Andei pela casa, entrei em todos os cômodos, abri portas de armários e gavetas na esperança de encontrar, ou de me lembrar, de algum objeto precioso. Não em valor monetário, mas em valor afetivo. Nenhum anel herdado da bisavó, nenhuma roupa passada de mãe pra filha, nenhum travesseiro que dor...Continuar leitura
Andei pela casa, entrei em todos os cômodos, abri portas de armários e gavetas na esperança de encontrar, ou de me lembrar, de algum objeto precioso. Não em valor monetário, mas em valor afetivo. Nenhum anel herdado da bisavó, nenhuma roupa passada de mãe pra filha, nenhum travesseiro que dorme comigo desde a infância, nenhum souvenir de uma viagem marcante. Nada, nadinha que tivesse um significado maior, mais nobre, mais comovente. Seria falta de legado ou de apego? Seria um desleixo emocional ou pura praticidade? Continuo sem saber. Mas decidi duas coisas com essa experiência: primeiro eleger meu notebook como objeto que não fugiria de casa sem; não pelo objeto em si, mas pelo o que ele guarda (fotos, textos, cartas, videos, memórias que contêm nele e que aparentemente não contêm em mim, além de todas as declarações de IRPF desde que eu me conheço por gente); e segundo e mais importante, pensar em um objeto para deixar para minhas filhas; algo com um significado profundo e íntimo e que empreste um pouco de poesia para suas vidas.Recolher