P/1 – Edson, antes de mais nada, antes de começar a nossa conversa aqui, pra identificação eu queria que você falasse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Certo, meu nome é Edson Moreira da Silva, sou natural de Fortaleza, e a minha data de nascimento, é?
P/1 – ...Continuar leitura
P/1 – Edson, antes de mais nada, antes de começar a nossa conversa aqui, pra identificação eu queria que você falasse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Certo, meu nome é Edson Moreira da Silva, sou natural de Fortaleza, e a minha data de nascimento, é?
P/1 – Isso, por favor.
R – É 11 de julho de 1974.
P/1 – Perfeito. Antes de começar sobre você mesmo eu queria entender um pouco sobre a sua família, qual que é o nome dos seus pais, qual que é a origem deles, da onde que eles vieram, se eles são daqui, conta um pouquinho sobre a sua família.
R – Meus pais, meu pai é natural de Pacatuba, né, o nome dele é Edmilson Moreira da Silva, né, ele era sargento aposentado do Exército, né, teve uma, ele se formou, el se aposentou novo, né, devido a um acidente que ele teve aqui na Praça do Ferreira com um bonde, né, aí ele perdeu a perna e se aposentou, na época de Getúlio Vargas. Minha mãe é natural de Água Verde, ali próximo também de Pacatuba, e ela se casou-se nova com o meu pai, acho que tinha uns 14 a 15 anos, e naquela época o cartório não aceitou, foi preciso adulterar a idade pra poder eles se casarem, minha sempre foi doméstica, dona do lar, né, e cuidava dos meus irmãos que na faixa, na época eram 12, né, não se contando comigo.
P/1 – Me fala uma coisa, mas você nasceu aqui, né, eles vieram pra cá quando, você sabe quais foram esses motivos, né, de seus pais virem pra cá, eles se conheceram aqui, se conheceram lá?
R – Eles praticamente se conheceram aqui, né?
P/1 – Aqui, você sabe como?
R – Não, assim, como eu não sei, não, sei que eles se conheceram aqui, né, era mestre, depois um, ficaram gostando e se casaram, né, como eu disse, foi preciso adulterar a idade da minha mãe pra eles poderem se casarem, né, justamente.
P/1 – Me fala como é que era, bom, como é que era essa Fortaleza, você nasceu em 74, né?
R – Setenta e quatro.
P/1 – E aí como que era essa Fortaleza da sua infância aqui? Me descreve um pouco, a sua rua, o bairro, onde vocês moravam.
R – Antes de eu descrever, eu sou filho adotivo, né, fui adotado, antes de acontecer essa adoção meu pai bebia muito, mas nunca faltou com responsabilidade dentro de casa, tudo o que era preciso ter ele mantinha, mas o único defeito dele era que bebia. Eu não falo isso me glorificando, mas eu glorifico realmente a Deus por ter feito isso, porque quando eu fui colocado na porta dele pra ser criado meu pai parou de beber nesse dia, desde esse dia o meu pai parou de beber. Então eu tive uma infância realmente muito agradável, não tenho o que reclamar, porque tudo na medida do possível que os meus pais podiam fazer por mim sempre fizeram, até o dia da morte deles sempre foram fazendo tudo, algo por mim, não só por mim como pelos meus irmãos. Mas só que tinha uma questão, meu pai era o tipo da pessoa que se você realmente fazia conforme o que ele desejava, resumindo, agradando a ele, ele retribuía como agradecimento também, né, fazendo alguma coisa, né, só que infelizmente meus irmãos não perceberam, reconheceram isso, mas eu segui em frente até o final, até o dia da morte eles, né?
P/1 – Entendi.
R – Entendeu?
P/1 – Mas me conta, você foi colocado na porta, foi entregue, é isso?
R – Foi, fui colocado na porta.
P/1 – Você sabe como, eles te contaram como foi essa história?
