Devido morar em uma vila, a família de Evanilda Martins sempre sofria com o drama das recorrentes enchentes dos anos 1980 e 1990 no entorno do ribeirão Arrudas. Essa realidade fez com que se mudassem do bairro São Geraldo em Belo Horizonte para o bairro Baronesa em Santa Luzia, que ainda estava s...Continuar leitura
Devido morar em uma vila, a família de Evanilda Martins sempre sofria com o drama das recorrentes enchentes dos anos 1980 e 1990 no entorno do ribeirão Arrudas. Essa realidade fez com que se mudassem do bairro São Geraldo em Belo Horizonte para o bairro Baronesa em Santa Luzia, que ainda estava sendo loteado, mas não teria o mesmo problema quanto às enchentes. Nesse novo bairro, sua mãe comprou um lote de 360 m2, onde construíram sua casa. Naquele tempo não existiam grandes exigências para aquisição de bens imóveis, o que facilitou a aquisição daquele terreno. A compra foi parcelada e não foi necessária nenhuma entrada em dinheiro, “eu lembro bem que era na Afonso Pena 409, era lá que a gente ia pagar o carnezinho da prestação do nosso terreninho”. No entorno onde construíram, existiam apenas oito casas e, por ser o início do bairro, uma série de dificuldades foi enfrentada por aqueles moradores, principalmente quanto à ausência de infraestrutura básica.
Desde pequenos, Evanilda e seus irmãos precisaram trabalhar para ajudar a mãe a pagar as despesas, pois o que ela ganhava como doméstica não era o suficiente para manter toda a família, o que era agravado devido a seu pai ter saúde frágil, vindo a óbito em 1975. Mesmo com as dificuldades diárias, as crianças daquele lugar conseguiam abstrair alguns problemas a partir das brincadeiras de rua. Quando pequenas, as crianças do bairro iam para uma grande cascalheira que havia no bairro ao lado, onde hoje é o IFMG Santa Luzia, e, utilizando papelões, brincavam de escorregar sobre o cascalho. Segundo Evanilda, chegavam em casa todos rasgados, mas elas nem ligavam para os machucados, logo que tinham oportunidade, voltavam para brincar.
Texto a partir do relato de Evanilda Martins em entrevista realizada em janeiro de 2019.Recolher