Entrevista de Rosane Gomides Sena Cupertino
Entrevistada por Gleidson Silva e Sofia Tapajós
Santa Cruz dos Escalvados, 07 de março de 2023.
Projeto Memórias do Rio Doce
Entrevista número MRDHV011
Realização Museu da Pessoa
Transcrita por Mônica Alves
(00:23) P1 - Rose, você pode começar falando pra gente o seu nome completo?
R1 - Rosane Gomides Sena Cupertino
(00:33) P1 - E qual sua data e local de nascimento?
R1 - Eu nasci em Ponte Nova, 04/09/1963.
(00:38) P1 - Qual é o nome dos seus pais?
R1 - José Afonso Sena e Maria Efigênia Gomides Sena
(00:43) P1 - Você sabe o que eles faziam?
R1 - Sim. O meu pai era motorista e a minha mãe trabalhadora rural.
(00:49) P1 - Você sabe como eles se conheceram?
R1 - Sim. Essas festinhas de quermesse, né. O meu pai era fazendeiro, minha mãe morava no Arraialzinho em Pontal, que é município ou distrito, não sei, de Ponte Nova. Tinha aquelas festinhas de igreja, aqueles negócios, as rezas dos finais de semana.
(01:08) P1 - Aí eles se conheceram lá?
R1 - Se conheceram lá, começaram a namorar e casaram.
(01:14) P1 - E aí quando eles casaram, para onde eles foram, você sabe?
R1 - A minha mãe é que saiu e foi para a fazendo com ele.
(01:19) P1 - Entendi. E você tem irmãos?
R1 - Tenho.
(01:23) P1 - Quantos?
R1 - Nós somos oito irmãos, quer dizer, nove. Tem um fora do casamento. Tem uma irmã minha que é só por parte de pai, sabe? E da minha mãe e do meu pai, são oito. São seis mulheres e dois homens. E mais uma filha, que é filha só do meu pai.
(01:46) P1 - E como era a relação de vocês, quando vocês eram menores?
R1 - Boa, era muito boa.
(01:55) P1 - O que você lembra desse tempo?
R1 - Pescaria....
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Entrevistada por Gleidson Silva e Sofia Tapajós
Santa Cruz dos Escalvados, 07 de março de 2023.
Projeto Memórias do Rio Doce
Entrevista número MRDHV011
Realização Museu da Pessoa
Transcrita por Mônica Alves
(00:23) P1 - Rose, você pode começar falando pra gente o seu nome completo?
R1 - Rosane Gomides Sena Cupertino
(00:33) P1 - E qual sua data e local de nascimento?
R1 - Eu nasci em Ponte Nova, 04/09/1963.
(00:38) P1 - Qual é o nome dos seus pais?
R1 - José Afonso Sena e Maria Efigênia Gomides Sena
(00:43) P1 - Você sabe o que eles faziam?
R1 - Sim. O meu pai era motorista e a minha mãe trabalhadora rural.
(00:49) P1 - Você sabe como eles se conheceram?
R1 - Sim. Essas festinhas de quermesse, né. O meu pai era fazendeiro, minha mãe morava no Arraialzinho em Pontal, que é município ou distrito, não sei, de Ponte Nova. Tinha aquelas festinhas de igreja, aqueles negócios, as rezas dos finais de semana.
(01:08) P1 - Aí eles se conheceram lá?
R1 - Se conheceram lá, começaram a namorar e casaram.
(01:14) P1 - E aí quando eles casaram, para onde eles foram, você sabe?
R1 - A minha mãe é que saiu e foi para a fazendo com ele.
(01:19) P1 - Entendi. E você tem irmãos?
R1 - Tenho.
(01:23) P1 - Quantos?
R1 - Nós somos oito irmãos, quer dizer, nove. Tem um fora do casamento. Tem uma irmã minha que é só por parte de pai, sabe? E da minha mãe e do meu pai, são oito. São seis mulheres e dois homens. E mais uma filha, que é filha só do meu pai.
(01:46) P1 - E como era a relação de vocês, quando vocês eram menores?
R1 - Boa, era muito boa.
(01:55) P1 - O que você lembra desse tempo?
R1 - Pescaria. Porque desde os três, quatro anos de idade que eu acompanhava o meu pai para córrego, rio, para todos os lados. Puxava, tocava boi, mudava de fazenda a cavalo.
(02:12) P1 - Como era o dia a dia assim, nessa época, você saía para pescar com ele?
R1 - Saía. De tardinha, quando ele chegava do serviço, quando ele parava, a gente ia sempre ficar esperando ele chegar para a gente ir para o córrego ou para algum lugar mais próximo, para pescar. Ele tinha que me levar para pescar quase todos os dias.
(02:29) P1 - O que vocês pescavam?
R1 - Era córrego lá perto mesmo, só dava lambari, né. Quando era feriado, que ele ficava em casa mais tempo, aí a gente descia, vinha cá para o Pontal, para o rio, aí a gente pescava piaba, peixe grande, ele pescava de tarrafa cascudo, né. A gente descia a cavalo, chegava aqui e ficava o dia inteirinho no rio.
(02:48) P1 - Você andava muito a cavalo?
R1 - Andava.
(02:51) P1 - Para onde você ia geralmente?
R1 - Para pescar, né.
(02:54) P1 - Só para pescar?
R1 - Só para pescar. E dentro da fazenda, juntar o gado, essas coisas assim.
(03:03) P1 - E aí, além de pescar, o que você fazia para se divertir?
R1 - Ah, em fazenda eram brincadeiras mesmo. Jantava e ia para casa dos vizinhos mais próximos, os vizinhos, as crianças iam lá para casa. E na fazenda também, a gente começa a trabalhar muito cedo, né. A gente começa muito cedo, a gente tem muito pouco tempo para isso, para brincar. E eu comecei a trabalhar muito cedo.
(03:30) P1 - Mas quando tinha tempo do que você brincava com os vizinhos?
R1 - esconde-esconde, bola, um jogo que a gente chamava de queimada, esses negócios.
(03:42) P1 - Como era a queimada?
R1 - Ah, dividia um pouco para um lado, um pouco para o outro e quem acertasse a bola e não segurasse, ia saindo, até sair o último.
(03:54) P1 - Você era boa em queimada?
R1 - Ah, nada. (risos) Eu tentava tudo, experimentava tudo, mas não podia dizer que eu era boa em nada não.
(04:07)) P1 - E aí você falou que você começou a trabalhar cedo, o que você fazia?
R1 - Cedo. Carregava… em fazenda a gente tem galinhas, tinha que limpar galinheiro, tinha que lavar a cerva, que é aquele chiqueiro grandão assim, com os porcos, tem que lavar. 10 horas da manhã tinha que levar almoço nos matos para os trabalhadores, 13 hora tinha que levar o café, isso aí já era obrigação, você entendeu? Já acordava… eu era a mais velha dos meus irmãos, então de acordo como a gente ia crescendo, iam mudando as obrigações. Depois já me passaram para medir carvão, meu irmão para levar almoço na roça. Iam mudando as obrigações de acordo. Depois a gente saiu da roça. Depois a gente veio, mudou para o Pontal para ficar mais perto para estudar. Aí depois com 17 anos eu já casei em Ponte Nova. Daí eu morei em alguns lugares por causa do serviço do meu ex marido. Quando foi em 90, 91, eu já não ia mais para a fazenda, já tinha vendido uma parte e tal e não era só meu também, aí eu comprei isso aqui, em 91. Quando foi… aí tivemos que mudar para mais longe, porque era ruim para eu vir. Aí nós fomos para São Paulo, de São Paulo para o Paraná e em 99 eu me separei. Aí divorciei e voltei. Aí eu voltei e vim para cá. E aqui é, como se diz, aqui é onde eu me encontro, né. Porque eu fui nascida e criada em roça, gosto do rio, aqui eu tô do lado. Inclusive na época eu comprei isso caro e não me importei muito, não porque eu tivesse condições para isso, mas porque estava do lado do rio. Na época todo mundo dizia: “Não, mas não vale isso. Aqui é pequeno!”. Falei: “Não! Não encontrei outro lugar perto do rio, vai ser aqui mesmo!”. Aí eu comprei aqui. Quando foi em 99 eu me separei, voltei para Ponte Nova e de Ponte Nova vim para cá, e aqui eu estou até hoje. E só Deus mesmo para me tirar daqui.
(06:16) P1 - Voltando um pouco, você falou que vocês voltaram para Pontal para vocês estudarem, como era a escola que você ia?
R1 - É porque a escola que era do Pontal, era estadual e a escola lá da fazenda, era uma escola da prefeitura, que na época meu avô doou um terreno para fazer a escola lá. Então era assim, a gente só entrava na aula com seis ou sete anos, me parece, não tinha esse negócio de entrar pequenininho. E era primeira, segunda e terceira série, tudo junto. Aí eu tinha que fazer a quarta série. Aí nós mudamos para o Pontal, porque aí os meus irmãos também já pegaram a escola melhor estado. Era uma sala para cada série, você entendeu? Então por isso que a gente saiu lá da fazenda. E depois eu vim para Ponte Nova, casei, minha mãe também ficou em Ponte Nova e continuamos até hoje.
(07:11) P1 - E nessa escola do Pontal, você lembra de alguma professora que te marcou?
R1 - Lembro, lembro. Vera Mesquita.
(07:21) P1 - Como ela era?
