá embaixo. Aí também eu caí lá embaixo, mas não machuquei não, me levaram para o hospital. Vim pra casa, e desde esse dia pra cá fiquei uma mulher doente e estou até hoje.
P/1 – O que você tem hoje?
R – Eu operei, agora vou operar de novo.
P/1 – O quê, mas o que você machucou?
R – O períneo, machuquei o períneo. Meu menino era muito grande...
P/1 – Mas, nesse acidente, você machucou o quê, que você disse?
R – Eu não sei, só sei que, depois, eu fiquei... meu médico fez uma porção de “queimagem” e eu fiquei, né?... Eu fui trabalhar. Não tinha nada pra gente dar comida para os filhos. Tinha que trabalhar. Agora, melhorou pra mim um pouco, eles cresceram agora. Eles cresceram e me ajudaram, estão me ajudando. Fica esse sofrimento, né? Eu sou doente até hoje. Agora tenho meus problemas, graças a Deus, melhorou um pouquinho. Mas eu passei uma vida muito ruim, que ele se separou de mim.
P/1 – Como a senhora ficou sabendo desse projeto?
R – Aqui do curso? Ah, eu fiz na Vila. Eu fui pra Vila, fiz na Vila...
P/1 – Mas quem te convidou? Como a senhora ficou sabendo?
R – Começou me dar depressão, minha cunhada morreu, fiquei com depressão. Fiquei assim, quase chorando, chorando. Aí as meninas falaram que tinha um curso lá na Vila que era pra eu ir. Fui. Cheguei lá, era tudo de graça, passagem de graça, dois meses, passagem de graça, tudo de graça. Aí, eu ia todo dia, todo dia eu ia e voltava, e voltava. Depois, a gente fez mais, lá embaixo, tinha lá em Bom Será, fez, aí passou esse aqui e foi aqui que eu...
P/1 – Mas qual curso foi, eu não entendi, qual que foi do bordado? A senhora falou que a senhora fez um curso lá, depois outro, quais cursos que a senhora fez?
R – Eu fiz um curso lá, de bordado e fiz um aqui em Bom Será bijuteria e agora estou fazendo esse aqui.
P/1 – Esse aqui não é curso, isso aqui já é uma cooperativa...
R – … esse curso não é curso não, isso aqui é trabalho. Não, quando começou, né? Começou o curso aqui, agora não, agora não é mais.
P/1 – E, aí, a senhora se interessou em continuar nesse?
R – Ãhã...
P/1 – … a senhora aprendeu o quê, no curso?
R – Nesse aqui? Ah, eu aprendi muita coisa. Tô muito feliz. Aprendi muita coisa. Amanhã, se eu quiser fazer, eu já faço pra mim.
P/1 – Mas o que a senhora aprendeu?
R – Eu aprendi bordar, aprendi...Tudo eu faço. Tudo eu faço. Bordar, só pintar que eu não sei pintar, pintar não. A gente borda, faz uma porção de coisa.
P/1 – A senhora sabia bordar antes?
R – Nunca sabia, nunca fiz isso. Nunca fiz.
P/1 – E gostou?
R – Gostei. Muito bom. Até que as meninas estavam falando que não podia falhar. Eu queria sair, tenho problema de saúde. Tenho que ir lá na Vila, tenho que me consultar, ir no médico. Aí foi que eu falei que ia sair e as meninas começaram, falaram que não era pra eu sair não, aí parei, né? Fiquei, continuei. Que as meninas gostam de mim, eu queria parar porque eu saio muito pra consultas, elas falaram que não. Não deixaram eu sair não. Eu fiquei.
P/1 – O que mudou na sua vida desde que a senhora entrou para esse projeto?
R – Ah, mudou muito a minha cabeça, melhorou muito porque eu estava começando com a depressão. Pensando nas coisas, ficava chorando dentro de casa, aí mudou muito depois que eu vim pra cá, mudou muito. Aí as meninas falam: “Ah, a senhora fica lá o dia inteiro?”. “Não, lá tá bom pra mim, deixa eu lá mesmo.” Ah, que eu deixo a casa tudo bagunçada, desarrumada... “Não, eu quero ficar lá.” Quando eu saio, fico doida pra chegar e vir pra cá, que aqui é muito bom!
Muito bom! Me diverti muito aqui, muito bom. O que eu não sabia, eu já sei. Foi Deus que mostrou esse trabalho aqui pra gente, pra mim, né? Que eu não tinha nada, não sei nada, mas, hoje, eu já sei muita coisa. Graças a Deus, estou muito feliz. Foi Deus que ajudou aqui eu arrumar esse lugarzinho pra gente, que aqui é minha saúde, minha saúde está aqui. Estou gostando muito daqui.
P/1 – Quais são as perspectivas, quais são os sonhos da senhora em relação ao projeto?
R – Como assim?
P/1 – O que a senhora espera desse projeto?
