P/1 - O senhor poderia dizer seu nome completo? R - Tennyson José de Souza. P/1 - A cidade que o senhor nasceu? R - Santos. P/1 - E a data do seu nascimento? R - 20 de junho de 1920. P/1 - 20 de junho de 1920. R - É 20/6/20. P/1 - Vou fazer umas perguntas aqui que são dados pessoais. R - Pois não. P/1 - O nome do seu pai ? R - Manoel, com o, Manoel, agora eu vou soletrar, Ceciliano, mas com ce e ci, ce ci liano, Ceciliano de Souza, a mesma coisa de seciliano que vem da Secilia, mas só que é com c e a Secilia é com s. (risos) Que mais, mãe? P/1 - Data de nascimento do pai do senhor, o senhor se recorda? R - 4 de abril de 1883. P/1 - A cidade em que ele nasceu? R - Santos. P/1 - Então ele é santista. R - Santista, nossa raça é tudo santista. P/1 - E qual a atividade do seu pai? Que atividade que ele tinha? R - Ele era funcionário da Companhia Docas de Santos, que hoje é Codesp, mas naquela época era Companhia Docas de Santos. Aliás, aposentou-se lá. P/1 - E o nome da sua mãe? R - Benedita dos Santos Souza. P/1 - A data de nascimento dela? R - 8 de agosto, 8 de 8 de 1900 e 1883, o mesmo... ela tinha a mesma idade do meu pai. P/1 - Também santista? R - Não, essa é de São Sebastião, a mesma coisa. São Sebastião, naquele tempo, tudo era Santos. P/1 - E a atividade dela? R - Hã? P/1 - Atividade dela. R - Da minha mãe? Era doméstica, né, do lar. Tomava conta da casa estava com tanto filho que não podia fazer mais nada. P/1 - E quantos filhos? Quantos irmãos o senhor tinha? R - Irmãos nenhum. Eu sou filho único. P/1 - Filho único? R - Filho único. Em compensação tive tanto filho... (risos) descontei. P/1 - Então tá. Agora vamos falar um pouco, o senhor disse que é desquitado, mas, qual o nome da sua ex- esposa? R - Da minha primeira esposa? Eunice Alves de Souza. P/1 - Eunice... R - É, Eunice Alves de Souza. P/1 - A data do casamento? R - ...
Continuar leituraP/1 - O senhor poderia dizer seu nome completo? R - Tennyson José de Souza. P/1 - A cidade que o senhor nasceu? R - Santos. P/1 - E a data do seu nascimento? R - 20 de junho de 1920. P/1 - 20 de junho de 1920. R - É 20/6/20. P/1 - Vou fazer umas perguntas aqui que são dados pessoais. R - Pois não. P/1 - O nome do seu pai ? R - Manoel, com o, Manoel, agora eu vou soletrar, Ceciliano, mas com ce e ci, ce ci liano, Ceciliano de Souza, a mesma coisa de seciliano que vem da Secilia, mas só que é com c e a Secilia é com s. (risos) Que mais, mãe? P/1 - Data de nascimento do pai do senhor, o senhor se recorda? R - 4 de abril de 1883. P/1 - A cidade em que ele nasceu? R - Santos. P/1 - Então ele é santista. R - Santista, nossa raça é tudo santista. P/1 - E qual a atividade do seu pai? Que atividade que ele tinha? R - Ele era funcionário da Companhia Docas de Santos, que hoje é Codesp, mas naquela época era Companhia Docas de Santos. Aliás, aposentou-se lá. P/1 - E o nome da sua mãe? R - Benedita dos Santos Souza. P/1 - A data de nascimento dela? R - 8 de agosto, 8 de 8 de 1900 e 1883, o mesmo... ela tinha a mesma idade do meu pai. P/1 - Também santista? R - Não, essa é de São Sebastião, a mesma coisa. São Sebastião, naquele tempo, tudo era Santos. P/1 - E a atividade dela? R - Hã? P/1 - Atividade dela. R - Da minha mãe? Era doméstica, né, do lar. Tomava conta da casa estava com tanto filho que não podia fazer mais nada. P/1 - E quantos filhos? Quantos irmãos o senhor tinha? R - Irmãos nenhum. Eu sou filho único. P/1 - Filho único? R - Filho único. Em compensação tive tanto filho... (risos) descontei. P/1 - Então tá. Agora vamos falar um pouco, o senhor disse que é desquitado, mas, qual o nome da sua ex- esposa? R - Da minha primeira esposa? Eunice Alves de Souza. P/1 - Eunice... R - É, Eunice Alves de Souza. P/1 - A data do casamento? R - Data do casamento foi 6 de maio de 1943. P/1 - A data de nascimento dela? R - Tenho, 20 é... espera aí, 11 de janeiro de 1925. Cinco anos mais moça que eu. P/1 - Ela nasceu... R - Nasceu em São Sebastião, na terra da minha mãe também, é minha prima, ela é viva ainda.. P/1 - Ela tinha alguma atividade? R - Não, não ela era professora de música. Ela gostava muito, toca muito bem violão e tal... inclusive ela exerceu a mesma profissão, que ela aposentou-se como professora. P/1 - E quantos filhos o senhor teve? R - Sete. P/1 - Sete. O senhor poderia começar pelo mais velho? R - Ah os nomes? P/1 - Os nomes. R - Ah pois não, Tennyson. P/1 - Tennyson? R - Junior, né, o meu nome com Junior no fim. P/1 - A data de nascimento dele? R - 15 de fevereiro de 1900... que ano que eu casei aí? P/1 - 43. R - Não, foi 44. Ele nasceu em fevereiro de 45. Ele até nasceu 9 meses e uns dias depois, eu até fazia piadas: “que é que eu fiz esses dias aí?” (risos) Que era pra nascer em 9 meses direitinho, naquele tempo era assim, hoje não, hoje não... Ah o segundo? P/1 - Não, mas então ele nasceu em 44? R - Nasceu em 44. P/1 - Tá jóia. Atividade dele? R - Ele é aposentado, trabalhava em hotel, trabalhava não, ainda trabalha no Atlântico Hotel, você conhece aquele hotel grande ali no Gonzaga em frente ao Parque Balneário? Ele aposentou-se, mas continua trabalhando, recebe aposentadoria e ordenado também. P/1 - O segundo filho? R - Luiz Antônio Alves de Souza. P/1 - A data de nascimento dele? R - 4 de abril de 1945, 43 lá, né, foi 44 que ele nasceu...O Tennyson nasceu em que ano? P/1 - 44. R - Então esse nasceu em 45. Agora, os três primeiros foram tudo um ano de diferença. P/1 - E essa data 4/4 é a mesma data de nascimento do seu pai , né. R - Não, o meu pai? P/1 - É data de nascimento do seu pai, vi isso e achei curioso... R - Não, não é então. Ele é dia 4 de abril, deixa ver, o meu pai 16 de abril, desculpe. P/1 - Ah, imagino. R - Também, pra lembrar essas datas todas na minha idade... até que estou bom.