Memórias do Comércio de São José Rio Preto - 2020-2021
Entrevista de Giba Junior
Entrevistado por Claudia Leonor Oliveira e Luís Paulo Domingues
Rio Preto, 17 de maio de 2021
MC_HV079
Transcrita por Selma Paiva
(00:24) P1 – Então, Giba bom dia, obrigada por ter aceitado o nosso convite. Então, vou pedir para você começar a entrevista falando seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R1 – Tá, ok. Claudia, primeiramente obrigado pelo convite aí, foi um prazer imenso falar com vocês, falar com o instituto, tá? E, quando for possível, é só me convidar, que eu estarei aqui também, de portas abertas.
(00:50) P1 – Maravilha!
R1 – Eu sou o Giba Junior, diretor comercial da Plakton Cosméticos, fui fundador também da empresa, hoje nós temos duas empresas no ramo de cosméticos e criamos o grupo. Uma chamada Plakton Cosméticos, que é onde atende os distribuidores e a outra chama Cattion, onde a gente atende a internet, farmácia e mercado, né? Mas, do início da nossa história, como a grande parte dos brasileiros vem de uma pobreza muito extrema, né? Eu sou filho adotivo e com muito orgulho, perdi minha mãe há pouco tempo, há uns três anos atrás, mas com muito orgulho de ser filho adotivo, morei numa comunidade, que antigamente se falava favela, né? Fiquei lá até meus 14... 16 para 17 anos mais exato, morei em Santo André...
(01:46) P1 – Em Rio Preto mesmo, Giba?
R1 – Não! Em Santo André, São Paulo.
(01:51) P1 – Em Santo André, São Paulo. Então, você nasceu em Santo André?
R1 – Isso, nasci em Santo André. Eu perdi a pessoa, a figura que eu chamava de pai, com seis para sete anos, né? Que ele teve um problema de saúde e veio a falecer. Eu comecei a trabalhar com sete anos de idade, para ajudar em casa. E foi assim que começou minha trajetória, vendia coxinha, vendia verdura, vendia sorvete, cuidava de carro na feira, para ajudar em casa, acordava quatro horas da manhã para montar as barracas e desmontar as barracas no final da feira, né? Então, a gente... eu ganhava... o que sobrava na feira, né?
(02:32) P1 – Hum, hum.
R1 – Eles me davam: “Oh, leva essa verdura, esse pastel, caldo de cana”. Então, eles me davam e eu levava pra casa, mas em troca disso eu ajudava a montar e desmontar a feira. E, nesse período que eu ficava sem fazer nada, eu olhava carro, até dar o momento de fechar, a feira acabar, né, desmontar e ir embora. Até que minha mãe me colocou num sistema chamado CPM, que é Corpo de Patrulheiros Mirim e isso existe, essa instituição existe até hoje em Santo André, ela é bem bacana, ela tem à frente o grupo Rotary, né?
P1 – Uhum.
R1 – O Rotary está a frente desse projeto e, nesse projeto, pega as crianças de rua, que era no meu caso e ensina profissões pra elas, né? Ensina profissões, datilografia na época, informática, como se comportar, preencher documento, como interagir com a empresa, funcionário, com os outros demais, foi bem bacana! Eu fiquei seis meses lá. De lá saí para uma empresa chamada ACC Indústria de Artigos para Escritório, que existe até hoje também, que é aquelas caixinhas verdes de clips, muito... vende na rua Assunção, em Santo André, número 63, até hoje eu lembro disso. De lá eu queria uma empresa melhor, aí foi naquela transação, à época da gestão do Celso Daniel, em Santo André.
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R1 –Eu tive o prazer de trabalhar com um cara incrível que foi ele, eu trabalhei na Chrysler, na Avenida dos Estados, três anos, até que meu pai, quando minha mãe casou novamente com outra pessoa, muito bacana também, resolveu mudar para o interior de São Paulo. Eu tinha 16 pra 17 anos ali e aí eu não queria vir, porque eu tinha um bom emprego, aí eu comecei trabalhando na Xerox, deixei a empresa trabalhando na diretoria presidencial, onde eu cuidava de 22...
(04:28) P1 – Na Chrysler?
R1 – É. Vinte e dois… É, mirins, né, guardinhas mirins. Eu cuidava e coordenava os setores deles, já. Era muito bacana, tinha um futuro muito grande nessa empresa, mas, porém, tudo na mão de Deus tem um momento certo, né? E aí eu vim para o interior de São Paulo, para morar em Votuporanga, 16 para 17 anos, começar uma carreira ali que não sabia por onde começar essa carreira, fui ser “chapa”. Para quem não sabe o que é “chapa” é aquelas pessoas que ficam na estrada, esperando o caminhão chegar para descarregar, com aquelas plaquinhas, eu fiquei uns seis meses trabalhando daquilo, porque eu não tinha opção de emprego, por ser interior e comecei estudar, até que eu consegui um emprego numa loja de roupa bem popular em Votuporanga, depois recebi um convite para trabalhar em outra empresa, na parte de sapato, e ali foi um estresse muito grande, eu queria crescer e não tinha para onde crescer, um amigo meu falou: “Por que você não entra no cosmético?”, e eu falei: “Mas não tenho dinheiro”, ele: “Entra como representante, eu vou te indicar para uma empresa”. Foi onde eu comecei a trabalhar no ramo de cosméticos, a gente fez um teste no cabelo da minha namorada na época, que ela foi uma das únicas que me incentivou, né, lógico. Eu lembro que nós fizemos um cabelo dela num tanque e aí eu falei para o cara que ia me convidar, que eu estava pronto, ele deu risada: “Mas você está pronto?” “Não, estou pronto, o que está escrito no contrarrótulo do produto está tudo certinho?” “Tá certo” “Eu vou estudar e vou vender”. E aí fiquei trinta dias, nesses trinta dias recebi uma proposta de uma empresa aqui de Rio Preto, para ser vendedor, ganhava bem mais, aí tive que aceitar essa proposta, porque a necessidade falou mais alto, não tinha como não aceitar a proposta e eu fiquei um ano, peguei essa empresa, batendo de porta em porta, fiz vários eventos, vários cursos na área de cosmético, ergui essa empresa e achei um momento que era... que eu tinha que começar o próprio negócio. Aí você me fala assim: “Giba, mas quanto você tinha para investir?” e eu falei: “Só tinha dois mil e seiscentos reais”. É uma loucura. Eu peguei toda a economia e acreditei. As pessoas: “Você é louco, vai fazer isso, vai largar um bom emprego e... como você vai se sustentar?” Eu falei: “Não, calma”. Aí montei toda uma estratégia, quem eram os clientes que pagavam em dinheiro, como eu poderia fazer uma carteira de clientes mais sólida, mais estratégica, com pessoas que realmente compravam o produto e pagavam. Então, eu fiz um desenho, né, e nesse desenho eu fiz... como eu não tinha computador na época, então eu tinha um caderno que eu tenho até hoje aqui, bem velhinho mesmo, eu anotava tudo que eu ia fazer, todas as minhas vendas. Quando cheguei em São Paulo, para conhecer essa empresa que eu pedi a representação, para eles, pedi, eles falaram que o investimento era de vinte mil reais, eu falei: “Gente, eu não tenho esse dinheiro, mas eu tenho algo lá comigo que vocês não têm” “Giba, mas o que é?” Eu falei: “Cliente, gente! Eu tenho todos os meus clientes” E eu peguei aquele caderno, todo sem capa, ele olhando aquele caderno, começou a olhar para mim: “É seu isso aqui?” E olhar assustado, porque tinha muitas vendas diárias, né? Ele falou: “Nós vamos te dar essa oportunidade realmente, para você começar com dois mil e seiscentos reais e cada compra você vai ter o direito de crescer 25%”. Ou seja: comprei os dois mil e seiscentos reais, investi e eles me davam crédito de 25% a mais pra eu pagar no final do mês. Então, com isso, eu fui fazendo um crescimento financeiro.