R1 - Era muito brava, ela era muito brava! Mas muito muito boa também, ela era muito boa! Se a gente tivesse dúvida, eu sou assim, se eu tiver dúvida em alguma coisa, pode até me estressar e eu desistir, mas eu desisto naquele momento, eu saio, faço alguma coisa, descanso, depois eu volto. Nossa, eu detesto que alguma coisa me desafie e dê por encerrado, não gosto disso! Aí se eu tivesse dúvida, que geralmente, normalmente era matemática que me tirava do sério, se eu faltasse, se fosse 10 vezes, 10 vezes ela me explicava sem gritar, sem nada. Porque naquela época as professoras metiam a régua na gente, né. A gente tomava reguada. E ela não, ela tinha a maior paciência comigo e eu gosto dela até hoje!
(08:05) P1 - Rose, e na escola? A gente estava falando dela. Tinha alguns amigos seus, amigas, como era?
R1 - Tinha. Eu lembro que, apesar do tamanho da turma, eu lembro de poucas pessoas e algumas que eu lembro, são minhas amigas até hoje. Tenho amigas dessa época até hoje. Depois do colégio eu não lembro de muita gente não. O que marcou mais foi essa parte aí da quarta série.
(08:32) P1 - E aí um pouco depois, assim, na sua adolescência, você saía com os seus amigos para se divertir?
R1 - Não.
(08:42) P1 - O que você fazia no seu tempo livre?
R1 - Na verdade, aí já não existia muito tempo livre mais, né. Não existia, porque eu era a mais velha, tinha os meus irmãos todos crianças, todos abaixo, nós éramos escadinhas, né. Nós somos oito, como eu disse, vivos, porque a minha mãe perdeu o caçula, então tinham oito abaixo de mim, entendeu? Então os meus horários, as horas livres eram as horas de olhar os meninos. E eu casei muito cedo também. Quando arruma namorado, não pode sair de casa mais, eu não podia sair. Com 17 anos eu casei e foi assim, não teve nada assim de especial, de festa, de curtição assim não.
(09:28) P2 - Quando você cuidava dos seus irmãos, você tem alguma memória que te agrada, que você diz: “Nossa, isso aqui eu nunca mais vou esquecer”. Algum momento?
R1 - Tem, tem duas. Uma é do meu irmão mais novo, “desse que está aí”. Toda vez que eu ia levar ele na escola, era uma guerra, quando passava perto de uma loja que ele queria alguma coisa e eu não tinha dinheiro, ele chorava e me dava chute na perna toda, ele era pequenininho (risos). E a outra é do meu irmãozinho mais novo, caçulinha de todos que morreu, que às vezes a gente estava contando caso ou conversando com um amigo qualquer, mas tinha que olha o menino, aí eu colocava ele em pé aqui e ele ficava mordiscando assim, o queixo da gente. Essas são as duas lembranças assim, que eu tenho muito vivas, sabe? Como se fosse ontem.
(10:18) P1 - Você falou de contar causos, vocês contavam muitas histórias entre si?
R1 - Ah, era assim, as paquerinhas de criança, de adolescência, né. Uma contando que viu, a outra contando… só essas coisinhas assim mesmo, típico de adolescência mesmo.
(10:38) P1 - E aí você casou com 17 anos? Como você conheceu o seu marido?
R1 - Na festa. Foi em uma festa. Por que teve uma festa, a gente morava no Pontal, a gente não podia sair, aí tinha uma moça que trabalhava lá em casa e tinha um namorado, e ela era filha de criação da minha mãe, a minha mãe criou ela e tudo. O namorado dela era de Ponte Nova e no final de semana ia para casa. Aí ia ter uma festa no Pontal, onde tinha um clube, aí ele estava lá e pediu mamãe para ele levar a gente, se a gente podia ir com ele, mamãe confiava, deixou. Ele me levou, minhas irmãs, minhas colegas, levou todo mundo. E lá eu conheci, conheci assim, mas não pensei que ia sair casamento né, pensei assim, que era uma paquerinha, aí rendeu e casamos.
(11:31) P1 - E tinha bastante dessas festas?
R1 - Tinha, tinha. Eu participava de poucas, mas tinha bastante.
(11:38) P1 - Como foi essa festa que você conheceu ele?
R1 - Foi um baile. Um baile de aniversário de alguma coisa, não sei se era do clube, não me lembro bem, isso foi em 80 eu acho, acho que foi em 80, 08 de novembro de 1980. Eu não lembro se foi aniversário do clube, se foi aniversário da usina, porque tinha a usina na floresta que fazia açúcar, eu não sei mais o que, só sei que foi aniversário de alguma coisa. E o clube também era da usina.
(12:13) P2 - Esse clube era lá na usina mesmo?
R1 - Na usina do Pontal, indo aqui na Ponte Nova.
(12:20) P1 - E aí vocês namoraram antes de casar durante muito tempo?
R1 - Namoramos, namoramos. Começamos a namorar em 80 e casamos em 84.
(12:29) P1 - Você lembra o dia do seu casamento?
R1 - 26 de janeiro (risos).
(12:34) P1 - Como foi?
R1 - Sinceramente foi um dia bem normal mesmo. Não posso dizer que foi assim, aquela data especial, não, foi uma coisa muito normal no dia. Nem sei se é porque a minha ficha não caiu ou se é porque não queria cair, não sei. Mas estava marcado para 06h da tarde e quando eu cheguei na igreja era 8h30 da noite, o padre achou que eu já não ia mais, minha sogra estava desesperada, estava uma chuva e eu escolhi casar em uma capelinha que estava até em obra, porque eu não queria nada assim, ah, aquela multidão de gente, igreja grande, aquelas coisas. Eu nunca gostei de alguma coisa assim que eu seja o palco, o alvo, sabe? Aí eu escolhi uma capelinha, aquela capelinha do São Judas Tadeu. E o lugar não era asfaltado, nem calçada, nem nada. Lá em Ponte Nova, estava um barro e os carros não subiam, eu cheguei era 08h30 da noite. Foi na época da enchente. Aí a gente viajou, quando chegou em certa altura o asfalto, nós fomos para o Espírito Santo, o asfalto cedeu com o ônibus, aí o motorista pediu para a gente descer que ele tinha que acabar de passar. Nós descemos, quando foi acabar de passar, o resto do asfalto cedeu com o ônibus e foi parar lá embaixo. Foi na época da enchente violenta que teve.
(13:59) P1 - Você lembra dessa enchente?
R1 - Lembro. A enchente já foi em 85, porque aí já era janeiro, não, 84 mesmo. Foi uma enchente danada, nós ficamos presos. Tinha a bafa do hotel, o prazo tinha esgotado, a reserva, mesmo que a gente quisesse pagar, já estava reservado para aquela data pra frente e não tinha vaga em lugar nenhum. Aí apareceu um ônibus lá. Acabamos saindo de lá passando por Rita, Peruna, eu não sabia quando ia chegar e nem quando, mas fazer o quê, nós embarcamos. Aí nós conseguimos chegar em Belo Horizonte, viajamos aquele dia, a noite e no outro dia de tarde chegamos em Belo Horizonte e de Belo Horizonte minha filha, eu só queria vir para a minha casa e não sair mais.
(14:50) P1 - E aí como era o seu cotidiano, o seu dia a dia nessa época?
R1 - Quando eu casei eu já estava trabalhando, aí eu trabalhava em um salão. Eu trabalhava em um salão de beleza em Ponte Nova, e continuei trabalhando normalmente. Aí eu trabalhei até… depois de casada… eu trabalhei quatro anos depois de casada ainda. Eu só saí do serviço porque eu engravidei. Eu estava com quatro anos de casada, engravidei e não aguentei mesmo, minha gravidez todinha foi no hospital. Aí eu tive que sair, não teve outro jeito. Aí depois que a minha menina nasceu eu tentei voltar, porque era a primeira neta, a primeira sobrinha e todo mundo olhava né, minha filha não punha nem o pé no chão, era no colo o dia inteirinho, da avó, das tias e eu falei: "Eu vou trabalhar". Mas aí eu comecei a trabalhar, aí houve umas mudanças que eu não gostava, tinha que ter uma…tinha que dar uma diminuída no quadro de funcionários e a minha irmã precisava mais do que eu, porque ela estava grávida, solteira e uma “brigaiada” danada na minha casa. Aí eu falei: "Não". Saí, a dona do salão tinha até conversado com ela, aí eu saí, falei: "Não, deixa que eu saio, eu estou com menino pequeno, é bom que eu volto para tomar conta". Aí eu saí e ela ficou. Aí depois eu já não consegui mais trabalhar, porque o meu ex marido era transferido direto, a gente não parava em cidade nenhuma. Era três anos em uma cidade, um ano e meio em outra, em Pedro Leopoldo eu morei 43 dias, para você ter uma ideia, porque ele foi para lá só substituindo, mas preferia morar lá, porque ia para Belo Horizonte. Nisso saiu o outro lugar pra ele mais longe, aí a gente teve que mudar de novo.
(16:51) P1 - Aí voltando um pouco, quando a sua filha nasceu, como você se sentiu?
R1 - Nossa! Pra mim foi a melhor coisa do mundo, né? Melhor coisa! Apesar que a minha gravidez todinha, todo mundo tinha certeza que era um menino, minha gravidez todinha eu tinha certeza. Eu tinha tanta certeza gente, que eu comprei manto azul, carrinho azul, tudo azul. Eu tinha, não sei o que me dava aquela certeza, mas para mim era menino. Não é que eu quisesse, que tinha que ser um menino, você entendeu? Não sei por que eu estava com intuito de que era menino. Aí nasce aquela bitela daquela menina! E lá em casa todo mundo estava torcendo pra ser moça. Para mim era… chorona! Chorava 24 horas por dia. Eu pouco olhava, eu olhava mais era a noite. Uma porque, quando ela nasceu, eu quase morri, passei muito mal, tive hemorragia, fiquei no hospital, depois fui pra casa. Depois o médico perguntou para minha mãe se ela acreditava em Deus, para que ela começasse a rezar. Eu cheguei a 39 quilos, pele e osso. Aí depois eu fui melhorando, fui firmando, eu tinha que estar aqui mesmo, né? Aí passou, graças a Deus! E eu não me importava muito, do pessoal gostar de menino não, porque, eu gosto, principalmente da minha filha, óbvio né, mas eu não tenho aquela coisa de ficar balançando menino, não aguento e nem gosto de ficar com menino no colo, não gosto não, não sou muito chegada. Gosto de todas as crianças, mas não pra eu ficar ali oh, uhum.
