Projeto Morro dos Prazeres Identidade e Memória
Depoimento de Francisco das Neves Silva
Entrevistado por Rosali Henriques
Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2008
Código: MP_CB006
Transcrito por Bruno Menucci
Revisado por Henrique Martins da Silveira
P/1- Seu Francisco, a agente queria come...Continuar leitura
Projeto Morro dos Prazeres Identidade e Memória
Depoimento de Francisco das Neves Silva
Entrevistado por Rosali Henriques
Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2008
Código: MP_CB006
Transcrito por Bruno Menucci
Revisado por Henrique Martins da Silveira
P/1- Seu Francisco, a agente queria começar a entrevista pedindo que o senhor dissesse seu nome completo, o local e
a data do seu nascimento.
R – Meu nome é Francisco das Neves Silva, sou natural de Itaperuna, Estado do Rio de Janeiro. Minha data de nascimento é 10 de Agosto de 1945.
P/1- O senhor nasceu em Itaperuna?
R – Itaperuna.
P/1- E o senhor morou lá até quando?
R - Eu só nasci lá. Eu vim três dias depois pro Rio de Janeiro, aqui pra capital.
P/1- Mas a sua família era de lá.
R - Só nasceram lá. Meu pai é de Itaperuna e minha mãe é mineira e não ficamos lá não. Nem conheço Itaperuna. Nunca fui lá.
P/1- E seus pais moravam onde aqui?
R – Aqui mesmo no Rio.
P/1- Mas em que lugar do Rio de Janeiro?
R - Morava em Caxias e depois morava no Méier. No Méier na rua Dias da Cruz.
P/1- Você passou a sua infância no Méier?
R – Passei minha infância no Méier, no Estácio de Sá. No Estácio e Lapa, onde eu fui criado.
P/1- Trabalhou com que seu Francisco? Trabalha com que?
R - Eu sou mestre de obras.
Trabalhei na Companhia de Engenharia. Eu era pintor, pedreiro, estucador, fui encarregado, supervisor e aí eu fui a mestre de obra. Agora estou encostado e vou me aposentar até o fim do ano, se Deus quiser.
P/1- E como o senhor veio parar aqui no morro dos Prazeres.
R – Vim parar aqui porque eu gostava daqui e aí tinha uma casa, tava construindo uma casa e aí vim morar aqui e estou aí até hoje. Hoje moro com a família.
P/1- Mora com quem?
R - Moro com a família toda: :minha mulher, meus filhos, meus netos.
P/1- Quantos filhos o senhor tem?
R - Atualmente tenho cinco filhos. Eram oito, perdi três. Tenho cinco.
P/1- E quantos netos?
R – Quatro netos. Três homens e uma menina.
P/1- Mora todo mundo junto aí?
R - Não. Moro só com uma neta e uma filha. E a esposa.
P/1 – Antes de o senhor vir aqui, o senhor já sabia sobre o morro, já tinha ouvido falar?
R – Já sabia sim. Já conhecia aqui, antes de eu vir morar aqui. Era uma tranquilidade, um morro de paz e foi por isso que nós veio morar aqui.
P/1- Como é que foi?
O senhor chegou no morro, o senhor gostou? Qual foi sua primeira impressão?
R – Eu tinha a impressão de que eu conhecia aqui mesmo, o Morro dos Prazeres em Santa Teresa. Eu tinha vontade de morar aqui por causa da minha saúde. Tenho problema de falta de ar. Sofro de bronquite e asma e me receitaram que aqui no Morro dos Prazeres é um lugar muito arejado e pra mim era muito bom. Então, decidi vir morar aqui. E hoje eu sou feliz. Até não sinto mais nada. Eu me sinto tranquilo. Acordo cedo, dou uma caminhada, respiro bem e nem tomo remédio mais. Só respiro...Só o ar de montanha aqui do morro, graças a Deus foi um remédio pra mim.
P/1- O senhor lembra de alguma história interessante sobre o morro, que o senhor conhece?
R - Eu não conheço muita coisa, porque eu sou novo nesse local, mas tenho ouvido falar muita história daqui em cima, dos antigos, gente que mora aqui em cima e gostam muito daqui. Não querem ir embora. Eu também pretendo ficar aqui até o meu final. O lugar aqui é muito legal. É ótimo. Eu gosto daqui desse lugar. E tem uma visão de todos os pontos pitorescos do Rio dá pra ver. O Corcovado, Pão de Açúcar, Ponte Rio – Niterói. Todos os lugares. Então é ótimo. Eu estou feliz aqui.
P/1 - E o Casarão? O senhor sabia alguma história desse Casarão?
R – Desse Casarão aqui eu soube pouca coisa. Soube que ele... Agora não, Soube que já foi um Casarão abandonado, velho, já foi escola, já foi igreja, já foi várias coisas no passado.
Agora não . Agora é um Centro Histórico, o Centro está acontecendo agora, e foi a coisa mais bonita que tem aqui no morro. Ponto turístico aqui do Morro dos Prazeres. Muitos turistas vem aqui passear, tirar fotos, que vale a pena. É muito bonito sim.
P/1- E o senhor sabe porque chama Morro dos Prazeres? O senhor tem idéia?
R - Eu imagino que seja porque o pessoal se sente bem, e a gente tem o maior prazer de estar aqui, onde a gente vê tudo, tem uma visão muito linda. Eu imagino que seja por causa disso. Morro dos Prazeres.
P/1- E hoje, qual o seu dia a dia seu Francisco?
R - O meu dia a dia é a felicidade que eu vivo. Estou aposentado agora, eu não faço nada, passo o dia todo passeando com a minha netinha por aí. Às vezes eu saio e volto. Vou até o Silvestre, caminho por aí, ando. Sou respeitado e considerado
por todos os moradores do morro. Criança, todo mundo gosta de mim. Sou um cara muito animado, muito brincalhão. Chamo todo mundo de amigo, amiga. E todo mundo gosta de conversar comigo, de brincar comigo. Estou sempre rodeado de garotas, das meninas, que gostam de conversar comigo. De brincar comigo. Sou muito brincalhão mesmo. Graças a Deus eu me sinto bem assim. Todo mundo gosta de conversar comigo, de brincar comigo. Confiam em mim, gostam de mim. Graças a Deus. Hoje eu sou feliz.
P/1 – E o que o senhor achou de ter participado dessa entrevista e ter dado seu depoimento no projeto?
R – Eu achei maravilhoso porque estou participando de alguma coisa, estou ajudando alguma coisa que podia se aproximar mais. Eu não sou nascido e criado aqui. O pessoal é que é. Eles deviam aparecer com mais frequência. Aquelas garotas pouco
vem aqui. Só passam assim, olham acham bonito olhar, mas não vem aqui dentro pra saber o que está se passando aqui dentro. O que está acontecendo. Eu achava que o pessoal tinha que se aproximar mais dos antigos. Eles é que tem história pra contar sobre o Casarão e sobre o morro todos dos Prazeres. Aqui é uma beleza, é uma delícia viver aqui.
P/1- Tá jóia seu Francisco. Muito obrigada.
R – Muito obrigado vocês também.Recolher