Programa Concórdia Digital Formando Cidadãos
Depoimento de Cleomar Luís Piola
Entrevistado por Gustavo Ribeiro Sanchez
Cidade: Concórdia
Data: 27/04/2013
Código: CD_TM006
Realização Museu da Pessoa
Revisado por: Lara Eloiza
P/1 – Então Piola, pra começar, eu vou pedir pra você f...Continuar leitura
Programa Concórdia Digital Formando Cidadãos
Depoimento de Cleomar Luís Piola
Entrevistado por Gustavo Ribeiro Sanchez
Cidade: Concórdia
Data: 27/04/2013
Código: CD_TM006
Realização Museu da Pessoa
Revisado por: Lara Eloiza
P/1 – Então Piola, pra começar, eu vou pedir pra você falar o seu nome completo, a data e o local do seu nascimento.
R – Cleomar Luís Piola, nascido em 8 de julho de 1965, no interior de Concórdia, Linha Santa Terezinha, natural da cidade.
P/1 – Bacana. E pra quem não conhece Concórdia, eu queria que você contasse um pouco o quê que é a cidade, como que é que é a…
R – A cidade é somente para quem, você aqui, né, aquela questão que a gente sempre brinca: “Quem bebeu água do rio aqui, não esquece jamais”. É uma cidade hospitaleira, um povo gentil, né, você tem todas as opções, né, é uma cidade tranquila, com muita qualidade de vida.
P/1 – Legal. E ai, eu queria que você me contasse um pouco como é que começou a sua trajetória profissional aqui na BRF.
R – Bom, vamos voltar ao seguinte: eu sempre digo que nós trocamos de empresa, mas não trocamos de local, né, a questão Sadia, BRF.
O início minha trajetória, em 1882, com estágio curricular, minha formação era Técnico em Agropecuária. Entrei como estagiário, posteriormente, em 83, 20 de janeiro de 83, fui efetivado. Uma carreira na área agropecuária, assistência ao homem no campo, é uma das coisas, que até hoje eu falo, é a essência do agronegócio, né, uma das essências do agronegócio. Posterior a isso, trabalhei na área comercial por cinco anos. Onde tive a oportunidade, neste momento também, depois de tanto tempo trabalhando, sete, oito anos trabalhando, iniciar uma universidade, ou seja, trabalhava de dia e estudava à noite. Retornando para área agropecuária numa promoção, fui pro abatedouro, né, também como gerente de suínos, na época. E tive uma oportunidade posterior de trabalhar na unidade do Paraná. Eu saí de Concórdia, fui pro Paraná e depois do Paraná, eu voltei pra Concórdia, como gerente da unidade de Concórdia. E no momento da transição da BRF… Sadia, BRF, eu passe a atuar na regional de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, antiga Sadia. E daí, efetivação, fazem dois anos e meio que estou atuando na diretoria regional do Rio Grande do Sul, na BRF. São trinta… trinta e um anos mais ou menos.
P/1 – E pra quem não conhece essa unidade de Concórdia, eu queria que você me desse um panorama. Parece um cidade, como é que funciona?
R – É, eu sempre digo o seguinte, né, a empresa cresceu, a cidade cresceu. A história se confunde entre Concórdia e Sadia. O nome já diz: SA e o final DIA, que é Sadia que é de Concórdia, né? Hoje, a Sadia… a Sadia, hoje, BRF representa aproximadamente 50% da arrecadação do município. Né, se não me falha a memória aqui tem quatro mil e quinhentos a cinco mil funcionários, nós temos todas as produções da nossa BRF. Nós temos abate de aves, abate de suínos, área de apoio, fábrica de rações e nós temos uma área industrializada que produz aproximadamente de… se não me falha a memória, dezoito e vinte mil toneladas por mês. Ou seja, toda
a gama de produtos industrializados, nós temos nesse parque. Então, quando você vê uma das indústrias… uma das plantas da BRF, com excelentes resultados. Ela sempre foi considerada uma formadora de profissionais, tá, até pela essência dela, pelo tamanho dela, pela magnitude, é um berço. Ou seja, a gente sempre falava que a Sadia, na época e hoje, BRF Concórdia é uma escola, uma formadora de profissionais pra dentro da Companhia.
P/1 – Legal. E Piola, você teve a oportunidade de trabalhar em toda cadeia, né, você começou a falar desde lá da ponta até… como é que é um pouco essa cadeia produtiva da empresa?
