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História
Personagem: Zilda Noronha Miné
Por: Museu da Pessoa, 19 de novembro de 2009

As Filhas de Maria

Esta história contém:

As Filhas de Maria

Vídeo

Minha avó se chamava Luisa Maranhão, ela era da África. Eles que vieram naquele navio negreiro, né? Então tem um filme que foi a realidade, que eu não me lembro o filme. Então lá na África ela era feliz, tinha ela, o marido, os filhos, né? E quando chegou aquele navio, pegava a força, né? E diz que ela tinha uma das meninas que falava: “Olha Luisa, você...” Porque na África tinha muito ouro, tudo, né? Diz que deu um saquinho de ouro pra ela “Se você precisar de alguma coisa, você vende”, né? Diz que ela chorando, porque os outros irmãozinhos dela ficaram, né? Ela chorando. É, que saiu, outros saíram pra outros lugares, né? Daí então de raiva, quando ela chegou assim em alto mar diz que ela pegou o saquinho e jogou no mar não quis saber de nada. Ela era uma pessoa muito revoltada, né? Por causa dessa vida que ela teve, né? Luisa Maranhão. Do avô eu só me lembro, como ela era escrava e sabe como era aquele tempo, também era assim: eles faziam as meninas casar pra procriar logo, né? Daí tudo ela ficou sabendo a filha. Daí um dia a vizinha, estava a cozinheira falou: “Luisa, você vai casar com o Paulo Orozimba”. Ela sabia já o porque e tudo, ela já tava com 14, 15 anos, né? E falava assim “Ah, ainda se fosse com o filho dele”, né, que ele tinha já filho forro, se bem que ele era uma pessoa boa. Depois que ele teve que economizar. Ele falou assim – forro já era livre, né? Eu pego essa menina e ela fica livre, né? Mas ela ficou com ódio, ainda se fosse com o filho dele, mas não tinha isso. Então saíram casar uma mulher um o homem, chegava o padre e fazia o casamento, né? De quando chega na hora lá é assim: “É de espontânea vontade do Senhor Paulo Orozimbo casar com a Luísa?” Diz que ele falava: “Sim Senhor!” Aí ele falou assim “E é de espontânea vontade da Luísa casar Paulo Orozimbo?” Diz que ela (pausa) Daí estavam casados, saíram casados. Daí, quando chega na porta ele pra...

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O olhar da irmã

Retrato de estúdio de Ilda (irmã de Zilda), que faleceu em novembro de 2009. Eram muito próximas e unidas.

período: Ano 1945
imagem de: Zilda Noronha Miné
história: As Filhas de Maria
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Patrão e as tecelãs

Fotografia dos trabalhadores, em maior parte mulheres, da Tecelagem Sedas Andrighetti, local onde Zilda trabalhou por mais de quarenta anos. No centro, à frente, o proprietário, Dr. Andrighetti.

local: Brasil / São Paulo / São Paulo
imagem de: Zilda Noronha Miné
história: As Filhas de Maria
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia

Parada santa

Fotografia da família de Zilda em Aparecida do Norte, cidade onde pararam à caminho de sua casa em Pindamonhangaba. Atrás, da esq. p/ dir.: Antero de Almeida e Luiza, Selina (mãe) com Noêmia no colo (irmã que faleceu ainda pequena), Amâncio (pai). À frente: Ilda, Cornélio, Zilda, Mariana (amiga) e Durvalina (tia).

período: Ano 1925
local: Brasil / São Paulo / Aparecida
imagem de: Zilda Noronha Miné
história: As Filhas de Maria
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia

Uma classe de poetas

Fotografia do 3º ano B da escola de 1º grau de Zilda, em um parque da Penha. Zilda relata que, naquela época, havia um colega dessa classe que recitava uma poesia de passarinho em homenagem às aves. Era comum que todos os alunos recitassem poesias.

período: Ano 1930
local: Brasil / São Paulo / São Paulo
imagem de: Zilda Noronha Miné
história: As Filhas de Maria
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Passeio da irmã

Fotografia da falecida irmã Ilda (à esquerda) junto à Dirce e Diva.

período: Ano 1935
local: Brasil / São Paulo / Pindamonhangaba
imagem de: Zilda Noronha Miné
história: As Filhas de Maria
crédito: Acervo Pessoal
tipo: Fotografia
Palavras-chave:

Dados de acervo

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Ponto de Cultura

Depoimento de Zilda Noronha Miné

Entrevistado por Márcia Trezza e Caroline Pitta

São Paulo, 19 de novembro de 2009

Realização Museu da Pessoa

Depoimento PC_MA_HV209

Transcrito por Michelle de Oliveira Alencar

P/1 – Qual o seu nome, o local de nascimento e quando a senhora nasceu?

R – Eu nasci na Rua Albuquerque Lins, dia 18 de dezembro de 1917, né? Foi na, eu trabalho... Porque a minha mãe, antigamente, as mães é que achavam o homem pra casar com os filhos, né? E a minha mãe era muito mocinha, uma menina de 14 anos, bonitinha, tudo, né? Então a minha vó falou assim: “Olha...” Ela se chamava Zelina”, mas tratavam de Nina, “Olha Nina, você vai casar aí com o vizinho lá.” Até eu conheci ele, né? “Porque ele, ele tem uma casa e tem até essa mobília, essas coisas, tem guarda-roupa, tem tudo, você vai casar com ele”. Ela disse: “Ah mãe, eu não quero casar com ele, não” “Você tem que casar, como não? Ele tem essas coisas aí, tem casa.” E ela começou a chorar, chorar... Nós tínhamos uma tia mais velha, né? Disse que quando foi de manhã cedinho, diz que ela pegou uma trouxinha, escondido e saiu longe, né? E chegou lá chorando, chorando: “Ai Maria José!” “O que você tá fazendo aí, Nina? É você mesmo?” “Abre a porta pra mim!” Daí ela falou assim: “A mãe queria que eu casasse lá com o...” Esqueci o nome dele, “Aí eu não quero casar, não!” “Que que é isso? A mãe queria... Não, não! Você fique aqui, eu vou arranjar um lugar pra você trabalhar, né? E daí, eu conheço uma família muito boa, que eu conheço, e você vai ficar com eles”. Aí então arranjou o Irineu Rangel Pestana, que era presidente, aquele tempo, né? Daí ela foi lá, né? Aí ela era menina trabalhadeira, então, ela falou que aquele tempo ela não tinha máquina de lavar roupa, né? Então, tem ainda a casa, eu conheço, aquela casa depois desce e, depois, é ali o quartinho da empregada...

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Título: As Filhas de Maria

Data: 19 de novembro de 2009

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Personagem: Zilda Noronha Miné
Entrevistador: Caroline Pitta
Autor: Museu da Pessoa

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