(risos) P/1 - E o senhor lembra da data de todo mundo? R - Lembro, lembro... P/1 - Olha só! R - Pretendo lembrar, vamos ver. (risos) P/1 - Qual a atividade que ele tinha? R - O Luiz Antônio ele trabalha é... ele vende essas embalagens, ele trabalha por conta própria, entendeu, e também tem uma loja também em São Sebastião, aliás dos filho é o que está melhor. P/1 - É autônomo? R - É, autônomo. P/1 - E o terceiro filho ? R - O terceiro é Carlos Eduardo Alves de Souza. P/1 - A data de nascimento dele? R - Bom, esse aí, deixa eu pensar um pouquinho... eu tenho uma agenda aí, que eu tenho os aniversários. P/1 - Carlos Eduardo. R - Carlos Eduardo é 21 de maio de 47. Ele também é autônomo. Outra, Maria Elizabete Alves de Souza. P/1 - Alves... R - de Souza, é tudo é de Souza menos a última, que é da outra mulher. Maria Iz... 8 de outubro, 8/10/49. Sérgio... P/1 - Atividade dela? R - Atividade é autônoma também, ela trabalha com negócio de hotéis, aí, mas ela não trabalha para o hotel, ela arranja clientes , é assim que nem... é autônoma. Quantos tem aí? Um, dois, três, quatro. Sérgio Henrique Alves de Souza. P/1 - A data de nascimento dele? R - É 15 de julho, 15/7/52, ele trabalha na Prodesan, essa companhia que pertence à prefeitura, mas é particular. Hã... mais um, Fernando Ricardo Alves de Souza, 15 de maio, 15/5/54. Ele é mecânico, ele é mecânico por conta própria, ele conserta negócio de televisão, essas coisas e tal... ele tem até um escritóriozinho, e tem a menina também, é outra, a outra, essa, ah bom, pode virar, pode virar... ô tem que fazer duas folhas (risos) vai... P/1 - Bom, aqui tem seis. R - Então são sete. P/1 - Essa é... R - Essa é da segunda, mas eu não casei, entendeu, eu vivi com uma senhora durante 17 anos, mas nunca casamos, inclusive eu não podia casa porque eu sou só desquitado, não sou divorciado, você sabe, vocês conhecem isso, o desquitado não pode casar a segunda vez ,agora o divorciado que pode, né? Eu já me desquitei só pra não casar a segunda vez. (risos) Eu sou advogado também, já sei qual é o negócio olha, não posso casar... sou desquitado.(risos) Se, se a... P/1 - Mas e o nome da sua companheira ? R - Ah, posso também? É Eneida Freire Silveira de Souza. Ela apesar de não ser casada tem meu sobrenome, porque eu pus por causa da minha filha, quando a minha filha ia nascer, pra na certidão constar o nome de Souza, pai e mãe, né , hoje ninguém liga mais pra isso, né, antigamente é que ligava. Ela ... P/1 - A data de nascimento dela? R - Data de nascimento dela é que eu esqueço, não, eu sei. Essa aí também, eu perguntar pra outra ela me mata (risos). 27 de outubro de 35. P/1 - Que é a data que o senhor disse? R - É a data da Revolução Comunista lá na Praia Vermelha. E eu estava lá, eu estava, porque eu cheguei a estudar medicina no Rio, e eu estava lá nessa revolução, estava lá mas não estava lá, vi lá, mas saí pelo outro lado. (risos) A profissão é do lar. E tenho uma filha com essa, né? P/1 - Isso, a sua filha ... R - É Cintia, c i n t i a, Cintia como se pronuncia, Cintia Carla Silveira de Souza. Essa mora comigo, ela está fazendo, aquele negócio que trata de bicho, qual é o nome? Veterinária, ela agora está na faculdade. P/1 - A idade dela? R - Ela nasceu dia 7 de dezembro, ela tem 27 anos. 96 /97, vamos fazer as contas, me empresta sua caneta, aí ? P/1 - 71. R - 71, 71. P/1 - Ela é estudante? R - É estudante, essa é estudante, essa mora comigo, não faz nada, só estuda, está fazendo muito bem esse curso, graças a Deus, mas é um horário é ...que começa 7 horas da manhã vai até uma e meia da tarde. P/1 - Quase período integral. (PAUSA) Bom agora aqui ,acabou. Agora vamos falar da formação escolar, o senhor disse que fez direito? R - É, eu tenho curso de contador, bom esses cursos normais não precisa dizer é primário e ginasial, não, não, contador grau universitário, contador grau universitário é que chama contador, eu sou técnico de contabilidade, né, você sabe, contador e advogado. P/1 - Sua religião? R - Católica. P/1 - Atividade profissional, agora a gente vai fazer um histórico das atividades suas profissionais desde o primeiro emprego, tá? R - Certo, eu tive escritório de contabilidade... P/1 - Esse foi o seu primeiro emprego? R - Heim? P/1 - O seu primeiro emprego foi esse? R - Não, o meu primeiro emprego foi nas docas. P/1 - Nas docas. R - É. P/1 - O senhor se lembra? R - Da época? P/1 - Do ano que o senhor entrou? R - Foi em 39, é, e saí antes de casar. Saí em 42 foi em 42. P/1 - E qual era a sua função? R - Era escriturário, né. P/1 - Escriturário. R - Escriturário. P/1 - Isso foi na Companhia Docas? R - É foi na Companhia Docas de Santos, naquele tempo era Companhia Docas de Santos, agora é Codesp. P/1 - O senhor sai da Companhia Docas de Santos.... R - Saí da Companhia, aí eu abri escritório de contabilidade. P/1 - Que ano? R - Logo em seguida, foi 44... P/1 - Saiu em 42, foi isso? R - É, 42, foi no mesmo ano. E contabilidade eu fiz até entrar na fiscalização, até 63. P/1 - 63? R - É. Agora, junto com a contabilidade, depois que eu me formei em advogado, também tinha contabilidade e advocacia, entendeu? Se quiser pôr advocacia, o período é menor, é lógico, eu me formei em 59. De 59 a 63, também quando eu entrei na fiscalização, aí eu não... depois então eu fiz concurso para agente fiscal de renda do estado... P/1 - Só um minutinho. R - Pois não. P/1 - Aí em 1963... R - É, eu fiz concurso agente fiscal de renda do estado, e trabalhei de... até me aposentar. P/1 - Agente fiscal de rendas... R - Da Fazenda, Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. (PAUSA) de 63 a 81. P/1 - Tá jóia. R - E de 81 até hoje, boa vida. (risos) Mas é boa vida mesmo, que eu não faço nada, tem gente que: “ôh, quem não trabalha morre logo!” Que?! Já estou há 20 anos de aposentado. (risos) Não tenho nada de doença, graças a Deus. P/1 - O senhor já morou em algum outro lugar que não seja Santos? R - Bom, morei para estudar, né, estudei em São Paulo, estudei no Rio. No Rio fiquei dois anos fazendo medicina, depois desisti, também. P/1 - Fora isso, Santos. R - Fora isso, Santos. P/1 - Residência mesmo só em Santos. R - Bom, isso não adianta nem anotar, como agente fiscal de renda viaja muito, mas assim numa... por exemplo, vai pra Registro, vai pra, pra... mas dentro da região, não é morar, passar uma semana e tal... mas isso nem precisa anotar, vai. P/1 - Tá jóia. E fora o Santos o senhor é sócio de alguma outra associação, clube, sindicato? R - Nada, não mas, bom, sou da Associação dos Agentes Fiscais de Renda do Estado de São Paulo. P/1 - Associação... R - Dos Agentes Fiscais de Renda do Estado de São Paulo. P/1 - Desde... R - Não entendi? P/1 - Desde quando. P/1 - Ah, desde 63, desde quando eu entrei, foi em 63 que eu falei, né, 63 aí até hoje e mesmo aposentado continuo como sócio, né? P/1 - E no Santos? R - Hein? P/1 - E no Santos? R - No Santos, entrei em 1933. P/1 - 33? R - É, até hoje. P/1 - O senhor, é sócio, conselheiro... R - Sou sócio, conselheiro, não é perpétuo que eles chamam, conselheiro nato, né, aquele conselheiro que não precisa nem eleição, já é sempre reeleito. Só que tem o conselheiro tem que ir nas reuniões, mas eu não vou mais, nessa idade eu vou lá pra reunião, de noite eu não gosto de sair, ainda mais agora que Santos está pior que São Paulo, está um tal de matar gente de noite. Eu quero é sossego. P/1 - E atividades de lazer? R - Hein? P/1 - Atividades de lazer que o senhor tenha? O senhor tem atividades de lazer? R - Não, atividade de lazer... P/1 - O senhor não vai pra praia? R - Vou pra praia, pô isso... sábado e domingo, chopes na praia. (risos) P/1 - O que mais, televisão, música? R - Não, não... Televisão? Bom, isso, eu vivo vendo televisão, aqui televisão eu vejo muito ainda mais quando... hoje tem jogo do América. P/1 - O senhor acompanha só futebol? R - Não, eu acompanho novela, gosto de novela. Tem uma que está acabando agora e já vai começar outra, aquela Vale a Pena Ver de Novo. Aquela estava demorando, vocês não vêem isso, né, mas estava mesmo, eu estava assustado, (risos) eu sei que não acaba mais essa novela (risos), esqueceram de acabar, mas agora já deu, dia 15 estréia outra. P/1 - Então aqui a fichinha já está preenchida, então vamos começar agora um bate papo com o senhor. R - Pois não. P/1 - Tá bom. Então tá umas coisas da sua trajetória de vida, pra depois começar a falar um pouco do Santos. R - Certo, certo. P/1 - Fala um pouco da sua infância. Que tipo de brincadeiras que vocês faziam? Como era a infância? R - A minha infância passei muito, como eu era filho único, eu passei, eu ia brincar muito com os filhos do meu padrinho, esse que me propôs ir para o Santos, né, e eu até rapazinho sempre a gente tinha... jogava-se futebol lá que a casa era... tinha uma mansão, é onde hoje... você não conhece bem Santos, onde hoje é Unimed aqui de Santos, aquela casa bonita lá, nos fundos fizeram uma porção de arranha-céus, antigamente o terreno ia até os fundos, tinha até campo de futebol lá, a gente jogava bola... P/1 - Era um campo de várzea? R - É, não era bem um campo de... era um campo, mas era pequeno, mas a meninada jogava ali tudo... P/1 - Que posição o senhor jogava? R - Hein? Eu jogava na linha, centro- avante, até me chamavam de Mário Seixas porque eu era gordinho. Vocês nunca ouviram falar de Mário Seixas? P/1 - Já. R - Já, então, Mário Seixas era jogardor do Santos que era gordinho mas jogava pra burro, então me chamavam de Mário Seixas, mas nunca joguei bem não. Graças a Deus. Senão já tinha... o Santos estava perdido se eu jogasse lá. (risos) P/1 - E fora o futebol, como