R – Quando a gente olha toda cadeia produtiva da empresa, quando você só vai na gôndola do supermercado e pega um produto, você acha que o produto tá aqui. Eu sempre digo o seguinte: pra esse produto chegar pronto, pra esse presunto, pra esse salame, pra esse patê, pro Parma chegar aqui pra nós, atrás disso tem uma cadeia que começa lá atrás. Começa lá com o homem do campo. Nós temos a produção de arroz que é as matrizes, tanto de aves, de suínos, tem a granja multiplicadora, tem os produtores, que a gente sempre diz que eles que nos fazem levantar mais cedo, trabalhar mais, porque eles que começam a produção. Então, do comércio ao produtor, tem a área de transporte, tem a compra de grãos, e vem vindo. Você tem toda uma cadeia, pra chegar numa empresa. Pra você desmontar, não é uma indústria automobilística, que você vai montar um automóvel. Você recebe um animal, frango, suínos ou bovino, você vai desmontar ele. Pra direcionar os cortes para todos os produtos, né, então… e você precisa de toda essa infraestrutura: máquinas, equipamentos. Mas, tem algo que é um grande diferencial, que são as pessoas que estão dentro da BRF. Que são as pessoas que fazem esse negócio andar. Nós sempre falamos que o maior ativo da Companhia BRF, são as pessoas. Porque se você pegar toda essa cadeia produtiva, máquinas você vai ter, mas quem dá essa alavancada são as pessoas. Hoje, nós temos na Companhia 115 a 1230 mil funcionários, pra você conseguir estar no mundo todo, tem um diferencial. E pra nós, eu particularmente acredito muito, nosso presidente acredita muito nisso, a história fala isso, tanto da Perdigão, com a família Brandalise, quanto da Sadia, da família Fontana. E hoje, BRF, que o maior ativo são as pessoas. E eu digo mais: o maior ativo são as pessoas certas. Esse é o grande ativo da Companhia.
P/1 – Bacana. E
depois de toda essa trajetória, você lembra qual foi a primeira impressão que você teve quando você chegou, aquele comecinho ainda, quando você era estagiário, a primeira impressão da empresa, da Sadia, na época?
R – Eu preciso dizer o seguinte: como eu sou natural daqui, meus avós tinham… eram produtores integrados também, criavam frangos e suínos para a Sadia, na época. E nós víamos sempre, eu particularmente via o assistencialista chegando na casa do meu avô. E eu sempre tinha em mente: ‘eu um dia, vou trabalhar, eu quero andar…’, na época, olha bem, na época: ‘vou andar de fusca no interior, quero dar assistência técnica’. E começou toda essa questão, essa arrumação. E quando eu vim fazer estágio, quando eu solicitei estágio, me deu um frio na barriga: ‘como que eu vou conseguir? Aonde que eu entro? Como que eu vou falar?’, e graças a Deus, as pessoas que me contrataram são grandes amigos até hoje, né, porque eu acho que acima de tudo, não é a questão de você ter, mas é o teu ser. Então, a gente sempre preserva isso, que são os valores que a gente traz de casa e procure ser sempre um pouquinho mais, né. E quando você começa a entrar no primeiro dia, quando me mandaram fazer seleção de matrizes, que eu nunca tinha feito, andar no reflorestamento, você vai… tu começa a incorporar e quando você vê, é uma trajetória. Cá entre nós, muito melhor que casamento, porque há 30 e poucos anos, então você precisa ter uma relação, é ganha-ganha, se fosse bom só pra um, com certeza, um dos dois já tinha tomado alguma posição, né. Então eu acredito muito nessa questão assim, que você tem que gostar muito do que você faz, muito, acima de qualquer coisa, você tem que gostar. Se você não gostar, você não vai conseguir dar continuidade. E é uma prova de que você não precisa sair muito de uma empresa, pra outra pra ter crescimento. A empresa, tanto Perdigão, quanto Sadia, hoje, BRF. Eles conseguem te transformar, mas depende muito de você, ou seja, a tua atitude: ‘o quê que eu estou fazendo’. E tem que ter calma, você vai conseguir atingir os seus objetivos, mas tem que ir construindo. Cuidado na forma que tu cresce, se tu cresceu muito rápido, tu pode cair também, então tem aquela questão que tu tem que construir uma base sólida. Eu acho que isso, a empresa nos proporcionou, nós estamos conseguindo dar essa continuidade.