(18:41) P2 - Mas o que te deu forças para você melhorar?
R1 - Ah, minha filha, lógico, né. Nossa eu tinha muito medo de morrer e minha filha procurar pela mãe dela e não ter mãe. E alguém judiar, nossa! Primeira coisa que passa na cabeça de uma mãe, gente! Não sei se você é mãe, acho que não, né? Um dia você vai ser e você vai ver, nossa! A gente quando é mãe muda, muda! Faz… a vida virar de cabeça pra baixo.
(19:13) P1 - E aí vocês se mudaram bastante, depois você foi para São Paulo? Para onde você foi depois de São Paulo?
R1 - Assis.
(19:21) P1 - O que você sentiu quando…
R1 - Assis, (19:23). Olha eu senti muito, eu gostava de lá. Eu senti muito pela distância, a distância da minha mãe, do meu irmão mais novo que foi criado comigo. Sentia falta, saudade de todo mundo, dos amigos e tudo, mas o que doía mesmo era a saudade do meu irmão e da minha mãe. Mas depois a coisa começou… eu na verdade, na verdade, meu casamento nunca deu muito certinho. Eu tinha muita vontade de vir embora, mas aí começavam as confusões dos meninos, que eu não trazia… aí nessas alturas, quando eu fui para lá, eu já tinha o meu menino também. Aí que eu não trazia os meninos, e eu fui aguentando, até que eu tomei coragem né, dei o meu grito de independência e voltei.
(20:18) P2 - O que fez você virar a chave e falar, "Não quero mais!"?
R1 - Briga! Meus filhos não terem uma casa com paz, com sossego, com diálogo. Aproveitei enquanto o meu filho era bem novinho, sabe? Quando eu tentei divorciar, ele não era nascido ainda, o advogado não quis fazer o divórcio, porque eu estava grávida, eu falei: "Gente, mas não é proibido não!". "Mas é estranho, espera o nenê nascer, tal, tal". Aí eu resolvi ir tentando, né. Aí o… meu ex marido é uma pessoa boa! Ele é uma pessoa boa, do coração bom! Só não combinávamos, eu e ele, não dávamos certo, nós não falávamos a mesma língua, não tinha jeito. Aí quando eu falei assim: "O que, meu filho não vai"... e a Aline, minha menina, que é a mais velha, a moça, ela sofreu muito com brigas, com discussões, sabe? E eu não queria que o meu filho passasse por aquilo, eu falei assim: "É agora ou nunca! Eu estou indo embora!". E aí eu vim embora, Deus abençoou que deu tudo certinho. Hoje eles convivem com o pai, o pai vem aqui na minha casa, combina bem com o meu marido de agora, tudo na paz, não foi melhor assim, né? O diálogo é a chave de tudo.
(21:33) P1 - E aí você voltou para cá, pra onde você foi morar?
R1 - Aqui.
(21:40) P1 - Por conta do rio, né?
R1 - Humhum. Eu já tinha comprado aqui por causa do rio. antes de eu sair de Ponte Nova… aí eu estava em Ponte Nova, mas toda sexta-feira eu pegava a minha menina no colégio, que aí ela já foi para a escola bem pequenininha, já tinha o jardim, maternal, pegava toda sexta-feira ela na escola e vinha para cá. Foi a primeira coisa que eu pensei: "Vou para roça". Aí todo mundo lá em casa ficou meio assim. Eu arrumei serviço em Ponte Nova sim, para eu viajar para Mairinque, eu tinha de bancar, criar os meus filhos, né. Fui viajar, viajava de segunda à sexta e vinha para cá no final de semana. Aí começou a construir candonga, estava no início das obras. Aí eu vi que as obras já tinham avançado um pouco, já estavam trabalhando mesmo, aí eu falei: "Gente eu vou montar alguma coisa aqui". Quando eu falei na minha casa, minha mãe e minhas irmãs quase ficaram doidas, "Você vai fazer o que? Bar em roça! Você vai vender pra quem, para os bichos?". Falei: "Calma, calma! Até então a cidade tirou o povo da roça pra cá, eu vou tentar inverter isso, eu vou tentar tirar da cidade pra roça". E por onde eu andei também, lá para o lado do Paraná, a gente via muito isso, área de camping, aqui eu nunca tinha visto, mas eu via muito isso onde eu andei, que tudo valeu de experiência, né. Aí eu comecei a montar, vender umas coisinhas aqui, montei o barzinho lá embaixo. Aí foi dando certo, eu montei a área de camping, fui fazendo os ranchos, fui fazendo tudo devagarzinho. A última coisa que eu fiz, foi arrumar a casa aqui de cima que eu tenho fotos dela ali, era bem precária mesmo, estava caindo mesmo, foi a última coisa que eu fiz. Primeiro eu arrumei a forma de eu trabalhar. Aí quando foi dando certo, foi dando bastante movimento, era muito movimento na época da construção da Candonga. Eu trabalhava dia e noite, aí eu saí do armarinho. Saí, peguei o meu acerto, montei uma loja em Ponte Nova, deixei minha irmã tocando lá, falei: "Você toca a loja a meia. Eu monto e você trabalha". Aí que (23:47), trabalhar até arrumar alguém. Aí eu vinha para cá, depois eu fui tocando lá também, depois eu fiquei aqui de vez e ela foi tocando lá e eu aqui. Aqui graças a Deus estava indo muito bem, até que veio a lama né, que atrapalhou tudo, mas eu não podia reclamar não. Foi uma coisa que deu certo, assim, bateu tudo certinho. Você sabe o que é você planejar uma coisa e dar certinho? Parece que foi desenhado? Deu tudo certinho, como eu imaginava. Agora estamos aí para recomeçar né, de novo.
(24:22) P2 - (24:24) você que dirigia?
R1 - Humhum.
(24:26) P2 - Como era a estrada? Como era essa sensação?
R1 - Pra mim, pra falar a verdade pra você, era muito normal. Era muito normal, por que? Hoje, às vezes até eu mesma penso nisso. Era muito normal, porque eu estava ficando desesperada, sem saber como eu ia criar os meus filhos. Eu não podia sair sozinha da casa da minha mãe, eu sozinha saio, caso e depois eu volto com dois filhos para criar? Minha mãe é aposentada com um salário mínimo, coitada! Ai, tadinha, ela não reclamaria nada, tenho certeza, mas é por mim mesma, não seria justo. Foi um alívio tão grande quando eu consegui esse serviço, que eu não sentia cansaço, nada. Saía de madrugada, chegava de madrugada… eles pagavam estadia e tudo, eu que não ficava por causa dos meus filhos, estavam os dois pequenos, mas não era cansativo pra mim. Eu estava tão realizada em tá trabalhando, sabe? Que eu não achava cansativo não
(25:31) P2 - Mas chegou a encontrar alguma dificuldade na estrada a fora?
R1 - Sim, coisa banal, mas sim. Às vezes um pneu que furava, tinha dificuldade pra alguém ajudar, quando aparecia… uma vez estragou perto da fazenda, aí quando uma pessoa pra ajudar a trocar o pneu, vinha com aquelas piadinhas bobas, sabe? Eu era bem nova na época, aí veio com aquelas piadinhas bobas, como eu não dei confiança, me deixou na estrada. Aí veio… até um senhor mesmo… aí vieram dois rapazinhos, foi a hora que eu me preocupei, aí foram dois rapazinhos e trocaram o pneu para mim. Eu punha a chave, eu gangorreava, eu subia em cima e nem mexia, aí trocaram. Mas foi pouca coisa, o resto, tudo era rotina mesmo, era normal, eu gostava do meu serviço. Hoje que eu não gosto de dirigir, hoje eu não gosto não, hoje quem dirige… Tonho que dirige para mim. Mas, não fazendo ele de motorista, mas ele dirige, ele gosta, né. Eu não gosto, eu já dirigi muito na minha vida, já esgotei a minha cota.
(26:30) P1 - E aí aqui quando montou, tinha bastante movimento? Como era a rotina aqui quando você veio para cá?
