Foi no dia 7 de agosto de 2000, no Hospital Santa Casa de Misericórdia do Acre, minha mãe deu a luz pela ultima vez. Eu sou a caçula entre 6 irmãos por parte da minha mãe, 4 são mulheres e 2 são homens. Minha mãe se chama Maria Oneide, mas todo mundo chama ela de Neide, ela nos criou sozinha...Continuar leitura
Foi no dia 7 de agosto de 2000, no Hospital Santa Casa de Misericórdia do Acre, minha mãe deu a luz pela ultima vez. Eu sou a caçula entre 6 irmãos por parte da minha mãe, 4 são mulheres e 2 são homens. Minha mãe se chama Maria Oneide, mas todo mundo chama ela de Neide, ela nos criou sozinha trabalhando como camareira no Hotel Guapindaia e tenho bastante orgulho dela. Já o meu progenitor, nunca quis me conhecer de verdade, na minha infância vi ele de relance duas vezes, eu não sou registrada no nome dele, ele nunca quis. Sempre morei aqui em Rio Branco Acre, e sempre na mesma residência, na época em que eu nasci aqui onde eu moro no Bairro Wanderley Dantas, era uma invasão, ao decorrer dessas duas décadas se tornou um bairro pavimentado. Lembro que com os meus 4 anos de idade as ruas ainda eram caminhos de terra e quando chovia fazíamos algazarra, eu, minhas irmãs, meus sobrinhos (que são da minha faixa etária) e mais algumas crianças aqui da rua. Aqui tinha um riacho muito lindo, tinha peixes dentro, a água era cristalina, até tomávamos banho lá nos dias de calor.
Mas ao passar do tempo foram colocando encanações indevidas e foram sujando o riacho até se tornar esgoto. Era um dos meus lugares favoritos. Minha mãe sempre deu valor a nossa educação, porém a educação dela era bem rígida, não podíamos brincar na rua com outras crianças, minha mãe não tinha condições de ficar comprando livrinhos pra gente ler, então fiquei viciada em assistir TV. Ela sempre foi exigente com as notas da escola, então estudei bastante e sempre fui boa aluna, com notas muito boas, porém a minha recompensa era um “você não faz mais que sua obrigação” e “ai de mim” se tirasse notas ruins, era peia na certa, então desde cedo eu me cobrava muito pelo medo de apanhar.
Na escola não fui bem recepcionada, eu sofria bulling pela minha aparência, por ser gordinha, dentuça, testuda, e um nariz um pouco grande. Fui bastante alvo de risadas e chacotas. Eu não era feliz na escola, mas segui firme. Em 2004, com os meus 4 à 5 anos de idade, estudei na Escola Vovó Mocinha Magalhães, depois em 2006, com os 6 anos estudei na Escola Municipal Mariana da Silva Oliveira, mas na época em que estudei lá era Nazaré Dourado, aí depois mudou de nome, fiz todo o meu Ensino Fundamental I lá. O meu Ensino Fundamental II, foi praticamente na mesma escola (permita-me explicar) a Escola Padre Carlos Casavecchia era uma grande elite onde tinha todos os ensinos da educação básica, desde o Ensino Fundamental I, até o Ensino Médio. Em 2006 foram todas separadas, e a escola literalmente foi dividida ao meio, de um lado o Ensino Fundamental I e do outro Ensino Fundamental II, e então a escola parou de ofertar o Ensino Médio. E o Ensino Fundamental II continuou se chamando Escola Padre Carlos Casavecchia, e lá fiz completei meu Ensino Fundamental.
Nesse meio tempo eu entrei pra igreja com minha mãe, eu deveria ter uns 13 anos, e então aderi a religião evangélica, na igreja Quadrangular. Lá tornei um pouco mais sociável, me envolvendo com alguns eventos e projetos, eu participava de dois grupos: coreografias e de Louvor.
