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Por: Museu da Pessoa, 24 de abril de 2014

Dora sonha em ter seu próprio restaurante

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Dora sonha em ter  seu próprio restaurante

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Meu nome é Maria Auxiliadora Galdino Soares, nasci em vinte e dois de setembro de mil novecentos e setenta e seis em Manicoré no Amazonas. Meus pais são agricultores. Eu era meninota, ficava olhando sentada eles trabalhando. Às vezes, eu ajudava, só que mamãe não gostava muito, porque às vezes, eu me cortava, ela evitava eu pegar pesado. Ficava só olhando e brincando com os outros irmãos, que fora eu, nós somos mais nove. Como no interior é difícil, a gente fazia as garrafinhas de boneca, eu, minha irmã e as minhas primas. A gente fazia os vestidinhos delas, era assim, coisa de criança mesmo. Até que um dia, eu ganhei uma boneca de verdade da minha avó! Era o meu sonho ter uma boneca! A minha avó gostava muito de mim, eu sempre ficava com ela. Aí comprou uma boneca pra mim e me deu de presente, uma bonequinha que não era a Barbie, não era nada disso, era aquelas bonequinhas, sabe como é interior. Ela mesma fazia as roupinhas pra minha boneca, que ela sabia costurar muito bem. Eu não aprendi a costurar, minha mãe também costura, tentou, mas eu não consegui. O nome da minha boneca era Maria. Tanto que no dia que eu tive a minha filha, eu coloquei o nome dela de Maria, Maria Vitória.

Eu ia pra aula, tinha vez que a minha mãe me levava, mas pra ir é de barco, vai e volta no mesmo dia. Aí fui crescendo, desisti dos estudos, que é o meu erro. Até que um dia, teve uma oportunidade de adolescente... Como eu era teimosa, eu vim pra Manaus, fugida. A gente pegou o barco e veio, eu tinha 15 anos. Eu e minhas colegas de infância, a Aurilene e a Aurea, vizinhas também, sabe como é vizinha (risos), é uma benção. “Maria, a minha tia ligou e tá precisando de três moças pra tomar conta de criança numa família em Manaus”, eu falei: “Mas eu não conheço Manaus”, “Tu quer ou não quer?”, “Eu quero”, ela ligou pra tia, quando foi no outro dia, chegou lá em casa falando, só que os meus pais tinham viajado para o interior....

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Plano Anual de Atividades 2013 Pronac 128976 - Whirlpool

Depoimento de Maria Auxiliadora Galdino Soares

Entrevistada por Marcia Trezza e Eliete Pereira

Manaus, 24 de abril de 2014

WHLP_HV014_Maria Auxiliadora Galdino Soares

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Mariana Wolff

P/1 – Auxiliadora, nós vamos começar, fala o seu nome completo.

R – Maria Auxiliadora Galdino Soares.

P/1 – Você nasceu em que data?

R – Mil novecentos e setenta e seis.

P/1 – Dia e ano?

R – Vinte e dois de setembro.

P/1 – Em que lugar você nasceu?

R – Manicoré.

P/1 – Em que estado é?

R – Amazonas.

P/1 – Qual é o nome dos seus pais.

R – O nome do meu pai, Miguel Galdino de Almeida; e o da minha mãe, Valdete Pereira Soares.

P/1 – Eles trabalham ainda?

R – Sim, eles trabalham, são agricultores.

P/1 – Sempre foram agricultores?

R – Sempre.

P/1 – Eles moram onde?

R – Manicoré.

P/1 – E você, quando criança, você lembra do que junto com eles?

R – Junto com eles, agricultor, você sabe que é de fazer roças, né? Eu acompanhava eles, às vezes, nem toda vez, eu tinha que estudar, né? E eles iam pra roça e eu ficava em casa. Mas a maioria das vezes, eu ia com eles.

P/1 – O que eles plantavam?

R – Plantavam banana, cacau, mandioca, melancia, entendeu?

P/1 – Eles ainda plantam tudo isso?

R – Banana e melancia.

P/1 – Quando você ia com eles pra roça, você lembra como era?

R – Eu lembro.

P/1 – Descreve pra gente.

R – Eu via eles trabalhando, né, que eu era meninota, aí eu ficava olhando sentada, só brincando. Às vezes, eu ajudava eles, só que a mamãe não gostava muito, porque às vezes, eu me cortava, então, ela evitava de eu ficar pegando pesado. Aí ficava só olhando e brincando com os outros irmãos, que nós somos, fora eu, somos mais nove.

P/1 – Fora você?

R – São seis mulher e três homens, comigo, somos dez, entendeu? Foi assim a minha infância.

P/1 – Iam os dez pra...

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Título: Dora sonha em ter seu próprio restaurante

Data: 24 de abril de 2014

Local de produção: Brasil / Amazonas / Manaus

Entrevistador: Eliete Pereira
Transcritor: Mariana Wolff
Autor: Museu da Pessoa

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