(08:19) P1 – Foi girando.
R1 – O próprio dinheiro que entrava, o estoque era no meu quarto, eu tinha uma cama de casal, essa cama de casal eu dei para meu irmão, pus uma cama de solteiro, pra pôr um monte de prateleira, coloração, OX, pó descolorante. Onde tinha lugarzinho eu conseguia pôr produto e fazer isso acontecer. Então...
(08:39) P1 – Maravilha!
R1 – E é muito bacana essa trajetória, porque as pessoas sempre perguntam: “Mas como você chegou?” Gente, são quinze anos de comércio...
(08:48) P1 – De estrada, né?
R1 – É. Que as pessoas, às vezes, não veem isso, né?
(08:53) P1 – Vamos voltar um pouquinho, vamos voltar um pouquinho, assim, porque é que nem você falou, são 15 anos, né? Mas assim, você tem muito aprendizado, desde a época da feira, né?
R1 – Sim, sim.
(09:03) P1 – Ali em Santo André.
R1 – Sim.
(09:05) P1 – Então, assim, desse cotidiano da feira, assim tem histórias, assim, que foram marcantes pra você, assim, de cliente ou de feirante, que te ajudou?
R1 – Sim, muitos.
(09:17) P1 – O que você pode contar pra gente, de aprendizados?
R1 – Muito, muito, muito, muito. Eu tenho uma engraçada: meu pai tinha uma Brasília e chegou lá pra eu olhar o carro dele, eu me descuidei e roubaram (risos) as palhetas, tudo, os acessórios que ele tinha na Brasília roubaram tudo. Eu falei: “Meu Deus, estou ferrado! (risos) Meu pai”. (risos) Mas muito legal. E eu comecei, depois de muitos anos, começar a desenvolver técnicas desde a feira de empreendedorismo, né? Uma delas era... eu trabalhava das 4 horas da manhã até a uma hora da tarde, eu montava as... para quem não sabe como funciona a feira, se você estiver no meio do quarteirão, a pessoa tem que chegar às quatro horas da manhã, depois os outros demais é quatro e quinze, é quatro... é uma sincronia, senão não consegue entrar todos os caminhões e, para montar uma feira de grande porte, então, é uma organização bem bacana, eles sabem exatamente os horários de entrada e os horários de saída que eles têm que sair, bem coordenados. E eu não sabia disso e a gente foi aprendendo, né? E, como eu disse, eu ficava esse tempo vago, eu olhava carro. Então, eu ajudava a carregar sacolas, senhoras que não tinham condições, dependendo da situação, eu ia fazer a feira com ela, porque ali eu ganhava roupa, ganhava presente de aniversário, no final do ano eu ganhava cesta de Natal de um monte de gente, porque eu sempre mostrei muito interesse em ajudar pessoas, pra poder crescer, né? Mas, com isso, eu desenvolvi uma técnica para eu poder ganhar mais dinheiro ainda nesse período. O que foi, nesse período, que eu fiz? Eu chegava, um exemplo: Claudia, você já me conhecia há algum tempo, fiquei lá uns quatro anos, sendo olhador de carros, então, muita gente me conhecia há muito tempo: “Claudia, estou vendo que seu carro precisa lavar, você não quer que eu o lave na sua casa? Eu pego minha bicicleta e vou até na sua casa, eu lavo seu carro e eu cobro dez reais”. Na época dez reais era bastante dinheiro, né, porque... e eles pagavam, então eu deixava pelo menos uns dois ou três carros por dia, eu pegava mais no final de semana. Enquanto meus amigos estavam jogando bola, soltando pipa, se divertindo, eu estava trabalhando, pra ajudar a família.
(11:29) P1 – E, Giba, o que você fazia com o dinheiro que você conseguiu juntar, assim, porque você ganhava muitos pertences, muitas coisas, né?
R1 – Muito, muito, muitas coisas.
(11:36) P1 – Mas e o dinheiro, o que você fazia?
R1 – Eu dava pra minha mãe, né? Antigamente era assim: você trabalhava, chegava com o dinheiro em casa e dava pra mãe. O único dinheiro...
(11:44) P1 – Fazia diferença dentro da casa, né?
R1 – Muito. Eu sustentava a família, né? De uma certa forma: água, luz, comida, mantimento eu levava.
(11:54) P1 – E os seus pais adotivos, como eles chamavam?
R1 – Chama Angelita...
(11:59) P1 – Sim.
R1 - ... e Nilton. Nilton está vivo até hoje, meu pai, grande pai. Gosto muito dele ainda, tenho um carinho muito especial por ele ainda.
(12:08) P1 – Eu imagino.
R1 – Muito especial!
(12:10) P1 – E foi a Brasília dele que perdeu as palhetas? (risos)
R1 – Foi, foi a Brasília dele. Ele falou: “Pô, meu, você estava cuidando do carro, meu. Imagine se é de um cliente!” Ele começou a rir e entrou em crise de riso, nem brigou comigo, porque: “Meu, não acredito. Você que cuida de tudo isso aqui, roubaram logo o meu?” Então, é muito engraçada essa situação. Eu chegava de madrugada, muita gente das famílias que eu cuidava dos carros ali na rua, tinha café da manhã já me esperando, um pãozinho, né? E isso sem pedir, viu, só mostrando trabalho, fazendo isso acontecer, sendo educado com as pessoas.
(12:50) P1 – E você fazia várias feiras? Porque cada dia a feira está num lugar, cada dia da semana a feira está num lugar.
R1 – Isso. Sexta-feira, sábado e domingo eu fazia feira. Sexta-feira, sábado e domingo, que eram as melhores feiras de São Paulo para nós, que girava um pouco mais de dinheiro, principalmente a de domingo, a de domingo era sensacional pra nós, assim.
(13:10) P1 – Ah, imagino, o pessoal vai passear também, né?
R1 – Gente e, assim, é engraçado que eu tive que disputar ponto lá. Tem que disputar ponto porque, se você chega num lugar e você não é conhecido, é complicado, ninguém queria deixar eu entrar pra cuidar dos carros lá, porque já tem quem cuida ali há muito tempo. E eu falando para o pessoal: “Não, eu vou entrar sim, eu preciso de dinheiro, eu preciso trabalhar, preciso ajudar minha família”. Vixi, foram várias encrencas no meio lá, até conseguir meu ponto lá e ficar muito tempo.
(13:44) P1 – Maravilha. Giba, e quando vocês vêm para Votuporanga, né, seu pai resolveu, né? O que aconteceu? Ele resolveu por conta de trabalho? O que...
R1 – Na verdade, ele se aposentou, né? Ele trabalhava em São Paulo, ele se aposentou, trabalhava em São Bernardo. Como ele já tinha outros filhos do primeiro casamento, ele achou inviável criar os filhos em São Paulo, no momento em que a gente estava vivendo. Ele ficou muito (com medo) de perder os filhos para drogas, para o crime, enfim, então, ele trouxe... nós viemos em quatro irmãos pra cá e aí, lógico, cada um vai seguindo seu caminho, sua trajetória, que não tem jeito de escapar disso, né?
(14:30) P1 – Você era o mais velho, dos irmãos?
R1 – Não, tinha mais o Edson, mais velho, o Edson, mais velho. E depois ele seguiu um caminho, foi trabalhar em órgão público, prefeitura, eu fui continuar nas lojas, eu sempre gostei de comércio, de fazer negócios, comprar, vender, sempre fui dessa...
(14:48) P1 – Cada um pegou um rumo.
R1 – É, cada um seguiu seu caminho.
(14:52) P1 – Descreve pra gente, assim, esse comércio em Votuporanga, assim, quais... essa coisa de mudar, né, adolescente, 17 anos, refazer a turma, como é que...