era o convívio entre as pessoas na cidade no bairro que o senhor morava, que bairro que o senhor morava? R - Eu morava na cidade, que meu pai aposentou-se nas docas, e como naquele tempo como até , as aposentadorias não são muito boas, arranjaram emprego pra ele, que naquele tempo, hoje chamam o zelador, mas naquele tempo chamava-se administrador, então não era bem zelador. Ele que cobrava os aluguéis do prédio e a gente morava em cima do prédio, prédio Dom Pedro II, nem existe na cidade, hoje é um dos prédios baixinhos da cidade, tem seis andares só, mas, naquele tempo era o maior prédio da cidade. E eu morei ali a minha infância toda, até me casar, até meu pai morrer, depois que meu pai morreu aí eu comprei uma casa e mudei, né? P/1 - E ali no centro então o senhor não brincava por ali? R - Não, eu ia brincar na casa do meu padrinho, que aqui, na cidade não dava jeito, que antigamente todo mundo morava na cidade e eu morava aqui perto da praia, mas eram poucas casas que tinham por aqui, entendeu, essa avenida Ana Costa era uma avenida muito bonita mas não tinha casa nenhuma. Mas o... então na cidade não tinha onde brincar e tudo, lá era só estudar mesmo e eu estudava no Colégio Santista, Ginásio Santista, me formei lá, né, e depois quando eu desisti do Rio também, voltei, e fui estudar contabilidade . Fora disso... Ah, eu era também da Congregação Mariana, naquele tempo... você perguntou se eu era católico, eu era, desde aquele tempo eu era católico, só que depois eu desisti também, depois que casei saí, não é, mas até hoje ainda contribuo para a Congregação Mariana, mas não tem mais nada não. P/1 - Não tem mais nenhuma atividade? R - Não. P/1 - E como é que foi, o senhor falou que foi pro Rio estudar lá? R - É eu fui fazer, porque o curso de medicina em São Paulo, era e até hoje é a melhor faculdade de... a faculdade da Universidade de São Paulo, né, eu até me preparei, fiquei dois meses me preparando em São Paulo, mas quando eu vi que não ia passar mesmo, eu fui para o Rio, porque no Rio a gente entrava direto no pré-médico, entendeu? Fazia dois anos de pré-médico e depois já era aprovado, já entrava, não tinha vestibular. Mas eu lá não fui muito bem em estudo, não tinha vocação para medicina. Naquele tempo só tinha três profissões: medicina, advogado e engenheiro. Hoje tem tanta profissão, que.... Eu vi que não dava certo, meu pai também estava fazendo um pouco de sacrifício para me pagar os estudos lá, pensão e tudo, aí eu desisti e fui trabalhar nas docas como eu disse aí. P/1 - Doutor Tennyson, como era morar longe de casa, estudando, como foi esse período do Rio de Janeiro? R - Bom, o período no Rio de Janeiro foi... eu tinha muito colega aqui de Santos, entendeu, aqui de Santos foi muita gente, inclusive a maioria desses médicos velhos aí, quase todos estudaram comigo lá no Rio, né? E tinha aquele ambiente, aquele ambiente dos santistas, inclusive o Rio é uma cidade muito boa para se morar, como Santos, uma cidade gostosa, eu morava ali em Botafogo, só que Botafogo nem parece mais como era, hoje está cheio de viadutos lá, morava na... pertinho da praia ali, e eu morava em Botafogo pertinho da faculdade também, não sei se vocês conhecem a Faculdade onde era, nem existe mais na Praia Vermelha, ao lado desse quartel onde eu falei que teve a revolução. P/1 - E o senhor estava lá? R - Estava... eu ia até a pé para a faculdade, não precisava nem pegar bonde, atravessava por ali e já estava na faculdade. P/1 - E a questão da distância, com que... assim, intervalo de quanto tempo o senhor vinha para... nunca veio... chegava... R - Ah, para Santos? Ah vinha. Quase todo mês eu vinha em Santos, matar a saudade. P/1 - Vinha de ônibus, de trem... R - Ah não, era só trem. Antigamente ônibus... nem existia, né? P/1 - E como era essa viagem de trem, que caminho o trem fazia? R - O trem levava 10/11 horas de viagem, mas era um trem muito bom, sabe? Aqueles trens da Central do Brasil que chamava. Saíam ali da estação, era no mesmo lugar onde ainda é a atual, né, pequinininha, só que parava, só em Cruzeiro que já aqui no Estado de São Paulo parava meia hora, parava para tomar café, demorava muito a viagem, mas, para matar a saudade eu vinha mesmo para Santos. P/1 - E quanto a esse episódio da revolução que o senhor presenciou lá, como é que foi isso, estava andando e ouviu tiros... R - Não, ouvimos tiros lá e saímos da faculdade, todo mundo se arrancou de lá. (risos) Quando ouvimos negócio de tiros...Mas foi uma revolução rápida, você já ouviu falar nessa revolução, né, foi uma revolução rápida acabou quase... não levou nem horas lá, o exército tomou conta lá... P/1 - O senhor chegou a ver isso tudo? R - Não, eu vi de longe, assim, que ver, essas coisas tem que ver é de longe, (risos) de longe e ir embora, né. De repente esse negócio de tiro... Quanta gente morre de tiro sem ter nada com o assunto, não é mesmo? P/1 - E a cidade, como a cidade ficou, a agitação na cidade? R - Não, não ficou não, naquele tempo já estava o Getúlio lá, o negócio lá controlaram. Eles punham lá os tanques lá na... O senado no Rio era ali na Cinelândia, né, acho