R – Minha mãe me dizia que eu fui colocado numa caixa e sapato, né, numa caixa de sapato com um bilhete, não to lembrado como é que é que se resumia esse bilhete, e que por sinal muito raquítico, né, ninguém acreditava que eu fosse sobreviver, né, ninguém, meu pai até queria dar pra alguém, mas ninguém queria. E depois, com o passar do tempo, né, que ninguém quis, ele me registrou como filho legítimo e com o passar do tempo, como eu fui pegando forma, criando corpo, criando saúde, aí todo mundo já queria, ele disse: “Não, na época eu quis dar, ninguém quis, agora que o menino tá perfeito vocês querem tomar de mim? Não”. E até hoje pessoas me perguntam se eu, se quero conhecer meus pais biológicos, né, no momento, naquele período eu não queria conhecê-los porque pra mim seria assim, um tipo de agressão a eles, magoar a eles, porque a gente sabe que hoje em dia o ditado, dizem que pai é o que cria, não é o que faz, né? E naquela época eu não me interessei em procurar meus vais biológicos porque, como eu já disse, eu tinha medo de feri-los, né, mas hoje, como eles já faleceram e tudo, eu creio que Deus sabe o que faz com cada um de nós, hoje eu tenho um pouco de interesse de saber quem são meus pais biológicos, qual o motivo. Não no sentido de condená-los, mas já tá, já tão perdoados, mas só saber o motivo e quem sabe um dia eles aparecem pra mim, eu acho que se não aparecerem é com receio da minha agressão, da minha atitude, mas muita gente acha que os meus pais moram no arredor, mas só falta se manifestar, mas eu tenho interesse de conhecê-los, ta entendendo?
P/1 – Edson, me fala uma coisa, como que era essa vida de, quando você chegou já tinha os 11 irmãos ou você foi o ultimo a chegar na família, ou foram nascendo depois, como que era essa dinâmica de 12 crianças numa casa? Onde é que vocês moravam, como que era?
R – Quando eu fui colocado na porta da casa dos meus pais meus irmãos já eram bem maiores, já eram crescidos.
P/1 – Todos?
R – Era, eram crescidos, inclusive a diferença da minha idade pro último é questão de dez a 12 anos, né, a questão do último, mas quando cheguei na porta dele o último, caçula, que eu tomei o canto, tinha uns 12 anos, tá entendendo? Então a convivência sempre foi boa, meus irmãos sempre gostaram de mim tudo, tá entendendo, nunca houve muitos atritos fortes, mas atrito sempre tem entre os irmãos, né, mas era uma convivência saudável, ta entendendo, não tinha esse tal de apego, meu isso e aquilo teu, não, tá entendendo?
P/1 – Qual era o bairro?
R – O bairro geralmente...
P/1 – Vocês moraram aonde?
R – Que a gente morou e que, aliás, ainda mora até lá também, não moro na casa dos meus pais, mas moro ao redor, é na Parangaba, nasci e me criei na Parangaba, né, to, hoje eu tenho 39 anos e os meus 39 anos sempre foi ali na Parangaba, ali ao redor da onde meus pais moravam, né?
P/1 – Mudou muito o bairro?
R – Mudou porque...
P/1 – Desses tempos pra cá, não?
R – Mudou porque, não só fisicamente, mas como também, assim, aspecto de pessoas, né, mas a maioria das pessoas são as pessoas antigas ali que moram, todos me conhecem, sabem do meu caráter, da minha atitude, e às vezes tem pessoas que eu nem conheço que me conhecem, tá entendendo? Então pra mim já, minha esposa já quis se mudar de lá, eu disse: “Não, eu vou ficar aqui, aqui eu nasci, nasci aqui, eu criei, aqui eu quero criar minha filha e só Deus é que vai me tirar daqui”, tá entendendo?
P/1 – Entendi, mas Parangaba, eu não conheço aqui, ficava mais pro interior, é mais afastado do centro, era periferia, hoje não é mais, o que teve, mudou isso?
R – A Parangaba, ela é um, antigamente a Parangaba, ela era um, ela era, não era distrito, porque o bairro onde eu moro é assim, até um local de uma rua onde eu moro ela é Parangaba, aí da outra rua em diante é Vila Peri, então um pouco vira Vila Peri, então a Vila Peri, ela fazia parte do distrito de Parangaba, tá entendendo? Então a Parangaba, ela é uma periferia, então tá crescendo muito de uns anos pra cá, tá se desenvolvendo bastante, coisas que antigamente não tinha, tá desenvolvendo bastante. Porque até hoje nós sentimos, com colegas de infância que eu tenho lá, que moram também, eles já tão casados, já são pais de família também, sentem falta das brincadeiras na rua, porque o trânsito cresceu tanto, que ocupou o espaço das ruas onde a gente brincava, tá entendendo? Mas a Parangaba vem crescendo bastante em relação...
