IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Urânio Paiva Ferro. Nasci cidade de Maceió, Alagoas, no ano de 1953. Dia 9 de dezembro de 1953. ATIVIDADE ATUAL Eu sou médico. Trabalho na Universidade Federal de Alagoas e no Hospital do Açúcar, na cidade de Maceió. Mas, como profissional médico, a ge...Continuar leitura
IDENTIFICAÇÃO Meu nome é Urânio Paiva Ferro. Nasci cidade de Maceió, Alagoas, no ano de 1953. Dia 9 de dezembro de 1953.
ATIVIDADE ATUAL Eu sou médico. Trabalho na Universidade Federal de Alagoas e no Hospital do Açúcar, na cidade de Maceió. Mas, como profissional médico, a gente sente a necessidade de um envolvimento maior social. Aí enveredei pelo caminho político também, enveredei pelo caminhão do cooperativismo onde encontrei essa forma social, essa organização social, que se adequa aos meus anseios de vida, O cooperativismo realmente é uma ponte entre o socialismo e capitalismo e isso me traz muita satisfação. Participo e tenho muita vontade de me inserir nesse contexto, porque já fui presidente da cooperativa dos médicos do Hospital do Açúcar, do Estado de Alagoas e conselheiro da Unicred de Alagoas, com essa finalidade. Com essa participação, nós formatamos dentro da Unicred de Alagoas, o termo responsabilidade social: toda cooperativa, toda instituição, toda empresa que começa a ter bons resultados e ter um desenvolvimento adequado, ela tem a necessidade de iniciar o pensamento no próximo. Esse pensamento tem que se iniciar na própria casa, ou seja, com seus funcionários ou colaboradores, estender para o público, fornecedor e clientes. De forma que necessitamos, então, nos qualificar através do Instituto Ethos para que possamos tomar as iniciativas corretas referentes à responsabilidade social.
UNICRED A Unicred é uma cooperativa de crédito que iniciou da Unimed. Essa cooperativa tem a finalidade de cuidar dos recursos financeiros dos médicos. Ela foi se estruturando e evoluindo. Passou a cuidar das finanças de todo o sistema da saúde, superior da saúde, não só médicos hoje, como enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outras áreas da saúde que estão agregadas na nossa cooperativa. A nossa cooperativa cuida dos recursos financeiros de todos esses profissionais. A Unicred é uma cooperativa que está em todo o Brasil, dividida em centrais Sul, Centro-oeste Norte-Nordeste. A central Norte-Nordeste, hoje, tem 32 afiliadas. Cada afiliada deposita certo recurso na Unicred Central Norte-Nordeste para que ela participe de uma forma mais organizada em âmbito nacional
INSTITUTO ETHOS Primeiras Impressões Há dois anos atrás, nós fomos convocados pela Unicred para desenvolver o trabalho de responsabilidade social. Enxergaram em mim essa vontade de fazer algo a mais; não só tratar dos recursos financeiros, porque como médico e como uma pessoa que tem uma visão maior social, só enxergar esse relacionamento financeiro não me satisfazia. Nem a mim, nem ao próprio conselho da Unicred. Então, há dois anos, os cooperados em assembléia destinaram dois por cento das suas sobras para que fosse instituída a responsabilidade social na empresa. Inicialmente, começamos a fazer uma ação social pontual, ou seja, assistencialista. Começamos a trabalhar uma comunidade de drogados lá na cidade de Maceió, ajudando financeiramente a que eles se organizassem para combater e tratar os jovens usuários de droga. É a comunidade de Nova Jericó. Mas, enxergamos também que essa comunidade não poderia ter esse assistencialismo: e se nós, que colocávamos recursos nessa comunidade, um dia, nos afastássemos? Então, a gente precisaria da perenidade de recursos que estavam sendo inseridos naquela comunidade. Fomos estudar como poderíamos visualizar essa questão e viemos para o instituto Ethos. E daí abrimos a nossa mente. A responsabilidade social é muito mais ampla do que essa ação pontual. Essa ação pontual é pertinente, é própria, é necessária, mas num contexto geral, ela começa a