que nem existe mais...há muito tempo que eu não ando naqueles lados lá do Rio. Quando eu vou no Rio, vou logo direto ali para as praias, mas ali na... tinha o Senado lá na Cinelândia, então na hora da revolução já cercaram o Senado com tanques do exército, estava protegendo tudo aí, a gente só via aquele movimento, mas o povo nem tomou muito conhecimento, não. P/1 - Chegou a fechar comércio... R - Não, que nada, não teve nada... Foi uma revolução que a gente só soube que teve no dia seguinte por causa dos jornais, e nós que ficávamos lá perto. P/1 - É, essa faculdade onde o senhor estudava era da Universidade do Brasil? R - Era, da Universidade do Brasil. Inclusive que hoje está na... junto com a universidade toda reunida lá. Depois eles derrubaram. Derrubaram, demoraram 7/8 anos, que a última vez que eu estive no Rio passeando por lá, passei lá e estavam derrubando a faculdade, ao lado de um hospício que tinha lá, um hospital tipo hospital para loucos que tinha lá. Agora a gente chama mais hospício, né? P/1 - Aí o senhor volta para São Paulo e vai fazer contabilidade, né? R - É, aí eu fui trabalhar nas docas como eu já falei e fui fazer contabilidade, na mesma... quando eu entrei nas docas, já comecei a fazer contabilidade, me formei em contador, depois quando eu casei já saí das docas, antes de casar já tinha saído das docas...Não, quê... Saí das docas muito tempo antes de casar. Eu fui abrir contabilidade com um, que foi o primeiro presidente do Santos naquela época, Aristóteles Ferreira, foi presidente da Câmara, e foi ele que nos levou lá para o Santos, eu já era do Santos como sócio, mas como diretor ele levou... porque nos éramos todos da Congregação e ele levou aquela turma da Congregação, Zé Horácio Pierre, que vocês vão ouvir falar muito nele aí, foi secretário do Santos mais de 20 anos, eu era o segundo secretário, porque ele era sempre o primeiro secretário, Zé Horácio Pierre. Zé Horácio Pierre, o Spagnolo, que também já morreu, Edson Merlim está vivo ainda, tá velhinho mas tá, quem mais... Opa. Dá licença. (PAUSA) P/1 - Bom, então voltando o senhor estava falando da sua chegada no Santos, quando o senhor foi levado pelo seu padrinho, como sócio... R - É como sócio... P/1 - O senhor tinha 13 anos? R - É, 13 anos, depois... P/1 - Isso, mas o senhor pode falar um pouquinho mais desse momento, o senhor freqüentava o clube, não freqüentava...? R - Não, eu era menino naquele tempo, futebol eu não perdia um, eu ia lá com parentes, geralmente Fim do lado A Fita Hum SFC - 025 Início do laado B Fita Hum P/1 - Bom, então voltando, o senhor estava falando... R - É estava falando do... P/1 - Quando o senhor era garoto, como é que era, o senhor não perdia nenhum futebol? R - É, eu ia, todos os jogos que tinha na Vila eu ia lá, com parentes ou conhecidos, a gente ficava naquelas cadeiras cativas, que tinha... não sei se vocês já ouviram falar, mas não tem mais, já derrubaram tudo, era ali na frente da arquibancada, sabe, em vez de... hoje as cadeiras cativas são lá em cima, agora não, hoje é em cima, ali na frente. Agora, uma coisa que eu me lembro muito bem, eu fui em 35, eu fui como meu pai, meu pai era louco do Santos sabe, a família era tudo... nós fomos ver o campeonato 2 a 0, que nós ganhamos do Corinthians lá em... P/1 - Ah, conta pra gente, o senhor se recorda dessa partida? R - Ah, me lembro. O primeiro gol quem marcou foi o... como é que chama ... ai meu Deus, esse negócio de nome de jogador que me foge à memória, o Mário Pereira jogou, o Mário Pereira foi um dos jogadores lá. Araken, Araken e ah... um que, ele morava até aqui perto e não morreu há muitos anos, morreu há pouco tempo ...Raul Raul, Raul... P/1 - Raul R - Raul, que marcou o gol e o Araken e o outro, né, foi 2 a 0. Mas, a volta foi a coisa mais gozada. O trem, nós viemos de trem, né, naquele tempo não tinha ônibus, o trem levava de São Paulo até aqui duas horas. Esse trem parou em tudo quanto era estação que... Santo André, estava assim a estação, vinha o pessoal do Santos... Ribeirão Pires, Ribeirão Pires está até hoje, a terra que mora muito Santista, não é? Cada estação a gente ficava meia hora, o trem não tinha horário, e chegamos aqui as 11 horas da noite, estava tudo... o povo todo esperando o trem, banda de música... uma beleza o negócio lá, uma farra das boas! P/1 - E como é que foi, essa recepção foi aonde? R - Foi na estação mesmo, saindo da estação da Estrada de Ferro, aqui em Santos, agora nem funciona mais, só funciona pra trem de... P/1 - Que bairro é? R - É lá no centro, no Valon do lado da Igreja do Valon. Então nós fomos dali até ...fomos carregando os jogadores, toda aquela farra e até a sede que era também na cidade, né, a sede era na Rua Itororó, então fomos para lá e aí ficou a noite toda de brincadeira, até eu que tinha 15 anos só, entrei na farra, né? (risos) P/1 - Doutor Tennyson, quem ficou aqui, quem não foi para São Paulo para ver o jogo, ficou aqui acompanhando pelo rádio, ou não tinha essa transmissão? R - Não, pra te dizer, agora você me perguntou uma coisa... esse negócio de rádio, eu nem me lembro bem, mas eu tenho a impressão