R – Meu nome é Jocileide Barros Cardoso. Eu nasci no estado da Bahia no dia 8 de dezembro de 1971.
P – Quero que você me fale um pouco, então, sobre a sua família, como era o lugar que você nasceu, como era a casa?
R – Bom, é, como eu vim da Bahia pequenininha, com um ano...Continuar leitura
R – Meu nome é Jocileide Barros Cardoso. Eu nasci no estado da Bahia no dia 8 de dezembro de 1971.
P – Quero que você me fale um pouco, então, sobre a sua família, como era o lugar que você nasceu, como era a casa?
R – Bom, é, como eu vim da Bahia pequenininha, com um ano, eu não tenho essas recordações de como era minha vida lá, então nós viemos de lá, viemos para São Paulo. Como todo bom nordestino, meu pai veio tentar a vida em São Paulo e, graças a Deus, conseguiu, arrumamos emprego, fomos sempre de família humilde, somos até hoje, mas nunca faltou nada. São Bernardo recebeu a gente de olhos abertos, nós devemos muito a essa cidade.
P – No que seu pai trabalhou, ele veio aqui e começou a fazer o quê?
R – Ele trabalhou, trabalha até hoje na Mercedes-Benz do Brasil, ele é soldador de profissão.
P – Entendi. E, sua mãe, trabalha em casa?
R – Minha mãe sempre foi do lar.
P – Entendi. Então eu quero que você me fale suas primeiras lembranças da cidade, aqui de São Bernardo, a primeira coisa que você lembra de infância mesmo.
R – Olha, de pequenininha mesmo, eu vou te falar que minha memória não é lá essas coisas, mas lembro que não era assim tão gigante como é hoje, né? Nós começamos, assim, num bairro muito, na periferia, numa favela mesmo, que eu lembro que meu pai ficou sabendo por meio de outras bocas que estava tendo uma invasão em São Bernardo e, como quase oitenta por cento da população de São Bernardo, ele entrou nessa. Depois nós saímos de lá, estudamos nas escolas de São Bernardo e meu pai até hoje mora aqui, mas sempre de família humilde. Aí eu casei agora, né, todos os meus irmãos casaram, e meus pais saíram daqui e foram para o interior, e a gente continua em São Bernardo.
P – Quantos irmãos são?
R – Somos em cinco.
P – Mas, seu pai foi para o interior e continua na Mercedes?
R – Ele continua na Mercedes porque agora ele está aposentado por invalidez, por causa de um AVC.
P – Ah, entendi. E o primeiro bairro que você foi morar como chamava?
R – Sítio dos Vianas.
P – Você saiu de lá?
R – É.
P – Quando?
R – Em quando?
P – Quando? Que ano foi?
R – Ah, já faz mais, já faz uns quinze anos atrás. Agora, nós estamos aqui em São Bernardo na área dos Alvarengas, no bairro Senhor do Bonfim.
P – Como é lá no Senhor do Bonfim?
R – Ah, é maravilhoso, é um bairro maravilhoso. Temos nosso site na internet, visite: “senhordobonfim.com.br”. É um bairro ecológico, preservamos as nascentes, preservamos as árvores, é todo arborizado, todo de asfalto ecológico, toda calçada ecológica, temos reuniões todos os meses para ensinar nossas crianças, né, para não jogar lixo, para não arrancar árvore, para não fazer queimada, então é um bairro que eu sempre quis morar e, graças a Deus, eu consegui comprar uma casa lá.
P – Que bacana, eu não sabia que tinha.
R – É, tem sim. Inclusive, o nosso site é muito visitado por americanos, por japoneses, porque é um exemplo, já foram estudantes americanos visitar lá. Quando você tiver uma oportunidade, dá uma olhada.
P – Como surgiu essa ideia do bairro, você sabe como começou?
