Projeto Correios 350 Anos
Depoimento de Tiago Lima
Entrevistado por Isla Nakano
Rio de Janeiro, 24/11/2013
Realização Museu da Pessoa
BRA_CB026_Tiago Lima
Transcrito por Liliane Custódio
MW Transcrições
P/1 – Bom, Tiago, primeiro eu queria agradecer de você estar tirando um pouquinho do ...Continuar leitura
Projeto Correios 350 Anos
Depoimento de Tiago Lima
Entrevistado por Isla Nakano
Rio de Janeiro, 24/11/2013
Realização Museu da Pessoa
BRA_CB026_Tiago Lima
Transcrito por Liliane Custódio
MW Transcrições
P/1 – Bom, Tiago, primeiro eu queria agradecer de você estar tirando um pouquinho do teu tempo pra contar um trechinho da tua história de vida pra gente. E pra começar, e deixar registrado, se você puder falar seu nome completo, onde você nasceu e quando você nasceu.
R – É Tiago da Cruz Lima, 16 de outubro de 1984, eu nasci aqui no centro do Rio mesmo.
P/1 – E qual o nome dos seus pais, Tiago?
R – E José Pereira Lima, meu pai, e Ana Maria da Cruz Lima, minha mãe.
P/1 – Conta um pouquinho da história da sua família.
R – Olha, minha mãe e meu pai, eles nasceram em Minas Gerais, em Teófilo Otoni, aproximadamente ali no interior de Minas, e vieram pra cá para o Rio assim, no início da fase adulta. E foram tentar a vida no Rio de Janeiro, encantaram com aqui e estão morando até hoje, cerca de 40 anos, aproximadamente. E vieram com uns tios também, vieram de Minas também, outros ficaram lá. Ele e minha mãe se conheceram lá e vieram pra cá para o Rio.
P/1 – E você sabe como eles se conheceram? Eles se conheceram lá em Teófilo Otoni mesmo?
R – Isso. Eles se conheceram lá. Isso. Eram de famílias diferentes, claro, e se conheceram lá, tiveram contato lá, as famílias se aproximaram e eles se conheceram, e vieram pra cá.
P/1 – Conta um fato marcante ou fala um pouquinho da tua infância pra gente.
R – Olha, a melhor fase da minha vida mesmo foi da década de 80, quando eu nasci, mas a fase mais importante mesmo da minha vida foi a época dos inesquecíveis Mamonas Assassinas, de 96. De 95 pra 96. Que foi uma coisa muito importante, pra hoje eu ter esse contato com a família, com os familiares deles lá em Guarulhos.
P/1 – E como você conseguiu esse contato?
R – Através de carta. Através de carta. O Correio foi fundamental nessa história. Aí eu fui mandando carta com o seu Ito, que é o pai do Sérgio e o Samuel, aí eu fui mandando carta e tal, conversa e tal, aí: “Ah, vem aqui um final de semana”. Passei todo o ano e agora recentemente fui lá agora, fiz até preencher um concurso pra prefeitura de Guarulhos, e fiz agora em setembro de 2013.
P/1 – E como começou essa troca de cartas? Foi depois da morte deles?
R – Foi depois do acidente, dez anos depois, eu tava ainda residindo em São Gonçalo, mas sempre tava aqui para o centro do Rio. Mas aí o que aconteceu? Eu fui mandando carta para o seu Ito, que eu tinha mais proximidade, foi o intermédio pra conhecer os outros familiares. Aí eu conheci o seu Hidelbrando, a dona Célia, que são os pais do Dinho. Depois fui conhecer a família do Júlio Rasec também.
P/1 – Quando você era assim menorzinho, do que você gostava de brincar? Como era o bairro? Como era a região aqui?
R – Eu sempre gostei de jogar botão. Eu sempre gostei, tenho meus amigos ainda, tá tendo campeonato agora, agora simultâneo aqui com a exposição, lá na AABB Tijuca, o campeonato de botão. Eu tenho uns amigos que jogam ainda. Eu parei de jogar, mas a amizade permanece do pessoal que pratica o futebol de mesa. Aqui no Rio de Janeiro tem uma federação de praticante de futebol de mesa, mas eu deixei de jogar, mas a amizade continua. E eu sempre gostei de jogar botão, desde criança, peguei interesse. Apesar da... Como eu posso falar? Da questão histórica, do surgimento do esporte, aí eu fui tomando gosto e comecei a praticar, mas depois eu fui abrir mão, que eu fui dedicar aos estudos, pra dar outras prioridades assim.
