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Por: Museu da Pessoa,

Catadora com muito orgulho

Esta história contém:

Catadora com muito orgulho

Aparecida Margarete de Souza, nasci Interior de São Paulo, em Vera Cruz, no dia 27 de Janeiro de 66. Então, minha história começou eu tinha oito anos de idade dentro do ex-lixão do Alvarenga. De lá pra cá nós trabalhou... Eu tinha a minha família, pai, mãe, irmãos, até que fui crescendo, mas lá dentro do lixão. E nós nunca pensava em nada. Aquilo lá era nossa vida. Mas aí depois entrou um prefeito com uma proposta, ‘Criança no Lixo Nunca Mais’, ‘Lixo e Cidadania’, então foi e resgatou a gente do lixão, fechou o lixão.

Porque lá no lixão era assim: ia lixo de São Paulo na época, né, de todo o município. Entrava muito caminhão mesmo, então a gente já viu gente morrendo. Eu, principalmente eu, já achei criança morta dentro de saco de lixo. Eu pensava que naquele tempo, como eu não tive, né, tempo de brincar, eu era doida por aquelas boneconas. Quando eu puxei pela cabeça, falei: “Achei, achei”, “O que você achou?”, “Uma boneca”. Era de noite. Aí quando nós puxa, aí: “Vem me ajudar a puxar a boneca, vem, vem”, que nós puxamos era uma criança.

Era muito caminhão, então era muita... um querendo pegar mais do que o outro, sabe? Não esperava os “caminhão” despejar. A minha diversão era subir na rabeira dele lá no teto dele lá em cima e falar: “Pilota motorista e vamo pro “Área Verde” (riso). Aí chegava no Área Verde eu descia, quando o outro passava aí pegava rabeira, subia: “Pilota motorista que eu quero chegar no lixão”. Isso era a nossa brincadeira, não era só eu, tinha um monte de menina, e monte de menino. É o que nós tinha pra divertir na época, que nós trabalhava. Eu mesma, eu, Margarete, de oito ano de idade até meus 20 anos, eu acho que eu trabalhei naquele lixão dia e noite. Ali era luta de sobrevivente. Quem pudesse mais vivia, quem não pudesse...

Meus filho nunca...

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Dados de acervo

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Minha Casa, Minha Cara, Minha Vida - Cabine São Bernardo do Campo

Depoimento de Aparecida Margarete de Souza

Entrevistada por Márcia Trezza

São Bernardo do Campo, 9 de março de 2014

Realização Museu da Pessoa.

ASP_CB17_Aparecida Margarete de Souza

Transcrito por Iara Gobbo

P/1 – Fala seu nome todo.

R – Aparecida Margarete de Souza.

P/1 – Margarete, você trabalha com o movimento dos catadores....

R – Reciclagem.

P/1 – E você disse que a sua vida toda você trabalhou com isso, viveu. Você quer contar alguma história desde a sua infância?

R – Então, minha história começou eu tinha oito anos de idades dentro do ex-lixão do Alvarenga. De lá pra cá nós trabalhou... Eu tinha a minha família, pai, mãe, irmãos, até que fui crescendo, mas lá dentro do lixão. E nós nunca pensava em nada. Aquilo lá era nossa vida. Mas aí depois entrou um prefeito, não sei nem o nome dele mais, que eu esqueço, aí foi com uma proposta que veio Criança no Lixo Nunca Mais, Lixo e Cidadania, então foi e resgatou a gente do lixão, fechou o lixão. Eu sou uma das moradoras do ex-lixão, que foi pro alojamento do Rudge Ramos. Eu tenho um monte de filho, graças a Deus, Deus me deu um monte. E graças a Deus eu fui começando estudar, meus filhos começando estudar. Aí nós veio pro alojamento, conseguimo vaga nas escolas do Rudge, e a prefeitura sempre ajudando a gente, E graças a Deus, aí arrumou duas casa de reciclagem. Eu trabalhei na reciclagem do Rudge Ramos 11 anos. Hoje eu tô na Refazenda, na Rua Batuíra. Nós participa do Movimento dos Catadores, que é a base. Nossa! E a minha maior alegria é ter saído do lixão, ido pro Rudge Ramos pro alojamento, que era ruim. Mas lá era ruim pra nós, na época, nós não acostumava morar daquele jeito.

P/1 – Como é morar no lixão?

R – Ah, morar no lixão... eu sinto até saudade.

P/1 – Do que que você sente saudade?

R – Porque dá liberdade, liberdade. Porque morar no lixão, a...

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Título: Catadora com muito orgulho

Local de produção: São Bernardo Do Campos

Autor: Museu da Pessoa

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