R – Olha, o Senhor Luiz de Deus, né, que o nosso bairro tem dezenove anos, né, ele era um Jockey Club de São Bernardo, fica depois do Clube da Ford, e começaram a lotear os terrenos, mas já com este propósito, porque era muito lindo, então dá muita dó destruir aquilo. E você sabe que a tecnologia, infelizmente, você vai passar um asfalto, você começa a estragar um monte de coisa, você começa a morar, então, no começo, o esgoto, com nascente, como é que ia fazer tudo isso?. Então foram poucos moradores que foram começando a preservar, preservar, contamos com o apoio da Prefeitura, claro, né, que fez tudo o esgoto, o asfalto, as calçadas já pedem para gente deixar sempre com grama alguns pedaços para não ter enchente. E a gente está sempre limpando. Inclusive, nossa árvore de natal está ficando linda com garrafas PET, tudo reciclado, as crianças vão lá, vai gente de outros bairros andar lá, fazer caminhada, ver nossa árvore de natal. Nossa rua está linda, vale a pena visitar o nosso bairro.
P – Bacana. Sobre o bairro ou sobre São Bernardo como um todo, eu quero saber o que você mais gosta aqui na cidade.
R – Olha, o que eu gosto em São Bernardo é oportunidade, eu acho que é a cidade da oportunidade porque aqui você tem muitas escolas, aqui você tem muita opção, aqui você tem, você tem, como é que fala, você tem a oportunidade de escolher uma escola boa para o seu filho, você tem a oportunidade de fazer um Senai, fazer um Senac, você tem muito lugar para se divertir, você tem parques que são de graça, entendeu? Então é isso que eu gosto de São Bernardo.
P – Entendi. Você tem uma relação muito próxima com a cidade mesmo.
R – Eu amo São Bernardo. Sempre amei.
P – Desde sempre?
R – Sempre, desde sempre. Nunca quis mudar. Quando eu fui procurar casa, a gente começava no ABC: “Ah, vamos morar no ABC porque emprego” e tal, como eu te falei da oportunidade sempre, sempre quisemos, meu marido sempre quis trabalhar aqui e eu não me interessava por outro lugar, só queria São Bernardo.
P – Mas porque é tão especial no seu coração, assim?
R – Eu não sei, parece que, quando uma cidade acolhe, parece que você fica devendo aquilo para cidade, sabe, então eu penso assim: se eu vou votar, eu quero votar nas pessoas de São Bernardo; se eu vou pagar meus impostos, eu quero pagar para Prefeitura de São Bernardo porque eu quero que São Bernardo vá para frente. É um egoísmo com a cidade mesmo (risos).
P – Última pergunta então. Quero que você me conte uma história de algo muito marcante que aconteceu com você aqui de algo, alguma passagem ou enfim, algo que marcou sua vida e que aconteceu aqui em São Bernardo.
R – Ai, quando eu estava namorando, a gente estava pensando em casar, foi, a gente começar a pensar em casar, ficamos os dois desempregados. Eu falei: “Ai meu Deus do céu, que situação”. Eu trabalhava numa firma de borracha chamada Diana, aqui no Rudge Ramos, e meu marido também trabalhava lá. Então a firma deu um piripaque lá – tanto é que ela fechou –, e nós ficamos preocupados, mas eu sempre falei: “Não, mas”. Naquela época, o emprego era mais fácil, né, e a Multibras, que era a antiga Brastemp estava aqui, era aqui de São Bernardo e meu marido mandou um currículo lá, eu lembro que ele falou assim: “Nossa, você não sabe quem me ligou”. Eu falei: “Quem que te ligou?”. Aí ele falou assim: “A Brastemp”. “Nossa, amor, então corre lá, vai fazer um teste, faz o melhor teste da sua vida, faça a melhor entrevista que você vai conseguir, se Deus quiser”. E eu lembro que ele foi, com fé em Deus, ele fez a entrevista, fez o teste, foi chamado para trabalhar lá e trabalhou lá muitos anos, que foi, sabe, deu um “up” assim na nossa vida e a gente conseguiu fazer tudo que a gente quis.
P – Muito obrigada.
R – Obrigada eu.Recolher