A história de escolha do nome de um homem trans.
Por Ravi Spreizner
O nome é uma das partes mais importantes do processo de transição de gênero. Eu sabia que quando isso acontecesse, não teria mais volta.
Meu processo de saída do armário, pela segunda vez, agora enquanto um homem trans, foi longo e desafiador. Já em um momento avançado, compartilhei com meu ciclo próximo o desejo de ser chamado pelos pronomes masculinos. Foram alguns meses nesse experimento até compreender que realmente gostei disso. E sabia que agora eu precisava escolher um nome que sabendo meu nome eu poderia espalhar isso para o mundo.
Comecei a pesquisar diversos nomes com um amigo meu, cis gay, que morava comigo naquela época. Ele me ajudava e desbravávamos nomes e ríamos das possibilidades. Decidi que queria um nome com R, curto para não ter abreviações como o meu anterior, e nada de ser composto. Além de, claro, combinar com meu sobrenome - SPREIZNER, que diga-se de passagem também foi inventado, mas por minha avó. Ah, sem falar que deveria ter um significado que fizesse sentido... Super fácil, né?!
Dias foram se passando, até que numa mesa de boteco, comendo um pastel e tomando uma cerveja com uma amiga, que ela sugeriu RAVI. Eu amei na hora, só tinha conhecido uma pessoa com esse nome, ou seja, não era comum como o meu anterior, e tinha todos os critérios que eu desejava, incluindo o significado, que é: “o Sol” ou “Deus do Sol”. A escolha do nome reflete uma simbologia de luz, conhecimento, poder e iluminação. Além de estar atrelado com a magia cigana, que estou conectado desde criança.
E assim se fez a historia de meu segundo nome nesta vida. Com ele, tive o poder de enfrentar o mundo e me libertar para ser quem sou.