R1 – Claudia...
(15:03) P1 – O que você fez, assim, porque o trabalho você resolveu, né? “Vou ser “chapa””.
R1 – É, mas é um mundo novo, porque são todos... as pessoas são novas, têm culturas diferentes da minha. As pessoas, em São Paulo, falam gíria por natureza, né? Não é porque ela está “zoando” alguém, ela sai falando: “Pô, meu, cê não tá me entendendo, tá loco?” É normal deles. Eu sofri muito preconceito, até se adaptar a essas pessoas do interior, porque são lugares pacatos que eles... hoje mudou muito, né? Ponto de vista mudou muito, a gente pega o jornalismo que era “x”, que era uma coisa muito séria... eu sempre fui contador de piada, dar risada, tirar sarro. Então, eu vim com essa pegada e eu assustei muita gente, até eles se adaptarem a minha pessoa e isso aconteceu muito, muito, muito, de ter o preconceito, porque minha roupa era mais larga e, no interior, era camisa, calça apertadinha, bermudinha, correto, né? Ixi, aí você vem um cara com boné pra trás, andando de skate, novo... mas o que eu trouxe de bagagem para as pessoas que sempre me conheceram foi o conhecimento. Então, isso fez com que as pessoas começassem a se aproximar de mim e tirando esse preconceito de paulista, que é malandro, quer passar os outros pra trás. Então, a sacada foi, de uma certa forma, em ser inteligente e trazer network, mesmo com adolescentes. Hoje eu colho muitas coisas boas das pessoas que eu conheço há muitos anos, né? Porque é muito fácil, é muito mais fácil você convencer uma pessoa nova, que você está bem, que quer crescer e quer fazer acontecer, de convencer um amigo antigo que cresceu com você. Entendeu a sacada?
(16:57) P1 – (risos) Entendi.
R1 – Você tem que ser muito bom, não tem meio termo, porque geralmente as pessoas não querem dizer que não querem seu mal, mas você ficar melhor que ela já gera um incômodo, infelizmente, para algumas pessoas.
(17:11) P1 – É!
R1 – E nós temos que estar preparados para esse encontro e saber driblar, como fazer, como agir, né? Eu passei muito isso, mas graças a Deus eu superei tudo isso lá.
(17:22) P1 – E me fala uma coisa: dessa época de Santo André e dessa chegada pra Votuporanga, você estudou? Como você organizou, assim, esse trabalho que você fazia com estudos, essas coisas?
R1 – Claudia, eu fui estudar, não... eu... num curso até que eu estava me identificando, que era Publicidade e Propaganda. Aí a grana ficou curta, eu estava meio desanimado com isso, porque o meu negócio era vender, eu pagava a faculdade vendendo perfume importado, que eu ia de bicicleta e eu pagava a faculdade, mas eu falei que eu poderia ir muito mais longe que uma faculdade, para mim mesmo, né? Eu falei: “Nossa, é importante”. Eu falo pra todos que tem que estudar, é lógico que tem que estudar, mas cada um tem uma expertise, um caminho a ser seguido.
(18:09) P1 – Um tempo, né?
R1 – As pessoas falam: “Não”. Tinha muito isso: “Não, você tem que estudar”. Eu tenho como ídolo meu pai, com toda certeza do mundo, mas eu não quero ser igual ele, eu quero ficar melhor que ele, né?
(18:23) P1 – Hum hum.
R1 – Então, antigamente tinha muito isso: “Você vai estudar, você vai ser mecânico, vai ser barbeiro”. Não interessa, vai ganhar mil reais e para eles está bom. Eu nunca quis isso pra mim, eu sempre quis mais, desenvolver mais, ajudar pessoas, multiplicar todo cenário, pra isso acontecer. E isso tive que enfrentar meus pais, pra poder começar no ramo dos cosméticos, né? Porque, de uma certa forma, não é por mal, eles querem blindar, eles querem te proteger: “Ah, você vai pôr seu carro na rua, novinho, pra vender produto de cosmético, nesse preço, que está caríssimo esse produto?” “Eu vou” “Você é louco, você nem terminou de pagar teu carro”. Então, sempre põe aqueles empecilhos, de uma certa forma...
(19:08) P1 – É mais conservador, né, uma postura mais conservadora.
R1 – E ele tinha arrumado emprego para mim, num mecânico. Conservador, como você diz, o salário estava garantido, eu falei: “Gente, eu não quero ser mecânico. Vocês têm que entender. Eu quero ser representante comercial, eu quero vender, eu gosto de estar com pessoas, eu gosto de fazer negócio. então...”.
(19:30) P1 – Tá no sangue, né? Giba e, assim, a primeira loja que você trabalhou em Votuporanga é de confecção? Você falou de roupa?
R1 – Roupa, isso!
(19:42) P1 – Fala o nome da loja onde ficava, tudo.
R1 – Ah, eu adoro a família toda até hoje, tenho um carinho especial, chama Câmbio Negro, trabalha só com roupa, masculina, feminina. E foi uma empresa que realmente, lá, a gente... eles começaram do zero, são merecedores de onde chegaram hoje, graças a Deus.
(20:02) P1 – E depois você passou pra uma loja de calçados?
R1 – Isso, a Ideal Calçados, trabalhei um período lá, até que eu recebi esse convite, desse grande amigo meu, pra tentar no cosmético, né, e aí eu estou até hoje.
(20:15) P1 – E não é um ramo muito diferente, sair do calçado e ir pra cosmético? Talvez, assim, um mundo mais feminino ou não, a questão é venda mesmo?
R1 – Totalmente feminino, totalmente feminino, é um mundo totalmente feminino. Não que a roupa, calçado não seja feminino também, né, porque eu atendia mulheres também, mas eu acho que o desempenho da venda, onde a pessoa se prepara para estudar o produto, se ele for uma pessoa que gosta de investir em tempo, acreditar, saber falar bem dessa caneta, a durabilidade dela, o que a protege, se ela cair ela quebra, ela tem garantia? As pessoas esquecem de estudar, as pessoas esquecem de analisar como eu posso vender melhor o meu produto, como que eu faço desempenho melhor para controlar. Hoje, se eu for te vender, Claudia, eu sei o pH dessa água, eu sei a quantidade correta que está no frasco, eu sei quantos graus você vai bebê-la e ficar mais refrescante pra você, porque eu me preparo pra isso e as pessoas têm que se preparar. Eu pensei que eu ia ter essa dificuldade, mas eu me preparei também, eu fui estudar. Tanto é que há pouco eu me formei em Química também, né, voltei a estudar para fazer Química, pra poder assinar, ter um conhecimento melhor, saber o que eu estou falando para meus clientes, para os meus funcionários, para minha equipe, para os meus parceiros. Então, ou seja: se eu não evoluir, o meu concorrente vai evoluir. Se eu ficar para trás, quem vai chorar são os meus filhos.
(21:48) P1 – É. Giba, mas, assim, o primeiro produto que você trabalhou, então, foi uma tintura para cabelo?
R1 – Foi.
(21:53) P1 - Que você falou que fez um teste junto com sua namorada, para conhecer, como que é...
R1 – Isso. Foi hidratação para cabelo, foi uma hidratação, hidratação, na verdade. Eles tinham coloração, mas foi uma hidratação. E, na verdade, assim, era um mundo totalmente novo, porque você pega aí... eu estou falando quase quinze anos atrás, o produto já custava cinquenta reais: “Meu, como eu vou vender isso?” Quase meu pai me convenceu, mas eu falei: “Não, eu vou tentar”, entende? “Eu vou tentar”. Então, se eu não acreditasse em mim ou minha namorada, que hoje é minha esposa, acreditasse em mim, talvez eu não tentaria. Eu tive que acreditar em mim. O medo está para todos, depende a situação, eu aconselho todo mundo a enfrentar seus medos, se não for uma coisa que não vá matar, passar pessoa pra trás, porque o medo existe, são etapas da vida, ele está lá pra ser respeitado, mas não pra ser ultrapassado. Então, vamos prestar a atenção nisso aí, galera.