P/1 – Quais brincadeiras, por exemplo, dessa época que você fazia? Conta aí.
R – Ah, as brincadeiras eram...
P/1 – Conta algumas aí pra gente.
R – Eram bastante boas, era pega-pega, era quatro cantos, carimba, esconde-esconde.
P/1 – Como que é? Não conheço quatro cantos.
R – Quatro cantos são assim, são círculos que vocês fazem e uma pessoa fica no meio, então na medida do possível você vai pegar na mão de uma pra trocar o canto, na hora que você vai trocando o canto e aquele círculo tá vago, que ta meio ocupar, aquele que perder o círculo vai pro meio, tá entendendo? Então a gente brincava bastante isso, tinha, brincava tá dez e meia, onze horas e isso as mães já reclamando e chamando e a gente não tava nem aí, tava querendo era brincar. Fora outras brincadeiras também que tinha, que muitas vezes, né, eu sinto falta porque hoje os nossos filhos é mais na informática, né, brincadeiras que não são tão saudáveis porque a gente sabe que a internet, ela é boa, mas também é prejudicial porque tem pessoas de má fé que usa a tecnologia pra cometer algo arbitrário, né?
P/1 – Edson, você tem quantos filhos hoje?
R – Eu tenho uma filha de três anos e dois meses hoje em dia.
P/1 – Uma filha de três anos, ah, entendi, ainda é pequena ainda pra ir pra rua também, né?
R – É, exatamente, e pra não ter ela, o primeiro filho, eu e minha esposa passamos 14 anos evitando, né, de ter o primeiro filho, na época que eu comecei a namorar eu tinha 22, a minha esposa tinha 14 anos nessa época, quando a gente começou a namorar. Então ela já não tinha muita ciência, noção, e já queria ter um filho, eu não, digo: “Não, vamos dar um tempo”, era o tempo que já tava me estabilizando pra entrar nos Correios, né, mesmo depois que eu tinha entrado nos Correios a gente passou esse bom tempo evitando pra que, ajeitar alguma coisa, né, ter alguma coisa mais firme, com firmeza, né, que filho não é brincadeira, né, não é brincadeira e filho sai caro, né? E depois de 14 anos a gente: “Vamos conforme Deus manda, o dia que Deus mandar vai ser bem vindo”, então graças a Deus já tá com três anos e dois meses que a minha filha está presente e tamos levando a vida com dificuldade, mas sendo abençoado a cada instante por Deus.
P/1 – Me fala uma coisa, ainda voltando pra essa fase, né, mais novo, Parangaba no passado, me conta qual um fato marcante da sua infância que você gostaria de contar pra gente, que você lembra, descreve pra gente.
R – Ah, um fato marcante da minha infância era o tempo que eu namorava (risos), o tempo que eu namorava, muitas namoradas, né, muitas meninas naquele tempo, que hoje eu fico observando, hoje em dia, que naquele tempo namoro era sadio e sem preconceito e sem más intenções, né? E hoje em dia você vê que os namoros hoje em dia não existe mais, hoje as meninas tão com a cabeça totalmente voltada, não querem casamento, só querem o tal do fica, garotas novas sendo mães sem pai, né, isso é lamentável. Mas da minha parte, da minha infância, o que eu relato mesmo com gosto das minhas brincadeiras era o tempo de namoro, né, era o tempo de namoro.
P/1 – Saudável, né?
R – É, bem saudável realmente.
P/1 – Me fala uma coisa, você comentou, eu já vou até te perguntar daqui a pouco como você entrou nos Correios, né, mas antes de profissionalmente, qual que é a sua primeira lembrança em relação aos Correios? Ou carta ou o carteiro ou uma encomenda que vocês receberam, você tem alguma história com os Correios antes do trabalho?
R – Antes do trabalho, noção da empresa, né?
P/1 – É, não, assim, tipo, ou uma carta que você recebeu ou uma encomenda ou o carteiro da rua que era sempre o mesmo, enfim, você tem alguma, qual que é a primeira memória que te vem, assim, com os Correios?