que tinha, devia ser muito rudimentar mas existia, qualquer coisa tinha. E a Tribuna, esse jornal que até hoje é o principal daqui, né, a Tribuna ela punha, nesse jogo eu não sei, porque não fiquei aqui eu fui lá, mas quando o Santos jogava na Europa e tal, qualquer resultado eles punham lá na frente, por exemplo: Santos 1 a 0, está jogando na Espanha, e assim foi... a Tribuna sempre estava informando e o pessoal acompanhava os jogos, né? P/1 - O senhor chegou a tomar conhecimento de alguma vitória, de alguma derrota, , que tenha surpreendido o senhor por esse placar da Tribuna? R - Ah sim, inclusive eu morava na cidade, eu ficava lá perto mesmo pra ver, a hora que eles punham os resultados lá, acompanhava... (risos) P/1 - As pessoas se concentravam... R - Ah sim, ficava cheio de gente ali, que a Tribuna ela, até hoje existe o prédio, mas é lá nos fundos, hoje já tem um prédio muito bonito na frente...e nos fundos que é na Rua General Câmara tem a Tribuna como era naquele tempo, ainda lá. E foi também queimada na revolução, a turma do famoso Getúlio, que esse nome gravou, mas eu não gosto nem de falar, (risos) Queimaram a Tribuna, queimaram os jornais daqui e tudo, em 32 também, depois da revolução, é um tal de queimar jornal aqui, né, mas mesmo assim ela continua e até hoje está aí. Um dos jornais mais velhos do Brasil, 104 anos de idade. P/1 - Bom, mas então voltando ao Santos, o senhor nesse período era garoto, acompanhava, ia aos jogos... R - Certo. P/1 - Que mais atividades tinha o Santos, fora os jogos que o senhor freqüentava. R - Bom, o Santos, logo depois que eu vim morar mesmo aqui em Santos, aí eu comecei a freqüentar mesmo o Santos, que logo depois o Aristóteles tomou... assumiu a presidência, e chamou a turma, aí nós ficamos na direção mesmo, né. O Alfredinho lembra bem isso, que ele é do nosso tempo lá, o... eu fui diretor lá eu era moleque aí, com 18/19 anos já era diretor do Santos, né? P/1 - Olha só! E como era ser diretor do Santos tão jovem e tão apaixonado pelo... R - Não... a turma toda também era nova, né, que a turma que ele levou lá da Congregação era todo mundo mais ou menos da nossa idade, o próprio Aristóteles não era muito velho não, era novo. Depois que o Aristóteles saiu veio o Feliciano, Antoninho Feliciano, depois do Antoninho Feliciano entrou o Atiê e ficou 50 anos lá na presidência, (risos) até morrer, quase, que ele ficou lá. Aí teve quem mais? Tem o Modesto Roma, que inclusive quem assinou essa carta aí me nomeando o segundo secretário, ele era o vice-presidente, parece que foi vice-presidente o Roma, Feliciano, foi com o Atiê, também, esse continuou, trabalhou muito para o Santos, sabe, inclusive o filho dele que fez esse hino do Santos aí, morreu também. P/1 - E o senhor chegou a ter contato com Modesto Roma... R - Ah sim... P/1 - Como que ele era, ativo... R - Ah, muito ativo, muito trabalhador, e gostava muito... era louco pelo Santos, briguento também, discutia, esses caras aí, por exemplo, eu ia com o Teixeira, se fosse no tempo dele não falava tanto assim (risos), e brigava mesmo, mas era um grande diretor. Mas acho que ele nuncca chegou a ser presidente do Santos não, ele foi sempre vice-presidente então ele não gostava muito da presidência, mas acompanhava muito o Santos em excursões, que o Santos para a Europa para o exterior, ainda mais no tempo do Pelé, com Pelé então... P/1 - E o Pelé, como que era o Santos de Pelé, o senhor acompanhou desde a década de 30? R - Bom, Pelé, o Pelé tem uma coisa, eu não tenho... tenho vontade, eu conheço a história dele pelo que eu vi jogar e de jornais, mas, assim, como diretor, quando eu saí da diretoria, que eu fui estudar em 55 foi quando Pelé chegou. Entendeu, eu não tive contato com o Pelé assim. Tinha aqueles anteriores ao Pelé, tinha contato com todos eles, Osvaldo Brandão, que foi treinador aqui, era amigão meu . Agora o Pelé não, eu não tive contato com ele por causa disso. P/1 - O senhor participou então, justamente no período... R - Em que o Pelé não tinha começado ainda no Santos. P/1 - Exato, mas de construção do estádio. Então eu quero voltar um pouquinho para falar desse período de construção do estádio já que o senhor era administrador. Como foi essa construção do estádio, foi difícil, não foi difícil, que tipo de coisa foi feita, campanha, como é que foi? R - Não, o estádio não é como era hoje, é lógico, mas o estádio quando em 1933, quando eu entrei pra sócio já existia o estádio, tinha arquibancada, aquela onde tem as cadeiras cativas tal... em frente tinha uma baixinha e atrás também tinha uma arquibancada de madeira. E atrás do outro gol também tinha, como tem hoje aquela, mas era todo de madeira, entendeu, e depois começaram aos poucos indo fazendo de... A coisa que eu acompanhei mesmo foi a construção do ginásio. Eles derrubaram aquela parte lá do fundo e fizeram o ginásio, e depois serviu muito pra nós para dar baile de carnaval, aí a gente começou a dar bailes de carnaval e foi um sucesso, porque a gente alugava o Coliseu, Teatro Coliseu para os bailes. Os bailes do Santos eram muito considerados, os bailes de carnaval. E depois