Projeto Fundação Banco do Brasil
Entrevista de Milton Luciano
Entrevistado por Tatiana Dias e Eliete Silva
Brasília, 6 de outubro de 2006.
Realização Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista nº FBB_HV036
Transcrito por Raquel Martins Reis
Revisado por Bruna Vasconcelos Martins
P/1 – Seu Mi...Continuar leitura
Projeto Fundação Banco do Brasil
Entrevista de Milton Luciano
Entrevistado por Tatiana Dias e Eliete Silva
Brasília, 6 de outubro de 2006.
Realização Instituto Museu da Pessoa.Net
Entrevista nº FBB_HV036
Transcrito por Raquel Martins Reis
Revisado por Bruna Vasconcelos Martins
P/1 – Seu Milton, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Seu Milton, pra registro, qual o seu nome completo?
R – Milton Luciano dos Santos.
P/1 – O local e data de nascimento?
R – Paranaíba, Mato Grosso do Sul, dia 15 de outubro de 1956.
P/1 – Ah, Seu Milton, qual era o nome dos seus pais?
R – É. Eles ainda estão vivos.
P/1 – É. Desculpa.
R – João Alves dos Santos e Josefa Luciano dos Santos.
P/1 – E a atividade profissional deles?
R – Meu pai é hoteleiro e minha mãe é doméstica.
P/1 – Ah, você tem irmãos?
R – Tenho dois irmãos legítimos e um adotivo.
P/1 – Ah, qual é a sua colocação nessa...
R – Eu sou o mais velho.
P/1 – Você é o mais velho? Ah... Seu Milton qual a sua formação profissional? O senhor fez quais cursos?
R – Eu sou formado em Contabilidade e Direito.
P/1 – O senhor fez lá no...
R – No Mato Grosso.
P/1 – Mato Grosso.
R – Contabilidade sim, Direito eu fiz em Florianópolis, _______ de Florianópolis.
P/1 – O senhor fez o curso superior como funcionário do Banco do Brasil?
R – Já. Já como funcionário do banco.
P/1 – Ah, então, quando que o senhor entra no Banco do Brasil?
R – Em 1976.
P/1 – Em 1976 o que é que significava o Banco do Brasil, assim?
R – O Banco do Brasil significava muito, principalmente naquelas regiões, nessas regiões mais longínquas do país, interior do país, era um dos empregos mais cobiçados, né? E além do emprego e da oportunidade, ele significava muito até pra própria ascensão social naquelas comunidades.
P/1 – Mas você sempre pensou, assim, quando você era jovem em ser funcionário do Banco do Brasil?
R – Na verdade não.
P/1 – Não?
R – Na verdade não, na verdade eu acho que dificilmente a gente nasce com uma vocação pra ser bancário. (risos) Você nasce com outra vocação, eu tinha outra esperança de militar na área de Direito, mas a situação acabou me levando a entrar no Banco do Brasil e aí eu acabei gostando, gostando da empresa, do ambiente e to no Banco do Brasil há trinta anos.
P/2 – Seu Milton, qual foi o seu primeiro contato com a Fundação Banco do Brasil?
R – Meu contato com o Banco do Brasil foi na criação da Fundação, na criação da Fundação Banco do Brasil, ela veio pra reunir uma série de projetos sociais que o banco já fazia e a Fundação Banco do Brasil veio pra colocar esses projetos sociais, quer dizer, reunir toda essa vocação social que o Banco já tinha. Então desde a sua criação por volta de 86, 87.
P/2 – Onde é que o senhor se encontrava nesse momento trabalhando?
R – Em Cabo Grande, Mato Grosso do Sul.
P/2 – É? E a sua colocação lá dentro da... era uma agência?
R – Era uma agência... Nessa época não, nessa época eu trabalhava na Superintendência do Mato Grosso do Sul, eu era analista na Superintendência.
P/2 – E a Reforma do Liceu Cuiabano foi um dos primeiros projetos da fundação.