E foi aí que aprendi a tocar violão. E nesse período eu trabalhava como babá, sempre ajudando na renda de casa. Em 2015, com 14 anos entrei na Escola Estadual Glória Perez, e lá fiz todo o meu Ensino Médio, e me formei em 2017 com 17 anos de idade. Fiz o Enem em 2017, e em 2018 tentei entrar na faculdade na área da saúde, eu não soube aproveitar bem minhas notas, então não entrei na faculdade, mas no meu aniversário de 18 anos, consegui meu primeiro emprego na empresa LIQ-Corp. E
fiz novamente o Enem, e em 2019 entrei na Ufac no curso de Pedagogia. Um sonho ali tinha começado, sempre lidei bem com crianças, só não sabia se era minha vocação ser professora. Entrei no curso e me apaixonei pela formação, e senti que sim, aquela era minha vocação. E em 2019 eu tinha quase tudo o que uma jovem na minha idade queria, emprego, faculdade, um relacionamento, porém era muito desgastante. Acordava 4:30 da manhã pra pegar o primeiro ônibus pra ir trabalhar, porque eu pegava dois ônibus, no meu trabalho eu saía as 13:20 e tinha que ta na Ufac as 13:30 porém não dava tempo, por conta do ônibus que eu sempre perdia. Então chegava na Ufac por volta das 14:30 e nunca almoçava e sempre perdia os primeiros horários e comia só besteira. Saía da faculdade 18:50 e esperava o ônibus passar, e sim demorava mais 2 à 3 horas pra eu chegar em casa. Geralmente chegava em casa 22 horas da noite, as vezes nem ia dormir porque tinha trabalho da faculdade pra fazer. Eu fiquei muito doente, meu sistema imunológico foi lá pra chão, e eu tava sujeita a qualquer tipo de infecção, e a que me jogava de ladeira a baixo. E eu não podia ficar doente, porque lá no trabalho eles demitiam por qualquer coisa, e eu não podia ficar sem trabalhar. Eu quem tava dando sustento na casa, minha mãe também ficou doente, descobriu que tem Lupus, e Artrite Reumatóide, que são doenças crônicas e sem cura, ela não podia mais trabalhar. Mas em meio a tudo isso, tinha a parceria e apoio das minhas amigas do curso, fazíamos aniversários surpresa, lanches e confraternizações à beira do lago, transformando aqueles momentos muito especiais e marcantes. No final de 2019 tive mudanças radicais na minha vida, eu saí do trabalho, na famosa “demissão em massa” que a empresa fazia. A empresa queria me recontratar, mas eu tinha decidido que aquela fase eu tinha que encerrar, e não foi diferente no meu relacionamento. E consegui passar dois semestres intacta. E em 2020 estava com planos na ponta da caneta, que era com o dinheiro da rescisão do meu trabalho, comprar uma moto e tirar minha carteira, porque o ônibus tirava minha alma. Eu comecei a levar uma vida mais saudável, e funcionou. Comprei minha Biz modelo 2009, mas era perfeita. Eu dei entrada na minha CNH nas categorias A e B em dezembro de 2019 e estava ocorrendo tudo bem, e em janeiro de 2020, fiz a prova teórica e passei com 28 pontos, fevereiro fiz a prova da categoria B(carro) passei de primeira sem perder nenhuma pontuação, e quando estava na ultima fase só pra fazer a prova prática da categoria A (moto), a pandemia da COVID-19 fez com que entrássemos em quarentena. E não foi diferente com a faculdade, as aulas também foram interrompidas logo nas duas primeiras semanas do ano letivo. A doença se alastrou de uma forma exorbitante, fechando todos os estabelecimentos, menos os essenciais, eu e minha mãe decidimos ir para o interior no município de Sena Madureira, pois lá tinha poucos casos, e temos parentes lá, sendo uma delas minha avó. Acabamos ficando lá pra ajudar na construção na casa da minha avó, e eu como uma moça virada conseguiu um trabalho em um mercadinho, e assim sustentar a mim e minha mãe em 2020, o que era pra ter sido somente 2 semanas, se tornaram em 1 ano.
Em setembro de 2020, até então a Ufac estava parada, e resolveu retornar com as aulas em formato de EAD. E em 2021 não foi diferente. Fiquei em Sena até janeiro de 2021, pois consegui um estágio em uma escola particular, Espaço Saber Mais. Nessa escola tive bastante experiência como uma professora, até porque lá eu era uma, levava muito trabalho pra casa, e eu tentava auxiliar o trabalho com a faculdade, que já estava bem desgastante no formato EAD.
No estágio não auxiliava ninguém e também não era auxiliada, aprendi tudo na marra, como fazer um plano de aula, toda uma didática pra ensinar crianças de 3 anos à aprender o alfabeto, a linguagem, a se comunicar, estudo de natureza e sociedade, auto higienização, a noção psicomotora e sensibilidade.
E nessa escola passei por muitas experiências, boas e ruins. Eu entrei em algumas crises de ansiedade, mas consegui sair. Ainda coloquei duas colegas minhas lá, e elas entenderam o quanto lá era ‘punk’. E em dezembro de 2021 as aulas lá foram encerradas e com elas meu estágio, visando me dedicar mais ao curso.
Atualmente no ano de 2022, estou no 5º período do curso de pedagogia, eu tive crise de ansiedade muito forte, logo nas primeiras semanas do ano, mas logo melhorei.
E o meu objetivo é me formar, e seguir minha carreira, fazer pós, construir futuramente uma família, e quem sabe eu possa lecionar em outros estados do Brasil. Essa sou eu, Duane Vitória Alencar Bezerra.Recolher