Em um mundo onde muitas vezes somos definidas pelos papéis que desempenhamos — como mãe, esposa, filha — é fácil perder de vista quem realmente somos fora dessas identidades. No ano passado, ao embarcar na minha primeira viagem sozinha para um local distante e, mais recentemente, ao peregrinar 108 km pelo Espírito Santo, redescobri a força e a autonomia que sempre estiveram dentro de mim.
Falarei hoje especialmente sobre o caminho da sabedoria pois saí de casa achando que encontraria a minha sabedoria em algum lugar externo, mas como disse uma das minhas parceiras de peregrinação: “a sabedoria já estava enraizada dentro de mim há muito tempo.”
Cada pessoa vive experiências individuais e, mesmo que ressoem de alguma forma no coletivo, elas são pessoais e é preciso se empoderar disso. No meu caso foram situações desafiadoras que plantaram em meu ser uma sabedoria que hoje uso em diversos campos da vida, principalmente no meu trabalho.
Viajar sozinha depois da maternidade é mais do que um ato de coragem; é uma afirmação do meu direito de existir como indivíduo. Longe das rotinas e responsabilidades que costumam moldar meus dias, encontrei um espaço de introspecção que não era solitário, era na verdade profundamente libertador. Essa experiência se tornou um campo fértil para o meu processo de autoconhecimento, onde pude ouvir minha própria voz, entender minhas necessidades e, principalmente, reconhecer minha capacidade de navegar pelo mundo por conta própria.
A Amazônia, com sua vastidão e mistério, me convidou a enfrentar medos antigos. Estar ali, cercada por outras mulheres, mas ao mesmo tempo tão distante de tudo o que conhecia, foi como atravessar um limiar invisível para uma nova versão de mim mesma. E hoje com muita gratidão, lembro que ali nasceu oficialmente a autora.
Percebi que a autonomia feminina não é apenas a capacidade de tomar decisões ou sustentar a própria vida, mas também de se sentir...
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Em um mundo onde muitas vezes somos definidas pelos papéis que desempenhamos — como mãe, esposa, filha — é fácil perder de vista quem realmente somos fora dessas identidades. No ano passado, ao embarcar na minha primeira viagem sozinha para um local distante e, mais recentemente, ao peregrinar 108 km pelo Espírito Santo, redescobri a força e a autonomia que sempre estiveram dentro de mim.
Falarei hoje especialmente sobre o caminho da sabedoria pois saí de casa achando que encontraria a minha sabedoria em algum lugar externo, mas como disse uma das minhas parceiras de peregrinação: “a sabedoria já estava enraizada dentro de mim há muito tempo.”
Cada pessoa vive experiências individuais e, mesmo que ressoem de alguma forma no coletivo, elas são pessoais e é preciso se empoderar disso. No meu caso foram situações desafiadoras que plantaram em meu ser uma sabedoria que hoje uso em diversos campos da vida, principalmente no meu trabalho.
Viajar sozinha depois da maternidade é mais do que um ato de coragem; é uma afirmação do meu direito de existir como indivíduo. Longe das rotinas e responsabilidades que costumam moldar meus dias, encontrei um espaço de introspecção que não era solitário, era na verdade profundamente libertador. Essa experiência se tornou um campo fértil para o meu processo de autoconhecimento, onde pude ouvir minha própria voz, entender minhas necessidades e, principalmente, reconhecer minha capacidade de navegar pelo mundo por conta própria.
A Amazônia, com sua vastidão e mistério, me convidou a enfrentar medos antigos. Estar ali, cercada por outras mulheres, mas ao mesmo tempo tão distante de tudo o que conhecia, foi como atravessar um limiar invisível para uma nova versão de mim mesma. E hoje com muita gratidão, lembro que ali nasceu oficialmente a autora.
Percebi que a autonomia feminina não é apenas a capacidade de tomar decisões ou sustentar a própria vida, mas também de se sentir confortável na própria pele, mesmo quando essa pele está sangrando.
A peregrinação no Espírito Santo foi um teste ainda mais profundo de minha resiliência. Cada quilômetro percorrido foi um diálogo silencioso entre meu corpo e minha mente. A cada passo, reafirmei minha autonomia — minha capacidade de me mover pelo mundo, de criar meu próprio ritmo e de enfrentar adversidades sem perder a direção.
Jornadas como essa me mostraram que a força e a independência da mulher não são qualidades inatas, mas habilidades que aprendemos cultivar através de experiências que nos desafiaram. A solitude se torna então não um espaço de isolamento, mas de reconexão com a nossa própria essência. Ao nos permitirmos momentos de introspecção e até mesmo de aventura, longe de amigos ou figuras de conforto emocional, fortalecemos nossa identidade pessoal, reafirmando nosso lugar de direito no mundo.
Há dois anos trabalho exclusivamente com o empoderamento feminino através da yoga e, diariamente, percebo que a verdadeira autonomia da mulher vai além das decisões práticas do dia a dia. Ela envolve uma aceitação profunda de quem se é, com todas as imperfeições, cicatrizes e experiências dolorosas. A relação com essas mulheres me lembra que eu também preciso reconhecer minha própria coragem. É uma troca constante e mútua.
Todas as partilhas que tive com mulheres da minha comunidade refletem um tipo de empoderamento que não nega as dificuldades, mas as abraça como parte da jornada gigantesca que vivemos.
Diariamente decido não passar o meu tempo romantizando as demandas exploratórias do sistema patriarcal em relação à minha condição de mãe/mulher; dedico meu tempo fortalecendo a minha autonomia e a de diversas mulheres que fazem parte do meu convívio.
O corpo feminino, ao longo da vida, passa por diversas transformações e enfrentamentos, desde pressões sociais até experiências físicas e emocionais dolorosas. Sentir-se confortável na própria pele, aprender a conviver com feridas causadas por relações, nos sugere uma reconciliação com o próprio corpo como território de luta e superação, refletindo uma independência que reconhece e honra todas as batalhas que nós já travamos.
A jornada de autodescoberta e empoderamento é um caminho contínuo, onde cada desafio enfrentado e cada conquista alcançada reforçam nossa potência interior. O corpo feminino, com todas as suas transformações e cicatrizes, é um testemunho da nossa resiliência e da nossa capacidade de superar adversidades. Celebrar essa trajetória é honrar a essência de quem somos e continuar a trilhar o caminho da autenticidade.
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