R – Foi, a Reforma do Liceu foi um dos primeiros projetos da gente já no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, o Liceu Cuiabano, ele na verdade é em Cuiabá, foi um dos grandes projetos, aí foi por volta de 1997, 96,97 que foi a reforma do Liceu de Cuiabá. Esse foi um projeto interessante, a Reforma do Liceu de Cuiabá porque havia, o Liceu Cuiabano tem uma história muito grande em Cuiabá. Ele foi fundado por Getúlio Vargas e ele formou as grandes expressões políticas do Mato Grosso passaram lá pelo Liceu de Cuiabá. O prédio foi ficando abandonado, ficando abandonado, é um prédio histórico lá no centro de Cuiabá e havia uma cobrança muito grande da imprensa, notadamente das autoridades, inclusive do Governador daquela época, o finado Inácio de Oliveira, por ter sido ex-aluno do Liceu Cuiabano e estar deixando o Liceu Cuiabano se deteriorando e ser abandonado. Ele passou ao longo dos anos, dos 40, 50 anos anteriores, passou por algumas reformas, mas reformas assim que foram na verdade descaracterizando o lugar. Reformas muito mais emergenciais do que uma restauração do prédio, então na época a gente vislumbrou ali a possibilidade de deixar uma marca registrada junto à sociedade cuiabana, à sociedade mato-grossense porque o Liceu ele tinha essa representatividade. E aí em conversas com a Fundação e até com o próprio governo, a Fundação resolveu aí topar não uma reforma, mas uma restauração, restauração total do prédio, do jeito que ele foi concebido originalmente. É lógico que uma restauração fica muito mais cara do que uma reforma porque você tem problemas de materiais, você tem problemas de buscar peças, de mandar fazer peças que não existem, como é o caso de candelabros. Tinha um anfiteatro que tinha uma exposição de cadeiras que ainda restaram alguns exemplares de cadeiras da época que foram que ser todas refeitas, o piso, pra fazer uma restauração da época da sua inauguração. Então isso foi o que foi feito na época do Liceu Cuiabano.
P/2 – E o seu papel? O senhor acompanhava (ouro?)? O senhor acompanhou...
R – Esse é um papel interessante. Hoje esse papel até já mudou um pouco. Na época a gente desempenhava meio que um papel de faz-tudo porque você tinha que fazer a parte financeira do projeto, aprovar o projeto e acompanhar planta, acompanhar a obra, é bem verdade que nós tínhamos uma equipe de engenharia que ia lá, a Gereu do banco mesmo que acompanhou a obra, a empresa que fazia a obra, que era muito competente, trabalhou com muito esmero. É bem verdade que aquela... então uma empresa também pegou aquilo com carinho, com a equipe de engenharia, mas a gente tinha mais o acompanhamento assim, físico, financeiro da obra pra fazer os pagamentos.
P/2 – Se recorda da festa de inauguração?
R – Me recordo, me recordo bem da festa de inauguração. Na verdade foi feita uma solenidade grande na inauguração que foi feita uma sessão solene da Assembléia Legislativa lá no anfiteatro do Liceu Cuiabano. Lá, naquela oportunidade com entrega de títulos de cidadão mato-grossense para algumas autoridades estavam lá na sessão solene, deslocaram a Assembléia Legislativa para o Liceu Cuiabano, no anfiteatro pra fazer essa grande festa de inauguração com todas as autoridades do Estado, Governador, enfim, Ministros e todas as pessoas que de uma forma ou de outra trabalharam lá naquela obra.
P/2 – Findado esse projeto, o senhor teve contato ou acompanhou mais algum outro projeto da Fundação Banco do Brasil?
R – Ah, com certeza, porque depois que eu saí de Cuiabá e em Cuiabá mesmo, quer dizer, no próprio Mato Grosso tem outros projetos da própria Fundação que não têm a envergadura do Liceu Cuiabano, mas tem outros projetos da Fundação, menores seja na BB Comunidade, seja na BB Educar que a Fundação patrocinava lá dentro do próprio Estado. Além disso, como superintendente do Estado, eu fui depois pra Santa Catarina e também a gente continuou tendo um contato, um presente, diário, digamos assim, com a Fundação na condução dos projetos da Fundação. Aí a Fundação muda um pouco de linha, de atuação, passa a atuar em grandes eixos, sai um pouco de projetos específicos e passa a atuar em grandes eixos, salvo engano naquela oportunidade, o eixo central: o eixo da educação. Na restauração do patrimônio público, do patrimônio histórico, aliás, e na saúde, na saúde do país com relação ao câncer infantil. São os grandes eixos que a Fundação trabalharam naquela oportunidade e a gente tá agora encerrando a carreira. E em Santa Catarina temos o acompanhamento de projetos voltados nesses três grandes eixos, projetos da Fundação _____________.
P/2 – Hum, voltando à Restauração do Liceu Cuiabano, assim, durou quanto tempo a reforma?
