Quando criança, viajava nas férias para a casa de minha avó materna, Otília. Minha mãe e eu éramos levadas pelo meu pai até a estação da Luz; às vinte e uma horas saía o trem. Íamos eu e mamãe na primeira classe. Meu pai voltava para casa. A viagem durava a noite toda. Chegávamos em Ve...Continuar leitura
Quando criança, viajava nas férias para a casa de minha avó materna, Otília. Minha mãe e eu éramos levadas pelo meu pai até a estação da Luz; às vinte e uma horas saía o trem. Íamos eu e mamãe na primeira classe. Meu pai voltava para casa. A viagem durava a noite toda. Chegávamos em Vera Cruz às nove da manhã. Minha mãe levava uma mala com os meus brinquedos. No trem, eu abria a mala e brincava de casinha, com minha boneca, não dormia. De manhã, eu ficava ansiosa pela chegada e queria olhar na janela, porque de longe dava para ver a casa da minha avó. Lá ia o trem apitando. Ao chegar na estação de trem, minha tia, que hoje está com 83 anos, nos aguardava. Quando eu descia do trem, adorava pisar nas pedrinhas no chão da estação e contente seguíamos, eu, minha mãe e minha tia, caminhando a pé, até a casa da vovó, que nos esperava. Lá também estava outra tia, que faleceu este ano, com 95 anos, e minha prima. Brincávamos, passeávamos, íamos ao cinema assistir filmes de faroeste e freqüentávamos a missa aos domingos. Essa época foi maravilhosa, lá pelos idos da década de 60.
(Depoimento enviado em 25 de outubro de 2008)Recolher