(depoimento de Sarah Maria Coelho de Souza)
Minha infância foi linda. Eu fui criada entre Fortaleza e Taquara, e fui criada olhando pra uma serra, do Sapé. A casa de meu avô ainda está lá, é uma instituição não governamental, uma associação. Eu fui criada olhando pra serra e eu me sint...Continuar leitura
(depoimento de Sarah Maria Coelho de Souza)
Minha infância foi linda. Eu fui criada entre Fortaleza e Taquara, e fui criada olhando pra uma serra, do Sapé. A casa de meu avô ainda está lá, é uma instituição não governamental, uma associação. Eu fui criada olhando pra serra e eu me sinto tão forte quanto aquela serra. Minha família era forte, unida. A gente teve laços amorosos, aprendeu a gostar da vida, de festa, somos uma família muito barulhenta, festeira. Então uma família muito gostosa, que tem os primos como irmãos. Eu tenho cinco irmãos, sou a segunda dos seis. E tivemos meu pai até os 94 anos. São pais lindos, maravilhosos, que ensinaram a gostar da vida, do trabalho. Até hoje eu tenho essa criança dentro de mim, foi meu primeiro mestre. Os desafios da vida não me aterrorizam. Vivo um dia de cada vez.
Os Correios sempre foram uma realidade na minha vida, na vida do cidadão brasileiro. Aqueles envelopes tradicionais verde e amarelo, quem não viu? Correios é uma realidade que vocês nem imaginam. Antes mesmo de trabalhar neles, eu já tive uma experiência muita linda com os carteiros. Eu estava noiva do meu marido, ele viajava muito, e ele estava na região Norte, nas nossas selvas, e ele dizia que ia mandar cartas pra mim. Fazia já quase um mês e nada de cartas. E eu estava aborrecida, quando um dia eu estava saindo de casa que o carteiro viu um quadro meu, que eu pinto, e viu meu nome assino, disse “Que quadro bonito, quem é essa moça, Sara?”. Eu disse que era eu, e ele falou que disse que estava com um amarrado de cartas com o nome de uma jovem com esse nome mas não estava entregando porque o nome está errado. Eu pedi as cartas e deu um abraço no carteiro. Peguei o bolo de carta e passei a semana inteiro lendo cartas. Que genro minha mãe ia perder se não fosse o carteiro. O carteiro fez um amarrado.
A minha vida inteira foi trabalhar com o público interno da empresa, porque eu sou assistente social, e isso eu sempre conto pra mostrar como os colegas carteiros trabalham, não estão apenas preocupados com o objetos de entrega, mas sensíveis, e não à toa são símbolo dessa empresa. Eles realmente são comprometidos, e tanto que são treinados pras entregas, tem olhos ampliados da realidade do dia a dia de trabalho.
Eu tive contato direto de ir nas unidades e conheço acho que quase todos os carteiros, sempre com uma relação que já tinha até antes de entrar na empresa. Há dois anos estou afastada, mas a minha função, desde agosto de 77, que foi a época ouro da empresa, passando de departamento à empresa, eu sou assistente social. Mas eu queria implantar serviço social numa realidade, fazer o planejamento. E quando eu entrei, foi isso que eu fiz, com outros grandes amigos fantásticos, inteligentes e grandes chefes. Eu aprendi com a empresa que não temos medo de desafio, por toda a dimensão que empresa tem e a responsabilidade com a pátria. Hoje temos facilidade de utilizar o avião pra tudo, mas na época a gente teve que fazer manuais para conseguir implantar muitas coisas na empresa.
Mas foi ali no trabalho que descobri fazer assistência social, porque no trabalho a gente consegue ver o ser humano como um todo, porque ali o cidadão está inteiro, com toda a sua carga, com todo seu sofrimento, levando sua família. A política tem que chegar na ponta, onde está acontecendo o trabalho. A gente podia ajudar a indicar para a empresa onde que as políticas sociais podiam se realizar no humano.Recolher