abrir um leque de raciocínio com a questão global, uma questão da solidariedade. Não podemos mais viver no planeta Terra, hoje, sem que a gente pense nas nossas externalidades, que precisam ser cuidadas por nós. Quando nós inserimos em qualquer empresa, qualquer agência, ou seja posto de atendimento de nossa cooperativa, a gente precisa entender, o que aquele posto vai fazer em suas redondezas e tentar então inserir-se socialmente. De forma que uma coisa puxa a outra. Iniciamos com a atividade pontual, depois tivemos a necessidade de dar uma assessoria a essa comunidade como médico, com a nossa inserção social também junto às entidades públicas para que pudessem enxergar a necessidade do envolvimento: que a droga traz a violência, traz a desorganização social, o desconforto. A gente sabe, hoje, que os jovens de uma forma geral estão morrendo muito com essa questão da droga e a cidade de Maceió tem tido uma diversidade muito grande nesse sentido. O crack tem dominado de uma forma substancial os nossos jovens. Jovens entre 13 e 25 anos, no Estado de Alagoas estão morrendo à média de 30 por semana. De janeiro a maio de 2008, morreram 600 jovens, devido à violência nessa área. Então, há uma responsabilidade muito grande daqueles que detém certo poder econômico, daqueles que tem poder intelectual e que podem se inserir nessa situação para minimizar essa triste realidade, para nós, alagoanos. E a nossa cooperativa, a Unicred, teve essa preocupação. O Estado de Alagoas, através do seu governador e do seu secretário de planejamento, trouxe o prefeito de Bogotá pra cidade de Maceió, pra fazer o planejamento no sentido de minimizar essa realidade. Nós que fazemos parte da Unicred, estamos inseridos nesse contexto e estamos tentando trabalhar essa questão de uma forma mais eficiente e mais perene.
AÇÕES SOCIAIS A Nova Jericó é uma comunidade que está atrelada a Igreja Católica, de um jovem que saiu da diversidade da vida, do local onde ele morava, num ambiente em Maceió totalmente adverso, onde o pai, o irmão usavam e traficavam drogas. Ele foi pescado, participou do retiro religioso. A gente diz que ele foi pescado por Deus. Aí ele achou que teria a condição dentro da experiência do mundo que ele vivia, de salvar outras vidas e começou dentro da limitação financeira dele, a desenvolver esse trabalho de recuperar outros jovens usuários de droga. Ele não tinha a mínima condição de desenvolver esse trabalho porque não tinha condição financeira. Ele tinha a vontade e nós conseguimos diagnosticar esse jovem, um jovem de 25 anos de idade, e começamos a dar o aporte financeiro pra que essa história viesse à tona. Hoje, existem mais de cem jovens que passaram por essa comunidade. A gente diz que se está criando o Exército do Bem, tentando minimizar essa realidade da cidade de Maceió. Uma coisa puxa a outra. Você começa com uma atitude pontual e ela vai se avolumando, vai se tornando uma atitude social muito mais abrangente, mas na realidade o Instituto Ethos nos ensinou um caminho diferente. Pela experiência dos dez anos do Ethos, como as empresas têm se colocado referente à realidade social, a sustentabilidade. Então, a coisa é muito mais ampla do que uma ação pontual dessa forma. A primeira atitude que tivemos foi pegar um consultor do Ethos para que fosse para a nossa cooperativa, para então tentar dentro dos nossos colaboradores a responsabilidade social que é o cuidado com o planeta. O que temos que fazer? Cada um tem que fazer um pouco. Chegamos até os familiares desses colaboradores, até a rede de fornecedores da cooperativa e à rede dos próprios cooperados. Esse trabalho não se faz do dia pra noite. Nós iniciamos essa estrutura dentro da cooperativa e esperamos que os novos conselhos – porque a cada quatro anos há um processo democrático dentro da cooperativa – que os novos conselhos dêem continuidade e mais impulso a essa realidade que deixamos lá, bem sedimentada dentro da nossa Unicred.
