Meu nome é Joice Yumi Matsunaga, escrevo da Zona Leste da cidade de São Paulo. Hoje é 26 julho de 2020, o quarto dia da minha jornada e o dia dos avós.
Sou muito grata por ter convivido com minhas duas avós, Fujie e Judith. Com uma, aprendi especialmente a ajudar, ser paciente, não desperdiçar e pensar em cada detalhe do que faço. Com a outra, aprendi a importância de ser responsável, de zelar pela família e ser solidária, de trabalhar e se divertir também. A vó Judith tem Alzheimer, esquece o nome dos filhos e quem eu sou, mas sempre deseja tudo de bom para mim e vive repetindo a frase que eu gosto muito: “Não sei se canto ou se choro, ou qual seria melhor, se cantando vivo triste, chorando é muito pior”, além de canções italianas e dizer que, se eu nunca dancei, eu não sei o que é ser feliz. Teria muito o que dizer de cada uma delas, pois foi por meio de pequenas atitudes e situações que deixaram transparecer virtudes que eu quero um dia alcançar. Da minha avó Fujie, eu destacaria o cuidado com a saúde e a vontade de viver. Ela sempre dizia que queria viver cem anos, tinha muita fé e perseverança para enfrentar qualquer enfermidade. Ela tinha mais de noventa anos quando fez quimioterapia e ficou bem fraca. A família fez um verdadeiro esforço para animá-la, dizendo que aguentasse firme porque seu aniversário estava próximo e uma neta muito querida viria do Japão comemorar com ela. Conseguimos reunir a família no aniversário. Minha avó se esforçou muito para interagir com a gente, mas sabia que a saúde estava comprometida. Ela segurou minha mão e agradeceu por tudo, como uma despedida. Cantamos parabéns e tiramos uma fotografia cheios de lágrimas nos olhos. Mas, com toda a vontade de viver, ela realmente não desistiu, continuou se esforçando para sarar e repetindo que queria viver cem anos. E ela conseguiu. Faleceu poucos dias depois de completar cem anos de vida. Tenho certeza que ela cuidava de...
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Meu nome é Joice Yumi Matsunaga, escrevo da Zona Leste da cidade de São Paulo. Hoje é 26 julho de 2020, o quarto dia da minha jornada e o dia dos avós.
Sou muito grata por ter convivido com minhas duas avós, Fujie e Judith. Com uma, aprendi especialmente a ajudar, ser paciente, não desperdiçar e pensar em cada detalhe do que faço. Com a outra, aprendi a importância de ser responsável, de zelar pela família e ser solidária, de trabalhar e se divertir também. A vó Judith tem Alzheimer, esquece o nome dos filhos e quem eu sou, mas sempre deseja tudo de bom para mim e vive repetindo a frase que eu gosto muito: “Não sei se canto ou se choro, ou qual seria melhor, se cantando vivo triste, chorando é muito pior”, além de canções italianas e dizer que, se eu nunca dancei, eu não sei o que é ser feliz. Teria muito o que dizer de cada uma delas, pois foi por meio de pequenas atitudes e situações que deixaram transparecer virtudes que eu quero um dia alcançar. Da minha avó Fujie, eu destacaria o cuidado com a saúde e a vontade de viver. Ela sempre dizia que queria viver cem anos, tinha muita fé e perseverança para enfrentar qualquer enfermidade. Ela tinha mais de noventa anos quando fez quimioterapia e ficou bem fraca. A família fez um verdadeiro esforço para animá-la, dizendo que aguentasse firme porque seu aniversário estava próximo e uma neta muito querida viria do Japão comemorar com ela. Conseguimos reunir a família no aniversário. Minha avó se esforçou muito para interagir com a gente, mas sabia que a saúde estava comprometida. Ela segurou minha mão e agradeceu por tudo, como uma despedida. Cantamos parabéns e tiramos uma fotografia cheios de lágrimas nos olhos. Mas, com toda a vontade de viver, ela realmente não desistiu, continuou se esforçando para sarar e repetindo que queria viver cem anos. E ela conseguiu. Faleceu poucos dias depois de completar cem anos de vida. Tenho certeza que ela cuidava de si mesma para viver bem e passar mais tempo com as pessoas que amava. Nesse momento tão delicado que estamos passando, gostaria que mais pessoas zelassem pela vida, que preservassem a si mesmas e aos próximos para que mais pessoas pudessem ter a oportunidade de aproveitar o maior tempo possível.
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