R – Geralmente quando fala em Correios a primeira coisa que vem, acho que a lembrança de qualquer pessoa quando fala em Correios, a lembrança maior, a imagem maior e forte é o carteiro, né, é o carteiro, é o que tá a frente, é o que representa a empresa, é a pessoa, assim, como eu posso dizer? A pessoa maior, porque ela que leva a empresa, tá entendendo, é ela que mantém a empresa, não isso discriminando outros setores da empresa, porque todos os setores da empresa são fundamentais, não só para o crescimento e desenvolvimento da empresa, mas o carteiro é o fundamental, certo? Porque se você bota uma carta quem que seria que ia entregar se não você o carteiro? Tá entendendo? Eu boto o carteiro como a imagem maior da empresa porque eu fui carteiro, né, eu fui carteiro, né?
P/1 – Você foi carteiro?
R – Fui carteiro.
P/1 – Ah, é? Conta um causo pra nós como carteiro.
R – Carteiro eu passei, eu entrei em 2000, 18 de julho de 2000, certo, como carteiro, fui destacado pro Cdd Aldeota, do Cdd Aldeota passei uns dois anos, porque depois fiquei até 2002 no Cdd Aldeota, por motivo que o meu pai faleceu peguei uma crise de depressão, então nessa crise de depressão me transferiram pro Cdd Centro, que fica aqui na Duque de Caxias. Então no Cdd Centro passei mais oito, nove anos, aí de 2010 pra cá senti uns problemas de saúde de hérnia de disco, então eu vim lutando, batalhando pra conseguir uma reabilitação e graças a Deus quando foi em no dia 9 de agosto de 2012, que foi um aniversário da minha filha, o médico me reabilitou. E quando foi em março desse ano de 2013 a empresa me chamou pra trabalhar nas contas médicas e até hoje eu to lá, trabalhando nas contas médicas, tá entendendo?
P/1 – Legal, me fala, como experiência de carteiro de rua você tem uma história pra gente, pra gente gravar, pra gente contar?
R – A experiência...
P/1 – Que você falou que foi diferente, ou como as pessoas te receberam ou correu do cachorro, não sei.
R – Não, graças a Deus nunca tive uma carreira de cachorro e até eu me espantava porque quando eu passava por um cachorro eles vinha pra cima de mim como se fosse, assim, um amigo, sabe, às vezes eu passava a mão, tudo, com o maior cuidado, mas procurando intimidade com os animais, né? Nunca tive uma carreira de cachorro, graças a Deus nunca fui assaltado, graças a Deus também nunca houve uma reclamação de um cliente, né, e sempre procurei trabalhar e procuro trabalhar sempre no conforme, no direito, no que é certo. Não que eu venha concordar tudo que a empresa impõe em sim, que eu deva achar que é certo, se eu achar que é errado eu digo que é errado porque eu não vou querer me prejudicar e prejudicar a alguém, né, eu já sempre falei aqui com um amigo meu: “Rapaz, tem que procurar ver e falar a verdade, não aceitar tudo o que a empresa diz”, tá entendendo? Mas como carteiro eu tenho boas lembranças, eu sempre digo pros meus...
P/1 – Por exemplo?
R – Assim, de você...
P/1 – O que você lembra que você fala: “Poxa, essa aqui, teve um dia que foi legal por causa disso”, você tem alguma?
R – Não, as amizades que você faz com facilidade com os clientes, né, porque hoje em dia é muito difícil você fazer amizade com os clientes por causa da falta de tempo, carteiro hoje em dia não tem muito tempo pra tá disponível, dar uma informação, uma conversa, alguma coisa, não, tá entendendo? A vida de carteiro, ela é corrida, tá entendendo, porque tem muitas cobranças, mas, assim, do fato de eu ter sido pelo período de tempo carteiro, o bom é porque as amizades que você fazia com os clientes. Às vezes você passava num certo canto: “Ah, é o carteiro lá da minha rua, oi, carteiro”, tal, e isso às vezes é gratificante.
P/1 – Quando você era cliente você tinha essa relação com o carteiro lá da sua rua?
R – Não, não, não tinha, não.