R – Eu creio que ela durou, desde o seu início mais de um ano, próximo de um ano, um ano e pouquinho desde a restauração da obra, desde as patativas até a seqüência. Agora, é bom ressaltar em relação ao Liceu Cuiabano, na verdade o Liceu Cuiabano, a Fundação, ela foi um grande instrumento negocial, ela foi além do aspecto da importância que tem a obra para a cultura, para a preservação da cultura e do patrimônio para a sociedade mato-grossense e tem um grande aspecto negocial que o papel que a Fundação desempenhou permitiu ao banco firmar uma grande parceria com o Estado, cuja parceira perdura até hoje do Banco ser... de o Banco ser… substituir na verdade junto ao Governo do Estado, o banco do Estado do Mato Grosso, o Bamat que estava sendo liquidado pelo Banco Central naquela oportunidade e o Banco assumiu o papel junto ao banco, naquele papel que o Banco do Estado do Mato Grosso desempenhava naquele serviço que ele prestava ao Governo do Estado do Mato Grosso, então além disso, ele foi o marco importante que é o marco também de negócios. Isso é importante porque a Fundação é alimentada com recursos provindos do Banco do Brasil no seu íntimo, então esse casamento da Fundação de além de cumprir o seu como agente social, também casar isso, né, negócios com o Banco do Brasil. Esse é um plano que a Fundação faz.
P/1 – Seu Milton, houve alguma parceria, assim, de financiamento dessa Restauração ou foi só a Fundação Banco do Brasil que financiou?
R – Não, no início havia uma contrapartida do governo, no projeto original haveria uma contrapartida do governo, só que o governo naquela oportunidade não __________, naquela oportunidade o governo tava passando por uma crise muito grande, foi logo no início do Plano Real e os governos estavam passando dificuldade pra fazer frente às suas despesas e o Estado do Mato Grosso, ele tem uma característica, ainda tem essa característica 10 anos depois, ele permanece com a característica de ter sua economia voltada basicamente pra dois ou três produtos, notadamente grãos: soja e milho, agora que um pouquinho não mas na época era basicamente grãos e na entrada do Plano Real, como o dólar super... com o real supervalorizado em relação ao dólar houve uma crise muito grande, uma crise financeira do estado, de arrecadação e com isso o governo não tinha condição de fazer aquela contrapartida que cabia. Enfim, acabou a Fundação assumindo 100 por cento da obra, até porque também tivemos ao longo da execução do projeto nós tivemos aumento de custos, porque se você vai reformar uma casa já é assim, a gente faz um orçamento pra reforma de uma casa, quando derruba uma parede, aparece uma outra coisa, imagine uma restauração, na restauração a gente faz um orçamento, é ali muito mais indicativo do que propriamente o orçamento da execução.
P/2 – Seu Milton como é que o senhor avalia, como funcionário do Banco, como é que o senhor avalia a continuidade (?) de ter trabalhado junto aos projetos da Fundação Banco do Brasil?
R – Olha, a Fundação pra nós, ela é, ela é o mesmo sangue que corre na mesma veia, pra nós a Fundação Banco do Brasil. A existência da Fundação Banco do Brasil, os projetos que ela desenvolve traz pra nós enquanto funcionário do Banco, um orgulho grande, orgulho de pertencer à instituição, um orgulho de ver os projetos que ela faz e a seriedade que ela aplica no desenvolvimento dos projetos e traz, assim, uma satisfação muito grande, uma satisfação de cidadania. Somos agentes de mudança enquanto você é líder daquela comunidade.
P/1 – A Fundação comemorou 20 anos agora e tá registrando a sua trajetória através de história de pessoas que também fizeram parte desses projetos. Como é que o senhor se sente tendo feito parte também ativa dessa história?
R – Pra ser sincero um pouco velho. (risos) Porque quando a gente começa a fazer parte da história a gente começa a se sentir um pouco velho mas dizem que o capeta não é maldoso porque é maldoso, é maldoso porque ele é velho, eu tô brincando, lógico. (risos) Me sinto extremamente honrado de fazer parte da história da fundação. Me sinto honrado por estar sendo entrevistado por esse programa da Fundação, queria na verdade agradecer, agradecer a Fundação por ter me dado essa oportunidade.
P/2 – Nós é que gostaríamos de agradecer a sua entrevista, desculpe a bagunça.(risos)
P/1 – E as interrupções também.Recolher