então que fizemos o ginásio, aí fizemos os bailes lá no ginásio mesmo, aí já economizamos o aluguel. P/1 - E quanto tempo demorou a construção desse ginásio? R - Já assim de tempo não posso te dizer, mas, dois ou três anos, mais ou menos, não foi muito demorado não, mas ali era só fazer a parte de cima, né, porque o principal era a parte de cima, porque em cima ia ficar a arquibancada como hoje ainda tem. Mas o ginásio em si não tinha muita coisa que fazer era só a parte vazia. Aí eu acho que uns ou três ou quatro anos mais ou menos, mas isso aí se você quiser ter uma certeza 100%, lá deve ter alguma coisa escrita. Não deviam ter perdido tudo lá na... a menos quando eles tiraram esse negócio de mim, encontraram a minha... a minha, como é... a minha admissão em 33, eles encontraram, foi tirado de lá da... P/1 - Dos arquivos. E, voltando agora a falar dessa fase, o senhor esteve em contato com o Lula, né, o técnico? R - Não, com o Lula eu tive um contato com ele, mas eu tive mais com Osvaldo Brandão. Osvaldo Brandão foi muito tempo técnico do Santos, agora, vocês ouviram falar em Osvaldo Brandão, né, ele morreu há... não morreu há muito tempo não. Osvaldo Brandão era muito meu amigo... Agora depois dessa época, como eu falei, de que eu entrei na faculdade aí eu não pude... Eu trabalhava de dia e estudava de noite, não tinha mais tempo, ia ver só jogo de futebol. Inclusive teve uma matéria , Direito Internacional Público, eu fui para a segunda época, porque o dia que tinha aula tinha sempre o jogo do Santos, eu ia para o jogo do Santos (risos) e o professor era o Doutor Mário Faria, muito boa pessoa, então... “Porque o senhor não me avisou, que eu dava presença?” (risos) Agora que eu já estou segunda... também foi fácil de fazer a segunda época, né? Foi a única vez que eu tive de segunda época por causa de jogo de futebol. Mas, quarta-feira tinha jogo e eu ia lá para o jogo. P/1 - Alguma partida, assim, inesquecível que o senhor tenha assistido? R - Bom, a partida pra mim inesquecível foi os 2 a 0, no campeonato, né, 1975. P/1 - O primeiro? R - O primeiro, o primeiro. P/1 - Inesquecível por que? R - Ah, porque ninguém esperava que o Santos ganhasse, é a mesma coisa que o jogo de hoje, né. Ninguém espera que o Santos possa ganhar e de repente ganha. O Santos ganhou lá e ganhou de 2 a 0, não foi de um, não, foi de 2 a 0 e no campo do Corinthians. Campo do Corinthians, que é o campo que eles não jogam lá de jeito nenhum, (risos) É o campo que... passa ano, passa ano, você nunca vê o Corinthians jogar lá no campo deles, quando joga acontece alguma coisa. aí não jogam mais. ( risos). Ali deve dar um peso filha da mãe, aquele campo. Parque São Jorge. Mas esse foi o jogo que mais me entusiasmou. Agora teve, teve jogos bonitos com times estrangeiros, aí nos ganhamos também da seleção, seleção eu não sei se foi seleção, não vou teimar, mas ou foi seleção ou foi um time famoso da França, parece que apanhou de 6 ou 7 aqui. P/1 - E foi a seleção da França, na época da Copa de 38 uma coisa assim? R - Foi sim, foi sim, mas também o negócio lá que... P/1 - O senhor viu esse jogo? R - Vi, vi. P/1 - Como é que era? R - Hum? P/1 - E como é que foi, assim, dizem que o... parece que os franceses acharam que tinham colocado a seleção brasileira em campo... R - É, eles pensaram que não era o time do Santos, que era impossível. É que nem o Vasco hoje, também ele vai ver o resultado e... “Ah, não pode ser...” (risos) Nós, com esses craques todos... P/1 - Aproveitando que estamos falando de craques, qual a galeria dos grandes craques do Santos para o senhor? R - Hum? P/1 - Se o senhor fosse montar uma galeria de grandes craques do Santos, de todo período que o senhor viu, quem seriam os principais nomes? R - Bom, o primeiro não tenha nem dúvida é o Pelé. Mas, mas teve... teve muito bons jogadores, o Lima, o... quem mais, o Raul, esse Raul que marcou o gol em 35. P/1 - Em que posição que ele jogava? R - Era center forward, naquele tempo, centro - avante, né, antigamente era tudo em inglês, center- forward, enfim tinha o ... P/1 - O goleiro, goalkeeper. R - O goalkeeper, que eu gostava muito, que eu sempre, que eu gostei muito nesses últimos tempos é esse que foi embora, esse argentino, qual é o nome dele? Ainda outro dia ele apareceu aí, falando na televisão. P/1 - Rodolfo Rodrigues? R - Rodolfo Rodrigues. Rodolfo Rodrigues foi um grande goleiro, né? Agora o ...teve também o Atiê. O Atiê foi um grande goleiro. Toffi, era do tempo que tinha dois filho de sírio lá, Tuffi e Atiê, parece que era tudo da família, lá, mas o Atiê também jogou muita bola. P/1 - Um ponta? R - Heim? P/1 - Um ponta? R - Um ponta... P/1 - Dois, né, um de cada lado. R - Logu, Logu, quase não falam nele, mas ele jogou muita bola, também, e ... puxa, agora me pegou... negócio de jogador do passado, assim, eu sou bom em datas. Agora, em , me foge a memória. Talvez se eu lembrar, depois eu diga. P/1 - Tudo bem. P/2 - Eu queria falar um pouquinho, então... R - Pois não, filha. P/2 - Vamos falar um pouco do Conselho, como é a rotina de ser conselheiro, depois que o senhor foi para a faculdade