Meu nome é Danila Brito da Silva, nasci em 02 de maio de 1999, tenho 22 anos, sou filha de Francisca Ferreira e Damião Pereira, tenho 11 irmãos, nasci em família de condições econômicas baixas. Meu nascimento aconteceu durante uma viagem de canoa, no rio juruá, quando meus pais saíram do mu...Continuar leitura
Meu nome é Danila Brito da Silva, nasci em 02 de maio de 1999, tenho 22 anos, sou filha de Francisca Ferreira e Damião Pereira, tenho 11 irmãos, nasci em família de condições econômicas baixas. Meu nascimento aconteceu durante uma viagem de canoa, no rio juruá, quando meus pais saíram do município de Porto Walter/Acre, com destino a Cruzeiro do Sul/Acre. Com isso, fui registrada no município de Porto Walter, pois estávamos mais perto de lá, no entanto, eu e minha família fomos morar na cidade de Cruzeiro do sul/ Acre.
Com 6 anos de idade em 2004, frequentei minha primeira escola, estudei lá do Pré-escolar até o 4° ano do ensino fundamental e reprovei nessa série. Logo após esse período, em 2009, mudei de casa, fui para um lugar mais distante do centro da cidade de Cruzeiro do sul, para uma vila pequena chamada Santa Rosa, no interior, estudei lá mais uma parte do ensino fundamental.
Em dezembro de 2011, saí pela primeira vez da casa dos meus pais e fui morar com minha irmã mais velha na capital do Acre, em Rio Branco, minha irmã me chamou para que eu a ajudasse com seus filhos. Na época, estudei lá, ainda no ensino fundamental, em duas escolas diferentes. Em julho de 2013, voltei para a casa dos meus pais, por saudades de morar com eles, e lá concluí meu ensino fundamental no final de 2014.
Em 2015, iniciei o ensino médio em uma escola no centro de Cruzeiro do sul, pois queria que meu ensino médio fosse na escola da cidade
e não no interior, pois acreditava num ensino melhor, no entanto, a escola era muito longe, mas minha mãe me incentivava e pagava 120 reais por mês de passagem de ônibus para que eu pudesse estudar naquela escola da cidade. Eu precisava acordar cinco horas da manhã para pegar o ônibus que demorava mais de meia hora para chegar na minha escola, eu chegava todos os dias atrasada, mas, ao conversar com a direção da escola sobre as condições as quais eu enfrentava para chegar lá, a direção compreendeu e passou a relevar meus atrasos.
Então, estudei naquela escola até a metade do ano de 2015, quando ocorreu uma greve e as escolas pararam de funcionar durante um período. Quando voltamos da greve, eu já não estava mais naquela escola, havia voltado a me matricular na escola do interior, pois a escola do interior retomou as atividades escolares, bem antes da escola que eu estava estudando e lá concluí o 1° ano do ensino médio. Já no início de 2016, minha irmã me chamou novamente para voltar a morar com ela em Rio Branco/Acre e eu voltei, lá estudei apenas metade do 2º ano do ensino médio, pois, daquela vez, só morei 6 meses com minha irmã, sendo metade do ano de 2016, voltei novamente a morar com meus pais e voltei para a escola do interior de Cruzeiro do sul, em Santa Rosa, lá completei meu ensino médio no final de 2017. E durante aquele período de conclusão do meu ensino médio, eu estava pegando muita malária, pois lá no interior sempre dava, mas eu era a pessoa da família que não parava de pegar e ainda estava tendo crises de ansiedade, por medo.
Apesar de ser acostumada a pegar aquela doença anteriormente, e depois ficar tudo bem, o medo surgiu no final de
2017, quando um colega da escola pegou a doença e, por falta de cuidado, faleceu. A partir daquele momento, eu fiquei traumatizada e com
medo de acontecer comigo o que aconteceu com ele. Naquele mesmo período em que ele faleceu com malária, eu estava com a doença, tomando todos os cuidados de sempre, sem fazer esforço físico, pois foi o que matou meu colega. No entanto não conseguia comer direito, não conseguia ficar sozinha e, portanto, fiquei fragilizada, a ponto de minha mãe e minha irmã de Rio Branco decidirem que eu teria que voltar, mais uma vez, para Rio Branco, apesar de já ter tentado duas vezes e não ter dado certo, pois sempre voltava a morar com meus pais.
Então, minha mãe e minha irmã resolveram que, quando eu terminasse meu ensino médio, no final de 2017, que eu iria voltar novamente para Rio Branco, por motivo de saúde física e mental e fazer faculdade na capital. Assim, no finalzinho de 2017, voltei a morar em Rio Branco e me distraí e melhorei bastante do psicológico afetado. No início de 2018, eu, minha irmã e outro irmão que também morava em Rio Branco começamos a procurar curso para mim, usamos primeiramente as minhas notas do Enem, mas sem sucesso, na época que fui fazer o Enem, estava com malária e muito abalada psicologicamente, e obviamente os resultados foram péssimos, não consegui nenhum curso na Universidade Federal do Acre. Então, tentamos o Fies, para uma faculdade particular e não deu certo, tentei bolsas de estudo e não deu certo, naquela época, eu ainda não sabia ao certo qual curso iria fazer, mas meu pensamento me levava a fazer Arquitetura pelo fato de que eu gostava de desenhar.
No entanto, no decorrer da escolha do curso, mudei de ideia e percebi que Arquitetura não era para mim, pensei em Educação Física e em Português, pois no ensino médio eram minhas duas matérias favoritas, mas ainda não estava convencida. Foi quando meu irmão me apresentou o curso de Pedagogia, eu me interessei muito, pensar em ter contato com crianças me deixava alegre, pois sempre gostei muito de me envolver com os pequenos, então, me decidi e escolhi a Pedagogia como curso.
Em fevereiro de 2018, alguns de meus irmãos e minha mãe começaram a pagar o curso de Pedagogia para mim na faculdade particular Fameta, era chamada assim na época. Comecei a estudar com muito receio, pois não tinha ideia do que me esperava em uma faculdade, mas logo me adaptei, e, com o passar do primeiro período de curso, fui me identificando muito. Completei o 1º período de Pedagogia na Fameta, mas, no meio de 2018, meu irmão conseguiu uma vaga para mim na Universidade Federal do Acre, através das vagas residuais, ocorrendo minha transferência de curso igual.
Entrei já no 2° período de Pedagogia e enfrentei bastante dificuldades, estudar na Ufac era muito mais complexo que estudar na faculdade particular, a organização era completamente diferente, e, como não havia recebido orientações de início de curso, fiquei muito perdida. Estudei, errei, mas aprendi muito, fiz grandes amizades com mulheres que estavam na mesma situação que eu e conseguimos juntas passar pelo primeiro processo dificultoso.
Naquele período de adaptação, estávamos perdidas e só aprendíamos na prática, mas tivemos alguns ótimos professores bastante humanos e compreensíveis que nos ajudaram, outros nem tanto.
Depois de um certo tempo de curso, eu voltei a ter crises de ansiedade, acredito que por pressão no curso, de muita coisa para fazer ao mesmo tempo, e principalmente a distância dos meus pais, que me abalava. Mas, consegui prosseguir até os dias atuais, hoje nos estudos online, que me trouxeram desafios e dificuldades. Ainda enfrento ansiedade e às vezes o exagero de trabalhos passados, tudo ao mesmo tempo, me faz piorar, mas luto muito contra todo medo, angústia e pressão psicológica, porque continuo convicta de que escolhi o curso certo para mim. Pretendo me esforçar para conseguir minha formação e trabalhar com os pequenos que tanto amo.Recolher