R1 - Quando eu vim mesmo, eu comecei a trabalhar, não, antes de eu vir, eu já comecei a trabalhar no final de semana. Mas aí o pessoal ficava me procurando. Na época não tinha celular. Aí depois de algum tempo eu coloquei o celular, mas aquele Telemig, você não vai entender porque você é de São Paulo, eles aqui que vão entender, é o Telemig celular, aqueles que tijolão assim, que era por antena? Aí o pessoal, se eu vinha aqui ou segunda-feira, que os meus filhos estudavam… na época só a minha filha estava na escola ainda e estudava à tarde. Aí eu saía daqui por volta de 08:30, 09:00 horas da manhã, o pessoal ligando, “Você vai estar aí hoje, vai estar funcionando?” “Oh, gente. Vou embora de vez para cá!”. Aí eu vim, a partir da hora que eu vim, nossa! Eram todos os dias, eu trabalhava todos os dias. Para eu não trabalhar, eu tinha que… não tinha aquela abertura do lado de lá, era só ali, era uma porteira com cobertura em cima e tudo, eu tinha que trancar e passar cadeado, pra eu não trabalhar e não abrir nada de lá, nem a janela em cima, em cima não, porque não tinha a parte de cima, embaixo mesmo. Aí eu ficava quietinha aqui em cima, pra usar a piscina com a minha menina e o meu pequenininho. Mas tirando disso, qualquer hora que estivesse aberto, domingo às 07:00 horas da manhã tinha gente meia noite tinha gente ainda. E depois acabou a construção, mas aí já veio… o pessoal tinha muito, tenho muito cliente ainda, muito freguês, só não está vindo porque… muitos vinham porque, às vezes pai de família, ele vinha, porque ele ia pescar no lago, a família ficava aqui na piscina, aqui almoçavam, as crianças na piscina, faziam churrasco, de Viçosa, (28:08), de Barra Longa mesmo tem. De Barra Longa mesmo, tem dois grupos que vem sempre aqui, eu esqueci o nome deles, esqueci mesmo, foi até o Tetê que falou para eles, e eles vieram, vieram duas vezes já. Mas de Viçosa vem muita gente, os universitários vinham pra cá no final de semana, a gente tinha música ao vivo direto, né. E agora para refazer isso aí, tem que ser um plano de turismo mesmo, tem que a Samar pegar pesado junto com a prefeitura. Porque é igual eu estou te falando, a Renova veio, me deu algumas coisas e falou assim: “Oh, o nosso incentivo ao comércio termina aqui”. Gente, muito bem vinda qualquer ajuda que vier, eu não sou, como é que eu vou te explicar, mal agradecida, mas o que eu vou fazer com material de trabalho sem eu ter o freguês, né? Muitas vezes, se você tiver o freguês e não tiver a ferramenta, você ainda consegue atender, você entendeu? Por exemplo, se eu tiver os fregueses e não tiver um freezer, um exemplo, eu consigo buscar, é muito pertinho de Rio Doce, é 5 minutos para ir e voltar de moto ali no Rio Doce e se eu ligar para o Cristiano do açougue, ele me entrega aqui na hora também e se eu não tiver o freezer para eu guardar, se eu falar com ele: “Traz um quilo de lombo pra mim?”. É na hora! Eu consigo trabalhar sem ferramentas, mas sem o freguês eu não consigo. Mas isso aí, não é que eles não entendam, eles não querem entender. É diferente, não é?
(29:52) P1 - E antes, você pescava aqui também?
R1 - Humhum. Eu pesco aqui desde antes de comprar aqui. Porque na verdade quando eu comprei aqui, eu tinha parente em Rio Doce, o tio da minha mãe morava em Rio Doce. E quando eu tinha 3, 4 aninhos, a gente morava na fazenda ainda, minha tia ia lá, me buscar para trazer para coroar aqui em Rio Doce e eu fazia chantagem, eu não gostava de coroar, porque ficava um monte de gente me olhando, eu não gostava. Aí eu falava assim: “Só se o tio Zezé me levar para pescar domingo”. Aí ele dizia assim: “Vamos Zaninha, vou te levar para pescar sim!”. Eu já saía da igreja falando: “Cadê a nossa vara, tio?” (risos). Deixava tudo arrumado, porque domingo de manhã ele tinha que me levar para pescar. É, mas vamos acreditar que as coisas vão voltar, né? No fundo, no fundo, o rio que nós tínhamos, nunca mais! Isso aí não tem ser humano que fala assim: “Vai voltar!”. Porque não vai. Não vai, porque nunca eles vão tirar essa… eu falo com você pelo fundo do meu terreno aqui, tinha uma praia de cascalho assim, que você ia até certa altura, então na época da água, você sabe que o rio não é limpinho, mas na época da água clara, ah menina, era uma maravilha! Agora hoje o pessoal… muita gente tirava ouro, muita gente! Inclusive eu já tirei ouro, mas não coloquei na minha indenização, isso aí eu não posso culpar a Renova, não me indeniza, porque eu não coloquei. Por que eu não coloquei? Porque eu não vivia do ouro. Quando tinha uma turma boa que estava indo tirar, eu tirava e fazia dinheiro sim, mas eu não vivia daquilo. Então eu não quis um trem que eu não fazia, claro, eu tirava e vendia, mas não era uma coisa que eu fazia para sobreviver direto, você entendeu? Mas hoje eu olho de… tenta entrar pra você ver! Uns lugares você atola e outros você pode bater um pedaço de pau, que é a mesma coisa de você tá batendo no cimento, parece até que foi concretado o fundo do rio. Como que esses pescadores, que não são os garimpeiros, os garimpeiros usam balsa né, são os manuais, os pescadores, como esse povo vai trabalhar? Porque tinham muitos aqui. Aí indenizaram eles, eu te falo, 170 mil, mas teve que descontar uma parte lá que é de imposto. Eu tenho amigos que guardavam, que eu convivo com eles desde quando eu comprei aqui, quando armava chuva corriam e guardavam o material, que é carrinho, carpete, bater esses trens, vinham e guardavam aqui em casa, para não carregar, porque moravam mais longe, né. Aí eu te falo, tinha gente que tirava na época, antes da lama, 5, 7 mil reais no mês. Eu te falo, porque eu já entreguei ouro para o professor do meu filho, eu já entreguei ouro de um colega meu para ele e ele deixou esse dinheiro aqui para ele, por isso que eu tô falando para você, não que ele tivesse me falado que ganhava isso por mês, entendeu? Aí tirava isso por mês, eu fico olhando, tirava isso em um mês, podia diminuir e podia aumentar também, não sei, mas depois de sete anos, pagou para um faiscador 170 mil, ainda para tirar os impostos, faz a conta, 5 mil em um mês vai dar o que no ano? Faz a conta aí de sete anos. E daqui para frente como é que ele vai sobreviver? Tem gente aí que cresceu tirando ouro com a mãe e com o pai, hoje não tem mãe, o pai já tá aposentado e ele continuava tirando ouro, pessoas que não sabem fazer outra coisa, e aí? Você entendeu porque era a minha briga com eles? Eles falavam que eu queria proteger todo mundo. Não era proteger, aquilo que eu vi, eu tenho que mostrar para eles que eles estão sendo injustos, mas nós estamos no Brasil, né. Agora eu ainda quero acreditar um pouquinho na justiça brasileira ainda, eu quero acreditar um pouquinho nisso ainda. Barra Longa mesmo, igual ele é de lá, ele sabe, Barra Longa tinha muito faiscador, tinha muito, tinham pessoas daqui, que quando enchia muito de gente aqui, ia para Barra Longa, gente daqui, tem o… se eu for falar por nome, é até difícil para eu lembrar o nome dele, que tem apelido de noite, os Carneiros, João Bosco. O pessoal dos Carneiros iam para Barra Longa tirar ouro, quando aqui enchia muito, vinha muita gente de fora. Aí agora não tem ouro, não tem peixe, não tem mais dinheiro, e aí do que o povo vai viver? Você entendeu? E ainda entra uma outra parte que você não sabe, eu não estou puxando para mim e nem dizendo que teria que ser eu não, porque eu briguei em nome dos comerciantes que têm em Rio Doce e em Santa Cruz. Eles falaram que quando iam trazer a empresa para cá, para trabalhar aqui, chegou até a vir material para construir uma cozinha industrial para uma empresa vir e fornecer comida para todas as outras empresas, eu falei: “Gente, os outros comerciantes aqui não estão trabalhando, porque não dividir? Tanto restaurante que tem, não dividir os marmitex nos restaurantes? Você sabe o que eu ouvi de um dos funcionários mais graduados da Renova? “Santa Cruz e Rio Doce não tem estrutura para servir comida”. Isso aí, para ser sincera com vocês, se vocês acharem que não devem colocar, se quiserem cortar depois vocês cortam, mas eu vou dar nome aos bois, porque eu não era, nós não éramos obrigados a ouvir isso do Thomaz, da Renova, entendeu? E eu não vou, algumas pessoas até me disseram que sempre quando eu relato isso em uma reunião ou alguma coisa, “Rose não fala o nome, pessoal é poderoso!”