(22:51) P1 – Giba, mas esse produto você vende atacado ou varejo? Como é que...
R1 – Atacado.
(22:56) P1 – Atacado.
R1 – Só para salão de beleza, profissional.
(22:59) P1 – Pra salão de beleza?
R1 – Isso! Só para salão de beleza. O varejo hoje é uma das marcas que eu tenho, chamada Cattion, que a gente atende o varejo hoje. Aí, então, atende o salão de beleza, que é um produto específico só para salão de beleza, que é a marca Plakton, mas criamos um, a Cattion, para pegar um outro mercado, que é o mercado on line, que está muito em alta, né, então... os marketplaces. Então, a gente tem muito essa pegada também, a gente, antigamente...
(23:28) P1 – Mas não são os mesmos produtos?
R1 – Não, não, não são os mesmos produtos. Hoje são produtos com apelos diferentes, pegada diferente, marca diferente.
(23:39) P1 – Te perguntar uma coisa, assim, de cliente, de cabelereiro: por que - e acho que aí é bem essa especificidade sua - por que que tem produto que a gente só acha no cabelereiro? Mesmo eles revendem, às vezes.
R1 – Porque...
(23:51) P1- Eu fico com essa sensação, tem produto que você só consegue comprar no cabelereiro, não tem na loja.
R1 – É bem, bem... bem, muito boa sua pergunta, bem elaborada. A questão é: você imagine se a cabelereira passar 100% do segredo dela pra você. Você nunca mais vai num salão de beleza. Você entende? É a mesma coisa do Mac... ou o mecânico falar: “Oh, essa peça aqui custa cinquenta reais, eu cobro cem reais”. Se ele for explicar a fundo, você vai comprar a peça e vai pôr, mesmo que seja um pouco difícil, porque os momentos que nós estamos vivendo hoje faz com que a gente se evolua, faz que acredite: “Eu vou conseguir, eu vou fazer, tratar meu cabelo, fazer escova, eu vou aplicar a coloração sozinha”. Mesmo que não fique boa, mas você tenta. Não é verdade? Então, você imagine se a gente vender o mesmo produto profissional pro cliente final, geralmente, ele vai ser desvalorizado, o profissional e você, um exemplo, o cliente final vai estar comigo uma vez, duas vezes, três vezes por ano. A cabelereira não, a cabelereira está com a gente todo mês.
(25:03) P1 – Todo mês tem que renovar o estoque dela.
R1 – Tem que se pensar. Não quero dizer que, assim, tem produtos muito bons no mercado, sendo bem claro. Tem, tem produtos que vão se identificar com o seu cabelo, com o meu, não vai se identificar com o da outra pessoa, mas, porém, a nossa marca optou pela Plakton não vender pela internet, né, mas a Cattion sim, que a gente dá uma segunda opção, para essa pessoa fazer isso.
(25:29) P1 – E como você foi formando, assim, o... porque a Plakton é a fábrica?
R1 – Hoje é uma fábrica. Nós começamos como representante comercial de uma empresa, depois dessa marca nós... trabalhei oito anos com essa empresa, eu desfiz a parceria e criei a Plakton. Nós começamos a Plakton, fizemos alguns produtos inovadores no mercado: a linha de oxigênio, que é, vende-se até hoje no mercado de 12 anos de Plakton, é a minha campeã em vendas e...
(26:05) P1 – E é produto pra quê? Desculpa.
R1 – É para tratamento, hidratação, recuperação de cabelo, mas nós, hoje, temos tudo, praticamente. Nós temos a linha de coloração Plakton Color, temos a linha de hidratação, temos pós descolorante, OX, finalizadores, temos para cabelo loiro, ressecados, para cabelo afro, que está bem na moda aqueles cachos, então… tem bastante, nós temos mais de oitenta produtos.
(26:33) P1 – Tem um público que aumentou muito, né? Do cabelo afro.
R1 – Muito, está muito forte. Muito.
(26:37) P1 – É um público muito especial hoje em dia, né, aumentou muito.
R1 – Hoje está com uma boa fatia do mercado. As pessoas estão se cuidando mais, na verdade. Os homens estão se cuidando mais, as mulheres...
(26:49) P1 – E o fato de ter o produto específico também, não?
R1 – Voltado só para aquele público também, é muito bacana. O tratamento capilar, você vê, quando você passa nossos produtos, a pessoa sente realmente a diferença, a textura do cabelo, o brilho muda. Então, vale a pena ver o sorriso de nossos clientes contentes, mandando mensagens: “Oh, muito obrigado, salvou meu dia”. A Camila falou: “Nossa, se não fosse vocês”. É muito bom isso, muito bom essa energia.
(27:16) P1 – Por que o cabelo é tão importante para uma pessoa? Eu não sei, (risos) mas meu sorrisão...
R1 – Eu acho que nós, quando falamos de algo que mexe com o nosso ego e com a nossa vaidade, se torna muito mais importante. Às vezes a pessoa não está com muito dinheiro, mas quando ela olha no espelho e vê que ela não se sente pior, se ela estiver bem cuidada. Se a mulher estiver com uma raiz, ela vai se sentir incomodada sair numa reunião com as amigas. Se ela não fizer a sobrancelha, ela vai falar... a primeira coisa que a mulher fala: “Não olha minha sobrancelha, porque eu não a fiz hoje”. Aí todo mundo vai olhar.
(27:54) P1 – Aí todo mundo olha. (risos)
R1 – “Gente, não olhe minha unha, tá, não a fiz hoje, pelo amor de Deus. Oh, está um regaço só”. Mas realmente isso é típico do brasileiro, do ser humano, a curiosidade olhar algo que não possa e a pessoa, sabendo que ela está numa reunião e a unha dela não está bem-feita, ela vai se sentir incomodada. Então, às vezes, não é só a vaidade, é questão de profissão, o jeito que ela vai agir, o jeito que ela... é o bem-estar também, não é só a vaidade, tem muito. E também não é só ego, a pessoa tem que sentir bem pra ela estar legal, não é? Tem mulheres que põem silicone, tem mulheres que põem preenchimento, faz ácido no rosto, entende? Então, essa vaidade fica mais além de tudo isso. Primeiro, eu falo sempre para nossos clientes e nossos colaboradores: “Cuide de você, de dentro pra fora. Você está bem agora? Agora vamos cuidar de fora pra dentro e vou sair pro mundo, eu vou me preparar pra guerra, mas primeiro eu tenho que estar bem comigo mesmo”. Não adianta você estar estressada porque o teu cabelo está caindo e você não acha nada que dá certo pra o cabelo caindo, mas, às vezes, nem é o produto, às vezes é você mesma com variação hormonal, tem que tomar mais água, tomar vitamina E, comer produto a base de soja. Então, na verdade, são vários fatores pra gente se sentir bem, né? Eu acredito, eu respondi tua pergunta?
(29:21) P1 – Respondeu, respondeu, respondeu. Em que momento surge, então, a loja, assim, pro grande público, assim, no varejo?
R1 – Foi no momento da guerra mesmo, da pandemia no ano passado. Na verdade, nós estamos nos tornando, agora, nos tornamos, há uma semana e meia, entre as dez maiores empresas de cosméticos profissional do Brasil. Cosmético profissional, né, não estou falando varejo.
(29:47) P1 – É mesmo?
R1 – É. No estado de São Paulo, com toda certeza, estamos entre as maiores já, com toda certeza, graças a Deus e estamos aumentando nossa frota.
(29:54) P1 – Mas é por causa da pandemia? Por quê?