INDICADORES DO INSTITUTO ETHOS As ferramentas e os indicadores Ethos precisam ser inseridas no contexto da nossa cooperativa. Isso é um processo que está caminhando. Nós já fizemos o contato, nós já conhecemos as ferramentas da responsabilidade social do Ethos e agora o que precisa é colocar isso em nível operacional dentro da cooperativa. Nós, como conselheiros, temos que dar as diretrizes da cooperativa e aí a operacionalidade está por conta dos colaboradores. Já treinamos um colaborador e agora nos vamos levar o Instituto Ethos pra dentro da cooperativa para então fazer essa evolução.
EMPRESAS Vejamos o seguinte: há muito que se fazer, acho que um congresso desses traz um ativo maravilhoso para as consciências que aqui estão presentes. A gente precisa ter o sentimento solidário porque a gente está enxergando o que está acontecendo no mundo: as catástrofes, o aquecimento global e essa transformação têm que se dar no âmbito pequeno da inserção humana. Essa capacitação começa a contaminar em uma rede que eu diria até geométrica. O papel que o Instituto Ethos desenvolve é de fundamental importância no nosso contexto Brasil e até mundial. Nós estamos enxergando a gama de empresários internacionais, homens que tem o poder econômico muito avantajado e começam a se preocupar com essa questão. Precisamos trazer essa realidade para contaminar todas as pequenas empresas, todas aquelas empresas que não tem essa visão, que ainda só conseguem enxergar o seu próprio umbigo. Que não tem esse sentimento social, sentimento da solidariedade, da responsabilidade com o próximo. Mesmo que nessas estruturas empresariais pequenas, no momento inicial, isso venha a ter um custo operacional, pra que ela tenha certeza que lá na frente vai ter ativos. Ela não está conseguindo enxergar isso, atualmente.
DESAFIOS É a capacitação daqueles que fazem a cooperativa, o desprendimento pessoal de enxergar essa nova realidade. Esse convencimento que começa a existir dentro da cooperativa. Já há dois conselheiros que tem essa conscientização. No entanto, a cooperativa é feita de um conselho fiscal, de um conselho administrativo e ainda há muitos conselheiros que acham que isso é balela. Acham que a gente não pode fazer muita coisa, por se tratar de uma cooperativa de crédito. Mas a nossa visão é diferente. Há uma disputa política dentro da cooperativa com discursos e amostragem da realidade. É uma pena que esses conselheiros não tenham vindo para esse encontro, porque seria muito mais fácil conquistá-los, mas isso a gente sabe que é a evolução da humanidade; é dessa forma; nós não podemos é desistir, a gente tem sempre que mostrar o aprendizado que temos aqui com esses encontros.
FUTURO Há uma necessidade fundamental de se inserir nesse contexto, palestras a níveis regionais. Por exemplo, desfocar um pouco as ações aqui na cidade de São Paulo. Esse mega encontro talvez seja pertinente nesse local, mas outros encontros têm que ser realizados numa cidade como Maceió, numa cidade como Natal, pra que haja um maior interesse participativo dessa questão. Inserir também a nível estatal, a nível governamental, temos secretários de estados, temos governantes que precisam enxergar essa realidade. O Instituto Ethos precisa divulgar mais as suas ações numa cidade como Maceió, nos estados do Nordeste. É necessário que se criem núcleos do Instituto Ethos nessas regiões para que ele consiga avançar com mais ligeireza.
AVALIAÇÃO Projeto Memória Esse é um novo momento. Uma alegria pra nós podermos participar desse momento. Dar um pouco da nossa contribuição ao Instituto Ethos. Isso é fantástico. Essa vontade que a gente tem de que as pessoas vivam melhor e de que as pessoas tenham realmente... Que a gente consiga minimizar essa a questão social essa diferenciação social que existe em nosso país. Quantos pobres miseráveis existem no nosso país? A gente vê a palestra, os técnicos, onde cada brasileiro precisa dar essa contribuição pra que o nosso país seja mais justo, mais saudável e que a gente consiga enxergar mais alegria no coração das pessoas. Eu fico realmente satisfeito, alegre de poder falar alguma coisa pra vocês daquilo que eu conheço, daquilo que eu presenciei até o momento sobre as inserções que o Instituto Ethos tem feito em nossa sociedade. Pra mim é prazeroso estar aqui com vocês falando sobre esse contexto.Recolher