. Não tem problema, pode ter o poder que tiver, mas isso aí não vai calar a minha boca, porque isso aí doeu em mim, você entendeu? Se doeu em mim, eu imagino o que tenha doído em todo mundo que lutava igual eu, todo mundo dono de comércio em Santa Cruz e Rio Doce. Aí eu falei pra ele: “Olha, tem uma parte aí que eu vi na reunião, que eu vi no coiso que foi enviado para mim, que tantos por cento de vagas tem que ser destinadas, tanto por cento para Santa Cruz e tantos para o Rio Doce, porque que não passa pra gente as refeições, pelo menos para Santa Cruz e Rio Doce, esses sim foram criados aqui e estão acostumados com a alimentação daqui”. Aí ele virou e disse: “Ah, mas isso aí já não é comigo”. Falei: “Você quer saber de uma coisa Thomaz, nenhuma cozinha industrial vai ser montada aqui, nenhuma!”. Aí juntei o povo, e não foi! Porque quando a gente quer de verdade, eu acredito muito que quando a gente quer de verdade a gente pode. Eu acredito muito! Quanto você quer, mais aquele querer de dentro para fora, você pode! Eu acho que só a ressurreição que a gente ainda não é capaz, o resto a gente é! E eu lutei muito e consegui, a cozinha não veio, eu consegui o lanche para a Renova. Só que conseguir, você sabe o que é dar com uma mão e tirar com a outra? É isso que eles faziam, mas para mim ainda serviu, porque eu consegui, não ficava nada para mim, eu juntava o dinheiro do lanche, com o dinheiro do meu AFE, o dinheiro do lanche era só para o aluguel, porque o aluguel lá em Macaé é muito caro, gente! Meu filho está pagando 3.600 reais por mês, fora internet, água e luz, passava de 4 mil a despesa dele, e o que eu ganhava com o lanche não dava isso, eu completava com o meu AFE ainda para… e a minha mãe ajudava para a alimentação dele, entendeu? Quer dizer, ainda consegui fazer esse lanche. Quando veio a pandemia eles cortaram, porque saíram daí. Aí veio a Samarco e eu tô pedindo, tô pedindo serviço. Eu falei com a Samarco: “Olha, me arruma um serviço, eu preciso trabalhar!”. Eles falaram: “Ah, Rose, estamos com poucas firmas”. Eu falei até com o (38:19). Eu falei assim: “Olha” ... Eu falei com a Bethânia para passar o áudio para ele, porque ele não podia atender, eu passei até para ela. Eu falei assim: “Olha, não tem que ser especificamente comida não, quando a gente precisa trabalhar, eu preciso do serviço, qualquer serviço que eu seja remunerada na altura do que eu estou fazendo, ele é digno. Eu falei pra ela: “Pode ser lavar banheiro de escritório, pode ser o que quiser, eu preciso é trabalhar!”. E até hoje? Nada, nada! Então isso deixa a gente indignado, sabe? Deixa muito indignado. E foram vários itens. Puseram o Sebrae aqui para fazer acompanhamento comigo, o rapaz, na verdade, um amor de pessoa, o Igor, um cara super educado, muito humano, assim, uma pessoa que transmite paz, sabe aquela pessoa que você conversa e te transmite paz? Ele olhava tudo, fez tudo quanto era estudo do que podia ser feito aqui, aí faz aquela imagem, aquele desenho todo na cabeça da gente. Daí a pouco terminou o estudo, entrega pra gente o relatório, cadê o que eles fizeram? O funcionário do Sebrae não tem culpa nenhuma, ele estava prestando um serviço, certo? Não culpo ele. Só que isso aí, ela para um funcionário do Sebrae, um contrato, para caríssimo, para vir aqui enganar a gente. Para eles, ao invés disso eles poderiam ter resolvido o meu problema. É isso que a gente não entende, a volta que eles dão. O certo é, o atingido não deve ser merecedor, e é isso que a gente entende da Renova. Samarco, quando veio essa lama, eu fui atrás deles umas dez vezes, “Oh, gente. Eu tenho que pagar as despesas do meu filho. Oh, gente. Arrumem um serviço pra mim. Até vocês arrumarem, paguem parte do aluguel do meu filho lá”. Ele estava em Viçosa ainda. Pegaram de algumas pessoas que era até de universidade particular, pagaram, o do meu filho era federal, era só o aluguel, porque a refeição do bandejão lá, a minha mãe estava dando. Aqui, eles viraram para mim e pediram tudo quanto é documento, eu não tinha nem dinheiro para correr atrás disso, meu tio veio de Juiz de Fora, andou comigo, resolvi tudo e entreguei lá, “Rose, agora você fica tranquila, tá? A situação do seu filho está resolvida”. Quando fez cinco meses, como ele dividia com outras pessoas o aluguel do apartamento, aí eu já tinha falado com os meninos, “Gente, aguenta aí. Segura a barra da parte do Jorginho que eu vou resolver tudo com vocês”. Quando fez, minha filha, eu pensando que eles tinha pago tudo, passei até o que a gente devia para os meninos, simplesmente o meu filho liga para a irmã dele chorando, porque os meninos, colegas despejaram ele, quando ele chegou colocaram ele com a bolsa dele na rua. Aí ele veio para casa naquele desespero, adoeceu, teve que fazer tratamento psicológico, foi um monte, um monte de turbulências. Quando foi… aí passou, juntou a família inteira, ele foi fazer tratamento em Belo Horizonte. Quando foi no outro ano, devagarinho ele tentou fazer o ENEM, já animado ele fez novo. Aí foi onde Deus abençoou, milagre né, que ele passou de novo e foi para Macaé. Ele ainda deprimido, tomando remédio controlado, com depressão ainda, o colega dele de quarto se suicida! Ele me ligou desesperado, eu fui… aí já era Renova, não era Samarco mais, eu fui no escritório e falei assim: “Oh, gente pelo amor de Deus, eu não tenho condição!”. O meu carro estava parado, quando veio a lama estava na oficina e eu não tinha condições de tirar, não tinha mais nenhum centavo do serviço, ficou lá por cinco anos, até a oficina trazer ele e por aqui, e daqui eu vendi, porque não tinha jeito de consertar mais, para você ter uma ideia. Aí eu fui lá e falei assim: “Olha, eu tenho quem abastece, eu preciso de vocês, um motorista e um carro para buscar o meu filho, ele está lá desesperado, ele está com problema e o colega de quarto dele se suicidou dentro do quarto! Sabe o que eles falaram comigo? “Ah, Rose. Infelizmente nós não podemos fazer nada”. Aí foi que eu comecei a adoecer também. Aí entrou em paranóia eu, a minha mãe, a minha irmã, Aline, minha filha, todo mundo. Passou, ele foi recuperando, ele veio para cá, ficou uns dias aqui, depois nós fomos lá levar ele, fiquei uns dois dias com ele lá, mudei ele de lugar. Quando fez um ano e dois meses, outro colega se suicida, subiu do… eles estavam em um lugar que estava no terceiro andar, ele passou o quarto, foi na cobertura no quinto andar, passou por uma escadinha que era de olhar água e pulou lá de cima. Nós passamos por muita coisa viu, mas falar para você assim, “Olha, tive ajuda da Samarco e da Renova para isso?” Foi zero! Eu pedi um dia, sabe o que? Eu pedi, falei assim: “Oh, gente.”. Aí, eu falei assim: “Nós precisamos que vocês mandem um psicólogo”. Dentro do grupo tem um rapaz, do grupo de pesca da gente, tem um rapaz, ele não estava normal, não estava falando coisa com coisa, desde o dia que ele achou o corpo no fundo do vizinho ali. Aí eu pedi, eu falei: “Não adianta eu pedir só para mim, vou pedir para nós, atingidos. Eu pedi e eles falaram assim: “A gente já paga uma assessoria, que essa assessoria tem psicólogo”. Eu fui atrás da assessoria, a assessoria mandou a psicóloga. Eu fiz bonitinho, agendei todo mundo, olhei com ela que dia que ela podia vir e fui agendando os casos mais necessários. Coloquei o meu filho, minha filha e fui colocando os atingidos e eu fiquei por última. Você sabe o que que a psicóloga da assessoria, inclusive a menina é amiga da minha filha, não estou falando dela pessoal, não estou falando dela, estou falando da prestação de serviço da assessoria, entendeu? Da Rosa Fortini. A psicóloga chegou aqui, o que ela fez? Passou uma folha de encaminhamento para a prefeitura e a prefeitura nós já tínhamos tentado, porque quando eu procuro uma coisa, se tiver uma outra de um caminho mais curto, eu já percorri ele, porque eu vou pôr ordem. Mas o que acontecia na prefeitura, a prefeitura não mandava carro buscar e nós não tínhamos como chegar até Santa Cruz, dá 12 ou 13 quilômetros até Santa Cruz, me parece. Como que nós íamos? Você entendeu? Então não tinha como. Aí vou para a assessoria, a assessoria foi e encaminhou para o Santa Cruz de novo, ou seja, ficamos todo mundo sem psicólogo, sem tratamento psicológico, sem nada. Minha filha toma remédio controlado até hoje e eu tenho os meus encaminhamentos guardados, mas particular não tinha jeito, prefeitura não tinha jeito, então falei assim: “Agora é aguardar, esperar e acreditar em Deus mesmo”.
(45:42) P1 - Rose, você falou do grupo de pesca, você pode falar um pouco mais desse grupo? O que era? Como é?