R1 – Na pandemia, nós temos uma marca bem forte no mercado, onde eu tenho... já fiz grandes parcerias com Rodrigo Faro, Geraldo Luís, Luan Santana falando da marca, Zé Neto e Cristiano. Eu fiz todo uma magia de conseguir e tudo orgânico, tá? Pequenas Empresas & Grandes Negócios tivemos, há um mês e meio ou dois atrás, aí, uma matéria incrível que saiu, né, no meio dessa pandemia. Foi o seguinte: a gente não tinha o público final, nós não tínhamos o público da internet, público da farmácia e o que eu pensei? Eu preciso fazer uma marca, porque o produto que eu tenho hoje, de uma certa forma, é para uma classe social B, B/A, ali. Com o produto mais elevado, mais caro, com a qualidade que eu tenho, top, entra em qualquer salão, mas eu precisava atingir o público C, público D, um público que quer consumir, mas não tem condições de comprar um produto bom, de qualidade e que, quando compra, é só uma vez. Então, precisava ter um produto bom, que chamasse a atenção desse público, que eu poderia vender pra qualquer pessoa, desde a rua, até no mercado. Aí nós criamos a Cattion. Em menos de vinte dias criamos dez produtos no mercado, um sucesso de vendas, vendemos, acredito, mais de 20 mil itens, em menos de dois meses .
(31:20) P1 – É mesmo?
R1 – É absurdo. Aí foi muito bacana, no ano passado eu fui eleito entre os três melhores jovens empreendedores do noroeste paulista, tudo orgânico, tá? As revistas, os jornais, o jornal do Sebrae, nós saímos no jornal do Sebrae em rede nacional. Então, foi uma sacada bem bacana e esse ano a gente não vai ficar muito longe, não, a gente está crescendo bastante aí também, graças a Deus.
(31:45) P1 – De onde vem o nome desse negócio?
R1 – Da empresa? Da Plakton você fala?
(31:50) P1- Os dois, da Plakton e a Cátia... é Cátia?
R1 – Cattion.
(31:55) P1 – Isso.
R1 – A Plakton veio, na verdade, eu precisava de um nome subliminar de um concorrente meu, que era produto muito bom dele, eu precisava algo que as pessoas não falem que é igual, mas lembrasse. Eu, num programa de TV, num quizz, lá, perguntas e respostas, a pergunta era: o que significa o pulmão do mar? Era a ostra, algas, árvore e plâncton. E eu, pra mim, pra mim era alga que trazia o oxigênio pros peixes, é. Eu fiquei aguardando esse quizz na televisão, todo mundo perdeu, porque todos foram na alga também. Aí, não tinha internet na época, marquei o nome, achei muito bacana, tinha uma outra marca que eu trabalhava, que tinha um nome meio, um pouco parecido, fui na lan house, fui lá, peguei uma hora lá, aluguei, fiquei lá, fui ver o que era. Plâncton, na verdade, o mar vive sobre o plâncton e o nano plâncton, que é nove mil vezes menores. Ele é um bichinho do “Bob Esponja”, que as baleias e os peixes respiram e o soltam e trocam oxigênio, serve até para alimentação, ele é fundamental pro mar. Eu achei esse nome incrível, eu falei: “Gente, mas e se eu tirar esse “n” e “c” e colocar algo mais de importado, colocar um “k”, saber que a pessoa está com Plakton, dá impressão que ela fala sorrindo já, o nome.
(33:29) P1 – Sonoro, né?
R1 – É, é um nome bonito de se pronunciar, né? Plakton. Gente, e aí eu pensando num tom, que mexe com coloração, eu falei: “Pô, eu só registro uma vez só”, eu não preciso pagar dois registros, porque quando eu quiser lançar a coloração daqui três, quatro anos, eu não preciso ficar dispondo mais de dinheiro. Fiz uma reunião, chamei uns amigos, coloquei um monte de nome lá, a gente, batendo aquele papo, todo mundo amou o Plakton. “Gente, que nome incrível, esse nome eu já ouvi falar em algum lugar”. Eu amo quando ouço isso, ó: “Esse nome já ouvi falar em algum lugar, não é estranho”. Que deu certo a estratégia. Se a Cattion ganhou no meio dessa guerra, depois de muitos anos, vem um outro filho nosso, criamos o grupo chamado PLK. A Cattion vem porque, na verdade, são as ligações, iônicas e catiônicas, né, que é muito importante para nós hoje. Isso você pega a parte de Cattion, parte de Química onde me formei. Então, tudo tem um porquê, tem um carinho, tudo muito pensado, desde a nossa embalagem, a nossa produção, os nossos colaboradores são preparados hoje para tratar, desde com carinho, até o nome que é usado na empresa.
(34:43) P1 – Hum hum. Giba e por que esse olhar para o orgânico, assim, nesse momento, assim?
R1 – É, nós temos alguns produtos que é à base de Macadâmia, à base de Argan. O mercado internacional também pede muito, não é só o mercado brasileiro. O mercado internacional, hoje, praticamente, ele exige que sejam produtos mais voltados para castanha, para óleos, porque é até uma aceitação e, realmente alguns produtos são muito bons mesmo no mercado, alguns óleos, babosa que é o Aloe Vera, óleo de abacate, semente de uva. Não é só moda, né? São produtos que dão resultados realmente. E esse produto dando resultado, automaticamente tem mercado para isso. Então, as pessoas acreditam e investem muito nisso, até hoje.
(35:32) P1 – Normalmente são substâncias bem ricas em óleo, são oleaginosas.
R1 – É, é que na verdade, o óleo, ele consegue fazer a recuperação da fibra capilar com mais qualidade. A textura é outra e, automaticamente eu, eu... daqui a uns cinco ou seis anos, muitos produtos que temos hoje, que é à base de parabeno, uns conservantes, já estão saindo do mercado, graças a Deus.
(35:58) P1 – Ah, é? Tem uma tendência mais pelo natural?
R1 – Pelo natural. O natural é muito mais caro, por quê? Para você extrair esse natural é complicado. Tem produtos que vêm da Amazônia, de Rondônia. Óleo de copaíba, um exemplo, vem de Rondônia, porque são muito fortes, é um custo alto para tirar, extrair isso realmente da árvore porque, às vezes, as pessoas não querem aquele produto sintético criado em laboratório, né? Mas hoje tem muitos certificados, algumas empresas já estão conseguindo emitir alguns certificados de que aquele produto é realmente orgânico, que vence, que o conservante usado é nada à base animal. Então, tem muito isso também, que a gente se preocupa com os nossos produtos.
(36:42) P1 – E junto ao público, assim, como é essa aceitação desse cuidado do orgânico, desse material, vamos dizer assim, mais natural?
R1 – Olha, Claudia, as pessoas estão se adaptando agora a esse mercado, se preocupando mais com os animais, com o próprio ser humano, tem aquela pegada do naturalista. Então, as pessoas estão indo muito para... tem um _____ (37:10), alguma coisa, que são produtos extremamente naturais, mas é um público bem pequeno ainda, mas eu tenho certeza que isso está crescendo e a gente já está se preocupando com isso para __ (37:20) desse público. É igual alimentação saudável.
(37:23) P1 - É. Vou falar por mim mesma, assim: há uns anos, em São Paulo, a gente comprava, eu e minhas irmãs, há uns vinte anos atrás, um óleo, um creme hidratante que era à base de óleo de baleia. Eu nunca mais comprei.
R1 - (risada) Mas dava certo?
(37:42) P1 – Super! Mas, assim, o que adianta dar certo e ficar com uma culpa, entendeu?
R1 – Entendi.
(37:49) P1 – A baleia está em extinção, né, vem do Japão, está em extinção, é uma carta predatória.
R1 – Hoje a preocupação das pessoas.. .
(37:56) P1 – Você acha que as pessoas estão mais conscientes, assim, nesse sentido?