P/1 – Tiago, além de botão, como era o bairro? Tem alguma lembrança marcante assim?
R – O bairro aqui, o Centro, eu posso avaliar na minha avaliação pessoal. Antigamente era melhor assim, a questão da... Como eu posso dizer? Na civilização. Tinha menos moradores de rua, agora aumentou muito, entendeu? A questão da qualidade de vida também. Tinham mais oportunidade há uns dez anos, dez, 15 anos, aproximadamente. Agora, o que ficou mais acirrado, eu percebi agora, com a evolução da internet ficou muito competitiva a questão do mercado de trabalho. Eu to até pensando em morar em algum município assim, to até com um ideal assim, uma oportunidade que surgiu, eu vou ter que me mudar também.
P/1 – E o que você queria ser quando crescesse? Qual era o teu sonho assim profissional?
R – Olha, a gente tem em mente assim, uma coisa assim de um ideal. Mas por incrível que pareça, eu não tinha uma... Não estabeleci uma meta meio objetiva do que eu queria ser, não. Mas eu sempre pensava assim, imaginava em trabalhar com pessoas, tanto que eu me formei em RH, em Recursos Humanos, mas não tive oportunidade na área. Estou formado, mas não tive oportunidade. Mas eu sempre quis estar relacionado com arte, eu gosto de estar com o pessoal que é no meio artístico, de cultivar, de admirar o que é cultura no nosso país, porque muita gente não dá valor. E eu procuro dar valor, porque essas pessoas estão divulgando o nosso país pra fora, então eu procuro valorizar essas pessoas que estão no meio artístico. Apesar de ter algumas pessoas que têm um jeito ser assim meio... Não sei se eu posso dizer que é meio arrogante, mas eu não dou importância pra isso, eu vejo pelo lado artístico, que a pessoa tá divulgando o lado artístico para o nosso país e para o mundo afora.
P/1 – Conta um pouquinho então de como foram as suas escolhas profissionais, fala um pouquinho da tua experiência, da tua atividade hoje.
R – Olha, atualmente eu não to trabalhando, eu to fazendo um biscates, no popular. Mas eu tenho muita visão de mundo geográfico, assim, aspecto geográfico. Eu procuro bem observar os municípios, eu visitei muitos municípios esse ano no Rio de Janeiro, aqui só no Rio. Alguns municípios em São Paulo também que eu conheci, mas a maioria aqui do Rio, por eu ser aqui do Rio. E eu vi que é uma mudança muito radical da capital para os municípios. E tem muita gente que não valoriza os municípios, entendeu? Eu to vendo que os municípios estão gerando mais oportunidades e eu to vendo que talvez... Talvez não, muito provável que eu vá morar num município. E que o índice de criminalidade é menor, é uma mudança muito radical mesmo, entendeu? Mas lá não tem... Tem pouca coisa que tem aqui no Rio, mas em compensação gera mais oportunidade.
P/1 – E onde você quer morar?
R – Eu, talvez eu deva morar perto de Nova Friburgo.
P/1 – E agora conta pra gente um pouco da sua experiência com os Correios, assim, desde as primeiras lembranças, troca de cartas. Você contou dos Mamonas...
R – Foi de 96. Foi de 96.
P/1 – Você tem mais alguma outra experiência de troca de carta ou...
R – Eu troquei carta com uma amiga de Pernambuco. O que aconteceu? Ela... Como eu posso dizer? Ela trocava porque ela era fã dos Mamonas. Ela era lá de Pesqueira, perto de Petrolina, aí eu trocava, fazia intercâmbio com ela. Ainda mantenho contato, mas não por carta agora, por internet. Aí eu mantenho contato com ela, mas ela parou de mandar coisa pra mim. Ela mandava muito material dos Mamonas, que ela tinha um acervo e ela mandava pra mim. Eu fui trocando ideia. E tinha uma amiga também que era fã também, de Queimados, aqui no Rio de Janeiro, só que ela parou, ela sumiu, eu perdi o contato também, mas eu tenho algumas cartas dela ainda. Aliás, eu tenho o endereço dela. Eu tenho o endereço da residência dela, mas eu perdi o contato, entendeu?