P/1 – Não conhecia?
R – Não, não tinha, não, eu, assim, eu não ligava muito, mas por coincidência quando eu entrei nos Correios, que eu fui trabalhar no Aldeota, o meu supervisor lá era o carteiro da rua onde eu morava, eu conversando com ele, ele me diz: “Rapaz, eu fui carteiro daquela rua lá, tal”, né? E hoje eu to trabalhando aqui, tem uma pessoa que trabalha aqui que também foi carteiro da minha rua, então às vezes é satisfatório, né, às vezes: “Ah, você é filho de fulano de tal, isso”, “É, exatamente”. Aí às vezes é porque, isso traz, assim, um certo ânimo, né, a pessoa conhecer você, saber de quem você é filho, tudo, tá entendendo, porque estreita caminhos e fortalece amizades, tá entendendo, eu penso assim.
P/1 – Edson, me fala uma coisa, na prática, você já escreveu uma carta pra alguém?
R – Rapaz, carta tá muito difícil de eu escrever (risos), é muito difícil, né, só se eu tivesse solteiro, aí eu escrevia alguma carta.
P/1 – Ah, é?
R – É, mas hoje em dia é muito difícil eu escrever uma carta.
P/1 – Mas chegou a escrever no passado, você escreveu carta?
R – Escrevia muito.
P/1 – É mesmo?
R – Escrevia muito, mas não mandava pelos Correios, eu escrevia, eu namorava, escrevia carta, poema, tudo, dava pra minhas namoradas, tudo e pronto.
P/1 – Não pelo correio.
R – É, exatamente.
P/1 – Você já recebeu uma pelo correio?
R – Não, também não e nem esperei receber, se um dia eu receber fica em certo segredo, né, porque senão o apeio vai ser grande (risos).
P/1 – Tá certo. Tem alguma história, hoje, por exemplo, você trabalha nos Correios, né, mas como que você usa os Correios hoje na sua vida, fora o trabalho, né, você usa algum serviço?
R – Não, geralmente eu, assim, não vou dizer que não usa, assim, pagamentos, né, pagamentos eu geralmente efetuo dentro da empresa, não só no sentido de gerar mais rendimento pra empresa, mas que também é acreditado, se você ajuda a empresa, então se o capital da empresa sobe com certeza o seu rendimento vai subir, tá entendendo? Como nós temos aqui a participação do lucro, tá entendendo, quanto mais você fizer pagamento, tudo dentro da empresa, vai render, a fatura da empresa vai crescer, então futuramente quando vier esse, essa, como eu posso dizer? Assim, o compartilhamento da renda da empresa, que eu não to lembrado o nome agora, que eu falei, se chama, esqueci, vai ser maior, tá entendendo, e quanto mais você usufruir da empresa mais na frente você vai receber esse dinheiro, que é repartido entre os funcionários, né? Geralmente só o que eu uso da empresa é isso, é os pagamentos.
P/1 – Edson, me fala uma coisa, conta um dia seu dentro do seu trabalho hoje, que é nas cotas médicas, por exemplo, conta um dia que foi diferente ou um dia que foi uma vitória pessoal ou não sei. Como que é esse dia-a-dia na cotas médicas, por exemplo?