P/1 – Bacana. E daquele menino que entrou ainda como estagiário, que viajou pra vários lugares, conheceu muitas coisas. Quais são os seus maiores aprendizados, Piola, as coisas que mais te marcaram nessa trajetória?
R – Eu acho que tudo o que a empresa nos proporcionou
e o grande aprendizado pra mim, foi a mudança tanto profissional, quanto como ser humano. Eu acho que o que eu sou hoje, sou bem melhor, muito melhor do que quando eu entrei. Então, a empresa me proporcionou isso, desde trabalho, mesmo remuneração, mas acima de tudo, as oportunidades. O autodesenvolvimento, né. Então, eu acho que o grande legado que o fundador tinha lá atrás, o seu Atílio, que falava muito do homem ter área técnica, tá, eu acho que a gente conseguiu absorver isso. Então pra mim, o que fica foi essa questão do crescimento profissional e pessoal. Eu não tenho dúvida nenhuma que eu sou uma pessoa melhor, aprendi muito. Errei muito, tá, quero te dizer isso, que errei, e que graças a Deus, eu tive a compreensão também das pessoas, sempre numa tentativa de erro transparente, procurando para atingir um objetivo para a Companhia. Foi mais ou menos dessa forma.
P/1 – E tanto Sadia, quanto Perdigão, já tinham essa coisa do investimento social, que hoje, se materializa no Instituto, né, o quê que é o investimento social, pra quem não conhece? O quê quer dizer o investimento social?
R – Bom, eu sempre penso o seguinte, tem duas partes que a gente não pode deixar de comentar. As empresas, tanto a Perdigão, quanto a Sadia, quando tiveram início, eles estavam 101% inseridas na comunidade e quer queira, quer não, elas tinham um trabalho diferenciado lá atrás, tá? O caso da Sadia, especificamente, Concórdia girava em todas as questões sociais da Companhia. Se você olhar a história de Concórdia,o time de futebol é da Sadia, ginástica, esporte, primeiro era da Sadia, que ela fazia isso para os funcionários e acabava interagindo com a sociedade. Patrocinava shows, era a Sadia, o hotel que tinha, era da Sadia, a rádio de comunicação era da Sadia, por quê? Pra levar a mensagem para o produtor. Tinha um trabalho social muito forte. Tivemos aqui na época futsal, tivemos aqui vôlei, né, patrocinada… a Perdigão também teve. Então, tinha uma abrangência. Posterior a isso, com as alterações, não é que se perdeu o trabalho social. Muito pelo contrário, começou a se profissionalizar um pouquinho mais o trabalho social e que, muitas vezes, a sociedade ficava envolvida: “Mas a empresa não patrocina”, não, não é que ela não patrocina, as empresas pagam os impostos corretamente e têm um trabalho social agora que também depende do poder público, que é obrigação praticamente deles. A nossa parte é contribuir, mas não deixar de interagir com a sociedade. Antes de falar do trabalho propriamente dito, nós continuamos, nós, hoje, temos vários trabalhos frente ao combate de drogas, dentro da comunidade, tivemos um projeto piloto em Concórdia com pais, né, do Proerd. Ou seja, que é um trabalho de prevenção contra as drogas, também trabalho nos bairros, trabalho nas escolas. Com a Fundação Municipal de Esporte, na Sadia não existiu mais a prática de esporte, mas tinha todo um complexo esportivo, que junto com a Fundação, ela cedeu o ginásio, de uma forma que era o poder público interagisse com os professores para dar continuidade. As equipes profissionais que tem em Concórdia, se ela não contribuía da forma como contribuiu anos atrás, ela dava uma outra parcela, ou seja, a empresa jamais deixou de contribuir socialmente, né? Aí veio praticamente o grande projeto, que eu posso dizer que foi o divisor de águas dentro da trajetória da Companhia, né, que começou a se profissionalizar um pouquinho mais, aí que começou a história do trabalho do instituto, né, de sustentabilidade.
P/1 – Aí me conta um pouco qual é o papel do Instituto BRF hoje?
R – Eu sempre coloco o seguinte, que o instituto é uma forma, que ele tá levando para que as unidades, junto com a comunidade, possam levar uma mensagem de que a empresa, ela está preocupada com a sustentabilidade, com o trabalho social. Mas de uma forma mais organizada, de uma forma realmente social. Ou seja, não só tá te dando recursos, ela quer te dar o recurso, ela quer acompanhar o recurso, ela quer saber o resultado desse recurso. Ou seja, qual é a entrega deste produto? Aí, que eu chamo uma questão de profissionalização também, pra mim, é um divisor de águas.
