Gracias a la vida - 68
Por Angelo Brás Fernandes Callou
Sempre gostei de receber em casa amigos e familiares, no meu aniversário. Mas, neste ano, novamente, comemoro sozinho com o meu cachorro (pet, para os que não conhecem o substantivo masculino, em português).
Em branco, não vou passar, tá louco? Aniversário é para ser vivenciado. Seja lá de que jeito for.
Cedinho, tomei banho de mar, pois “A cura para qualquer coisa é água salgada”, diz a escritora Karen Blixen.
À tarde, dou uma geral no ap e solicito em domicilio (delivery, para os que não sabem): bolo de rolo, sorvete da Bacio di Latte, bolinhos de bacalhau e pastéis de festa. Como se diz por aqui, é tudo de bom na vida de uma pessoa! Se engordar, caminho bastante depois. Flores foram colocadas em dois vasos.
Um vinho tinto gran reserva me espera, à noite. Velas serão acesas. Brindarei à vida, que me há dado tanto. Grande Violeta Parra!
Nem acredito que cheguei aos 68 anos. A impressão que tenho é a de que pulei alguns anos bissextos, pois me sinto, ainda, digamos, contemporâneo, apesar de não falar “pet” e “delivery”.
Mas sei muito bem, a esta altura da vida, separar o joio do trigo. E com certa desenvoltura, como convém a um pescador, ao lançar sua tarrafa às águas. Esta é a melhor parte da vida. A mais prazerosa. A mais bela, talvez.
Dos três pedidos de aniversário, aos quais tenho direito, desejei apenas um: que um pernambucano assuma a Presidência da República, em 2023.
Vida que segue…
Praia do Pina, Recife, 3 de fevereiro de 2022.