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História
Por: Museu da Pessoa,

Correndo nas vozes da Tradição

Esta história contém:

Correndo nas vozes da Tradição

Vídeo

Meu pai foi em busca da parteira e minha mãe... eu nasci sozinho, né? Com a minha mãe e Deus e mais ninguém. Então, quando ela chegou, eu já tinha nascido. Só pra cortar o cordão, né, que foi enterrado na igreja. O povo tinha mania de enterrar em frente. E meu pai costumava sair à noite. Então estavam os forrós e teve uma noite... eu sou o segundo filho, tinha apenas o meu irmão mais velho, Eda e eu e minha mãe disse que a candeia já estava acabando o combustível. O fifó – o fio de algodão que embebe no gás. O gás é o querosene – estava já acabando e ela no quarto com esses dois meninos. Quando a luz finalmente apagou ela diz que olhou e viu: o quarto foi tomado por uma luz roxeada e viu um monte de sombra e um samba batendo, aquele batuque, aquela coisa e ela começou a ficar agoniada e começou a rezar. De vez em quando olhava e via se a gente estava bem. Então, tem dessas coisas também. E à noite, quando a gente abriu a janela, noite que não tinha lua, não tinha nada e olhava assim e só via o breu, não via mais nada. Aquele breu, aquela coisa. E aí começava a ficar povoado. Não tinha nada, mas você via tudo. Você começava a ver umas cabeças voando, uns negócios esquisitos. Quem nasceu na roça, assim, conhece bem o que é isso. Olhava para o mato e tem uma coisa que eu me recordo, ainda bem menino também: Começou a vir uma chuva, como a serra ficava perto, assim, era um clima muito bom o clima desse lugar, da Ponta da Serra, mas de vez em quando vinha uns ventos que dava a impressão que ia derrubar tudo, que tem um pé de coco na parte da frente, mesmo, entre a casa e a igreja, você o via dançando ao sabor do vento. Só que o vento vinha principalmente da serra, aquele vento que cantava, que conversava, dava ideia que estava aguando. Aí eu me recordo que uma vez minha mãe pegou um punhado... abriu a janela e, quando abriu, veio aquela lufada de água e tudo e jogou a farinha, e pouco tempo depois o vento...

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Dados de acervo

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PCSH_HV753_Marco Haurelio

ENTRVISTA DE MARCO HAURELIO

ENTREVISTADO POR JONAS SAMAÚMA

GRAVADO POR _______________

SÃO PAULO, 6 DE MAIO DE 2019

PROJETO AFINADORES DE OUVIDO DENTRO DO CONTE SUA HISTÓRIA

ENTREVISTA PCSH 753

TRANSCRITO POR SELMA PAIVA

P/1 – Marco, muito bem-vindo ao dia de hoje, que é sempre o dia que estamos! Eu queria que você começasse dizendo seu nome e o local e a data de nascimento.

R – O meu nome é Marco Haurelio, eu sou filho da Bahia. Ser poeta popular é minha grande alegria, pois vou tecendo o universo, em letras que viram versos, estrofes e poesia. Nasci em um lugar chamado Ponta da Serra, sertão da Bahia, no distante ano de 74 do milênio que se foi e nasci em um lugar que tinha só três casas: tinha a casa do meu pai, a casa da minha avó e a casa de um tio que, ou já havia morrido ou se mudado. É uma casa que eu usava como QG também, pra fabular minhas ideias e minha avó Luzia, mãe do meu pai, ficava do lado e então foi minha mestra. Digamos assim: aquela pessoa que, de alguma forma, junto com meu pai, junto com minha outra avó, Alaíde, também, mas que ficava um pouco distante, né, são pessoas que me abrem as portas da percepção e da sensibilidade.

P/1 – Nossa! Antes da gente entrar, eu ia pedir, como é um projeto de contadores, pra você contar um conto popular.

R – Opa! Então vou contar um conto bem curtinho, que minha vó me contava, que é da moça tecelona:

“Havia uma moça que trabalhava em um tear, em um galpão enorme, em que outras moças também trabalhavam e, dia após dia, ela sempre aguardava que as outras saíssem e aí ela sempre pegava um pedacinho do fio tecido por cada uma daquelas mulheres e de forma desonesta, ela ia aumentando a sua renda e a quantidade de fio tecido. O tempo passou, passou, passou e ela nunca perdeu o mau costume e, como acontece com todos nós, envelheceu e morreu. Quando ela morreu, ela viu que um fio enorme descia do céu e ela sentiu que devia subir por...

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Título: Correndo nas vozes da Tradição

Local de produção: Brasil / São Paulo

Autor: Museu da Pessoa

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