P/1 – E dessas cartas que você trocou com a família...
R – Dos Mamonas.
P/1 – Teve alguma que você recebeu que tenha te emocionado, sabe? Talvez a primeira. Se tiver alguma que você possa contar pra gente.
R – Poxa, foi a primeira, que eu não esperava que o senhor Ito ia responder. Por quê? Devido à quantidade de fãs. Que os Mamonas deixou uma lembrança, um legado aqui no Brasil para os fãs. Apesar de não ter feito a turnê em todos os estados do Brasil, ficou faltando Acre e Tocantins, mas deixou um legado. E eu nunca imaginaria que o seu Ito ia se lembrar de mim. Ele lembrou e mandou a carta, e foi marcante pra mim, a primeira carta. Foi em 2005.
P/1 – Bom, então, Tiago, agora eu queria te fazer uma pergunta, quais são seus sonhos, aspirações para o futuro, o que vem pela frente?
R – O que eu penso no futuro? Almejar uma carreira pública. Por eu não ter o dom artístico, eu só gosto de cativar as pessoas, aprendi com até outro amigo também da super Rádio Tupi, que é o Cláudio Monteiro, ele me ensinou que tem que cativar as pessoas com um sorriso, com a educação, cativar todo mundo, entendeu? Aproveitar as oportunidades é importante. E também pelo fato de... Como eu posso falar? A oportunidade que eu queria ter é na área pública, mas se surgisse também, claro, uma oportunidade pra trabalhar numa emissora de televisão, uma Globo, uma Record... Não sei seu to... Se eu puder estar expondo aqui o nome da emissora, não sei se é falta de ética. Se tivesse uma oportunidade dessas, eu ficaria feliz, mas a primeira opção vai ser o órgão público.
P/1 – E quais são seus valores hoje? O que você considera mais importante na vida?
R – Poxa, como eu te falei, eu sempre gostei, na época da escola também, eu gostei da Geografia. Eu gosto sempre de visitar municípios, de viajar, de cultivar outras culturas, conhecer novos hábitos, novas adaptações. É importante, entendeu? Sempre é bom você ter novas experiências, de uma forma geral.
P/1 – Tiago, agora só pra gente encerrar, fala um pouquinho da tua mãe, do teu pai, essas pessoas que te deram essa bagagem que fazem você ser o que você é hoje.
R – Sim. Sim.
P/1 – Fala um pouquinho deles pra gente.
R – O meu pai, ele era fotógrafo, e atualmente ele tá trabalhando... Ele é prestador de uma empresa de informática. Está aposentado, mas está trabalhando. Minha mãe é doméstica, mas eu procuro dar sempre conselho pra ela pra poder incentivar a educação, o conhecimento, sempre... Apesar de que era ela que era pra dar um incentivo pra mim, mas eu... É porque ela também não teve oportunidade, porque onde ela morou era um lugar que tinha poucos recursos, então ela não teve oportunidade. Então a gente que é filho, que tá construindo a vida, a gente tem que passar adiante pra quem não teve oportunidade. Então eu procuro sempre dar... Repassar o conhecimento que eu tive pra ela, pra ela poder não seguir uma carreira, mas pelo menos ter um conhecimento pra passar pra outras gerações também. E eu procuro passar pra outras gerações também.
P/1 – Tá, Tiago. Em nome do Museu da Pessoa, em nome do projeto em parceria com os Correios, eu agradeço de você ter contado um trechinho da tua história pra gente.
R – Nada. Que isso. Eu que agradeço por estar participando desse projeto e estar divulgando e passando conhecimento pra outras gerações e pra outros povos do Brasil.
P/1 – Então muito obrigada, viu?
R – Nada. Que isso. Legal. Fiquei contente.
FINAL DA ENTREVISTARecolher