P/1 – Bacana. E nesse contexto todo do trabalho social, como que surge esse projeto “Professores em Rede”?
R – Bom, esse aqui foi um projeto que eu participei da primeira fase e falar desse projeto é uma coisa assim, é gratificante, tá, pra nós como profissionais, emocionante também, como profissionais, mas acima de tudo, cidadãos de Concórdia. Porque, quando nós tivemos a informação de que nós deveríamos, ou tínhamos sido contemplados, vamos lembrar bem, a unidade de Concórdia tinha sido contemplada com um projeto piloto. ‘Que projeto é esse?’. Quando nós entramos em contato, na época, com o pessoal do Instituto Jaborandi, o grupo Klick, depois Jaborandi, né, ficamos apaixonados pelo projeto. Mas aí, nós tínhamos um grande desafio, de como levar isso para o poder público, como convencer o poder público? E te contar uma história, não foi uma, não foi duas, não foram três, foi um grande desafio, foram três reuniões, quase com o secretário. Fomos conversar com o prefeito, com o secretário, ficaram em dúvida, novamente retornamos e no fim, eu tive que dar razão pra eles, porque eles queriam saber o seguinte: “Piola, nós queremos, nós vamos participar, mas nós queremos saber o quê que é esse projeto. E nós, poder público, nós queremos construir juntos, nós queremos participar. Nós não queremos um pacote pronto”. Ai, que foi a grande essência, porque era isso mesmo que o nosso projeto queria, nós não queríamos dar um projeto pronto para a sociedade, nós queríamos construir esse projeto. E foi nessa questão dessa construção, tá, que você começa a ver o resultado do trabalho, o envolvimento da sociedade, o envolvimento da escola piloto, o envolvimento dos professores, o envolvimento do poder público, no caso, o prefeito e o secretário. E quando você começa a ver o resultado, o quê, como, porquê, onde, como fazer esse trabalho, você fica assim, apaixonado pelo resultado. Eu tive a satisfação de acompanhar em dois momentos. Nós fizemos uma apresentação de uma forma lúdica, onde nós trouxemos os alunos dessa escola, aqui dentro, na antiga… na época, Sadia, que como eles estavam participando do projeto, para eles conhecerem também a patrocinadora do projeto e fizemos uma apresentação de uma forma lúdica do quê que era a Sadia. Nunca me esqueço disso, eles ficaram apaixonados, porque eles estavam sendo patrocinados, mas eles estavam olhando só a empresa pela fachada.
Nós trouxemos eles aqui, antes de ver o resultado do projeto deles, mostramos o quê, que era a empresa e a forma como nós estávamos interagindo. Posterior a isso, nós acompanhamos essas fases do projeto e um ponto crucial foi no momento da formatura da primeira escola, da primeira turma, tá? A forma da apresentação dos trabalhos, a criatividade, a construção, o resultado do trabalho deles. Quando você vê aquilo, não tem como você não se apaixonar, você vê os alunos emocionados, os pais emocionados, né: ‘meu filho fazendo isso!’. O poder público, mas principalmente nós, na época Sadia, hoje BRF, juntamente com o Instituto de vê o seguinte: ‘Pô, dever cumprido’. Ou seja, o legado que a gente deixa desse trabalho é que quando você reúne uma instituição séria, uma empresa privada, um instituto, né, juntamente com o poder público, que realmente entende o negócio, entende a essência. Pô, o resultado é fantástico, então isso é uma coisa assim, que transformou.
P/1 – E Piola, eu queria que você definisse pra mim em poucas palavras, o quê que é o “Professores em Rede”, qual que era a proposta, os objetivos basicamente?
R – Olha, a proposta eu acho que era disseminar muito a questão do conceito, da… eu sempre digo o seguinte, pra mim, quando olhava aquele tema da Língua Portuguesa, trabalhar fomentar o uso da informática que tava aí, tava a nossa disposição, mudar um pouquinho essa forma de proporcionar esse aprendizado professor- aluno, né? E quando você vê o resultado e a transformação, de não mais ficar naquela essência, de como que era a aula antigamente só no quadro-negro, mas você envolver a tecnologia com isso, com os alunos, você
vê uma transformação. Eu acho que o instituto não somente acertou, mas acima de tudo, porque ele teve uma parceria, no caso, o poder público de Concórdia, a Secretaria de Educação, o envolvimento, mas acima de tudo, porque eles tiveram uma credibilidade muito grande conosco, tá? Então, o que eu poderia dizer assim, é um sucesso, e ele é gratificante você vê o resultado, porque o que nós mostramos, onde tem um planejamento, uma entidade seria, um desenvolvimento, um acompanhamento, o resultado acontece.