R – Ah, eu espero muito mais, cada vez o melhor pra mim, mais “inteligente” pra fazer as coisas, mais sabedoria. Deus me dê muita sabedoria para aprender mais e ficar ligada naqueles bordados. Não sou muito mais não, mas muita coisa eu aprendo. Estou muito feliz, foi muito bom pra mim.
P/1 – Qual o seu maior sonho hoje?
R – O maior sonho que eu tenho? Ah, o maior sonho… Eu quero ter tudo na minha vida, as coisas que eu desejo, a saúde, importante a saúde que eu falo sempre com Deus que a saúde, pode ser tudo bom, mas o negócio é a saúde e a gente ter coragem para trabalhar nisso aqui, que nós estamos trabalhando aqui. Desejo muito isso.
P/1 – Teve um dia no projeto que foi marcante, que a senhora lembra? Alguma história que aconteceu com a senhora aqui no projeto, algum dia que foi especial pra senhora?
R – Aqui, foi um dia muito bom, que a minha filha operou, tive que ficar um mês na casa dela, e eles tiveram trabalho, que eu fiquei chorando, doente. Eles fizeram um trabalho aqui e eu não pude ajudar eles a trabalhar aqui. Minha filha adoeceu, eu tive que ficar lá. Operou, tive que ficar lá, cesárea. Aí na hora, todo mundo, eles trabalharam e receberam os trocados deles e eu não recebi nada porque eu não estava trabalhando nesse mês. Aí todo mundo se reuniu e me deram trocado. Todo mundo, as meninas, me deram. Todo mundo me deu dinheiro. Me deu cem reais. Todo mundo ajudou as meninas, e me deram. Eu não estava aqui, a consciência foi deles, eles me deram. Aí fiquei muito feliz com eles. Todo mundo me deu dinheiro. Me ajudaram, deram trocado porque eu não estava aqui pra trabalhar e eles trabalharam e eles me deram. Todo mundo daqui. Fiquei muito feliz, muito feliz. Me ajudaram muito porque eu não trabalho, não tenho salário, não tenho nada, tenho a graça de Deus, não tenho nada. Não sou aposentada. Isso aqui pra mim é uma grande coisa. Me ajuda, melhora a minha cabeça e também às vezes. Dali, a gente vai fazendo um trocado e vai levando a vida. Que assim, eu não trabalho em casa de família, eu não aguento trabalhar na casa de família porque eu tenho meus problemas. Tenho problemas de saúde. Eu não aguento trabalhar em casa de família, então aqui pra mim é melhor, né? Porque aqui eu fico sentada, não aguento pegar peso, então eu fico sentada, só bordando e não me atrapalha, não me atrapalha, estou muito feliz.
P/1 – Tem mais alguma outra história que a senhora queira deixar registrado? Queira contar, que eu não tenha perguntado?
R – Tá bom, pra mim tá muito bom porque a vida não é, a minha vida não foi muito boa não, mas tá muito bom, que eu passei na vida, vida ruim, mas tá muito bom. A gente sempre passa, às vezes, passa coisas ruins, mas a gente tem que ter paciência porque a gente tendo paciência é melhor do que a pessoa ficar pensando na vida, “bota” coisa na cabeça, eu sou muito fraca, tenho uns problemas. Sou muito fraca, zango à toa também. Qualquer coisa, fico logo zangada, mas aí peço coragem a Deus pra Deus me livrar dessas coisas.
P/1 – E o projeto ajudou a vida da senhora?
R – Ajudou, ajudou muito, muito mesmo. Isso aqui ajudou muito, isso aqui é uma maravilha pra mim. Eu falo para as meninas que estou no céu aqui. Estou trabalhando, faço uma coisa, faço outra, esqueço de tudo. Tem dia que eu estou com cabeça quente com algumas coisas e venho pra cá, acabou. Converso com um, começo falando e acabou. Eu quis sair, não deixaram eu sair. Me distraiu muito, isso aqui foi muito bom. Não quero sair nunca daqui. Posso até sair, passar a fazer outra coisa, mas pra sair, queria sair, mas não consegue não. Pra eu ficar. Muito bom aqui, foi muito bom pra mim, distrai muito aqui minha cabeça, pensando as coisas, foi muito bom. Estou muito feliz com isso aqui. As meninas falam: “Ah, você fica lá o dia inteiro”. Não sei o que lá. Eu falo assim: “Deixa eu ficar lá, eu estou bem, eu estou feliz, deixa eu lá”.
Aí eles falam que eu fico mais pra cá do que pra lá, parece que abandono até a casa, a casa é aqui, né? Não, lá é bom pra mim, lá estou feliz, lá não tem nada que me aborreça, estou muito bem. Aqui foi muito bom pra mim.
P/1 – Quero agradecer o depoimento da senhora.
R – Tá bom.
P/1 – Obrigada.
R – Obrigada. De nada.Recolher