R1 - Posso. Meu grupo de pesca é uma benção. Foi formado assim, sem… nunca! Quando que em 94 a gente ia imaginar que em 2015 ia acontecer uma lama dessas, uma tragédia dessas, né? São pessoas que a gente gosta, toda a vida gostei muito. Aí logo quando eu vim para cá, a gente vai conhecendo uma pessoa, vai conhecendo a outra, um que gosta… a gente encontra na beira do rio e descobre que o outro gosta de pesca e assim a gente foi se unindo, fomos ficando mais unidos. Aí quando era… de vez em quando a gente se juntava no final de semana, cada um trazia o que pegou, a gente fritava o peixe, uns tomavam cerveja, outros tomavam suco e assim foi ficando aquele grupinho. Quando… e só mais pessoas chegando, todo mundo que gostava de pescar se juntava com a gente. Tem até gente… você é de Santa Cruz, né? Tem até gente de Santa Cruz, por exemplo, vou te dar um exemplo, de Zeli e Meirinha, pescaram muito junto comigo. Aí quando veio a lama nós ficamos desesperados, aí juntava, chegava todo mundo, nós ficávamos todo mundo, um chorava, outro ficava com a mão na cara, porque o dia que veio, nós não tínhamos ainda essa noção do desastre. Naquela semana que nós vimos caminhões e caminhões de peixes mortos, “um dourado desse tamanho assim, dessa largura” podia ir daqui até lá em cima, você podia encher carretas de peixes, foi aí que nós tivemos a noção da gravidade. O pessoal vinha ver e parava aqui e falavam comigo: “Você viu?”. Uns choravam, a gente ficou passado, sabe? Aí veio, foi passando aqueles dias e tal aí descobrimos que não tinha peixe, e o pessoal esperando e a água não limpava, e um mês e dois, e os garimpeiros no intuito de voltar e a água não… e o trem atolando, não parava de atolar e eles foram cercando as beiradas, porque não podia aproximar. Aí os pescadores já começaram, “E nós?”. Aí passou novembro, dezembro, nós não tivemos natal, passou janeiro, e eu correndo atrás, “Olha, nós não temos dinheiro mais”. Uns ajudando os outros, quem tinha um pouquinho ainda ajudava, os pescadores que são meus amigos me ajudavam, igual eu estou te falando, a situação do meu filho, uns foram ajudando os outros, uns tinham meninos pequenos, outros adoeceram. Aí nós resolvemos fazer, eu e os faiscadores, resolvemos fazer uma manifestação no quiosque do lago, um lugar que tem pedra, no trevo de subir a rodovia? Funcionavam os containers da Samarco ali, foi a primeira manifestação. Eu falei: “Olha gente, nós vamos chegar lá de madrugada, não vamos deixar eles saírem e eles vão ter que escutar a gente”. Então quando eu falo com você, que eles têm uma marcação comigo. Pelo ponto de vista que eles acham que eu estou errada, eles estão certos de ter a marcação, porque eu fui a primeira a levantar a bandeira mesmo e paralisei mesmo, se precisar eu faço de novo, você entendeu? Se precisar eu faço! Aí foi dia 03 de fevereiro de 2016, nós estávamos lá. Aí chamou a polícia, isso e aquilo. Aí tinha o sargento em Rio Doce, veio e falou com a gente assim: “Tira isso daí, deixa os homens trabalharem”. Eu falei com ele assim, não, “Tira isso daí!”. “O senhor me dá um motivo!”. “Deixa os homens trabalharem!” Eu falei assim: “Opa, agora eu gostei! Agora o senhor falou a minha língua, vamos trabalhar! Na hora que nós tivermos serviço, eles também vão ter!”. Foi aí que começou a confusão. Aí depois… aí prometeram que iam arrumar, aí eu falei assim, eu pedi cesta básica, que nós não tínhamos mesmo! Aí eles trouxeram para mim a cesta básica aqui, eu falei: “Vocês voltam” ... pode perguntar na Renova se eu estou mentindo, “Vocês voltam com ela e deixem no escritório, porque na hora que tiver para os meus colegas atingidos, nós vamos lá buscar. A não ser que vocês queiram entregar de casa em casa, aí beleza! Mas pode chamar quando chegar as outras”. Aí vieram as outras, eles até entregaram nas casas mesmo. Aí veio comigo e falou assim, eu falei assim: “Olha, vocês têm que arrumar uma forma, nós temos conta de luz para pagar, eu estou com cinco contas de luz vencidas, eu tenho isso, eu tenho aquilo para pagar!”. E eu devia o meu irmão, porque eu estava mexendo com obra na época, minha filha, eu estava terminando esse refeitório aqui, estava mexendo com obra. Aí eles inventaram o AFE, Auxílio Financeiro Emergencial. Vieram aqui em casa, trazer para mim, eu falei assim: “E dos outros? Estava eu, que sempre ficava com turminha aqui, não tinha nada para fazer, ficava um chorando a vida com o outro. Nós estávamos sentados, eu e mais três, ali no bar, aí me chamou lá no fundão depois da piscina, o Thiago, “Oh, Rose. Preciso falar com você”. “Pode falar Thiago”. “Não, poderia ser em particular?”. “Vamos ali comigo”. Ele falou: “Olha, chegou um cartão para você com o retroativo, é um salário mínimo, mais não sei quantos por cento da cesta básica, não, não sei quantos por cento do salário mínimo, 20% do dependente e mais o valor da cesta básica”. Eu falei assim: “Mas o deles não veio não?”. Ele falou assim: “Não, nós vamos dar um jeito”. Eu falei: “Não, eu não vou aceitar não. Não vou aceitar, Thiago, porque não é só eu que estou com fome. Olha, o meu filho ainda está na casa da minha mãe, mas o resto aqui, os filhos estão com eles, tem gente com criancinha, com mulher grávida”. Aí ele falou assim: “Não, mas você tem que aceitar, eu não posso voltar com esse cartão”. Isso aí foi logo que o meu filho foi… quando eles trouxeram, foi logo que o meu filho foi despejado, então eles vieram correndo, como se diz, “Traz para mim, que eu ia ficar calada e tudo bem, né. Eu falei: “Não. Você pode devolver”. “Mas eu não posso voltar com isso”. Eu falei assim: “Não? Então tá”. ”Assina aqui pra mim e fica com ele que vai ser muito bom para você”. Eu falei: “Eu tenho que ficar?". “Tem!”. “Tá bom, deixa eu assinar”. E abri. Disse assim: “É meu?” “É!”. Cheguei aqui de noite e falei: “Nico, Betinho, olha aqui o AFE, Auxílio Financeiro Emergencial, chegou para mim, e ele falou comigo para dar para ele 15 dias de prazo”. E ele tinha falado mesmo, 10, 15 dias de prazo para chegar o de vocês. O meu está aqui, viu? Se não chegar, estou na estrada com vocês”. Não chegou, deu 20 dias, os meninos falaram assim: “Oh Rose, vamos esperar até um mês”. Esperamos 30 dias, eles quiseram esperar 40. Eu falei: “Olha, o meu está comigo, a hora que vocês quiserem, eu estou junto com vocês”. Quando deu três meses eles falaram: “Oh Rose, você vai conosco, não aguentamos mais não!”. Nós fomos de novo. Aí que começou as confusões de polícia, eu tenho vídeo minha filha, que a minha filha fez, com seis viaturas, chegando mais viaturas, escopetas apontadas para a gente e tudo. Mas foi… e falar para você, ele é daqui e ele sabe, foi feita muita injustiça, tem pessoas que morreram sem receber, inclusive o meu pai que morava comigo. Porque meu pai e a minha mãe, eu esqueci de falar para você que enquanto eu era solteira não, mas logo quando eu casei, eles se divorciaram também, meu pai morava comigo. O meu pai, o seu Dezinho, Zézinho, o moço lá do seu José, morreu muita gente esperando esse dinheiro para o tratamento de saúde. Eu com os meus filhos, nós tínhamos plano de saúde, eu perdi o meu plano, não consegui pagar mais. E aí? Eles não têm um tratamento de saúde pra gente, não tem nada e o dinheiro… eu fui indenizada de produtora rural com muita briga e muita luta, de pesca e do comércio. Pessoal não gosta que fala, que é isso, que é aquilo e eu não tenho problema nenhum em falar o que eu recebi, ainda tive que pagar os impostos ainda, bruto, eu recebi 270 mil, de três coisas. E eu provei para eles, só no meu comércio o que eu tinha por mês, o que eu fazia por mês. Provei para eles por nota, por extrato da minha conta, por cursos e escolas particulares. O meu filho estudou no Auxiliadora, que você não conhece, mas ele (54:11), foi uma escola muito boa, era particular em Ponte Nova. Minha filha fez universidade, cursinho de inglês, espanhol e tudo era particular, academia, plano de saúde. Eu apresentei tudo, onde é que eles acham que eu tirava isso? E dei para eles o meu CPF e o meu nome e falei para eles: “Investiga se existe alguma conta minha. Meus filhos não recebem um centavo de pensão, não, o pai não dá pensão, não. E eu nunca briguei, não, porque eu fui mulher de fazer, eu sou mulher de criar. E aí, que resposta eles me deram? Nenhuma, nunca! Muita coisa mesmo, que aborrece a gente e a gente fica entalado com aquilo, sabe? A gente fica entalado. Porque, aí falam assim: “Ah, mas você está achando”. Não! 270 mil é muito dinheiro? É! Não para ter acabado comigo, sete anos, eu tinha… ainda que eu fiz a quadra de peteca ali. Eu fiz uma quadra de peteca para entupir o poço, que inclusive eu pedi para eles também, para entupir, porque Soninha ficava na minha cola, todo dia, a prefeita, mandando notificação, porque estava dando dengue, a água foi embora, não parava, tinha um poço de peixe imenso ali, a água não parava, mas também não acabava toda, ficava aquelas poças no fundo. Foi até seu Geraldo, areeiro, um areeiro do (55:25) aqui. É outro coitado, que eles sacanearam ele à vontade, acabaram com a vida dele! Foi ele que encheu ali para mim. Acabou com o meu poço de peixes, acabou com o meu moinho, nada disso eu recebi. Deixou o meu filho ser despejado, eles não consideram o meu filho atingido, todo dia que eu ligo para saber, está no perito, perito parece que é muito… não sei, mas todo mundo que eu vejo está no perito, eu não vejo ninguém passar nesse perito, não tenho notícia de ninguém, todo mundo está lá desde que veio a lama, desde que começou a indenizar que está no perito, mas não sai do perito. E o meu filho trabalhava comigo aqui, ele estudava em Viçosa, sexta-feira ele estava aqui e só ia embora segunda de manhã. Nós trabalhávamos mais em família. Eu tinha um funcionário que eles não quiseram reconhecer, ele era de Rio Doce, Cajadão, ele não tinha carteira assinada. Por quê? Porque Ricardo, o da construtora em Rio Doce, precisava dele e fichava ele por três meses, quatro meses. Ele trabalhava comigo aqui no sábado, domingo e feriado, o que ele fazia de serviço aqui, ele podia trabalhar a semana toda fora que eu pagava pra ele normal. E ele era de muita confiança, ele trabalhou comigo 17 anos, ele me ajudou a criar os meus meninos, era um funcionário assim, que eu podia viajar e esquecer, deixar ele aqui, ele podia dormir em um quarto cheio de dólar, sabe aquela pessoa de confiança? E eles não quiseram reconhecer ele na perda de emprego, porque ele não tinha carteira assinada. Aí eu falei para eles: “Vocês também não avisaram que iam acabar com tudo, se vocês tivessem avisado que iam soltar a lama eu tinha assinado a carteira dele. Você entendeu? Então eu vejo muito, muito mesmo… o papo dele, você olha assim, é tudo bonitinho, eles querem mostrar para você que está tudo dentro da lei, mas ao mesmo tempo é tudo muito contraditório, eles mesmo toda hora caem em contradição com uma coisa e outra, sabe?