R1 – Os nossos produtos hoje não são testados em animais, de forma alguma. E se a gente vê que é origem animal aquele fornecedor, a gente troca o fornecedor ou o produto. A gente não quer isso na nossa linha, hoje a gente tem essa preocupação sim, não só com a nossa empresa, mas sim com o animal, uma causa, com nosso cliente, eu acho que é um respeito, né? O respeito nós temos. Hoje nós temos, hoje lá na nossa fábrica um tratamento de reciclagem de água usada, né, que vai ser… a água é reutilizada de outra forma. O nosso tratamento de ar, mesmo que não é nada químico pesado, a gente trata esse ar e devolve para natureza, bacana! Como ela deu para nós o ar, entendeu? Então, a gente está se preocupando muito nesses detalhes, para isso acontecer. Então, ou seja: é tudo com muito carinho, mesmo.
(38:53) P1 – É!
R1 – A gente está pensando não só no faturamento da empresa, aumentar o business, os negócios, mas sim, no cliente, no animal, entende? Porque, sem vocês a gente não é nada, vocês citam as regras, né, o cliente dita as regras do mercado.
(39:12) P1 – Eu concordo. Agora, assim, Giba, por que essa preocupação agora, assim, com esse orgânico, com esse natural, com esse não uso de coisas de origem animal, assim?
R1 – Claudia, na verdade, é consciência, né? Que geralmente chega um momento da nossa vida que a gente tem que evoluir e, para nós, hoje, a evolução é realmente não ter produtos à base de animal; se for desmatamento, se for legal esse desmatamento, se pode realmente buscar aquela... o Macadâmia lá, para a gente fazer um produto de Macadâmia, está legal, está ok? A gente está com esta preocupação, o mercado exige isso, mas também temos a nossa consciência, né? Então, os nossos profissionais exigem também que nós sejamos corretos com a natureza, correto com os animais, correto com o próximo. Então, isso... uma das razões do nosso sucesso é esse “respeitar o próximo”.
(40:08) P1 – É, né? Giba, você falou que você começou a cursar Publicidade, né? Como que... então, assim, você tem um certo conhecimento sobre a área, mesmo...
R1 – Tenho. Tenho. Sim! Três anos.
(40:19) P1 – Então, assim, como é que você faz, assim, com as campanhas, com internet? Como que você conduz esse pedaço, assim?
R1 – Hoje, Claudia, eu tenho uma equipe, né, que faz isso aqui dentro, é uma equipe de Marketing de três pessoas que fazem toda a captação, tem uma equipe de vendas, tem equipe de captação. Ou seja: eu não me preocupo tanto mais, mas eu sempre estou de olho lá, pondo meu dedo: “Oh, assim, quero assim, essa cor combina com essa, essa cor traz beleza, traz luxo”. Eu sempre estou dando ali alguns palpites, que eu acho interessante a gente estar presente, para não perder a essência do negócio também. É lógico que vai chegar alguns momentos que a gente tem que mudar a embalagem, mudar o layout, né, que é um português claro mesmo, mudar o site. Então, temos que saber mudar, sim! Mas facilitou, como você disse, essa bagagem foi por cursar Publicidade? Muito, porque me fez pensar no conceito. Hoje quero vender um conceito, não quero vender só o produto para você. Eu quero fazer que você tenha desejos de consumir meu produto, dar vontade de sentir o cheiro, de usar, ter textura, sabe, o toque? Porque, quando a gente aprende que o ser humano realmente é afetivo, se souber cuidar, trazer para próximo, você tem tudo e aí começa o que a gente estava falando: não testamos em animais, nossos conservantes são aprovados pela Anvisa. Você entende?
P1 – Uhum.
R1 – Esse ponto de vista, essa cor é bem bacana, porque essa cor transmite paz, essa aqui transmite riqueza, essa aqui transmite alegria. Então, a gente se preocupa com esses detalhes e a Publicidade me ajudou muito com isso também.
(42:01) P1 – Eu imagino. E a parte de embalagem, assim, o desenvolver da embalagem do produto, tudo, vocês fazem internamente ou é terceirizada?
R1 – Fazemos internamente, tudo internamente hoje. Hoje a gente não terceiriza isso. Nós conseguimos, vou mostrar para você aqui.
(42:18) P1 – Quero ver.
R1 – Nós fazemos até a gravação do produto, nós fazemos, não terceirizamos mais. Logo, logo vamos fazer as embalagens próprias, embalagens nossa também, se Deus quiser.
(42:32) P1 – Hum hum.
R1 – Olha os acabamentos, tudo feito aqui.
(42:35) P1 – Ai, que bacana!
R1 – É bem elaborado por... é que você não está aqui, para sentir o cheiro, mas você ia ficar encantada, viu, o cheiro é maravilhoso.
(42:46) P1 – Deixa eu ver a cor, mostra a cor para gente, deixo ver...
R1 – Oi?
(42:49) P1 – Deixa eu ver a cor. Está lindo, está lindo!
R1 – O produto, esse aqui é para cabelos loiros, né?
(42:55) P1 – Ahm? Lindo, é lindo!
R1 – É! Bem bacana mesmo, bem bacana.
(43:03) P1 – Giba e esse... que momento que você sai de Votuporanga e se instala em Rio Preto, porque os negócios estão em Rio Preto, né?
R1 – Hoje está tudo em Rio Preto. Como a gente tinha mais comissão, a Gisele, a minha esposa, atendia a região de Jaú, eu atendia Votuporanga. Como a gente queria casar, ela sugeriu que morássemos em uma cidade maior, onde seja uma cidade que tenha uma estrutura um pouco melhor, que é São José do Rio Preto, né? Na verdade, tem várias cidades emergentes e pequenas em volta, mas São José do Rio Preto tem uma economia muito forte, na indústria, na joia, na roupa... muitas coisas...voltou... eh, aí a gente, ela trabalhando de lá, eu trabalhando daqui, a gente se acertou e veio para Rio Preto nesse momento, no momento de casamento mesmo, assim, quando íamos casar, decidimos aqui, mais por ela, ela preferiu morar aqui, na verdade. Por mim estava morando em Votuporanga, talvez.
(44:02) P1 – (risos) Então conta, assim, como você conheceu a Gisele? E como foi é que o casamento?
R1 – Ah, época de faculdade, né, época de faculdade ali, em balada, ela era uma menina muito séria, quase não ria para ninguém, aí as amigas me apresentaram e a gente se conheceu lá. Aí está até hoje, passaram 15 anos.
(44:23) P1 – E ela trabalha na empresa com você, tudo, é uma das...
R1 – Hoje nós temos outros negócios também, né? Ela trabalhou muito tempo aqui, interna, como aqui está bem redondo, a gente montou outros negócios e ela cuida das vendas on line, nós temos outras empresas. Uma empresa chamada ___ (44:38) que ela, a gente vende óculos, cama elástica, fruteira, parte de confeitaria. Então, ali, trabalha 24 horas praticamente, coitada, trabalha bastante.
(44:52) P1 – Como se fosse o quê? Um grande bazar, assim, de vários produtos?
R1 – Isso! E-commerce, todas as plataformas...
(44:59) P1 – É um e-commerce?
R1 – Trabalho, também é outra parte fora da Plakton, fora da Cattion.
(45:04) P1 – Isso já vem há um tempo ou foi em função da pandemia, Giba?
R1 – Não, já vem antes da pandemia, essa sacada foi antes da pandemia, já fazem mais de dois anos já, mais de dois anos que a gente está no e-commerce aí, tendo bastante sucesso. Eu acho que...
(45:22) P1 – E...
R1 – Pode falar, pode falar.
(45:24) P1 – Não, e falando, assim, da pandemia, né, como que você... quais foram as lições, os desafios, os desafios da pandemia.
