Meu nome é Arno Eberlein Schlosser. Nasci em 21/06/1942, no Rio Grande do Sul.
O meu pai era Christof Yohanas Eberlein Schlosser, e a minha mãe é Merloca Shimerfenica Eberlein Schlosser.
Eles eram agricultores. Meu pai veio da Alemanha com quatro anos de idade, com meus avós, Paulo Vira Schlosser e Dona Erna Schlosser. Eles vieram morar em Porto Alegre.
Meu avô participou da Primeira Guerra Mundial, na Alemanha, contra a Rússia. Ficou seis anos lutando na guerra e sobreviveu. Ele só teve uma granada que bateu no rosto dele e ficou com a cicatriz, mas não sofreu nada.
O meu avô e avó eram comerciantes lá em Charrua - hotel, secos e molhados. Tinham hotel e lojas diversas.
Nós éramos sete irmãos, cinco homens e duas mulheres.
O meu pai era gaiteiro quando era solteiro, ele fazia as festas de aniversário. Aprendi também, com catorze anos virei músico; eu e meus dois irmãos formamos um conjunto. De terça a sexta trabalhávamos na roça e de sábado e domingo tocávamos em festa de baile no interior.
As brincadeiras eram a surpresa, um aniversário… A comunidade se reunia e elas pegavam sanfona, violão e vai festa. Gaiteiro, um violeiro, um tambor e um clarinete, era a música que nós tínhamos. Eram aquelas músicas,Tonico e Tinoco, aqueles famosos que tinham antigamente e a gente copiava, cantava essas músicas.
Eu tive dois professores nessa vida, o professor Oliveira, em Anita Garibaldi - hoje é Floriano Peixoto - e o Otto Germano. Ele me ensinou [por] cinco anos. Um ano foi [em] Anita Garibaldi, o outro ano foi na escola Matias de Albuquerque.
Eu peguei esses dias o boletim; fui muito bem, viu? Até na música o professor me deu nota dez, porque a gente cantava muito, então foi um sucesso. Mas era a vida sofrida porque é serra, era tudo acidentado na época que nós morávamos lá. Por isso, quando nós completamos dezessete anos, eu e os meus irmãos, [com] distância de um ano do outro… Eu tinha dezoito, aí fui servir o exército....
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Meu nome é Arno Eberlein Schlosser. Nasci em 21/06/1942, no Rio Grande do Sul.
O meu pai era Christof Yohanas Eberlein Schlosser, e a minha mãe é Merloca Shimerfenica Eberlein Schlosser.
Eles eram agricultores. Meu pai veio da Alemanha com quatro anos de idade, com meus avós, Paulo Vira Schlosser e Dona Erna Schlosser. Eles vieram morar em Porto Alegre.
Meu avô participou da Primeira Guerra Mundial, na Alemanha, contra a Rússia. Ficou seis anos lutando na guerra e sobreviveu. Ele só teve uma granada que bateu no rosto dele e ficou com a cicatriz, mas não sofreu nada.
O meu avô e avó eram comerciantes lá em Charrua - hotel, secos e molhados. Tinham hotel e lojas diversas.
Nós éramos sete irmãos, cinco homens e duas mulheres.
O meu pai era gaiteiro quando era solteiro, ele fazia as festas de aniversário. Aprendi também, com catorze anos virei músico; eu e meus dois irmãos formamos um conjunto. De terça a sexta trabalhávamos na roça e de sábado e domingo tocávamos em festa de baile no interior.
As brincadeiras eram a surpresa, um aniversário… A comunidade se reunia e elas pegavam sanfona, violão e vai festa. Gaiteiro, um violeiro, um tambor e um clarinete, era a música que nós tínhamos. Eram aquelas músicas,Tonico e Tinoco, aqueles famosos que tinham antigamente e a gente copiava, cantava essas músicas.
Eu tive dois professores nessa vida, o professor Oliveira, em Anita Garibaldi - hoje é Floriano Peixoto - e o Otto Germano. Ele me ensinou [por] cinco anos. Um ano foi [em] Anita Garibaldi, o outro ano foi na escola Matias de Albuquerque.
Eu peguei esses dias o boletim; fui muito bem, viu? Até na música o professor me deu nota dez, porque a gente cantava muito, então foi um sucesso. Mas era a vida sofrida porque é serra, era tudo acidentado na época que nós morávamos lá. Por isso, quando nós completamos dezessete anos, eu e os meus irmãos, [com] distância de um ano do outro… Eu tinha dezoito, aí fui servir o exército. O meu irmão tinha dezessete, a irmã dezesseis, quinze, catorze, e assim foi indo, foram os sete e essa é a nossa história. Tem muita coisa que a gente já esqueceu, mas a gente pode relembrar alguma coisa.
Eu sempre tocava com uma sanfona de oitenta baixos e hoje eu tenho uma de 120, só por capricho. Mas caí duas vezes, uma vez quebrei esse dedo, e outra vez esse, então isso já faz falta na sanfona.
Achei essa minha esposa, estava no baile. Ela gostou do gaiteiro e casamos, fui morar com o sogro. Um dia, o meu sogro e a sogra foram lá para Marechal Rondon, e quando ele voltou ele achou que era bom a gente se mudar, porque as terras lá eram férteis e o comércio também era bom. Fomos morar no meio do mato, em uma encruzilhada. Ficamos 12 anos trabalhando no comércio.
Lá nós comprávamos suínos. A soja… Era tudo ensacado, não tinha essas máquinas, que nem hoje. Até veterinário nós tínhamos. O comércio no interior tem que ter de tudo um pouco, até a farmácia. Era duro também, a gente sofreu muito, mas sobrevivemos. Hoje a gente tem tudo isso pelo nosso esforço.
Chegaram os colegas que já tinham comprado terra e disseram: "Vamos embora para Bahia, lá é a maravilha, terra plana. Lá tem futuro e nós precisamos progredir.” Eu já tinha o comércio, vinte alqueires de terra em Novo Rio do Sul, e vendi tudo. Comprei 62 colônias, dava mais ou menos seiscentos, 1500 hectares - eu já fico meio esquecido - mas eu transformei esses vinte hectares para 1500 hectares. Foi uma maravilha, mas muito sofrimento. Eu saí de um lugar que tinha telefone, luz, água, terras férteis, só que não dava para sobreviver porque era muita concorrência.
Entramos no meio do cerrado. Eu levei minha família para o meio do mato, mas a gente lutou, nós lutamos mais ou menos trinta anos para poder desenvolver, preparar as terras e derrubar os matos.
Eu sei que vivemos felizes. Todos esses anos criamos a família na tristeza e na alegria.
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