R – Lá é muito bom, bom partindo pra ótimo, né, porque mesmo como carteiro eu brincava e sempre gostei de brincar, né, mas nunca gostei de ofender, como eu tava falando com um colega hoje meu: “Se um dia eu brincar e a minha brincadeira ofender você, você pode se dirigir a mim, eu lhe peço desculpa e a vida continua”. Mas desde como carteiro eu sempre gostei de brincar com os meus amigos, brincava com o meu chefe e lá não é diferente, lá até me disseram que quando eu cheguei o clima até mudou por causa das brincadeiras, né? Então a brincadeira, ela tem que fazer parte do setor de trabalho porque ela tira um pouco, não é da atenção, mas distrai um pouco daqui, daquela preocupação, tá entendendo, a gente brinca lá, tudo, a qualquer hora. Quer dizer, chega lá é um brincando com o outro, se fica mais familiarizado, né, porque apesar, o nosso dia todo é dentro do trabalho, são oito horas dentro do trabalho, então é uma segunda família, certo? Então muitos colegas: “Ah, porque se fulano chegar tu não vai brincar”, eu vou continuar sendo do jeito que eu sou, vou brincar, dependendo do tipo da brincadeira, mas eu não vou deixar por causa de fulano, ciclano, beltrano chegou, “Ah, não é pra brincar”, eu vou brincar porque faz parte do cotidiano. E isso é saudável porque você não fica preso só aquele trabalho, que às vezes o trabalho da gente chama muita atenção, mas uma brincadeira pra distrair já ameniza um pouco da pressão, tá entendendo? Então lá nas cotas médicas, tava dizendo pra um colega ontem, nós temos uma equipe boa porque apesar de nós brincarmos, mas brincamos, mas não fugimos da responsabilidade, certo? Tem dias lá que geralmente com cinco ou seis dias antes o faturamento já tá todo fechado, mas quer dizer, ah, tem gente que fica assim: “Ai, se o local ficar muita brincadeira não vai dar conta”, lá é ao contrário, onde a gente se brinca, brinca, mas o trabalho vai adiante, não importa o tamanho do serviço, mas sempre fechamos sempre antes do que é pra ser, entendeu?
P/1 – Edson, a gente tá indo pra já finalizar, né, essa nossa conversa, assim, tem alguma história que eu não perguntei que você gostaria de contar, tem alguma coisa que você gostaria de contar, alguma história sua, que você viveu, qu gostaria de compartilhar aqui conosco, comigo, com o Caio?
R – Uma história, essa história como assim, de?
P/1 – Uma história, não sei, uma dia da sua vida que você foi, não sei.
R – Não, uma história que eu tenho a contar é o seguinte, uma história de, eu posso até dizer superação e fé, né, porque eu trabalhei, como eu disse a você, entrei nos Correios 2002, né, 18 de julho de 2002, não, 2002 não, minto, 2000, 18 de julho de 2000 eu entrei nos Correios. Quando foi em 9 de novembro de 2007 eu fui demitido da empresa sem justa causa, até hoje eu to querendo saber o porquê que aconteceu isso, né, mas tudo que Deus faz é bem feito, então esse período eu botei a empresa na justiça pra ser reintegrado, né? Aí passei dois anos e quatro meses, se eu não me engano, e dez dias pra voltar e o que aconteceu foi que oi advogado entre aspas aí, que eu não quero citar, tava fazendo só por fazer, mas não tava fazendo nada. E minha esposa trabalhava com um advogado, se interessou, conversando, se interessou pela minha causa e resolveu e eu voltei, tá entendendo? Então o que eu quero dizer disso aí é o seguinte, a minha superação, nunca desacreditei em Deus, porque muita gente dizia: “Ah, tu não vai conseguir voltar, que a empresa é uma empresa forte, de nome, quem é demitido não volta mais”. Até meu próprio irmão, que hoje já é falecido, não acreditava, mas eu digo: “Eu vou até o final pra mim ter a certeza, mas pelo menos eu lutei”, lutei e consegui ser reintegrado graças a Deus, depois lutei pra ser reabilitado e consegui. E o que eu tenho de dizer é isso, a gente não deve se cansar de lutar, tem seus objetivos, tem, vai aparecer gente pra querer empacar? Vai, mas se você tiver certeza, se você tiver Deus no seu coração e tiver certo do que ele diz você consegue, tá entendendo? E a minha história mesmo, maior, forte, marcante, é essa, é a minha reintegração nos Correios, que eu voltei no dia 5 de abril de 2010, né, e a minha reabilitação eu consegui no dia 9 de agosto de 2012, né, isso tudo ficou marcado na minha vida. E eu acho que o que ficou marcante mesmo foi isso, não as outras coisas, que tem outras coisas marcantes, mas em relação isso foi o que me marcou bastante, foi isso, né? Não tenho nada a dizer contra a empresa, a empresa é boa, certo, ela faz conforme o que é, ela realmente procura realmente dar o agradecimento ao funcionário, mas a minha história de vida é essa maior, superação.
P/1 – Edson, então em nome do Museu da Pessoa, em nome aqui do pessoal dos Correios, muito obrigado pela sua entrevista.
R – Eu que agradeço pela oportunidade e pelo espaço.
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