R1 – Desafio? Se renovar, que é muito complicado para algumas pessoas, depende da função que ela exerça, tenha, o produto que ela venda, a empresa que ela assume, ela não precisa ser dona da empresa para renovar, fazer acontecer. Hoje nós estamos aqui para segurar nossos empregos e dar o melhor de cada um, porque está tão difícil para todo mundo, né? Nós estamos - assim, o que que eu penso - nós estamos na mesma tempestade, não tem o que fazer, mas cada um no seu barco, lógico, mas na mesma tempestade e cada um criou sua a estrutura, o barco, para ver até onde aguenta, né? E é lógico: infelizmente tem barcos que afundam, pessoas que já se foram, clientes queridos, parentes, amigos...
(46:17) P1 – Porque o setor de cabelereiro foi muito atingido, né?
R1 – Foi, ficou muito tempo fechado, abria, fechava. Inclusive, estamos vivendo isso agora exatamente, né?
(46:28) P1 – Sim.
R1 – Então, nós tivemos que renovar e ir para internet, vendendo produtos de cosméticos para internet. É lógico que são marcas diferentes, mas, porém, nós tivemos que renovar...
(46:39) P1 – Aumentou esse varejo, assim, pela internet?
R1 – Muito, muito, a compra... as pessoas ficaram mais tempo em casa, então elas ficam ansiosas, né? Então, elas vão procurar cursos para fazer, algo para distrair e há coisa que dá mais prazer que comprar, né?
(46:55) P1 – Mas ao mesmo tempo também se cuida dentro de casa, né?
R1 – Sim, sim, de uma certa forma ela vai se cuidar, ela vai se segurar: “Ah, eu não vou pintar meu cabelo agora porque eu não vou sair tão cedo”, mas vai chegar um momento, como a gente estava dizendo, que ela vai ficar incomodada ou o marido vai ficar incomodado por não ter cortado o cabelo, ele vai querer cortar o cabelo. Hoje os homens fazem a unha, é natural, tira o excesso, capricha na barba, entende? Às vezes, a esposa pede para o cara fazer isso. Ou seja: aí precisa se sentir melhor também. Então, automaticamente, a gente sabe que essa pausa do mercado volta, por quê? É um produto, são produtos de necessidade de uma certa forma, porque você não vai ficar passando sabonete no teu cabelo, né? Aí vai chegar sua irmã aí, sua visita, vai ver teu cabelo, você vai falar: “Ah, meu cabelo está duro igual a um pau, hoje comprei um xampu que eu não gostei”. Acontece muito isso. Mas vai ter o dia que você vai passar e a pessoa vai sentir o cheiro: “Nossa, Claudia, que cabelo cheiroso, seu cabelo está tão lindo, o que você fez?” “Ah, usei tal produto”. Aí você fica toda feliz e conta como que foi, até como aplicou, aí você vai lá: comprei na internet, comprei de uma amiga minha, comprei no salão. Ou seja, é um resultado. Respondendo tua pergunta, voltando atrás: se a pessoa assim, não inovar, ela vai ficar para trás. Ela precisa inovar, pensar no que vai fazer, que tipo de estratégia tomar, por mais difícil que ela seja, que seja tomar essa decisão. “Giba, não tenho dinheiro para investir”. Gente, milhares de pessoas também não têm dinheiro para investir. Acredita, muda, pede emprestado, vende carro, vende moto, mas acredite no sonho, desde que esse sonho seja alcançável, né? Que aí, aos poucos, você vai vendo que vai mudando a chave.
(48:43) P1 – É.
R1 – Me fizeram uma pergunta, Claudia...
(48:46) P1 – Sim.
R1 – No meio da empresa hoje, nós temos uma empresa com quase dois mil metros quadrados, estamos pensando já, no futuro, mais dois mil e trezentos, para fazer quatro mil de fábrica, já, pensando num futuro não tão longe. Me perguntaram: “Giba, que momento da tua vida virou a chave pra falar: ‘Nossa, sou dono de indústria agora’?” Foi uma pergunta muito difícil para eu responder, porque eu não vi esse momento como todo mundo vê, por fora, porque foi passo a passo...
(49:17) P1 – Ele é contínuo, né?
R1 – Foi uma... Ó hoje, eu vou comprar o insumo para conseguir um preço maior e vou conseguir pagar mais barato, numa quantidade melhor, daqui a pouco vou comprar uma máquina, daqui a pouco compro outra. Nossa, gente, agora nosso lugar está pequeno, vamos construir? Então, foi a linguagem que tem o sonho, tem desejo, mas, porém, quando a gente viu, já estava com uma empresa imensa no mercado, fazendo acontecer. Então, para nós é muito satisfatório e eu só pude responder essa pergunta dele com olhar de satisfação, de felicidade, de orgulho, porque o momento que virou a chave eu realmente não sei, porque quando vi já estava lá. Isso eu chamo de dedicação, foco, né...
(50:07) P1 – Hum hum.
R1 – E ser focado dessa forma é a minha especialização.
(50:12) P1 – Giba e você conta com assessoria do Sebrae? E como é que...
R1 – Eu trabalhei bastante tempo com o Sebrae, até pouco tempo agora a gente tinha algumas reuniões com o Sebrae e eu vejo bacana, mesmo, assim, não, não… a gente pode até se somar na vida do Sebrae, hoje, como exemplo, como categorias de evolução, de bons resultados, sabe? Eu fico muito feliz. Eu fiz um Empretec no ano retrasado, me apaixonei.
(50:46) P1 – Fala um pouquinho, é tão importante o Empretec.
R1 – Olha, eu aconselho todo empreendedor fazer o Empretec, porque não adianta você achar que você é bom em tudo, você vai ter que se dividir, vai ter que fazer algo que você sabe melhor e passar para quem sabe, lá eu aprendi muito isso. Minha esposa sempre fala muito: “Giba, o que você sabe fazer de melhor, é o quê? Vender. Então, se especializa na parte de vendas e o Empretec faz dividir esses setores também, faz que você se torne mais dinâmico, né? E ali a gente viu que realmente a gente precisa evoluir a cada dia mais, valeu muito a pena.
(51:24) P1 – Agora, é muito intenso o Empretec, né, uma semana, né? De manhã... é o dia inteiro, é muito intenso.
R1 – As pessoas têm medo de largar o trabalho na empresa, família, esquecer celular e ficar lá do dia até a noite. Teve dia que a gente parava uma hora da manhã, duas horas da manhã, mas fomos campeões com a empresa que mais faturou, entende? Então, isso vale a pena, a gente investiu no Sebrae, no Empretec, para pagar o curso, e eu saí com lucro de lá. Olha que interessante! É negócio! Se não for para fazer acontecer eu... as pessoas, para ter sucesso na vida, crescer financeiramente, não precisa passar ninguém para trás, basta ela se dedicar e ter talento, para fazer acontecer. Às vezes nem talento, ser teimoso, acreditar, estudar, entende? E o Empretec fez muito isso com a gente, Empretec fez muito com a gente: “Oh, pô, não é assim, está se arriscando muito aqui, controla aqui porque, para quem não sabe, o Empretec foi desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial, né, por dois psicólogos, que viajaram o mundo todo vendo o porquê algumas pessoas se davam muito bem no mercado pós guerra e as outras estavam passando necessidade e aí esse estudo da ONU que veio trazer esse programa que faz tanto sucesso até hoje, no mercado. Então, não foi à toa que existe o Empretec, é um dos melhores cursos que eu já fiz na minha vida, com toda certeza do mundo foi um grande parceiro nosso o Sebrae. Ali tem o Marquinho...
(52:56) P1 – Mas não foi o primeiro momento que você entrou em contato com o Sebrae. Teve outros momentos?