P/1 – E Piola, você falou de três agentes do poder público, do poder privado e do instituto. Eu queria que você enumerasse o papel de cada um, qual foi… começando pela BRF, qual foi o papel da BRF?
R – O papel da BRF foi aquela questão, a precursora, né, porque juntamente com o Instituto Jaborandi. Vamos falar os dois juntos assim. Eles aceitaram esse desafio pra fazer esse trabalho social, desenvolver a sociedade e mostrar que você pode, e deve, fazer um trabalho social de uma forma diferente. Não só fazer doações para o município, não só fazer doação para entidades, mas porquê que você vai fazer, qual é o desenvolvimento? Você tá colocando num grupo de jovens, implantando futuro, é o futuro do Brasil. Você tá investindo na educação. Então pra mim, teve um papel muito importante nessa questão, pensando no futuro, na educação, BRF e o Instituto Jaborandi. E o papel do poder público e o papel da Secretaria, foi eles terem acreditado, nos questionado e ter dito o seguinte: “Nós não queremos um pacote pronto”, e era o que nós queríamos também, construir junto, então acho que esse foi o grande papel, nós trabalhamos em conjunto.
P/1 – Bacana. E quais os ganhos dessa parceria público privado, né, qual a importância dela, como você vê essa parceria para esse tipo de projeto?
R – Eu vejo que nós temos que dar continuidade, e sempre pensando o seguinte: mais do que nunca, se a gente voltar um pouquinho, sair de Concórdia, sair do Brasil, pensar Japão, Coréia e outros países, eles se desenvolveram, porque eles investiram em educação. Há anos atrás, anos 80, eu não sei se nós tínhamos algum vínculo entre o Brasil e a Coreia, hoje nós temos. O quê que eu quero dizer? Eles investiram muito em educação. Quero voltar agora pro trabalho do instituto, o grande legado é o desenvolvimento, é a questão da educação. O Brasil é uma potência, nós temos de tudo, a economia é muito boa, mas nós precisamos investir na educação. Quer dizer, quando a gente vê isso, sabendo que a nossa empresa, na qual nós trabalhamos, por isso que eu falei antes, é melhor do que um casamento, porque acima de tudo, tá, você tem um elo, tem um significado. A empresa está dando um significado junto com o poder público, ou seja, nós temos que desenvolver a educação no Brasil, nós precisamos investir na educação.
P/1 – E Piola, a tecnologia é uma premissa. Eu vejo, no dia a dia da BRF, os trabalhos aqui, pra vocês é super normal, o que você acha que na educação a tecnologia agrega, essas novas tecnologias?
R – Eu não tenho dúvida nenhuma! Você não pode ficar fora da tecnologia. Hoje, acho que nenhum de nós, no mundo inteiro, pode ficar sem o uso da tecnologia. Desde que seja usada com racionalidade e o que nós estamos vendo é que, muitas vezes, a gente se perde um pouquinho. Então, ela faz parte, ela está no nosso dia a dia, mas nós devemos sim ter
,abre aspas, o bom senso de usá-la com racionalidade. Nós não podemos perder o contato da pele, o contato do olho no olho, e se a gente olhar as redes sociais, é um negócio fantástico, mas muitas vezes, tu tá conversando mais na rede social, do que com o teu amigo de frente, o teu vizinho, não tá mais olhando olho no olho. Então, tecnologia é super importante, o projeto educacional, desenvolvimento da Companhia. Mas vamos olhar um pouquinho mais olho no olho, vamos conversar mais, vamos sentir a pele do ser humano. É aquilo que eu falei, acho que a essência é o ser humano.
P/1 – Tá certo. E quais os seus aprendizados do projeto? O quê que você acha que ficou pra você, particularmente?
