Política Nacional de Humanização – Ministério da Saúde
Entrevistado por Sueli Andrade
Depoimento de Adail Almeida Rolo
Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2006
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PNH_CB002
Transcrito por Susy Ramos
Revisado por Bruna Ghirardello
P/1 – Boa tarde, Adail!
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Política Nacional de Humanização – Ministério da Saúde
Entrevistado por Sueli Andrade
Depoimento de Adail Almeida Rolo
Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2006
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PNH_CB002
Transcrito por Susy Ramos
Revisado por Bruna Ghirardello
P/1 – Boa tarde, Adail!
R – Oi, Sueli!
P/1 – Pra gente começar, eu queria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Eu sou Adail Almeida Rolo, sou nascido em Taquaritinga, no dia 07 de junho de 1956, endereço?
P/1 – Não, não é necessário. Qual sua profissão?
R – Eu sou médico.
P/1 – Atualmente você trabalha onde?
R – Atualmente estou no Ministério da Saúde, coordenando a política de humanização, mas eu sou funcionário da Unicamp, do Departamento de Saúde Pública de Medicina Coletiva e Social e também da Prefeitura Municipal de Campinas, da Secretaria de Saúde.
P/1 – E o que é humanização da saúde pra você?
R – A humanização da saúde é um resgate do conviver, entendendo que o humano precisa conviver com outros humanos e a convivência implica compartilhar afetos, alimentos e compartilhar toda a tecnologia que os humanos desenvolveram para resgatar, pra melhorar, pra qualificar a vida. A política de humanização é esse convite de recuperar o sentido da produção de saúde como espaço do conviver, do compartilhar a vida e não espaço que seja atravessado, permeado pelos imperativos econômicos da ganância ou de poder.
P/1 – Adail, você, enquanto coordenador, vivenciou situações de humanização na saúde? Você poderia contar algumas delas?
R – Tem muita coisa acontecendo. No Brasil hoje tem coisas maravilhosas do ponto de vista de iniciativas do ponto de vista da humanização, da Atenção e de Gestão. Nós temos o acolhimento à população Ianomâmi, em Boa Vista, no Hospital Infantil, que é maravilhoso, tem toda uma adequação de ambiência para receber o indígena Ianomâmi. Nós temos o Hospital _____ Perez, em Belo Horizonte, que tem coisas maravilhosas no sentido da acolhida com respeito, do trabalho em equipe, da adequação do ambiente, da arte como instrumento da humanização, como elemento da humanização. Nós temos, em Fortaleza, a Ciranda da Vida, que são movimentos de acolhida da comunidade a partir da arte, a partir da fala, do circular da palavra, criar redes de solidariedade. Nós temos o trabalho de n heróis anônimos na saúde, em UTIs, emergências, em Unidades de Transplantes, na periferia das grandes cidades, enfim, nós temos um exército de brasileiros de forma anônima defendendo a vida e fazendo coisa muito bonita pela saúde. E é essa positividade do sistema de saúde que a humanização está procurando ressaltar e resgatar.
P/1 – E no lado oposto, situações de desumanização na saúde, você presenciou alguma?
R – Eu tenho uma prática muito grande, eu trabalhei em UTI, Pronto-Socorro e ainda tem histórias que nos entristecem de não reconhecimento do direito, de falta de atenção, de negligência, de omissão... Esses fatos têm que ser tomados, analisados e aprendidos com eles. Se a gente tem acontecimentos que nos alegram, a gente também tem acontecimentos que têm que ser refletidos no sentido da aprendizagem, entender que humano erra e a partir da análise dos erros a gente pode parar de errar. Esse é outro convite da humanização. A humanização não quer pegar ninguém e pôr na forca porque errou, mas a gente quer aprender também com os erros e aí a gente produz outro padrão de relação entre as pessoas. As pessoas mudam.
P/1 – E no SUS, tanto pro trabalhador quanto pro usuário, o que mudou com a Política Nacional de Humanização?
R – A Política de Humanização tem como princípio o envolvimento dos colaboradores, dos usuários e dos gestores. Ela é movimento, ela não está dada, ela é contra-hegemônica, ela é processo, então a gente tem visto coisas muito interessantes como o espaço de criação e de revelação da solidariedade, a saúde como um campo de prática de solidariedade humana, pela criatividade do trabalhador ele juntar vários saberes para produzir saúde, para acolher e pra resolver. Esse é um ponto importante que é a celebração dos bons trabalhos, celebração e divulgação. Pro trabalhador a gente tem defendido programas também de qualidade de vida e saúde no trabalho, ele sendo protagonista desses programas, ele falando: “Aqui não está bom, pode melhorar”, nada dado, mas co-construído pro gestor entender, o Diretor de Saúde, o Secretário de Saúde, o gerente, o coordenador entender que ele tem que fazer aliança com os trabalhadores e os usuários para melhorar e não ficar numa posição de um contra o outro. É um com o outro para produzir saúde então essa aliança, essa parceria, é fundamental.
P/1 – Pra gente encerrar, queria saber o que você achou de ter participado dessa entrevista.
R – É sempre bom falar de saúde, claro que saúde é hiper complexa, tem várias questões que determinam: financiamento, a questão da formação no processo escolar... É um tema muito amplo, a gente sempre fica com a sensação de que queria falar mais coisa, mas acho que é processo, uma fala complementa a outra. Acho que é essa a expectativa, que venha bastante gente conversar com você e que a gente, de fato, entenda essa complexidade que é organizar o Sistema de Saúde para defender a saúde de um povo.
P/1 – Tomara e boa sorte! Parabéns pelo trabalho!
R – Obrigado!Recolher