R1 – Não, já tive outros cursos dentro do Sebrae, outros cursos, de gestão de negócios, até de marketing, de parte de marketing digital. Quando posso, eu mando minha equipe pra lá para treinar, tem uns consultores muito bons no Sebrae, porque eu gosto muito __ (53:18) daqui. Tem algumas pessoas, o Edgar aqui de Rio Preto, o Marcos, Marquinhos é uma graça, são muito bons também. Tem outros também, que eu não lembro o nome, assim...
(53:29) P1 – O Everaldo, o Everaldo que...
R1 – O Everaldo. O Everaldo que passou a gente, né, para vocês.
(53:34) P1 – Isso. Isso.
R1 – Everaldo, é verdade, verdade. Então, assim, a gente tem muito carinho pelo Sebrae. Lógico que, se eles precisarem de alguém, alguma coisa, alguma matéria, o que eles precisarem, a gente está à disposição para fazer isso acontecer. Muito bacana.
(53:50) P1 – Maravilha!
R1 – Então, é... pode falar, perdão.
(53:56) P1 – (risos) Não, eu ia te perguntar assim: sonhos para o futuro.
R1 – Nossa! Se manter entre as maiores empresas de cosméticos, trabalhar na nossa exportação, que a gente está investindo nisso.
(54:09) P1 – Ah, é?
R1 – Está investindo tempo. Aumentar o nosso quadro de funcionários, eu amo dar emprego para muita gente, saber que pessoas estão na minha empresa com carinho e querem fazer acontecer. Eu acho que o maior sonho é ver a felicidade da minha equipe se realizando, comprando casa, comprando carro, porque isso faz que eu cresça também como homem, não só como empresário, né? E, às vezes, as pessoas perdem essa essência. Porque nem sempre, quando eu estou sorrindo para você, eu posso estar feliz, mas eu tenho que mostrar para você que você vai ser feliz e ter momentos maravilhosos na sua vida. Então, ou seja, eu mostro, tento mostrar o caminho para toda equipe e é assim que se deve fazer, né?
(54:51) P1 – É.
R1 - Mesmo sabendo que, às vezes, eu não estou correto, mas, porém, se você fizer assim, para mim deu certo. Então, tenta fazer igual.
(55:00) P1 – É. Ô Giba, tem alguma coisa que eu não perguntei, assim, que ficou faltando?
R1 – Nossa, Claudia, a gente conversou tanto! Então, eu acho que foi bem bacana esse bate-papo aí e eu acho que não.
(55:12) P1 – E os seus pais olhando, assim, né, essa tua trajetória, assim?
R1 – Como que é?
(55:18) P1 – Seu pai olhando, assim, para sua trajetória, seus irmãos, como é que você vê? Como eles te veem hoje?
R1 – Olha, família é complicado, parte às vezes gerou ciúmes, né: “Como ele conseguiu e eu não?”, enfim. Aí você mostra o caminho para a pessoa, ela não é a mesma coisa, não adianta. Meu pai se sente muito orgulhoso e meu pai foi uma pessoa muito difícil de lidar e, depois de muito tempo, ele chegou em mim e falou: “Ainda bem que você não escutou seu pai!” Foi o conselho que ele me deu.
(55:47) P1 – É, né?
R1 – Isso ficou marcante para mim, para ele falar isso para mim realmente, foi realmente... ele ficou sacudido e ele está muito feliz com isso tudo que está acontecendo. Minha família também sente muito orgulho, temos muitos parentes em São Paulo, no nordeste. Então, é muito bacana, muito bacana mesmo, assim. No Rio...
(56:08) P1 – Muito bom.
R1 – Então, é muito bom isso, muito bacana mesmo.
(56:12) P1 – Maravilha! Se a gente começar a cavar... ‘começar a cavar’ é ótimo, né, mas é uma das últimas perguntas que a gente faz, né? É uma entrevista diferente, não é uma entrevista jornalística, né, a gente abordou várias.. vários momentos, né? O que você achou de ter dado essa entrevista, assim, dela ficar para um museu, dela ficar, assim, para posteridade, assim? Não é uma entrevista jornalística, uma entrevista de histórico de vida, né?
R1 – É. Eu acho que o conteúdo, quando você mostra para pessoas, que as pessoas conseguem vencer na vida, é um conteúdo tão importante para a pessoa ouvir outra pessoa crescendo, sabendo que ela também pode crescer, isso é tão bom, me faz tão bem, sentir bem em ajudar o próximo e eu gosto quando eu conto minha história de vida ou quando as pessoas me conhecem, sabem de onde a gente surgiu, onde a gente quer chegar ainda, isso inspira muitas pessoas. E eu acho que inspirar as pessoas é a palavra certa, eu gosto de inspirar as pessoas.
(57:11) P1 – Maravilha! (risos). Maravilha! Giba, você não falou uma coisa, que dia você nasceu?
R1 – 16 de junho de 1980.
(57:22) P1 – 1980. Você é bem jovem, né, você é bem jovem, né?
R1 – Ah, tem cara de mocinho (risos).
(57:30) P1 – (risos) E você nasceu em Santo André mesmo?
R1 – Isso, isso mesmo.
(57:35) P1 – Maravilha! E o nome de seus pais adotivos? Eu acho que a gente não perguntou, não falou.
R1 – É, chama Angelita.
(57:44) P1 – A sua mãe Angelita...
R1 – Isso. E o meu pai Nilton.
(57:48) P1 – Nilton. E me fale uma coisa: você tem filhos, vocês têm filhos?
R1 – Tenho dois filhos, tenho dois filhos.
(57:54) P1 – É? E eles têm quantos anos, assim?
R1 – Um tem um ano e sete meses e o outro... ai, minha bateria está acabando.
(58:01) P1 – Não, a gente está acabando. A gente está acabando (risos). Vai dar certo. (risos)
R1 – Um tem sete anos e um ano e seis meses.
(58:08) P1 – São novinhos, né?
R1 – São novinhos... um ano e sete meses, perdão.
(58:11) P1 – Ai, que delícia, que delícia. Muito bom, Giba. Então, assim, você acha que precisa falar mais alguma coisa?
R1 – Oh, eu acho que teve um conteúdo bem bacana esse bate-papo aqui, viu, Claudia? Parabéns pelo trabalho de vocês aí.
(59:32) P1 – É, em nome do Sesc, do Museu da Pessoa, agradeço muito sua entrevista, foi absolutamente inspiradora, viu?
R1 – Muito obrigado pelo convite, viu, Claudia, um prazer imenso falar com você, está ok?
(59:48) P1 – Também. Boa sorte aí, viu?
R1 – Muito obrigado. Obrigado!
(59:51) P1 – E tomara que tenha a exposição, o lançamento do livro aí, para a gente se conhecer pessoalmente, sem máscara (risos), mas ano que vem.
R1 – Legal, legal. Oh, eu estou escrevendo um livro, finalizando um livro agora, que vai ser lançado no segundo semestre.
(01:00:04) P1 – Ah, é?
R1 – Eu pensei fora da caixa - E agora? Eu te trago a resposta.
(01:00:12) P1 – Ah, eu quero ver esse livro, eu quero ver.
R1 – Se Deus quiser vai ver sim, vai ficar lindo. Na verdade, já está escrito, agora ele vai para gráfica, a gente está negociando algumas coisas...
(01:00:21) P1 - Já está pronto?
R1 – É, ele já está todo escrito, agora só falta alguns detalhes: gramatura, português, ali que é um período mais longuinho, mas está bem bacana o livro.
(01:00:31) P1 – É, mas se Deus quiser, ano que vem tem mais um aí, da história toda do comércio de Rio Preto.
R1 – Se Deus quiser!
(01:00:38) P1 – Está bom?
R1 – Sucesso, viu, Claudia, tudo de bom para você.
(01:00:40) P1 – Obrigada, para você também. Obrigada pelo carinho, viu, Giba?
R1 – Imagine, eu que agradeço, um beijão, tchau, tchau.
(01:00:45) P1 – Tchau, tchau. Tchau Thiago, até mais tarde.
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