R – Pra mim, é o seguinte, o ser humano tem uma capacidade incrível, tá, quando você olha o trabalho, eu penso um pouquinho no trabalho que os alunos desenvolveram, tá, isso te bota certinho na cabeça: ‘Se eu investir em educação, o resultado vai vir’. Então, o bom é inimigo do ótimo. Eu tenho que investir na educação, no trabalho, para conseguir os resultados, não só para a sociedade que eu estou inserido, mas para o Brasil, pra ter um mundo melhor, um mundo mais justo, uma sociedade mais humana, eu tenho que investir na educação. Eu acho que nesse ponto, BRF, Instituto Jaborandi, mais a Secretaria Municipal têm um papel fundamental nisso.
P/1 – Bacana. E o projeto já tá continuando, e hoje, ele vira uma política pública, né, qual que é o legado e por quê que ele vira essa política pública?
R – Eu acho que ela vira uma política pública, pelo o que eu tenho acompanhado, por causa dos resultados, ela tá dando resultados. Você vai aperfeiçoando, não é que você vai copiar 100%. Aí que vem aquela questão, de que você vai melhorando dia a dia. Veio a segunda fase, é uma política pública. Você vai fazendo, vai trabalhando, vai melhorando e isso é o que tá no Instituto, é isso que tá na BRF e junto com o poder público. Você vai melhorando isso. E a tendência é você desenvolver cada vez mais as pessoas.
P/1 – Tá certo. Em relação ao projeto, Piola, acho que eu vou fechar. Tem mais alguma coisa que eu não te perguntei que você gostaria de dizer?
R – Não, eu só quero dizer o seguinte, mais do que nunca como profissionais e como cidadãos do município de Concórdia, a gente tem que agradecer essa oportunidade. Ocorreu uma transformação, novamente, nas pessoas envolvidas no projeto, dentro da Companhia, nas pessoas envolvidas, que foram os alunos. Não existe prêmio maior, quando você olha no olho das pessoas e vê a transformação deles. Então, o que a gente tem que dizer, é agradecer o Instituto Jaborandi, as pessoas que nos instigaram, as pessoas que nos desafiaram na época. O presidente era seu Valter Fontana, que nos desafiaram esse projeto. E hoje, nós estamos colhendo o seu resultado. É isso que eu tenho pra dizer.
P/1 – Bacana. E aí, agora, já pra um plano final. Eu queria perguntar, na sua vida, hoje, pessoal quanto profissional, quais as coisas mais importante hoje?
R – Eu acho que as coisas mais importantes pra mim, eu não tenho dúvida nenhuma em titubear, é família. Trabalho com isso, pra quem me conhece, sabe, acho que toda a trajetória, você tem que trabalhar, você precisa trabalhar. E como eu falei anteriormente, você tem que trabalhar, e acima de tudo, você tem que se preocupar muito com o teu ser. O “ter” é uma consequência, mas a premissa básica, com que eu trabalho, é a questão da família. Acho que o projeto também vem a calhar, por que o quê que seria de nós sem esse alicerce, sem essa estrutura? Se nós estamos aqui, pode ter certeza, que atrás… ou melhor, não atrás, eu sempre digo, nada atrás, no lado, tem uma pessoa, eu digo, a minha esposa, a minha família, as pessoas que dão o suporte.
P/1 – Bacana. E o seu sonho hoje? Qual o seu sonho hoje, Piola?
R – Acho que o sonho de todos nós, saindo um pouquinho do eixo do lado profissional, não pensando do lado profissional. É ter uma sociedade mais justa, mas não aquela questão da justiça, eu penso muito numa sociedade mais humana, uma sociedade com menos mesquinharia, uma sociedade justa. Pensando em todos os aspectos profissionais e pessoais e pra isso que eu acredito muito na questão da educação.
P/1 – Bacana. E pra fechar, queria te perguntar um pouco como é que foi a entrevista, como é que foi contar um pouquinho dessa história?
R – Olha, foi bacana. Primeiro momento, eu acho que você relembrar um projeto que te marcou é gratificante, né, e com isso, nós conseguimos falar um pouquinho também da trajetória da Companhia… nossa dentro da Companhia. E muitas vezes você vê que você: ‘pô, parece que eu não fiz nada’, tem uma história, né? E tem muita coisa pela frente ainda. Mas é bacana relembrar e o projeto assim, eu lembro, a primeira vez que o pessoal vinha, ligava, pô: “Piola, tu acredita?” “Tá bom, vamos lá”, sabe, porque você tinha que fazer algo diferente. Acho que essa que é a essência do negócio.
P/1 – Tá certo então. Eu queria te agradecer a entrevista. Obrigadão, hein?Recolher