entrou em 55, aí o senhor meio que se afastou do Santos, aí ia só aos jogos, mas depois continuou mantendo uma rotina de conselheiro. R - Ah sim, eu comecei a faltar agora, ultimamente, porque eu não gosto de sair à noite, entendeu, nem guiar, mesmo guiar à noite eu não gosto, mas o Conselho tem aqueles reuniões. P/2 - Eu quero que o senhor explique pra gente, como é que é, como é que funciona o Conselho? R - Bom, o Conselho é eleito pelos associados, né, não é eleição indireta, porque quem elege o presidente é o próprio Conselho, agora o Conselho é eleito pelo... É a mesma coisa que deputado, senador e tal... Então são eleitas as pessoas, agora eu acho, como eu que sou, que tenho cargo já... não chega a ser perpétuo que chamam, não, não é perpétuo. Tem outro nome... P/1 - Nato. R - Nato, nem é nato também, mas tem um outro nome que eu não me lembro agora. Então, esses entram lá na chapa, mas não precisam ser eleitos, que entre a chapa que entrar, que pode ter mais que uma chapa pra eleição do Conselho. E o Conselho tem aquelas reuniões normais pra aprovar contas da diretoria, aprovar... e extraordinária também tem alguma coisa . E as pessoas normalmente vão .... As reuniões geralmente são à noite, 8 e meia, 9 horas que começa, acaba lá pra 11 e meia, meia noite,e tal, salão vocês conhecem, lá no clube, um salão muito bonito, salão da reunião de diretoria... E tem a mesa do Conselho que é o presidente, vice-presidente, parece que tem um secretário e tem... quatro ou cinco membros, isso eu não me lembro ao certo. O atual é o Barlequinha, que é o presidente do Conselho. Agora, ultimamente eu não tenho mesmo ido por causa da idade, de sair a noite e tal, mas eles têm me tolerado, pela lei do Conselho, se a pessoa faltar três ou quatro reuniões sem justificativa, eles afastam, mas a mim estão esquecendo, sabe, acho que é pela idade, pelo tempo... P/2 - Os temas são dos mais variados, desde as contas da diretoria até... R - Ah sim, uma porção, coisas importantes que tem lá, só não dão palpite por exemplo: pode dar uma opinião, por exemplo, na contratação de jogadores e tal o Conselho não tem nada com isso e tal, né. Ele pode dar um palpite, lembrar um nome, tudo mais, mas seria mais aprovação de contas, pra aprovação de modificações nos estatutos, né, os estatutos podem ser modificados, totalmente ou só certos parágrafos, cancelar uma coisa e por outra lá e tal. Isso aí é o Conselho que faz, né. P/2 - E polêmicas? R - Hein? P/2 - E polêmicas? R - Não tem muitas não, ultimamente não sei.Mas no meu tempo não tinha muita coisa. Tinha às vezes... que geralmente o Conselho é mais da idade de diretoria, entendeu. O Conselho é que elege a diretoria e geralmente os Conselhos, quando são eleitos, já são aqueles que fazem parte de um grupo que vai escolher o presidente, né? P/2 - Então não existe grandes polêmicas? R - Não, não ao menos que eu me lembre assim... Pode ter havido alguma coisa assim, mas que eu me lembre pra citar não acho que tenha havido. P/2 - E hoje o senhor é o conselheiro mais antigo? R - É, diz que eu sou, o mais antigo em idade, mas não sei não... P/2 - Acho que de idade não... R - Ah, em tempo devo ser mesmo, que eu sou conselheiro desde que eu comprei cativa que eu sou... P/2 - Eu acredito que seja desde 44. R - 44 é, 44 eu tinha 34, estou com 79, um bocado de tempo. P/2 - Bastante tempo ligado ao Santos? R - Ô. Você ainda está gravando? P/2 - Está gravando. (risos) P/1 - E essas perguntas fazem parte, também. R - É porque esse negócio aí, tá calor... P/1 - É, mas acho que a gente está encerrando, né, mas só para finalizar você gostaria de P/2 - Não. R -E café não querem mesmo? P/1 - Daqui a pouquinho, deixa só encerrar com essa pergunta. R - Então vamos tomar lá na cozinha, mesmo. P/1 - Tá ótimo. R - Vê quanto açúcar querem e tudo, mas fala. P/1 - A gente já explicou para o senhor, esta entrevista vai servir para o Museu do Santos, né, e essa pergunta a gente faz para todas as pessoas que estão prestando depoimento pra gente. R - Certo. P/1 - Como que o senhor está se sentindo, qual a sensação que o senhor experimentou, não sei se o senhor já foi entrevistado anteriormente, podendo agora dar essa contribuição e sabendo que a sua história também vai estar contribuindo para a história do clube, no museu, na memória do Santos enquanto santista também? R - Ah, eu acho ótimo, não só a criação do Museu, como, como, acho que minhas palavras apesar de não serem brilhantes, mas ao menos que contribuam alguma coisa para esse Museu, e que tudo vá em frente como foi até hoje, e o Santos sempre na ponta, inclusive hoje vai ficar na ponta também. A gravação não está sabendo, mas hoje vai jogar Vasco e Santos. (risos) P/1 - Decisão do... R - Decisão do Rio/São Paulo. P/1 - Ah. R - Que o Vasco tem dois o São Paulo em 40 anos, o Santos tem seis e ainda fala: “conquistado”, grande coisa, para nós conquistar Rio/São Paulo é a coisa mais fácil do mundo. (risos) P/1 - Está certo, então muito obrigado pela entrevista. R - Pelo amor de Deus obrigado a você, então vamos tomar café. (risos)
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