(57:26) P2 - Em relação a esse movimento que você fez, essa briga toda, qual o primeiro impacto que você acha que teve?
R1 - Como é que é?
(57:35) P2 - Dessa movimentação que você teve, dessa briga, dessa luta que vocês tiveram, qual o primeiro impacto que você acha que teve com a Samarco?
R1 - Vingança. De eu ter brigado, paralisado, esse negócio todo? Vingança, porque cai tudo em cima de mim, mas eles não vão me inibir com isso. Porque, o pessoal assim, o pessoal daqui é um pessoal mais humilde, não que eu não seja humilde, eu sou humilde, eu sou pobre, simples, mas sabe pessoal que às vezes foi nascido e criado aqui? Eles conseguem inibir eles com a polícia. Eu respeito demais a polícia, respeito demais o trabalho deles, mas a polícia não é ninguém pra tirar perto de mim e me tirar de um lugar que eu não esteja infringindo a lei, não, né! Você entendeu? A polícia não pode, não é capaz de chegar perto de mim e me proibir de reivindicar os meus direitos. Eu admiro demais o trabalho deles, mas eu sei também o limite deles, você entendeu? Então o povo, eles me pedem ajuda, quase todo dia tem um aqui pra saber um trem, pra saber outro. Àquela hora que o meu telefone tocou ali, era uma menina, para saber uns negócios de mim. Aí porque eu não estou sabendo, eu falei até que eu ia procurar saber para ela. Aí eles acham que eu sei tudo, eu não sei não, porque quando… eles têm vergonha de ir no escritório, porque eles não atendem, eles enrolam eles, eles vão buscar um documento, eles negam. E eu fiz até de propósito, eu precisava de um documento para o nosso grupo, eu pedi para uma mulher do nosso grupo, a Cida, para ir no escritório da Renova lá em Rio Doce pegar esse documento, vou falar para você, eu precisava para o outro dia, tem quatro meses, ela pediu tudo quanto é documento, a mulher apresentou tudo, apresentou uma folha, que ela é do grupo Florestinha e tal e eles não entregaram. Só que eu estou deixando, eles gostam de vingança, eu não sou de vingança, mas as coisas são boas na hora certa, se você tira um doce fora do ponto ele não dá ponto e não fica bom, tudo é bom na hora certa. Vai chegar um ponto em que eles vão me pedir esse documento e eu vou responder para ele: “Vocês me negaram!”. Todas as vezes que ela foi lá eu pedi para ela: “Pede o protocolo”. Vocês entenderam? Porque eles acham que a gente p bobo, quer dizer, comigo eles não fazem isso, mas eu estou mandando ela ir, mandando não, pedindo, desculpa!” Por quê? Porque eles estão achando que ela é mais boba e que ninguém vai olhar por ela, você entendeu? Eu vou provar para eles que eles se aproveitam de quem é mais simples. Nós fomos humilhados mesmo! Outra coisa que eu não concordo, para falar a verdade com vocês, às vezes nem sei se é o tema de vocês, o que não for vocês cortam depois, mas por exemplo, o pescador, teve a indenização, mais 10 mil de danos morais (01:00:33) deixa quieto, né. Mas quem foi indenizado em três coisas, em quatro coisas, em cinco coisas, só teve um pagamento de danos morais, não está errado? Por exemplo, eu fui na pesca, no comércio e na terra, tá, três, recebi só um. Então quer dizer que, se eu não tivesse na pesca, eu não ia receber dos outros? Danos morais é cada coisa minha que acabou, acredito eu. E eu estou correndo atrás disso, tô querendo saber disso direito, já busquei, fui na mente, já pesquisei, porque tem pessoas aí, que foram atingidos em cinco coisas, sem contar que eu fui atingida em três coisas que eles não me deixaram colocar mais não, meu artesanato eles não me deixaram colocar, não, não me deixaram colocar e tem gente que foi atingido em cinco coisas. Eles simplesmente colocaram duas coisas e uma de danos morais. Olha para você ver, aí eles veem… o povo é humilde, muitas vezes a pessoa é simples, a pessoa é de idade, às vezes não tem nem filho, você entendeu? Eu não vou atrás procurar problema de ninguém, não, mas se a pessoa vem e me pergunta, ah eu vou procurar, eu não vou responder o que eu não sei, mas eu vou me inteirar do assunto e eu vou levar a resposta, mas eu vou mesmo. Quando aconteceu uma coisa, eles chegaram aqui, essa energia, o dia que o menino falou que eu não podia colocar mais danos, eu falei assim: “Então você escreve seu nome para mim, para eu saber que é você que não está deixando, ele escreveu, Matheus. Eu queria colocar o meu artesanato. Aqui era lotado de gente, eu vendia, minha prima levava para vender em Belo Horizonte, depois acabou arrematando quase tudo a preço de custo e ainda 40 dias para pagar. Aí eu peguei e falei com ele assim: “Oh, Matheus. então você coloca aí que eu não posso colocar, escreve seu nome que na hora que eu relatar isso eu vou saber quem é, porque já passaram umas 10 pessoas aqui”. Aí quando eu vi aquilo, teve pessoas que colocaram quatro danos, que colocaram os danos todos. Quando eu voltei no escritório da Renova, eu falei: “Minha terra acabou e eu não posso colocar!”. “Não, a terra eu vou colocar”. Aí colocaram a terra, que era só o comércio e a pesca, “Então eu vou colocar a terra, o artesanato não pode colocar mesmo não”. Aí quando eu vi todo mundo colocando, o pessoal que estava entrando depois colocando os danos todos, eu falei: “Tá errado isso”. Aí nós partimos atrás, esqueci o nome dela, Daniela, Daniele, Daniele da Sinergia, eu ligava lá e ela que me atendia, falava: “Oh, Daniele. Eu preciso que você volte aqui para corrigir os nossos cadastros, o meu grupo colocou só um dano, pensaram que não tinha mais danos, garimpeiros, que você não colocou a pesca”. Aí ela falou assim: “A gente não atende a domicilio” Eu falei: “Atende, vocês vieram aqui fazer o cadastro. “Não Rose, não atende!”. Falei: “Oh, Daniele. Eu vou esperar até semana que vem”. Semana que vem ela não apareceu. Aí eu liguei e falei com ela: “Oh, Daniele. Me dá o endereço daí que nós estamos indo aí”. E não saímos daí sem consertar”. Aí ela falou assim: “Espera aí que eu vou ver o que eu posso fazer”. Daí a pouco ela ligou marcando, “Olha aqui, dia tal eu estou aí, tá? Para corrigir”. Aí quando todo mundo veio com as pastinhas deles na mão, “Não, eu vou corrigir só no computador”. Todo mundo, ninguém ficou lá vigiando, todo mundo acreditou, né. Na hora da indenização, ela não corrigiu nada! Mas você sabe o que eu tenho? Eu tenho em ata do Vanderley, advogado da assessoria que eu pedi para acompanhar, do Bruno da Renova que eu pedi para acompanhar o trabalho dela, dela e do meu grupo de pesca. Eu tenho essas provas de que ela veio, saiu de Mariana e veio aqui e fingiu que arrumou, ficou mexendo no computador e não arrumou de ninguém. Você acredita que fizeram isso com a gente? Por isso que o povo está revoltado e com muita razão, com muita razão! Eles gastam um absurdo, um absurdo para enganar o povo, para enganar. Gente, eles teriam resolvido todos os problemas deles gastando a metade, se eles não tivessem gastado tanto com profissionais para nos enganar, você entendeu? Isso aí eu tenho certeza! Quantas pessoas… eles começam a fazer as coisas, depois deixam a gente de fora. É muito complicado, muito! Porque se a gente não tiver muita, igual eu estava falando com vocês, se a gente não tiver muita fé em Deus, a gente chuta o balde, a gente sai, a gente abandona tudo. Eu já tive muitas vezes vontade de fazer isso, mas aí eu respirava fundo e falava assim: “Não! Eu não posso falar com Deus o tamanho do meu problema, eu tenho que falar que os meus problemas tem o tamanho do meu Deus! Eu tenho que inverter essa situação”. Respirava fundo, “Não. Calma Rose, você tem que conseguir, você sempre conseguiu!”. E eu tenho fé em Deus, a minha luta não terminou.
(01:05:39) P1 - Rose, você lembra do dia da lama?
R1 - Lembro. Ela chegou aqui no dia 05 de novembro de 2015. Eu fiquei sabendo, tinha um quiosque ali e tinha uma lancha do padrasto, não é bem uma lancha, é lancha mesmo? Ou é uma chalana? Do padrasto dos meninos que tocavam no barzinho do quiosque, sabe? Do Valter da pousada. Aí às vezes, eu estava pescando e eu subi em cima da lancha, estava estacionada lá e eu subi em cima dela para pescar. Parece menina, eu não sei o quê, se é coisa de Deus ou se existe por baixo da água alguma comunicação, não sei, só sei que estava muito bom de peixe. Quando deu por volta das 4h, 4h30 da tarde, nada, lambari eu estava pegando sem parar, nada! O lugar que eu tinha severo, eu jogava massa, porque o Dinaldo tem fábrica de hóstia, aquelas que ficam agarradas eles dão pra gente, aqueles sacos assim, a gente joga para os peixes. Aqui, depois de umas 04:00 horas para cá, mais ou menos, porque eu não lembro precisamente as horas, nada, nenhum peixe! Eu desanimei e vim embora. Quando eu estava chegando aqui eu falei assim: “Ah, já que eu vim embora cedo” .... já tinha servido marmitex, já tinha feito tudo, os pescadores estavam lá para cima, aí eu peguei e falei: “Ah, eu vou começar a limpar esse terreiro de uma vez, estava limpando, aí o meu telefone toca… aí não, aí já tinha celular sabe aqui? E tudo. Aí o meu celular não tinha sinal lá embaixo, eu tinha que colocar ele em cima de uma pedra, em um ponto, não funcionava tudo aqui não, era Claro, não tinha Vivo aqui, aí aqui em cima só que estava a antena. Aí meu irmão me ligando, eu subi aqui, coloquei o telefone na antena e liguei pra ele, ele falou: “Onde você está?”. Eu falei: “Eu estou em casa”. Ele falou: “Pelo amor de Deus não vai na beira do rio não, que vai chegar uma lama aí, estourou uma barragem. A gente não sabe como vai chegar, se vai chegar bravo, se não vai, não sei o tanto que é, não vai na beira do rio não, tá?”. Aí eu falei: “Gente, estourou a barragem". Aí ninguém sabia de nada, eu ligava para um, liguei para Betinho, eu liguei para outro, uns eu não conseguia falar, estava tirando ouro, por sorte foi tarde, chegou aqui só no outro dia. Aí quando foi à tarde já começou a chegar… naquele dia não. Aí todo mundo esperando e eu fiquei sabendo que ia chegar no outro dia às 06:00 horas da manhã aqui. Aí não chegou não, chegou era cinco para às sete, eu estava na beira do rio. Aí quando eu vi o trem vindo em toda altura, eu fui chegando para cima. Aí foram chegando caminhonete, carros, toda a Samarco aqui para fora. Foi esse dia que eu vi descendo esse corpo que eu te falei, que eu vi descendo o corpo e eles teimando comigo que eu não tinha visto, porque quem morre na lama ou quem morre afogado não fica por cima da água. Pode ser que esse moço tenha morrido de alguma pancada, para ele descer por cima da água, eu acredito que tanto eu vi, que Deus ajudou, que eles acharam ele ali, porque senão iam duvidar de mim, iam está duvidando de mim até hoje. É muita coisa que nós passamos.
(01:09:00) P2 - Essa lama chegou a invadir muito o seu terreno aqui?
R1 - Acabou com o meu terreno. A água na hora que chegou, chegou ali, porque o remanso do lago já é aqui no fundo aqui de casa, na hora que bateu, achou água parada, ela voltou, mas voltou fazendo oito metros de altura, fazendo barulho demais, parecia aqueles uivos, sabe filme de terror? Era aquele barulho que eu… de vez em quando eu tenho pesadelo e acordo desesperada, minha filha, acordo e falo assim; “Tô sonhando, tô sonhando!”. E aquele barulho todo, a água voltou no correguinho que descia, derrubou o meu moinho, veio até ali oh. Tinha um moço de Ponte Nova, um pedreiro trabalhando para o vizinho ali, ele conseguiu catar dentro do córrego ali, seis dourados “dessa altura, assim”, só dentro do córrego aqui, eles estavam bambos sem oxigênio, sabe?
(01:09:46) P1 - Rose, tem mais alguma coisa que você queira falar?
R1 - Sim. Por exemplo, os meus ranchos ali, as casinhas que a gente chama de rancho, que eu alugava direto para pescador, mesmo que não fosse pescador, réveillon, final de semana, final de ano, natal, feriado, o pessoal costumava alugar, direto, as casas estão todas trincadas, todas trincadas! Aí eles vieram com muita luta e muito custo, foi judicializado, eles ofereceram para mim 45 mil para arrumar a casa de lá. A casa está rachada de cima a baixo, em vários pontos, o chão rachado da varanda até a porta da cozinha, os azulejos partidos, do banheiro, da cozinha, da copa. Eles me ofereceram, eu fui fazer orçamento, eu quase caí para trás, o pedreiro sem ajudante, só de mão de obra, pediu 36 mil. Aí quem vai pagar o ajudante e comprar o material? E outra coisa, nós não temos mão de obra aqui, gente, nós não temos. Aí outro dia eles me falaram: “É, mas aumentou um pouco o dinheiro, porque vai pagar em dinheiro”. Aí eu: “Não, não vai pagar em dinheiro, não vai pagar, porque eu não tenho quem vai fazer!”. E outra coisa, eu recebo, eu vou assinar que eu recebi, certo? Vem eles com aquelas máquinas pesadas mexer com asfalto, trinca de novo, problema é meu, você entendeu? Então não, pode ser o dinheiro que for, eu prefiro que eles façam, porque qualquer dano eu vou voltar atrás deles. Minhas casas ficaram a vida toda ali. Desde 91 quando eu comprei, a primeira coisa que eu fiz, na época foi até porque essa aqui de cima estava caindo e era pra gente ficar, ela nunca caiu, porque agora trincou toda? E ela não era melhor igual é hoje, você entendeu? Ela era uma casinha mesmo, muito mal feita, depois dela toda reformada é que ela resolveu trincar? E eu estou perdendo os aluguéis e eu não consigo fazer eles me pagarem os aluguéis o tempo que eu estou perdendo, porque é final de semana e ninguém vem resolver minha situação. Isso vai dar muita confusão ainda, quando a gente pensa que terminou, meu filho, é muita coisa ainda. Tem gente aí que perdeu barco de ir para os pontos do rio, de tirar ouro, não receberam dos barcos. Falaram que iam pagar, eles falaram que iam pagar todos os prejuízos. E outra coisa, nós estamos esperando a reativação, né. Porque eles queriam montar pra gente, pagaram uma empresa caríssima, fizemos projeto, fizemos outro projeto, eu estudava o projeto, eu fazia reunião com o meu grupo. Depois que eles viram que não tinha jeito mais, abriu a boca e falou, sabe o que conosco? Que ia ser descontado na nossa indenização. Eu falei: “Espera aí! Para descontar na minha indenização e na dos meus colegas, nós não precisamos de vocês não, nós montamos o nosso negócio e vamos escolher quem vão ser os nossos sócios, não precisamos contar cooperativa, associação igual vocês estão mandando não, sermos obrigados a montar grupo, às vezes, eu me dou bem com todo mundo, mas o pessoal que não vai com a minha cara tem que me aturar? Você entendeu? Pra vocês descontarem, nós fazemos. Aí não montaram nada pra gente. Nós não tivemos reativação econômica em nada, em absolutamente nada! E é isso aí, a história é triste, mas é isso aí. Tem muita coisa ainda que em uma semana inteira não dá para contar, mas eu resumi bastante.
(01:13:09) P1 - Rose, e para o futuro, você tem algum plano, algum sonho?
R1 - Sim. Eu já estou ficando bem velhinha, né, Sofia? Cansada, a gente cansa, até de insistir com as coisas, a gente cansa. Eu sei que a gente não tem muito tempo pela frente para ficar fazendo planos a muito longo prazo. Com o comércio muito ruim, eu vou tentar, inclusive eu falo com vocês que quando eu quero uma coisa eu vou atrás? Eu mais o Paulinho, estamos construindo, fazendo uns blocos ali, eu vou tentar, a gente mesmo, fazer um chalezinho, depois outro, fazer aos poucos para ver se eu consigo, as pessoas que procuram as casinhas que estão condenadas, se a gente aluga os chalezinhos e devagarinho, já que não tem aquele movimento mais, do dia a dia, de bar, disso e daquilo, então pelo menos assim, de casal, de final de semana, você entendeu? Aí eu vou atender quem estiver hospedado, mudar a forma de trabalhar. Mudou a rotina, tem que mudar a forma, pelo menos eu vou tentar, né? Igual eu falei para você, para eu falar que que não consegui reverter uma situação, eu tenho que tentar tudo, então eu vou tentar mais isso. A gente já está com a mão na massa, já estamos fazendo os blocos e vamos ter mais essa tentativa.
(01:14:33) P2 - Eu só queria deixar registrado aqui, meus parabéns! Muito obrigado mesmo pela entrevista, que você continue essa mulher guerreira, forte, que nunca deslize! Sinceramente, hoje eu aprendi muito com você! Muito obrigada!
R1 - Eu é que agradeço vocês! Porque a gente vai passando por situações e aquilo vai acumulando, acumulando, então quando a gente chega naquele ponto de você conseguir colocar tudo aquilo para fora, parece que dá um leve na gente, parece não, né? Dá um leve e automaticamente a gente toma uma injeção de ânimo para mais uma etapa, né. Então é com Deus na frente e muita fé! Mãos à obra! Vamos continuar a luta! E no mais, o que vocês precisarem de mim, sempre pode contar comigo, o que tiver no meu alcance, você que é daqui, se precisar de mim pode contar comigo, ela ou ele, o pessoal de Barra Longa, o que precisar de mim, o que for uma causa de luta para o bem, nós estamos aí gente, qualquer hora do dia ou da noite. O que estiver ao meu alcance, tá? E eu que tenho que agradecer muito a vocês hoje!
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